Psicologia Jurídica e Psicopatia aplicados no Direito Penal

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Psicologia Jurídica e Psicopatia aplicados no Direito Penal Ana Beatriz Cobra Guimarães 1 Ana Paula Bastos dos Santos 2 Vitor Jorge Alves Silva 3 Yanka Christine Marcondes Pires 4 Resumo O presente trabalho, que tem como título "Psicologia Jurídica e Psicopatia aplicados no Direito Penal", busca dissertar sobre o que é a Psicologia Jurídica, mostrar como é o trabalho de um psicólogo no âmbito judiciário, caracterizar um psicopata e por fim analisar o caso concreto de homicídio cometido em outubro de 2002 pela estudante de Direito Suzane Von Richthofen, que apresentou as características típicas e foi analisada e diagnosticada como psicopata. Além disso, analisamos o processo pelo qual um psicopata consuma seus crimes e como devem ser punidos e condenados, levando em conta os seus transtornos mentais e comportamentais que devem ser levados em conta para a aplicação da sentença. Conclui-se, portanto, através de todas as pesquisas realizadas, que os agentes que possuem transtornos e distúrbios mentais devem ser punidos de forma diferenciada, pois não se encaixam nos padrões ordinários de comportamento humano. Palavras chaves: Psicologia Jurídica. Psicopatia. Direito Penal. Psicopatologia. Suzane Louise Von Richthofen. Introdução 1 Estudante de Direito do UNISAL Centro Universitário Salesiano de Lorena, email para contato: ana.beatriz.guima@hotmail.com 2 Estudante de Direito do UNISAL Centro Universitário Salesiano de Lorena, email para contato: anapbastos@live.com 3 Estudante de Direito do UNISAL Centro Universitário Salesiano de Lorena, email para contato: vitoorjorge@hotmail.com 4 Estudante de Direito do UNISAL Centro Universitário Salesiano de Lorena, email para contato: yanka_pires@hotmail.com 1

Muito se discute sobre psicologia jurídica e psicopatia. Afinal, estes são temas presentes no cotidiano, pois a figura do psicopata se tornou extremamente popular devido aos meios de comunicação que produzem filmes, livros, series de televisão, entre outras formas de entretenimento com esse tema. Também é um assunto que fascina a maioria das pessoas devido ao comportamento dessas pessoas que muitas vezes se mostram indiferentes aos atos cometidos por eles mesmos, muitas vezes com brutal violência, e conseguem manipular tudo e todos ao seu redor para que as coisas que se realizem conforme planejado. Com o intuito de entender essas mentes criminosas e buscar uma punição ideal para elas, buscamos pesquisar como são estudadas essas pessoas que tem esse distúrbio mental e outros tipos de doença que levam a uma percepção distorcida da realidade para então analisar as formas de punição que lhes são aplicadas de acordo com a legislação brasileira e o Código Penal vigente. Afinal, entender as razões que levam o indivíduo a praticar delitos traçando uma detalhada análise de sua personalidade e de seu convívio em sociedade é fundamental para a aplicação da Lei Penal. É desta forma que os aplicadores do Direito poderão nortear suas decisões, juntando a tais análises, provas materiais para que se possa dar condenação ou absolver alguém e, até mesmo, definir a que regime deve o agente de determinado crime ser submetido. É indiscutível a importância da conexão entre o Direito e a Psicologia, já que as duas ciências estão intimamente ligadas tendo como objetivo principal trazer a harmonia na sociedade, não só afastando dela pessoas que poderiam prejudicá-la, como também dando a essas pessoas tratamento devido de seu distúrbio psicológico. 1.0. O que é a psicologia jurídica? A psicologia jurídica é a área da psicologia que se funde com o Direito. Notase um crescimento elevado na área, devido ao maior interesse de estudantes, estimulados por uma popularização de filmes, programas de televisão e livros, nos quais são mostrados personagens que resolvem crimes e encontram criminosos 2

usando a psicologia. Entretanto, esses retratos são certamente exagerados, não mostrando o real trabalho realizado por estes profissionais. Sendo assim, os psicólogos jurídicos desempenham um papel fundamental no sistema judiciário. 5 Ao se tratar da relação entre o Direito e a Psicologia, existem duas denominações utilizadas: psicologia forense e psicologia jurídica, sendo esta a mais adotada no Brasil. Afinal, o adjetivo jurídico apresenta uma maior abrangência do que o termo forense. Segundo o autor do Dicionário Prático de Língua Portuguesa, o termo forense é relativo ao foro judicial, aos tribunais. Já a palavra jurídico é ligada ao Direito, à sua ciência e aos seus preceitos. Assim, a palavra jurídica torna-se mais abrangente por referir-se aos procedimentos ocorridos nos tribunais, bem como àqueles que são fruto da decisão judicial ou ainda àqueles que são de interesse do jurídico ou do Direito. Psicologia Jurídica é uma área especifica da Psicologia e, por isso, o estudo desenvolvido nessa área deve ter uma perspectiva psicológica. O objeto de estudo da Psicologia Jurídica são os comportamentos complexos que ocorrem ou podem vir a ocorrer, devendo ser de interesse do jurídico que englobam as atividades realizadas por psicólogos nos tribunais e fora dele. Acredita-se que ela vai além do estudo do comportamento mas também é o estudo das consequências das ações jurídicas sobre o indivíduo. Segundo Foucault (1974), tanto as práticas jurídicas quanto as judiciárias são as mais importantes na determinação de comportamento, pois por meio delas é possível estabelecer formas de relações entre os indivíduos. Tais práticas, submissas ao Estado, passam a interferir e a determinar as relações humanas e, consequentemente, determinam o comportamento dos indivíduos. Portanto, para maior entendimento de Psicologia há de delimitar a ação da Psicologia como Jurídica, pois estudar comportamentos é umas das tarefas da Psicologia. Já por Jurídico entende-se as atividades realizadas por psicólogos nos tribunais e fora dele. 6 5 DE SOUZA, Felipe. O que é psicologia forense? (autor e professor). Disponível em: <https://www.psicologiamsn.com/2012/07/o-que-e-psicologia-forense.html>. Acesso em: 19 nov. 2014 6 FRANÇA, Fátima. Reflexões sobre psicologia jurídica e seu panorama no Brasil. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=s1516-36872004000100006&script=sci_arttext#*a>. Acesso em: 19 nov. 2014 3

1.1. O trabalho do psicólogo no âmbito judiciário O exercício profissional de um psicólogo no âmbito jurídico, resume-se predominantemente em realização de laudos, pareces e relatórios. Afinal, os psicólogos, assim como outros profissionais que exercem suas funções nas instituições carcerárias, dificilmente tem acesso ao funcionamento interno das prisões e acabam por desconhecer os reais problemas do seu local de trabalho. No que diz respeito aos exames, Rauter diz que a partir de 1984, com a consagração do principio de individualidade das penas, ampliam as oportunidades em que um condenado será tornado alvo de uma avaliação técnica e crescem em importância os procedimentos que visam diagnosticar, analisar ou estudar a personalidade e a história de vida dos condenados, com o objetivo de adequar o tratamento penitenciário às características e necessidades de cada preso ou de prever futuros comportamentos delinquências. 7 Os autores Júlio César Fontana-Rosa e Cláudio Cohen dizem que: A partir da Revolução Francesa, concretiza-se a corrente penalista liberal, e a pena deixa de ter um caráter unicamente de castigo. Deixa de ser a Lei de Talião: Olho por olho, dente por dente. Ela passa a ter uma visão mais humanística, buscando construir não apenas uma medida que proteja a sociedade das ações nocivas dos infratores. Busca, também, proteger esses últimos da reação que a sociedade pode ter diante desses comportamentos. (...) Com o auxilio de novos conhecimentos sobre os transtornos mentais, a Justiça passa a entender que os indivíduos portadores de psicopatologias, que tenham infringido a lei, devem ser alvo de atenção especializada, uma condição protetora proporcionada pelo Estado e um tratamento, não de reclusão simplesmente. 8 Um exemplo é a Lei de Execução Penal (LEP) que segundo Salo de Carvalho, institui a avaliação criminológica como elemento daquilo que a doutrina penal denomina individualização administrativa da pena. Após dada a sanção pelo magistrado, cabe aos agentes penitenciários classificar os condenados para determinar o programa ressocializador os condenados serão classificados, 7 GONÇALVES, Hebe Signorini; BRANDÃO, Eduardo Ponte. Psicologia Jurídica no Brasil. 3ªed. 2011. São Paulo. Nau Editora. 198p. 8 COHEN, Claudio. FERRAZ, Flávio Carvalho. SEGRE, Marco. (organizadores). Saúde Mental, Crime e Justiça. São Paulo: Edusp, 2006. 109p. 4

segundo os seus antecedentes e personalidade, para orientar a individualização da execução penal (art. 5, LEP). Assim, os condenados (principalmente aqueles que cumprem pena em regime fechado) são submetidos a avaliações para que possam ser devidamente classificados e para se estabelecer os parâmetros do tratamento penal. Para isso, a Comissão Técnica de Classificação (CTC), presidida pelo Diretor da instituição carcerária e composta por dois chefes de serviço, um psiquiatra, um psicólogo e um assistente social (art. 7, LEP), obtêm dados da personalidade requisitando informações, entrevistando pessoas e realizando as diligências necessárias. Enquanto a CTC tem o objetivo de avaliar o cotidiano do condenado para propor à autoridade competente as progressões e regressões dos regimes, o Centro de Observação Criminologica (COC) realiza exames periciais e pesquisas criminologicas que retratarão o perfil do preso com o intuito de auxiliar os órgãos de execução. Realizam prognósticos de não-delinquencia, requisito para concesssão do livramento condicional para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, a concessão do livramento ficará também subordinada à constatação de condições pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a delinquir (art. 83, parágrafo único, CP). 9 1.2. Psicopatologia Forense na esfera Penal Antes as punições para enfermes e doentes mentais eram iguais aos daqueles que não portavam tais deficiências. Com o auxilio de novos conhecimentos sobre os transtornos mentais, a Justiça passa a entender que os infratores portadores de psicopatologias devem ter um tratamento diferenciado, com especialistas, atenção e tratamento, ao invés de somente reclusão. A criminologia estuda, previne e pune os infratores capazes e responsáveis, enquanto a psicopatologia forense estuda, previne e trata dos infratores que possuem algum transtorno mental que comprometa o entendimento de licito e ilícito. 9 CARVALHO, Salo de. O papel da perícia psicológica na execução penal. In: Psicologia Jurídica no Brasil. BRANDÃO, Eduardo Ponte; GONÇALVES, Hebe Signorini (org.). Rio de Janeiro: NAU, 2004, p. 141-155. 5

O doente mental, incapaz de compreender sua ação ou omissão, ou que ainda tenha a compreensão, mas não distingue se é um ato licito ou ilícito, não é punido, não é passível de castigo. Assim, o infrator insano, recebe uma pena de restrição de liberdade, pela aplicação de medida de segurança, pois é considerado perigoso para o convívio em sociedade. Tal medida de segurança é feita em um hospital psiquiátrico a fim de proporcionar tratamento. Após o tratamento, se o paciente apresentar melhoras, deixando de oferecer perigo a si mesmo e a sociedade, receberá alta, independente do tempo fixado pela lei (prazo mínimo de um ano de acordo com a Lei de Execução Penal). Então sob essas condições, um infrator sem suas faculdades metais adequadas, mesmo que recuperadas no dia seguinte, terá de se tratar no hospital psiquiátrico por pelo menos um ano. O nosso Código Penal teve influencias da Escola Positiva do oriente, onde considera-se delito como um fenômeno individual e social ao mesmo tempo. Na prática, seria o estudo da pessoa que cometeu o crime e o lugar gerador da influência. Cabe ao médico, portanto, estabelecer o diagnostico sobre a capacidade para compreender a criminalidade do ato e de dirigir suas ações. 10 1.3. Modificadores da responsabilidade penal Assume-se a maioridade penal aos 18 anos, para todos, os tornando imputável, ou seja, respondem juridicamente pelos seus atos. Entretanto, mesmo atingindo a maioridade penal, o indivíduo que possui transtornos mentais pode não ser totalmente imputável sendo então semi-imputável ou inimputável. Conforme a Classificação Internacional das Doenças em sua 10 versão, considera como determinantes para modificação da responsabilidade penal os portadores de transtornos mentais ou comportamentais, como os transtornos: 1) mentais orgânicos, de desenvolvimento; 2) em decorrência, esquizotipicos e delirantes; 3)do humor; 4) neuróticos; 5) comportamentais; 6) de personalidade, 7) retardo mental; 9) desenvolvimento psicológico etc. (referências). 11 10 COHEN, Claudio. FERRAZ, Flávio Carvalho. SEGRE, Marco. (organizadores). Saúde Mental, Crime e Justiça. São Paulo: Edusp, 2006. 110p. 11 COHEN, Claudio. FERRAZ, Flávio Carvalho. SEGRE, Marco. (organizadores). Saúde Mental, Crime e Justiça. São Paulo: Edusp, 2006. 118p. 6

1.4. Sobre a Inimputabilidade Penal É isento de pena o agente que, por doença mental ou desvio mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilicito do fato ou de determinar-se de acordo com o entendimento. 12 Esse artigo trata da imputabilidade, e após a CID-10 (lei que entendia como doença mental os quadros psicóticos e as toxicomanias graves) considera-se como doença mental todo transtorno mental que retire sua capacidade de entender o que é licito e o que é ilícito e também quem não tem capacidade de agir de acordo com o entendimento. 1.5. Sobre imputabilidade parcial A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 13 Essa é uma área complexa da criminologia e da psicologia jurídica pois estuda-se os transtornos de personalidade antissocial, mas se provada leva a redução da pena. Porém se o juiz aplica-los uma medida de segurança serão considerados inimputáveis. 1.6. Inimputáveis: Medida de segurança Quando provado a inimputabilidade do agente, o juiz decretará uma medida de segurança em um hospital de tratamento psiquiátrico, sob uma medida de internação de acordo com o Art. 96 do Código Penal: As medidas de segurança são: I - Internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, em outro estabelecimento adequado; II - sujeição a tratamento ambulatorial. III - sujeição a tratamento ambulatorial 14 E Art. 97 do Código Penal dita que: 12 Art. 26 do Código Penal 13 Art. 26 do Código Penal. Parágrafo único 14 Art. 96 do Código Penal 7

Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua internação (art. 26). Se, todavia, o fato previsto como crime for punível com detenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento ambulatorial. 15 2.0. Psicopatia Desde o século passado os especialistas procuram desvendar as possíveis causas dos desvios psicopáticos, já que a personalidade está sempre disposta a transtornos, sejam eles na sua formação ou na continuidade. 16 Esse transtorno em especial pode estar associado a três principais fatores que muitas vezes aparecem juntos: disfunções cerebrais ou biológicas ou traumas neurológicos, predisposição genética e traumas na infância que podem ser abuso emocional ou sexual, violência, separação dos pais entre outros. Sendo assim, a causa pode ser buscada na genética ou na influência que o meio teve sobre a pessoa. A psicopatia é uma doença que atinge cinco milhões de brasileiros e graças a sua grande capacidade de manipulação, muitos vezes eles ocupam cargos de grande poder. Geralmente ocorre com o sexo masculino, atingindo mulheres em uma frequência bem menor e costuma aparecer aos quinze anos os acompanhando pelo resto da vida. 17 É comum a confusão que ocorre entre o gênero psicopata e o serial killer, porém nem todos os psicopatas costumam ser violentos, muitos passam a vida sem crimes e fingindo ter sentimentos genuínos em relação a outras pessoas. 18 É comum também a confusão entre psicopatas e sociopatas, muitas vezes usados para descrever pessoas com os mesmos sintomas. A diferença é bem pequena, na psicopatia a genética é uma grande parte da causa, o individuo já 15 Art. 97 do Código Penal 16 Significado de Psicopatia. Disponível em: <http://www.significados.com.br/psicopata>. Acesso em: 19 nov. 2014 17 A psicopatia é uma doença que atinge cinco milhões de brasileiro. Disponível em: <http://www.7minutosparamudarsuavida.com.br/programa.asp?id=95>. Acesso em: 19 nov. 2014 18 ROMANZOTI, Natasha. Todos os psicopatas são perigosos?. Disponível em: <http://hypescience.com/psicopatas-sao-perigosos/>. Acesso em: 19 nov. 2014 8

nasce impulsivo, possui ausência de medo, o que o leva a comportamentos que buscam o risco, e vai contra as regras da sociedade. Já o sociopata tem o temperamento próximo ao do indivíduo comum, e a doença tem como causa os fatores negativos na socialização, como negligência dos pais. 19 O que diferencia um psicopata das outras pessoas é que sempre vai haver nele um sentimento de que não está fazendo nada errado, eles se consideram imunes a punições. Psicopatas são personalidades inadaptadas, que não conseguem se ajustar. Suas principais características são: desvio de caráter, ausência de sentimentos, insensibilidade aos sentimentos alheios, manipulação, narcisismo, egocentrismo, frieza, falta de remorso e de culpa em atos cruéis e a inflexibilidade com castigos e punições. Com a ausência de medo, acabam buscando condutas de risco e perigo, muitas vezes terminando em atitudes anti-sociais por já serem incapazes de aceitar as normas sociais e se estabelecer nelas. 20 2.1. O passo-a-passo de um criminoso Hilda Morana, doutora em psiquiatria forense pela USP e presidenta do Departamento de Psiquiatria Forense da Associação Brasileira de Psiquiatria e Hugo Marietan, professor de psiquiatria na Universidade de Buenos Aires, descrevem o passo-a-passo de um criminoso, indo desde a preparação para o crime, como consumam-no e escondem as provas até como esquivam-se do julgamento e fazem sua volta à sociedade. 1. A PREPARAÇÃO Organizado, o psicopata prepara minuciosamente sua ação e só a comete quando e onde julga ideal. É impulsivo, mas não passional. Consegue administrar a tensão e o estresse, canalizando-os para a hora do crime. 2. O CRIME 19 DE SOUZA, Felipe. Qual a diferença entre a sociopatia e a psicopatia?. Disponível em: <https://www.psicologiamsn.com/2014/01/qual-a-diferenca-entre-sociopatia-e-psicopatia.html>. Acesso em 19 nov. 2014 20 Significado de Psicopatia. Disponível em: <http://www.significados.com.br/psicopata>. Acesso em: 19 nov. 2014 9

Em geral, procura humilhar, subjugar e causar dor. O tipo de crime depende do grau de psicopatia. Muitos cometem fraudes e estelionatos. Já outros optam pela violência - homicídios, estupros, sequestros e torturas. 3. AS PROVAS Após cometer o crime, tenta eliminar as provas de todo jeito. Muitos homicidas seriais esquartejam as vítimas para dar sumiço no corpo. 4. CAPTURA Quando pego, ele nega categoricamente o crime. Ou começa a fingir: faz-se de louco, simula múltiplas personalidades. No processo, procura manipular todos, inclusive seu advogado e peritos. Tenta convencer o promotor, o juiz e a família das vítimas de sua inocência ou insanidade. 5. O JULGAMENTO Em geral, o psicopata pode seguir dois caminhos na Justiça brasileira. O juiz pode declará-lo imputável (tem plena consciência de seus atos e é punível como criminoso comum) ou semi-imputável (não consegue controlar seus atos, embora tenha consciência deles). Nesse segundo caso, o juiz pode reduzir de um a dois terços sua pena ou enviá-lo para um hospital de custódia, se considerar que tem tratamento. 6. O PROBLEMA LEGAL Muitos promotores brasileiros evitam a semi-imputabilidade, pois pode reduzir a pena. Além disso, quem vai para hospital de custódia em geral são criminosos diagnosticados com doença mental tratável, o que não é o caso da psicopatia. 7. A PRISÃO Como não há prisão especial para psicopata no Brasil, ele fica com os criminosos comuns. Por saber que a pena poderá ser reduzida caso se comporte bem, se passa por preso-modelo. Mas, por baixo dos panos, ameaça os outros presos, lidera rebeliões. Prejudica a reabilitação dos presos comuns, que passam a agir cruelmente para sobreviver. 8. DE VOLTA À SOCIEDADE Mesmo décadas de prisão não bastam para "re-educar" o psicopata. Ele não se arrepende nem sente remorso. Uma vez soltos, 70% deles voltam a cometer crimes. A única coisa que ele aprende é evitar os erros que o levaram à prisão. Da próxima vez, agirá com ainda mais cuidado. 21 2.2. A punição dos psicopatas Muito se discute a devida punição para a prática dos atos ilícitos cometidos pelos considerados psicopatas. Afinal, eles tem plena consciência da ilicitude de seus atos, mas não se importam com possíveis consequências, pois se consideram acima de qualquer forma de lei, não acreditam que algum dia serão descobertos. Apesar de não poder ser classificado como louco, o psicopata pode ser caracterizado como um agente que se encontra na fronteira da sanidade e da loucura, pois são motivos pela razão e pela vontade, não por seus sentimentos. Seus atos são direcionados à plena satisfação dos desejos, mesmo que isso lhes 21 SZKLARZ, Eduardo. O psicopata na justiça brasileira O caminho dos antissociais pelos sistemas jurídico e carcerário é um ciclo sem fim de reincidência. Disponível em: <http://super.abril.com.br/cotidiano/psicopata-justica-brasileira-620213.shtml>. Acesso em: 19 nov. 2014 10

mova à prática de crimes dos mais diversos, tais como: homicídio, estupro, golpes, furtos e etc. Nas palavras de Jorge Trindade: São sujeitos que não internalizaram a noção de lei, transgressão e culpa. Na realidade, os psicopatas sentem-se 'além' das normas, quando, na verdade, são sujeitos 'fora' e 'aquém' do mundo da cultura. Pensar em psicopatia como uma incapacidade de internalizar valores e uma insujeição à norma aponta menos para uma doença nos moldes médico e psicológico e mais para uma constelação de caráter com precárias condições para realizar aquisições éticas. 22 De modo predominante, a Psiquiatria acredita que os psicopatas são conscientes de seus atos. Após o diagnostico da psicopatia pela pericia, verifica-se que o agente entende o caráter criminoso de seus atos. Porém, há uma corrente que acredita que como ele não consegue controlar seus estímulos à pratica criminosa, tem sua vontade reduzida e por isso é passível de aplicação do art. 26 do CP, que descreve a semi-imputabilidade. Desse modo, receberia uma pena inferior à dos imputáveis (art. 26, parágrafo único do CP). Estaria aprisionado junto como os demais criminosos, podendo, devido ao seu comportamento dissimulado, livrar-se antecipadamente da pena ou estimular pratica criminosa dos demais encarcerados, e por isso é necessário que sejam separados dos demais. Portanto, devido ao pleno conhecimento de suas atitudes, não há motivo para afastar sua imputabilidade e diminuir sua pena. Isso seria apenas uma punição mais branda a agentes que, em sua maioria, comentem os crimes mais bárbaros. 23 3. Caso Richthofen Em 31 de outubro de 2002, Suzane Louise von Richthofen, estudante de Direito na PUC-SP, planeja e executa junto com Daniel Cravinhos (namorado) e 22 TRINDADE, Jorge. Manual de Psicopatologia Jurídica para operadores do Direito. 4ª Ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2010, p. 174. 23 BARROS, Jéssyka. A deficiência da punição dos psicopatas no sistema penal brasileiro - A psicopatia como uma mazela social. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/31753/a-deficiencia-dapunicao-dos-psicopatas-no-sistema-penal-brasileiro>. Acesso em: 19 nov. 2014 11

Cristian Cravinhos (cunhado) a morte de seus pais, Manfred von Richthofen e Marísia von Richthofen. A brutalidade como o crime foi executado e a imparcialidade da criminosa, causaram grande comoção social. A princípio suspeitava-se de um crime de latrocínio, uma vez que, a família era de classe alta, morava em um bairro nobre em São Paulo e havia indícios na cena do crime. As contestações da forma como o crime ocorreu se deram logo no início das investigações, Suzane era totalmente fria em relação a morte dos pais, em fatos narrados a princípio alega-se que a acusada saiu de casa junto com o namorado Daniel, para levar o irmão Andreas Von Richthofen com 15 anos a um cybercafé, após isso, o casal volta a casa dos Richthofen para buscar certa quantia de dinheiro que faltava para pagar um motel em comemoração ao aniversário de Suzane que ocorreria dois dias depois, enquanto isso, supostamente a casa era invadida por criminosos e o casal covardemente assassinado. Em seus depoimentos Suzane afirma uma família desestruturada, tendo um possível pai alcoólatra e com casos extraconjugais e uma mãe com uma sexualidade indecisa. Porém, depoimentos incoerentes e divergentes dos acusados e depoimentos consistentes de familiares e amigos próximos do casal, faz com que a polícia trace um perfil das famílias Richthofen e Cravinhos e chegam a conclusão que possivelmente seria um crime premeditado pela filha do casal, fecha-se as ideias e inicia-se interrogatórios contra os acusados. Após Suzane confessar seus atos, conclui-se que o casal premeditou a morte dos pais com 1 mês de antecedência, a princípio o motivo do crime seria os pais da ré não autorizarem seu relacionamento com Daniel, mas com uma análise crítica aos atos e questionamentos realizados por ela, pode-se presumir que tudo ocorreu pela herança que seria deixada aos herdeiros do casal. A frieza e imparcialidade de Suzane chamaram a atenção ao decorrer do crime, principalmente no início dos fatos, quando não possuía um advogado de defesa. A personalidade da criminosa foi analisada como extremamente perigosa para o convívio social por alguns psiquiatras da área criminal. 12

Após análises psicológicas e psiquiátricas, sua personalidade foi classificada como de uma condutopata. A condutopatia é um distúrbio de comportamento no qual o indivíduo apresenta ausência de remorso, piedade, é egoísta, possui um enorme desequilíbrio emocional e lhe faltam valores éticos a morais, sendo que, tais quadros são irreversíveis, principalmente em casos de adultos, no qual possuem uma personalidade cristalizada. Não há percepção de tal conduta antes do crime cometido, uma vez que, o condutopata não transparece sua personalidade em fatos cotidianos e seus crimes são realizados por motivo torpe, sem motivações aparentes. 24 CONCLUSÃO Conclui-se, portanto, que a psicologia jurídica, ramo da área psicológica que se funde com o Direito, é fundamental para a aplicação de penas e sentenças impostas pelo sistema judiciário brasileiro, pois auxilia na tomada de decisão, mostrando a necessidade ou não de causa de agravante ou de diminuição da pena e que tipo de tratamento o condenado terá se o caso for de privação de liberdade através do perfil psicológico do agente. No caso dos psicopatas, é possível verificar a falha no sistema carcerário brasileiro, pois não há no país prisões especiais para esse tipo de pessoa. Sua capacidade de manipulação e indiferença com as consequências de suas atitudes atrapalham o convívio com os outros encarcerados, podendo-lhes até mesmo ser prejudicial. Por isso, é preciso atentar-se ao fato de que apesar de a lei não considera-los completamente imputáveis, eles exigem uma forma de punição diferenciada. O ideal seria uma combinação das penas tradicionais com tratamentos psicológicos, com terapeutas e psiquiatras para poder reeducá-los na sociedade e evitar futuros delitos e possíveis perigos para o resto da comunidade. 24 CASOY, Ilana. O quinto mandamento: caso de polícia. 7. ed. São Paulo: Ediouro, 2009. 13

Referências A psicopatia é uma doença que atinge cinco milhões de brasileiro. Disponível em: <http://www.7minutosparamudarsuavida.com.br/programa.asp?id=95>. Acesso em: 19 nov. 2014 BARROS, Jéssyka. A deficiência da punição dos psicopatas no sistema penal brasileiro - A psicopatia como uma mazela social. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/31753/a-deficiencia-da-punicao-dos-psicopatas-nosistema-penal-brasileiro>. Acesso 19 nov. 2014 CARVALHO, Salo de. O papel da perícia psicológica na execução penal. In: Psicologia Jurídica no Brasil. BRANDÃO, Eduardo Ponte; GONÇALVES, Hebe Signorini (org.). Rio de Janeiro: NAU, 2004, p. 141-155. CASOY, Ilana. O quinto mandamento: caso de polícia. 7. ed. São Paulo: Ediouro, 2009. COHEN, Claudio. FERRAZ, Flávio Carvalho. SEGRE, Marco. (organizadores). Saúde Mental, Crime e Justiça. São Paulo: Edusp, 2006. DE SOUZA, Felipe. O que é psicologia forense? (autor e professor). Disponível em: <https://www.psicologiamsn.com/2012/07/o-que-e-psicologia-forense.html>. Acesso em: 19 nov. 2014 DE SOUZA, Felipe. Qual a diferença entre a sociopatia e a psicopatia?. Disponível em: <https://www.psicologiamsn.com/2014/01/qual-a-diferenca-entre-sociopatia-epsicopatia.html>. Acesso em 19 nov. 2014 FRANÇA, Fátima. Reflexões sobre psicologia jurídica e seu panorama no Brasil. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=s1516-36872004000100006&script=sci_arttext#*a>. Acesso em: 19 nov. 2014 GONÇALVES, Hebe Signorini; BRANDÃO, Eduardo Ponte. Psicologia Jurídica no Brasil. 3ªed. 2011. São Paulo. Nau Editora. ROMANZOTI, Natasha. Todos os psicopatas são perigosos?. Disponível em: <http://hypescience.com/psicopatas-sao-perigosos/>. Acesso em: 19 nov. 2014 14

Significado de Psicopatia. Disponível em: <http://www.significados.com.br/psicopata>. Acesso em: 19 nov. 2014 SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Mentes perigosas: o psicopata mora ao lado. Ed. de bolso. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010. SZKLARZ, Eduardo. O psicopata na justiça brasileira O caminho dos antissociais pelos sistemas jurídico e carcerário é um ciclo sem fim de reincidência. Disponível em: <http://super.abril.com.br/cotidiano/psicopata-justica-brasileira-620213.shtml>. Acesso em 19 nov. 2014 TRINDADE, Jorge. Manual de Psicopatologia Jurídica para operadores do Direito. 4ª Ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2010, p. 174. 15