DÉLÉGATION PERMANENTE DU PORTUGAL AUPRÈS DE L'UNESCO. Portugal. Debate de Política Geral da 39ª Sessão da Conferência Geral da UNESCO

Documentos relacionados
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE MINISTÉRIO DO TRABALHO, EMPREGO E SEGURANÇA SOCIAL

Instituto de Previdência dos Servidores Públicos do Município de Piracaia PIRAPREV CNPJ: / Política de Responsabilidade Social

REQUERIMENTO (Do Sr. Dr. UBIALI)

08/11/2004. Discurso do Presidente da República

Comissão avalia o impacto do financiamento para as regiões e lança um debate sobre a próxima ronda da política de coesão

A LEI DE BASES DA ECONOMIA SOCIAL (LBES) PALAVRAS-CHAVE: Lei de Bases Economia Social Princípios estruturantes - CRP Princípios orientadores - LBES

O SR. REMI TRINTA (PL-MA) pronuncia o seguinte. discurso: Senhor Presidente, Senhoras e Senhores

S enado Federal S ubsecretaria de I nfor mações DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

ACORDO DE PARCERIA PORTUGAL 2020

O QUE É TERESINA AGENDA

A Agenda de Desenvolvimento pós-2015 e os desafios para os Governos Locais. Belo Horizonte 26 de Agosto de 2015

Tema do Projeto Educativo: Quero ser grande e feliz

CAPÍTULO II - DA REALIZAÇÃO

A RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL NO CONTEXTO DO PODER JUDICIÁRIO

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Secretaria de Educação Básica. AUDIÊNCIA PÚBLICA Avaliação dos Programas Federais de Respeito à Diversidade Sexual nas Escolas

ACORDO SOBRE CONCESSÃO DE VISTO TEMPORÁRIO PARA TRATAMENTO MÉDICO A CIDADÃOS DA COMUNIDADE DOS PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA

Projeto Movimento ODM Brasil 2015 Título do Projeto

DECLARAÇÃO CONSTITUTIVA DA COMUNIDADE DOS PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA

APRESENTAÇÃO DO PROGRAMA

mercados e liberalização Faculdade de Economia Universidade Nova de Lisboa

DESENVOLVIMENTO SOCIAL

Conselho Local de Ação Social de Figueira de Castelo Rodrigo

O QUE ORIENTA O PROGRAMA

Discurso de Tomada de Posse do Exmo. Senhor Presidente da Federação Portuguesa de Lutas Amadoras Dr. Pedro Silva

ÍNDICE. 1.1 Apresentação do Centro Direitos Deveres Organização...3

DECLARAÇÃO DA PRAIA DECLARARAM:

Movimento Nacional pela Cidadania e Solidariedade

O BENEFÍCIO DA PRESTAÇÃO CONTINUADA FRENTE À CONVENÇÃO SOBRE DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA. Maria Aparecida Gugel 1

REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DE TIMOR-LESTE GABINETE DO PRIMEIRO-MINISTRO

Ministério das Comunicações Secretaria de Telecomunicações

Desafios do saneamento básico em face da crise hídrica

CARTA DA PLENÁRIA ESTADUAL DE ECONOMIA POPULAR SOLIDÁRIA DE PERNAMBUCO AO MOVIMENTO DE ECONOMIA SOLIDÁRIA, AOS MOVIMENTOS SOCIAIS E À SOCIEDADE

Preâmbulo. Objetivos. Metodologia

Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, por ocasião de jantar oferecido pelo presidente do Senegal, Abdoulaye Wade

Projeto Educativo

O evento INTEGRADO da Água, em Portugal. Agentes de mudança rumo à eficiência e sustentabilidade TAGUSPARK, OEIRAS. ORGANIZAÇÃO Uma Publicação

POLÍTICA DE ALTERNATIVAS PENAIS: A CONCEPÇÃO DE UMA POLÍTICA DE SEGURANÇA PÚBLICA E DE JUSTIÇA 1

TERMO DE REFERÊNCIA. 1. Justificativa

Regulamento Interno do Departamento de Sistemas de Informação. Escola Superior de Ciências Empresariais Instituto Politécnico de Setúbal

Carta de Brasília II

FORUM FPA IDÉIAS PARA O BRASIL

POLÍTICA DE RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL DO BANCO DA AMAZÔNIA

ISAL - por José Quaresma (director geral do ISAL)

2008 Concelho de Ourique

REALIZAR MAIS Sustentabilidade

Na União Europeia e países europeus (I):

A RELAÇÃO MÉDICO X SUS

Indíce. Índice. 1. Conceito. 2. Abordagem. 3. Onde nos pode encontrar?

CAPÍTULO III DO FINANCIAMENTO

REGIMENTO DO CONSELHO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE VILA FLOR

Programa Operacional Regional Alentejo 2014/2020

IX Colóquio Os Direitos Humanos na Ordem do Dia: Jovens e Desenvolvimento - Desafio Global. Grupo Parlamentar Português sobre População e

Movimento Nossa São Paulo Outra Cidade 1º Encontro Educação para uma outra São Paulo Temática: Educação Profissional

PROGRAMA TALENTOS DA EDUCAÇÃO 2016

1 Sobre os aspectos legais da abrangência da Lei de 29/07/2013

Projeto 10Envolver. Nota Técnica

Migrações e coesão social:

PROJETO DE LEI Nº., DE DE DE 2012.

DECLARAÇÃO DE PRINCÍPIOS DA JUVENTUDE SOCIALISTA AÇORES

Orçamento Participativo de Vila Nova de Cerveira

CLIPPING EVENTO DO DIA 18/04 SOBRE AS EXPECTATIVAS PARA A RIO+20

Educação financeira no contexto escolar

Belo Horizonte/2013 Festa da Assunção de N. Senhora. Queridas Irmãs,

Regulamento das Bolsas PARSUK Xperience 2014

Valéria Salgado Gerente de Projeto Secretaria de Gestão do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão

Acessibilidade inovadora

Carta de Direitos e Deveres do Cliente do Centro de Actividades Ocupacionais

Associação Fundo Jovem Tsedaká

ENQUADRAMENTO DO VOLUNTARIADO NA UNIVERSIDADE DE AVEIRO

Insight for a better planet SOLUÇÕES EM PLANEJAMENTO, AGENDAMENTO E OTIMIZAÇÃO FLORESTAL

Processo de planejamento participativo do Plano Diretor Aspectos metodológicos

Grupo temático 4 Cidadania e vulnerabilidade financeira

Sexta-feira, 17 de Dezembro de 2010 II Série Número 08. da Assembleia Nacional

SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO

ESTATUTO DA ASSEMBLEIA PARLAMENTAR DA COMUNIDADE DOS PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA

VI REUNIÃO DE MINISTROS DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E ENSINO SUPERIOR DA COMUNIDADE DOS PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA. Maputo, 15 de Abril de 2014

Direito. Lições. Professora Catedrática da Faculdade de Direito de Lisboa e da Faculdade de Direito da Univ. Católica Portuguesa

Programa Serpro de Inclusão Digital PSID. Apresentadores: Antonio Carlos Miranda e Severino Xavier

PRESIDÊNCIA. Declaração

WLADIMIR AUGUSTO CORREIA BRITO PROFESSOR DA ESCOLA DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DO MINHO

MANUAL DO VOLUNTÁRIO

Avanços do TPE Setembro 2006 / Maio 2007

ESTUDOS E PESQUISAS Nº 598

Presidência da República Casa Civil Secretaria de Administração Diretoria de Gestão de Pessoas Coordenação Geral de Documentação e Informação

Regulamento do Núcleo de Apoio à Pesquisa do Curso de Medicina da UNIFENAS-BH

Estabelecer a ligação entre o desenvolvimento de competências e o trabalho digno Academia sobre o Desenvolvimento de Competências Centro de Turim

DIREITOS POLITICOS DIREITOS FUNDAMENTAIS DIREITOS FUNDAMENTAIS DIREITOS FUNDAMENTAIS DIREITOS FUNDAMENTAIS DIREITOS FUNDAMENTAIS DIREITOS FUNDAMENTAIS

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE À FOME. Cooperação Internacional com os países Africanos

DIA MUNDIAL DA CRIANÇA

DISSERTAÇÃO DEFENDIDA EM FEVEREIRO DE MAIS EDUCAÇÃO NO MUNICÍPIO DE MESQUITA - RJ

ACORDO DE COOPERAÇÃO ENTRE OS ESTADOS MEMBROS DA COMUNIDADE DOS PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA SOBRE O COMBATE AO HIV/SIDA

MINUTA DIRETRIZES PARA MOBILIZAÇÃO E PARTICIPAÇÃO SOCIAL NO CONTROLE DA DENGUE.

Os Mecanismos de Rastreabilidade na Cadeia Produtiva Brasileira Ações do MAPA


Presidência da República Casa Civil Secretaria de Administração Diretoria de Gestão de Pessoas Coordenação Geral de Documentação e Informação

XII Congresso Brasileiro de Fomento Comercial. 1º de maio de 2014

Fórum Empresarial de Apoio à Cidade de São Paulo. Propostas para 2011

Transcrição:

Portugal Debate de Política Geral da 39ª Sessão da Conferência Geral da UNESCO Intervenção do Senhor Ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues (1 de novembro de 2017- de tarde) Senhora Presidente da Conferência Geral, Senhora Directora Geral, Senhor Presidente do Conselho Executivo, Quero felicitar a Senhora Presidente da Conferência Geral pela sua eleição e formular votos de sucesso na condução dos nossos trabalhos. Enquanto país com fortes ligações ao Mediterrâneo e a África, é com especial satisfação que Portugal vê esta Conferência Geral ser presidida por uma digníssima representante desse país tão próximo para nós que é Marrocos. Expresso, igualmente, o nosso apreço pelo trabalho que a senhora Directora Geral desenvolveu ao longo destes dois mandatos que agora terminam. Foram tempos difíceis, num contexto de grandes adversidades, e não apenas financeiras, que não foram infelizmente ainda ultrapassadas. A sua convicção e determinação foram indispensáveis nesses momentos difíceis. Gostaria de igualmente garantir à futura Directora-Geral o apoio leal e empenhado de Portugal para que a UNESCO permaneça um pilar incontornável do sistema das Nações Unidas. 1

É nosso dever defender os princípios e os valores da Carta das Nações Unidas e os da Constituição da UNESCO. Só assim seremos capazes de garantir a paz e a estabilidade e promover a prosperidade para todos, através do diálogo, da inclusão, do respeito mútuo e da solidariedade. A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável é o nosso instrumento para combater a desigualdade e a pobreza, para promover o desenvolvimento económico, social e humano e para melhor preservar e valorizar os recursos naturais, incluindo a exploração sustentável dos Oceanos. Continuaremos a ser guiados por esta nova parceria global para um mundo mais justo e mais digno, em que a educação e a ciência são veículos indispensáveis para uma abordagem integrada do desenvolvimento sustentável. Neste sentido, a CPLP, que reúne cerca de 250 milhões de falantes de português, e cujos representantes aqui saúdo, continuará a ser um parceiro indispensável da UNESCO também neste desígnio. Deveremos prosseguir, muito em especial, os esforços na defesa e promoção do acesso sem obstáculos a uma educação de qualidade para todos, de que ninguém deve ser excluído. Neste âmbito, permitam-me destacar duas iniciativas recentes: - o Mecanismo de Resposta Rápida para o Ensino Superior, uma iniciativa do antigo Presidente de Portugal Jorge Sampaio que teve como percursora a Plataforma Global de Apoio aos Estudantes Sírios. - a valorização da Educação e, em particular, da Educação para a Cidadania, que temos vindo a promover enquanto resposta aos fenómenos da radicalização, tanto na ONU como noutros espaços de cooperação internacional. Caberá aqui sublinhar o papel decisivo que a UNESCO desempenhou e deverá continuar a desempenhar na afirmação da educação para todos e ao longo da 2

vida, enquanto direito fundamental do cidadão, um objectivo que permanece central para Portugal, e que importa consolidar e alargar. Senhor Presidente do Conselho Executivo, Adoptaremos nesta sessão da Conferência Geral um novo quadro programático para os próximos quatro anos. Na preparação desse documento, foi por vezes difícil coincidirmos sobre quais devem ser as prioridades da UNESCO. Mas todos concordamos que queremos atribuir à nossa organização uma nova centralidade neste mundo em constante mudança, convictos que estamos que o papel e a relevância da UNESCO no sistema das Nações Unidas são hoje tão válidos como em 1946. Nesse caminho, continuaremos empenhados na reforma da nossa organização para que seja mais responsável, transparente e eficiente. Trabalhámos afincadamente nestes últimos dois anos com o objectivo de melhorarmos a governação da UNESCO e gostaria aqui de saudar os esforços levados a cabo pelo anterior Presidente da Conferência Geral. Uma gestão eficaz passa, igualmente, pela repartição equilibrada dos recursos disponíveis pelas principais áreas programáticas da UNESCO de uma forma que beneficie os que deles mais necessitam. Penso, em particular, nos países menos desenvolvidos e nos pequenos Estados insulares, confrontados muito em especial com os desafios do aquecimento global. Todos estes esforços não deixam, aliás, de se inserir nas prioridades definidas pelo Secretário-Geral das Nações Unidas e no programa de reforma que concebeu para o conjunto do Sistema das Nações Unidas. 3

Senhoras e Senhores, Portugal terminará por estes dias o seu mandato no Comité do Património Mundial. Como firme defensor do papel da UNESCO no mundo, foi para nós uma oportunidade única para também nesse quadro promovermos os valores da tolerância, do diálogo e do consenso a bem da protecção e conservação do Património Mundial e da diversidade cultural como factores essenciais do desenvolvimento humano. É neste trabalho de parceria e na capacidade do meu país em construir pontes e fomentar a compreensão entre países, pessoas e culturas de diversas regiões do mundo, uma experiência e um saber que adquirimos ao longo de séculos, que sempre moldámos a nossa actuação no plano internacional e nas organizações multilaterais. É com a convicção de cumprir sempre os seus compromissos internacionais de forma séria, responsável, transparente e inclusiva, em constante diálogo e guiados pelos princípios do respeito mútuo e da solidariedade entre as Nações, que Portugal é candidato ao Conselho Executivo da UNESCO. Esperamos poder contar com o vosso valioso apoio nas eleições da próxima semana. Concluo a minha intervenção renovando na UNESCO o continuado e firme compromisso de Portugal para com uma diplomacia para paz e com os valores e princípios que estão no coração do sistema multilateral. A paz, a estabilidade, a segurança, o combate à pobreza, o desenvolvimento sustentável e o fortalecimento da educação, do conhecimento científico e da 4

diversidade cultural enquanto elementos indispensáveis desse desenvolvimento, mas ainda a justiça, a igualdade do género e a defesa intransigente dos direitos humanos, são tantos compromissos que nos devem continuar a orientar nesta nossa caminhada conjunta. Muito obrigado. 5