3º INTEGRAR - Congresso Internacional de Arquivos, Bibliotecas, Centros de Documentação e Museus PRESERVAR PARA AS FUTURAS GERAÇÕES

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Transcrição:

Statement of principles on global cross sectoral digitaisation initiatives: um documento do Comitê LAMMS Terezinha de Fátima Carvalho de Souza Eixo temático: Preservação das coleções físicas e digitais Palavras-chave: IFLA. Comitê LAMMS. Statement of Principles on Global Cross Sectoral Digitaisation Initiatives. Introdução A International Federation of Library Associations and Institutions IFLA é uma organização não governamental que tem por finalidade representar os interesses de bibliotecas, serviços de informação e seus usuários. Criada em 1927, desde então realiza ações em busca de parcerias com organismos que possuam interesses comuns para o desenvolvimento de projetos. Ranganathan, em 1954, afirmou que os serviços de bibliotecas tinham um grande papel a desempenhar no sentido de auxiliar para que diferentes grupos culturais pudessem entender um ao outro com real simpatia. Visando facilitar o debate, promover a compreensão e maior cooperação em assuntos de interesse comum para a área do patrimônio cultural, seis organizações internacionais IFLA (bibliotecas), ICA (arquivos), ICOM (museus), ICOMOS (monumentos e sítios), CCAAA (arquivos audiovisuais) e ICSTI (inf. científica e tecnológica), decidiram, em 2008, formar um comitê, uma vez que todas as partes reconheceram a importância de avançar para uma agenda comum para reforçar o papel 186

e a posição das bibliotecas, arquivos, museus, monumentos e sítios na sociedade do conhecimento e para salvaguardar a cultura mundial, escrita, visual e do património edificado. O grupo é denominado Libraries, Archives, Museums, Monuments & Sites (LAMMS). Seu foco atualmente concentra-se em cinco áreas: questões legais de direitos autorais e outros; pressão política; preservação e proteção do património cultural; bibliotecas digitais globais e padronização. HEDSTROM; KING (2002) apud SERÓDIO (2015, p.1) afirmam que: As pessoas desde longa data têm reunido coleções. As mesmas podem ser informais, mas quando se tornam institucionalizadas e mantidas ao longo do tempo, são tipicamente referidas como bibliotecas, arquivos e museus. Há boas razões porque as bibliotecas, arquivos e museus tomaram caminhos separados, mas a era da informação resultante de novas tecnologias de informação e comunicação, junta-as como nunca aconteceu antes. ( ) Em última análise, argumentamos que as diferenças entre os mundos separados das bibliotecas, arquivos e museus, deviam ser subordinadas à emergente necessidade de fortalecer o que chamamos de infraestrutura epistémica da economia baseada no conhecimento, através de uma nova visão do colecionismo e das coleções. Com essa afirmativa é possível compreender a atual demanda de se estudar as interlocuções existentes entre esses equipamentos culturais, através das propostas apresentadas por organismos internacionais representativos. Dessa forma, o grupo LAMMS estabeleceu a Declaração de Princípios: Statement of Principles on Global 187

Cross Sectoral Digitisation Initiatives. Essa comunicação tem por objetivo apresentar a declaração de princípios, buscando através de sua análise, evidenciar os aspectos relevantes ali contidos. Método da pesquisa Para a análise da declaração de princípios tomou-se por referência o que Foucault apresenta como sendo a análise do campo discursivo.... trata-se de compreender o enunciado na estreiteza e singularidade de sua situação. De determinar as condições de sua existência. (2000, p.32). Partiu-se da análise arqueológica que é a análise da maneira pela qual os objetos são constituídos, os sujeitos se colocam e os objetos se formam. A tarefa da arqueologia é constituir a teoria da instância discursiva, na medida em que tal instância é estruturada por relações encarnadas em instituições e regulamentações historicamente determinadas. (LECOURT, 1996). Resultados/ discussão Os organismos que assinam a Declaração de Princípios compartilham uma missão comum de coletar, armazenar, organizar, preservar para a posteridade e prover acesso ao patrimônio cultural e intelectual mundial, produzido no formato documental. Seguem juntos, em uma visão futura como formulada pela Conferência de Diretores de Bibliotecas Nacionais em 2008, no desenvolvimento de uma coleção digital, globalmente distribuída. Dos dez princípios apresentados, seis deles tratam da preparação e organização das coleções digitais; dois se referem às questões relativas à propriedade intelectual; um diz respeito a estratégias de colaboração entre profissionais e organizações voltadas para a preservação da herança cultural e um se apresenta 188

como a necessidade de oferecer suporte para a diversidade cultural e linguística e também a cultura indígena. Além desses princípios apresenta como prioritário facilitar as discussões sobre questões de interesse como os direitos de autor, a proteção do patrimônio cultural, a preservação à longo prazo e o acesso as instituições responsáveis por coleções de herança cultural. Considerações finais A análise do documento reforça o entendimento da tendência em se priorizar em todas as instâncias, as iniciativas que percebem a digitalização como o caminho para a preservação da cultura e forma de dar acesso aos seus documentos. Assim, a massa documental existente em bibliotecas, arquivos e museus poderá ser tratada de forma similar e colaborativa entre as instituições. A força argumentativa representada por essas instituições poderá fazer com que princípios se tornem regras e seus enunciados podem ser vistos como aponta Foucault (2000, p.131): não como o ar que respiramos, de uma transparência infinita, mas sim coisas que se transmitem e conservam, que têm um valor, e das quais procuramos nos apropriar, que repetimos, reproduzimos e transformamos; para as quais preparamos circuitos preestabelecidos e às quais damos uma posição dentro da instituição. Mostra-se relevante o estudo e análise de documentos de organismos internacionais que oferecem legitimidade para decisões que poderão afetar a salvaguarda da cultura mundial. 189

Referências FOUCAULT, Michel. A arqueologia do saber. 6.ed. Rio de Janeiro: Universitária, 2000. LECOURT, Dominique. A arqueologia e o saber. In: ROUANET, Sérgio Paulo (Org.) O homem e o discurso: a arqueologia de Michel Foucalt. 2.ed. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1996. P.43-66. RANGANATHAN, S.R. IFLA what it should be and do. LIBI, v.5, n.2, p.182-189, 1954. SERÓDIO, Conceição. Juntar arquivistas, bibliotecários e museólogos na gestão da informação nos museus em Portugal, um passo urgente. Notícias BAD: um jornal dos profissionais da informação, 27 fev. 2015. Disponível em: www.bad.pt. Acesso em: 03 maio 2016. Apud HEDSTROM, M. L.; KING, J.L. On the LAM: library, archive and museum collections in the creations and maintenance of knowledge communities. Paris: OECD, 2002. Disponível em: www.oecd.org/dataoecd.org/59/63/32126054.pdf. STATEMENT of principles on global cross sectoral digitisation initiatives, 2012. Disponível em: http://www.ifla.org/publications/1916. Acesso em: 25 abr 2016. Informações da autora Terezinha de Fátima Carvalho de Souza Escola de Ciência da Informação Universidade Federal de Minas Gerais Email: souzaterezinha1@gmail.com 190