Método alternativo para a determinação das formas de enxofre em carvões brasileiros

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Transcrição:

Método alternativo para a determinação das formas de enxofre em carvões brasileiros Vera L. V. Fallavena, Cristiane S. de Abreu, Taísi D. Inácio, Carla M. N. Azevedo, Marçal Pires RESUMO Faculdade de Química, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul Av. Ipiranga, 6681. Partenon, Porto Alegre RS. CEP 90.619-900. Te. 51 33203549, fax 33203549 E-mail: vlvargas@pucrs.br Devido aos problemas ambientais causados pelo enxofre presente no carvão mineral, são necessários métodos práticos na sua determinação. As normas existentes para a determinação das formas de enxofre demandam tempo e consumo significativos de reagentes e geração de resíduos. Diante dessa problemática, um novo método quantitativo é proposto utilizando peróxido de hidrogênio em meio ácido para determinar as formas de enxofre em carvões brasileiros. Amostras pesando 10g sofreram diferentes tratamentos com 200 ml H 2 O 2 /HCl. A caracterização dos extratos e dos sólidos foi realizada em diferentes tempos de reação. No carvão bruto e nas amostras tratadas foram realizadas analise elementar, FRX, MEV-EDS, DRX, cinzas e formas de enxofre (sulfático e pirítico). Nas amostras estudadas a forma predominante para o enxofre é a pirítica, com teores de 4% a 10%; a maioria apresentou baixos teores para a forma sulfática e teores insignificantes para enxofre orgânico. A concentração de ferro total, medida nos extratos após 4h de lixiviação, aproxima-se da concentração máxima de ferro esperada para uma oxidação total da pirita a sulfato, podendo assim ser usado para estimar o teor de enxofre pirítico. O erro máximo percentual para teores de enxofre pirítico é de 11%. A peroxidação também provoca a solubilização de sulfatos, que juntamente com o sulfato vindo do enxofre pirítico, possibilita estimar o teor de enxofre total a partir do sulfato total medido. É característico dos carvões brasileiros baixos teores de enxofre sulfático e orgânico, estes não podem ser determinados por este método. A diferença entre o total e o pirítico nos dá uma previsão dessas duas formas. PALAVRAS-CHAVE: Peroxidação, formas de enxofre, dessulfurização 1. INTRODUÇÃO O uso do carvão como fonte de geradora de energia traz consigo a preocupação da minimização na geração de resíduos, isso porque o carvão fóssil possui uma grande variedade de constituintes orgânicos (carbono, hidrogênio, oxigênio, nitrogênio e enxofre) e inorgânicos (aluminosilicatos, sulfetos, sulfatos, carbonatos, silicatos e outros minerais em quantidades menores) poluidores. O beneficiamento ou lavagem do carvão gera o surgimento de extensas áreas cobertas com os rejeitos do beneficiamento

do carvão, constituídos de material piritoso, rico em enxofre e metais pesados, gerando gás sulfídrico e ácido sulfúrico. O ácido resultante da oxidação do enxofre dissolve os metais e possibilita sua ocorrência em altas concentrações no meio aquático, arrastados pelas águas pluviais (Göthe, 1989). Os teores de enxofre e de matéria mineral do carvão são importantes parâmetros, uma vez que a utilização direta de carvões com elevados teores de cinzas ou enxofre causam sérios problemas tecnológicos e ao meio ambiente (Vasikalos e Clinton, 1983, Saikia e outros 2007, Karaca e Ceylan, 1997). Varias propriedades desses tipos de carvões podem ser melhoradas pela aplicação de um conveniente procedimento de beneficiamento. Neste contexto a dessulfurização de carvões antes de seu uso tem sido realizada por métodos físicos, microbianos ou químicos (Karaca e Ceylan, 1997). Tem sido sugerido que agentes oxidantes tais como peróxido de hidrogênio, são capazes, em principio, de remover o enxofre pirítico e orgânico do carvão como sulfatos. O mecanismo detalhado de remoção o enxofre não é claro, mas a reação global pode ser oxidação de enxofre pirítico e enxofre orgânico a sulfatos com um complexo sistema de reações paralelas e consecutivas. Os principais métodos normatizados propostos para a determinação das formas de enxofre (ASTM D 2492/1990) demandam um tempo longo (2-3 dias) e consumo significativos de diversos reagentes e conseqüente geração de resíduos, que devem ser tratados e dispostos adequadamente. Em conseqüência disso essas análises não são feitas de forma rotineira na maioria dos laboratórios e apresentam custos relativamente elevados. Alguns métodos instrumentais (XANES, XPS) têm sido propostos para a quantificação das formas de enxofre com sucesso (Zhou e Chriswell, 1996). Infelizmente esses métodos mas não são acessíveis para a maioria das empresas e laboratórios que trabalham na área do carvão. Vários autores avaliaram a dessulfurizaação de carvões utilizando soluções de peróxido de hidrogênio em meio ácido (Vasikalos e Clinton (1983); Karaca e Ceylan (1997); Smith (1975); Mukherjee e colaboradores (2001); Boron e Taylor (1981); Nalwalk e outros (1974); Ward, (2002). Apesar de alguns destes estudos terem relatado remoções quantitativas das formas de enxofre, em especial das formas pirítica e sulfática, nenhum propôs o seu uso como método quantitativo. Além disso existem poucos estudos sobre a dessulfurização de carvões brasileiros, e em nenhum deles é foco a sua utilização como método analítico.

O objetivo desse trabalho é investigar o comportamento de carvões brasileiros frente a processos de peroxidação e avaliar seu uso na caracterização das formas de enxofre presentes nesses carvões. 2. MATERIAIS E MÉTODOS 2.1 Identificação e preparação de Amostras e Padrões As amostras de carvão utilizadas neste estudo são provenientes da Jazida Sul Catarinense, camadas Barro Branco e Bonito, e da Jazida Leão-Butiá, camada M. As amostras foram moídas e peneiradas (< 250 µm), seguindo procedimentos normatizados (NBR 8292 /1983) e armazenadas em frascos fechados ao abrigo da luz. A Tabela I apresenta a identificação das amostras de carvões utilizadas, jazida, camada, mina e estado de origem. Tabela I Identificação das amostras de carvão utilizadas e sua origem. Identificação das Amostras Jazida Camada UF BBF Sul Catarinense Barro Branco SC BO1 Sul Catarinense Bonito SC BO2 Sul Catarinense Bonito SC BO3 Sul Catarinense Bonito SC CRE Leão-Butiá M RS Além das amostras citadas na Tabela I, trabalhou-se com o Material de Referência Certificado (MRC) de carvão fornecido pela Rede Metrológica do RS. Esse carvão, identificado pela sigla CAR, é o primeiro MRC de carvão brasileiro sendo certificado para análises de carbono fixo, cinzas, enxofre total, matéria volátil e poder calorífico superior. Esse MRC foi para avaliar seu comportamento em outras análises. O método proposto foi validado utilizando um segundo grupo de amostras de carvão oriundas do RS e SC (identificadas pelos códigos: 178, 179, 928, 618, 619, 620, 622, 680) além de um MRC de carvão americano (NIST 2685b). 2.2 Caracterização química e mineralógica do carvão bruto e tratado. A análise imediata consiste na determinação de umidade, cinzas, matéria volátil e carbono fixo (por diferença) dos carvões. A determinação é feita com base nas normas

técnicas: NBR 8293 DEZ/1983; NBR 8289 DEZ/1983; NBR 8290 DEZ/1983; ASTM D 3172/1989 (1993) respectivamente. A análise elementar do carvão envolve a determinação do percentual em massa do carbono bem como enxofre, nitrogênio, hidrogênio e oxigênio (usualmente estimado por diferença). As análises foram realizadas no analisador elementar LECO TruSpec, segundo a norma ASTM D 5373 (1993), com calibrações para altos teores de carbono em amostras de carvão (35 a 80%). Para a determinação das formas de enxofre (sulfático e pirítico) foi utilizada a norma ASTM D 2492/1990 (1994). O enxofre sulfático foi determinado por gravimetria. Para o enxofre pirítico é realizada uma determinação indireta, a partir da determinação de ferro na espectrometria de absorção atômica (FAAS - espectrofotômetro Varian AA55), conforme procedimento normatizado. Da diferença entre os teores do enxofre total (analisador elementar), sulfático e pirítico obtêm-se o enxofre orgânico. Os elementos maiores constituintes das cinzas foram determinados por fluorescência de raios X (ASTM D 4326-94, 1996) utilizando um equipamento modelo Rigaku RIX 2000 com fonte de radiação de Ródio. Para a determinação da composição mineral de amostras de carvão bruto e tratado foi determinada utilizando um difratômetro de raios-x (Rigaku Dengi D-Max 2000), com radiação Cu Kq, gerada a 30 kv e 15 ma. As fases minerais foram identificadas com o auxílio do aplicativo Jade Plus 5 (MDI, 2000). O estudo da morfologia das partículas foi realizado por meio do microscópio eletrônico de varredura (Philips modelo XL 30) com um sistema EDS (Energy Dispersive X-ray Spectrometer) para análises elementares qualitativas, utilizando o aplicativo EDAX. A amostra seca foi fixada com o auxílio de uma fita adesiva de carbono ou cobre em um suporte metálico, porta-amostra do microscópio (stub), sendo revestida com um filme condutor de ouro para evitar efeitos de carregamento. 2.3 Peroxidação do Carvão O peróxido de hidrogênio é considerado eficiente na remoção do enxofre pirítico e cinzas, mas na presença de meio ácido resulta em um efeito sinergético nesta remoção (Vasikalos e Clinton, 1984, Karaca e Ceylan, 1997). Dentre os diversos ácidos testados cabe destacar o uso dos ácidos sulfúrico, nítrico e clorídrico (Karaca e Ceylan, 1997). A

necessidade do monitoramento da concentração de íons sulfatos nos extratos inviabilizou o uso do H 2 SO 4. Além disso, testes preliminares indicaram uma reatividade semelhante entre os ácidos clorídrico e nítrico, optando-se pelo HCl devido ao seu menor. Os testes foram realizados com 10g de carvão ( 0,1mg) e 200mL de H 2 O 2 10%/ HCl 0,1N, sob agitação de 145 rpm em mesa incubadora (modelo 430 RDBP Nova Ética). A temperatura foi mantida a 30 3 C controlada por banho de gelo quando necessário. Os extratos são separados da fase sólida por centrifugação, sendo a mesma lavada com 100 ml de água e seca a 65 C. Este procedimento foi feito para cada um dos tempos de reação estudados (15, 30, 60, 240 minutos). Os sólidos foram caracterizados de acordo com os métodos citados no item 2.2. 2.4 Caracterização dos Extratos Os extratos obtidos na lixiviação ácida foram caracterizados através de diversos parâmetros descritos a seguir. Para análise de sulfato foi utilizado um cromatógrafo iônico (Dionex DX-500) seguindo metodologia padrão (EPA, 1993). A determinação de ferro foi realizada por FAAS (espectrofotômetro Varian AA55), conforme procedimento normatizado (ASTM D 2492/1990 (1994)). Ao final dos tempos de tratamento foram realizadas medidas de ph (Digimed, modelo DM 20). 3.RESULTADOS 3.1 Composição química e mineralógica A Tabela II apresenta os resultados da análise imediata (umidade, cinzas, matéria volátil e carbono fixo) e elementar das amostras de carvão bruto em estudo. Os resultados indicam as características esperadas para esse tipo de carvão, com altos teores de cinzas (35,66% - 55,51%) e baixos teores de carbono (Koepsel (2001), Kalkreuth et al, 2006; Depoi et al, 2008).

Tabela II - Resultado da Análise Imediata e Elementar dos carvões brutos Análise Imediata (%, bs) a Análise Elementar (%, bs) a Amostras Umidade (%) Cinzas Matéria Volátil Carbono Fixo b C H N O c S BBF 1,18 46,02 22,02 31,96 42,82 3,02 0,69 0,98 6,46 BO1 1,25 51,06 20,73 28,21 39,20 2,43 0,64 0,50 6,17 CRE 8,46 35,66 34,32 30,02 49,78 3,12 0,81 3,99 6,64 BO2 2,05 49,89 19,67 30,44 35,29 2,20 0,60 3,46 10,56 BO3 1,42 55,51 17,86 26,63 35,43 2,28 0,65 1,44 4,69 CAR 1,03 41,19 19,17 39,64 49,47 3,12 0,85 5,37 1,69 a bs - base seca; b Valor calculado por diferença (100-Cz a - MV a ); c calculado por diferença (100- (C+H+N+Cz+S). Os teores de carbono variaram de 35,29% a 49,78%, sendo que estes valores estão dentro da faixa normalmente encontrada para carvões brasileiros de baixo rank e são coerentes com os teores de cinzas encontrados para essas amostras. Os teores de hidrogênio e nitrogênio variaram de 2,20 a 3,12% e 0,60 a 0,85%, respectivamente, valores compatíveis com o grau de carbonificação dos carvões analisados. Os resultados de enxofre total das amostras mostram que os carvões BBF, BO1 e BO3 de Santa Catarina e CRE do RS apresentam um teor de enxofre total entre 4 a 6%. O carvão BO2 apresenta 10,56% de enxofre total, superior à média da Jazida Sul Catarinense. A amostra CAR exibiu um valor de enxofre total (1,69%) abaixo dos valores característicos de carvões brasileiros. Segundo Göthe (1989), em valores médios o carvão de Santa Catarina apresenta conteúdo de 3 a 8% de enxofre. Já o carvão do Rio Grande do Sul apresenta de 0,5 a 1,5% de enxofre. As diferenças entre os carvões de uma mesma camada podem ser devidas à falta de homogeneidade na camada de carvão e ainda entre as camadas, na mina de carvão, tal como foi constatado para a camada bonito em relação aos teores de enxofre total e para a amostra BBF da camada Barro Branco. A Tabela III apresenta os teores das diferentes formas de enxofre obtidas para amostras utilizadas no desenvolvimento do método. Observa-se que nas amostras estudadas a forma predominante para o enxofre é a pirítica, com teores de 4% a 6% para as Camadas Bonito e Barro Branco de SC e Camada M do RS. Vale salientar que a amostra BO2 apresentou um valor atípico de enxofre pirítico (9,10%). A amostra CAR apresentou um baixo teor de enxofre pirítico, 0,81%, em consonância ao teor de total.

Os carvões com elevados teores de enxofre usualmente contém esse elemento sob forma inorgânica, onde o sulfeto de ferro (pirita ou marcassita) é predominante, mas inclui outros sulfetos e sulfatos metálicos (Calkins, 1994, Thiesen, 1945). As amostras, exceto a BO2, apresentaram valores tipicamente baixos para a forma sulfática. Tabela III. Análises elementares para amostras de carvão, expressas em base seca (bs). Formas de Enxofre Amostras Enxofre Pirítico (%bs) Enxofre Sulfático (%bs) Enxofre Orgânico (%bs) Enxofre Total (%bs) BBF 5,94 0,40 0,12 6,46 BO1 5,74 0,33 0,10 6,17 CRE 6,05 0,58 0,01 6,64 BO2 9,10 1,38 0,08 10,56 BO3 3,90 0,17 0,77 4,84 CAR 0,82 0,31 0,49 1,62 Teores insignificantes para o enxofre orgânico foram também observados, exceto para as amostras BO3 (0,62%) e CAR (0,54%). De acordo com Calkins(1994) e Thiesen (1945) o enxofre orgânico é o mais difícil de ser removido nos processos de beneficiamento do carvão (baseados em densidade ou lavagem), pois este é parte da própria estrutura do carvão. As amostras de carvão bruto tiveram suas composições químicas determinadas por fluorescência de RX. A proporção dos diferentes elementos nas cinzas foi recalculada para a base do carvão (coal basis). A Tabela IV apresenta os valores de concentração mássica elementar, em mg g -1. Os resultados mostram que os elementos predominantes são o Si (6,92 a 16,06%), o Al (5,10% a 6,34%) e o Fe (1,38% a 6,30%). Outros elementos importantes são o cálcio (0,34 a 1,73%) e K (0,02 a 1,49%). O alto conteúdo de silício esta relacionado à presença de quartzo e caolinita e o conteúdo de ferro pode ser explicado pelos teores de pirita encontrados nas amostras. Cabe salientar que a amostra CAR também apresenta composição química atípica, confirmando os dados anteriores. Nota-se também um perfil diferenciado para a amostra CRE com altos teores de ferro (63 mg/g de carvão) e de cálcio (17,27 mg/g de carvão) o qual é aproximadamente três vezes maior do que o teor médio obtido para as demais amostras. A difração de RX para as amostras brutas de carvão (resultados apresentados posteriormente) indicaram a presença, como materiais majoritários, de quartzo (SiO 2 ), caolinita (Al 4 (OH) 8 (Si 4 O 10 ), muscovita (KAl 2 Si 3 AlO 10 (OH) 2, pirita (FeS 2 ), calcita

Tabela IV. Fluorescência de RX das amostras de carvão bruto em termos de concentração mássica elementar em mg g -1 corrigida para base carvão (coal basis) Elemento Concentração mássica do elemento nas amostras (mg g -1 ) BBF BO1 BO2 BO3 CAR CRE Si 100,35 131,58 126,32 160,56 111,28 69,17 Al 62,40 51,26 50,99 61,58 63,35 33,33 Ti 3,53 2,45 2,54 2,96 3,46 1,90 Fe 59,09 60,41 59,66 38,33 13,82 63,00 Mg 1,63 2,88 1,86 2,36 1,16 0,24 Ca 5,78 9,92 6,66 3,45 4,24 17,27 Na 0,44 0,00 1,26 1,40 0,49 0,29 K 10,57 11,28 11,93 14,88 9,30 2,07 P 0,06 0,07 0,07 0,07 0,05 0,05 S (2) 2,44 nd 1 3,37 1,51 1,75 9,20 LOI (1000 C) 1,41 2,80 1,13 0,53 1,06 0,69 1 nd não determinado; (2) Determinado pelo Leco (CaCO 3 ), sulfato de cálcio hemi-hidratado (CaSO 4.(H 2 O) 0,5, mas também ocorrem ortoclásio (KAlSi 3 O 8 ) e albita (NaAlSi 3 O 8 ), confirmando os dados de fluorescência de RX. Os resultados obtidos estão concordantes com dados de literatura, que citam argilas, sulfetos, carbonato e quartzo como os minerais mais comuns nos carvões. 3.2 Peroxidação do carvão Estudo do Ferro Dissolvido Na Figura 1 são apresentados os resultados das concentrações mássicas de ferro dissolvido nos extratos, resultantes da lixiviação das amostras de carvão em solução de H 2 O 2 10%/HCl 0,1 mol L -1. Verifica-se um aumento na concentração de ferro dissolvido no extrato até 60 minutos de reação, permanecendo praticamente constante até o final do experimento (240 minutos). Observa-se que após 240 minutos de lixiviação a amostra BO2 apresentou a maior concentração de mássica de ferro no extrato lixiviado (76 mg g -1 ) seguida das amostras BBF, BO1, CRE e BO3 (52, 51, 50 e 30mg g -1 respectivamente) e amostra CAR apresentando o menor valor (8 mg g -1 ).

Figura 1. Concentração mássica de ferro da amostra BBF, BO1, BO2, BO3, CRE E CAR em meio de H 2 O 2 10%/HCl 0,1 mol L -1 em função do tempo. Cabe salientar que para as amostras de carvão mais de 80% do ferro presente é proveniente da pirita (FeS 2 ). Geralmente, além dos sulfetos (com predominância da pirita) outros minerais de ferro têm sido identificados como parte do carvão em percentuais bem menores. Segundo Nahuys (1984) e Dold (2005), estes minerais aparecem em percentuais diferentes em carvões, como por exemplo, a siderita (FeCO 3 ). Ainda, segundo Warne (1990), além dos minerais já citados anteriormente outros minerais presentes no carvão apresentam ferro em sua constituição, tais como a illita (KH 3 O)(AlMgFe) 2 (SiAl) 4 O 10 [(OH) 2 H 2 O], a ankerita (Ca(MgFe)(CO 3 ) 2 e a montmorilonita (NaCa(AlMgFe) 2 Si 4 O 10 (OH) 2.nH 2 O. O teor de enxofre pirítico residual foi determinado para todas as amostras tratadas em função do tempo de lixiviação e os resultados obtidos estão apresentados na Figura 2. Observa-se que as amostras apresentam comportamentos semelhantes, com redução acentuada dos teores de enxofre pirítico já nos primeiros 30 minutos de reação. As amostras BBF, BO1 e CAR tiveram uma grande redução (> 95%) do teor de enxofre pirítico em 240 minutos de lixiviação, indicando uma remoção quase completa. Já as amostras CRE e BO3 apresentaram uma menor remoção de enxofre pirítico (entre 88 e 86%, respectivamente) indicando a lixiviação incompleta, o que pode implicar em erros mais significativos na estimativa das formas de enxofre pelos parâmetros medidos nos extratos (Figura 1). A Tabela V apresenta um resumo das concentrações mássicas de ferro total e pirítico presente nas amostras brutas e tratadas e nos extratos.

Figura 2. Percentual de enxofre pirítico removido nas amostras CRE, BBF e BO1. BO3 e CAR após lixiviação com H 2 O 2 10% em HCl 0,1 mol L -1 em função do tempo. Observa-se que os extratos das amostras BBF, CRE, BO1 e BO3 apresentam 88, 93, 93 e 98% do ferro dissolvido oriundos da oxidação da pirita. Observa-se, igualmente baixos teores de ferro não pirítico nos extratos (2 a 12%) exceto para a amostra CAR (30%). Esse resultado pode ser explicado pelo maior conteúdo de ferro não pirítico nesta amostra. Os resultados indicam que é possível prever a concentração de enxofre pirítico presente em amostras típicas de carvões brasileiros a partir de medidas de concentração de ferro dissolvido nos extratos resultantes da peroxidação em meio ácido. Tabela V. Teores de ferro pirítico presente nas amostras brutas, nas tratadas com H 2 O 2 10%/HCl 0,1 mol L -1 e a concentração mássica de ferro dissolvida em 240 min de tratamento. Amostra Amostra bruta % [Fe total ] [Fe piritico ] mg g -1 mg g -1 Fe piritico / Fe total [Fe piritico ] residual mg g -1 Amostra tratada [Fe pirítico] dis mg g -1 [Fe] dis mg g -1 % Fe pirítico dis originário da pirita CRE 63,00 52,70 83,65 6,45 46,25 49,63 93 BBF 59,09 51,74 87,57 1,05 50,70 57,87 88 BO1 60,41 50,00 82,77 2,09 47,91 51,48 93 BO3 38,33 33,97 88,63 4,79 29,18 29,80 98 CAR 13,82 7,14 51,68 0,26 6,88 9,83 70

Estudo do Sulfato Dissolvido A oxidação da pirita em sistemas oxidantes, tais como o peróxido de hidrogênio, produz sulfato na forma de ácido sulfúrico (Pinetown e outros, 2007; Ward, 2002). Este meio também solubiliza o enxofre sulfático. Em função disso, a concentração mássica de sulfato dissolvidos nos lixiviados em função do tempo, foi monitorada e é apresentada na Figura 3. Figura 3. Concentração mássica de sulfato dissolvido nos extratos gerados das amostras BBF, BO1, BO2, BO3, CRE e CAR em H 2 O 2 /HCl em função do tempo. Pela análise da Figura 3 observam-se os perfis são semelhantes aos verificados para a dissolução do ferro (Figura 1) com uma rápida transferência do enxofre para a fase líquida nos primeiros 60 minutos de reação. Verifica-se uma estabilização nos teores de sulfato após este tempo até o final da reação (240 min). Os níveis de sulfato dissolvido parecem estar diretamente relacionados aos teores de enxofre pirítico das amostras. Por exemplo, a amostra com o teor mais elevado de enxofre pirítico (BO2, 9,10%), apresentou a maior concentração mássica de sulfato dissolvido (322 mg g -1 ). Por outro lado a amostra CAR que contém o menor teor de enxofre pirítico (0,81%), originou somente 39 mg g -1 de sulfato. Visando validar o método de peroxidação em meio ácido, um segundo grupo de amostras de carvão foi testado. Essas amostras apresentam uma ampla faixa de teores de enxofre pirítico (0,69 a 9,28%), sulfático (0,00 a 1,08%) e total (1,18 a 9,83%). Além disso, algumas a amostras apresentam os valores significativos de enxofre orgânico (de

0,39 a 0,46%) o que vai permitir verificar o comportamento desta forma de enxofre frente à peroxidação. Após o tempo de peroxidação (240 min) os teores de sulfato e ferro dissolvidos foram determinados e verificaram-se comportamentos semelhantes aos observados para os carvões do primeiro grupo de amostras. Uma possível correlação entre esses parâmetros foi testada para os dois grupos de amostras e é apresentada Figura 4. Figura 4. Correlação entre as concentrações milimolares de ferro e a de sulfato por grama de carvão dissolvidos nos extratos lixiviados com H 2 O 2 10% em HCl 0,1 mol L -1 após 240 min. Observa-se uma boa correlação linear desses valores, com um R 2 0,9687 e a relação [SO 2 4 ]/[Fe] levemente superior a 2, indicando uma transformação quase total da pirita e uma elevada solubilização dos sulfatos. Segundo Roisenberg et al (2008) é de se esperar, considerando que praticamente todo o sulfato seja oriundo da oxidação da pirita, que a sua concentração molar seja o dobro da concentração molar do ferro. Esses resultados indicam a possibilidade da estimativa do teor de sulfato dissolvido a partir de medida de teor de ferro dissolvido ou vice-versa em base molar. Para validar a correlação obtida, a peroxidação foi aplicada a três novas amostras (619, 178 e 928). Os resultados obtidos da concentração de sulfato dissolvido, medidos por cromatografia iônica e através da aplicação da equação da reta, estão apresentados na Tabela VI. Pela análise dessa tabela observa-se valores calculados semelhantes às concentrações de sulfato determinadas experimentalmente, com erros entre 3 e 11%. Esses resultados comprovam a forte correlação entre o ferro e sulfato solubilizados no processo de peroxidação e a validam a possibilidade da estimativa recíproca destes dois

íons. Cabe ainda ressaltar que a determinação da concentração mássica de ferro dissolvido nos livixiados obtidos por tratamento com H 2 O 2 10% em HCl 0,1 mol L -1 após 240 min pode também representar uma metodologia não normalizada e alternativa para determinação quantitativa do teor de enxofre pirítico presente nas amostras de carvões brasileiros. Tabela VI. Concentrações experimental e calculada de algumas amostras de carvão, submetidas a peroxidação ácida tratamento, utilizadas na validação da correlação proposta. Amostra Valores Experimentais [Fe] dissolvido 2- ] dissolvido Valores calculados pela correlação [SO 2-4 ]=2,4146*[Fe]-0,2007 2- ] dissolvido %Erro relativo mmol L -1 mmol L -1 mmol L -1 [SO 4 [SO 4 619 1,90 4,07 4,40 8 178 4,54 9,70 10,80 11 928 6,92 16,11 16,58 3 Condições: H 2 O 2 10% em HCl 0,1 mol L -1 ; 240 minutos de reação. A Tabela VII mostra os teores de ferro dissolvidos nos extratos lixiviados, a previsão dos teores de enxofre pirítico, e os erros relativos observados quando os mesmos são comparados com o método normatizado (norma ASTM D2492/1990). Observa-se erros relativos variando de 12%, exceto para as amostras CAR e 2685 cujos erros extrapolaram essa faixa. As amostras que apresentam erros positivos indicam a dissolução de outros minerais de ferro, além da pirita. Cabe evidenciar que a amostra CAR é um MRC, composto de uma mistura de carvões catarinenses, possivelmente beneficiados, e a amostra 2685 trata-se de um carvão americano (Padrão NIST - SRM 2685-b), betuminoso com baixos teores de cinzas (15,94%) e elevados teores de ferro não pirítico. Estas amostras apresentam elevados teores de ferro total e baixos teores de ferro pirítico, o que não é típico para carvões brasileiros. A amostra CAR, por exemplo, contém um teor de ferro total de 13,83 mg g -1 e 7,15 mg g -1 de ferro pirítico e a amostra 2685 apresenta 39 mg g -1 de ferro total e 10,02 mg g -1 de ferro pirítico. Nestes casos não é aplicável a previsão do teor de enxofre pirítico a partir da análise de ferro dissolvido em meio de H 2 O 2 /HCl. Com base nos resultados obtidos nas análises de concentração de ferro presente nos lixiviados observa-se que o tratamento com H 2 O 2 10% em HCl 0,1 mol L -1 ataca a

pirita e evita a precipitação do ferro dissolvido, possibilitando a determinação do teor de pirita no carvão com erros menores do que 12%. Tabela VII. Concentração mássica % de ferro dissolvido e sua relação com o % de Spirítico experimental (ASTM D2492/1990) e calculado (correlação), das amostras de carvão bruto submetidas a tratamento com H 2 O 2 10% em HCl 0,1 mol L -1 por 240 min. Amostra Método Proposto %S % Fe pirítico dissolvido (%Ferro*1,148) Método Padrão %S pirítico (ASTM 2492/1990) Erro relativo % 618 0,59 0,68 0,69-1 680 1,85 2,12 2,07 2 619 2,12 2,43 2,48-2 620 2,19 2,52 2,61-4 622 2,37 2,72 2,50 9 BO3 2,98 3,42 3,90-12 179 4,50 5,16 5,65-9 178 5,07 5,82 6,52-11 BO1 5,15 5,91 5,74 3 CRE 5,44 6,25 6,05 3 BBF 5,79 6,64 5,94 12 BO2 7,58 8,71 9,10-4 1928 7,73 8,87 9,28-4 CAR 0,98 1,13 0,82 38 2685 2,10 2,42 1,15 110 As medidas das concentrações mássicas de sulfato dissolvido nos extratos após 240 min de lixiviação com H 2 O 2 /HCl e sua relação com as diferentes formas de enxofre presentes nas amostras de carvão estão apresentadas na Tabela VIII. Observa-se que para as amostras que apresentam menores teores de enxofre orgânico, a concentração de sulfato dissolvido reflete o percentual de enxofre total presente na amostra de carvão. Entretanto para maiores teores de enxofre orgânico as concentrações de sulfato dissolvido apontam para o somatório dos teores de enxofre pirítico e sulfático. Nestes casos a relação entre o percentual de enxofre sulfático dissolvido e enxofre total presente na amostra bruta é menor do que 1,0; indicando que o enxofre orgânico foi pouco atacado nas condições do estudo. As constatações anteriores foram confirmadas pela análise do teor de enxofre orgânico residual nas amostras BO3 e CAR. Os resultados obtidos estão apresentados na Tabela IX.

Tabela VIII. Concentração mássica de sulfato total dissolvido (na forma de Ssulfático) nos extratos lixiviados resultantes da adição de H 2 O 2 10% em HCl 0,1 mol L -1 e sua relação com as diferentes formas de enxofre presentes nas amostras brutas de carvão. Amost ra Amostra Bruta % % (S p +S S ) S O % S total [SO 4 2- ] dis mg/g Amostra Tratada % S SO4 dis %S SO4dis / %(Ss+Sp) %S SO4dis / %S total 618 0,72 0,46 1,18 25,57 0,85 1,2 0,7 CAR 1,13 0,49 1,62 38,64 1,29 1,1 0,8 680 2,13 0,39 2,52 69,72 2,32 1,1 0,9 2685 2,23 2,46 4,69 72,41 2,41 1,1 0,5 619 2,52 0,52 3,04 78,08 2,60 1,0 0,9 620 2,66 0,24 3 89,71 2,99 1,1 1,0 622 2,78 0,11 2,89 78,34 2,61 0,9 0,9 BO3 4,07 0,77 4,84 137,92 4,60 1,1 0,9 178 6,53 0,39 6,92 186,30 6,21 1,0 0,9 179 5,65 0,32 5,97 202,76 6,76 1,2 1,1 BBF 6,34 0,12 6,46 199,68 6,66 1,0 1,0 BO1 6,07 0,1 6,17 207,62 6,92 1,1 1,1 CRE 6,63 0,01 6,64 212,86 7,10 1,1 1,1 928 9,81 0,01 9,82 309,28 10,31 1,1 1,0 BO2 10,48 0,08 10,56 321,81 10,73 1,0 1,0 Observa-se uma redução de 27% no teor de enxofre orgânico para a amostra BO3 e um aumento neste teor para a amostra CAR. Cabe salientar que a concentração de enxofre orgânico é obtida da diferença entre o percentual de enxofre total e o somatório do percentual do enxofre sulfático e pirítico. Tabela IX % de Enxofre orgânico presente na amostra de carvão antes e após da adição de H 2 O 2 10% em HCl 0,1 mol L -1 durante 240 min de lixiviação. Amostra %Enxofre orgânico Amostra Bruta Amostra Tratada BO3 0,77 0,52 CAR 0,49 0,56 Os resultados obtidos indicam que a utilização de solução de H 2 O 2 10% em HCl 0,1 mol L -1 provoca a solubilização dos sulfatos e a conversão da pirita à sulfato sendo, portanto um método eficiente para a avaliar o comportamento das formas de enxofre durante a dessulfurização do carvão. Pode ser também utilizado para a determinação quantitativa do teor enxofre (sulfático+pirítico) presente nas amostras de carvão com altos ou baixos teores de enxofre orgânico. Adicionalmente, pode-se obter o teor de enxofre total para as amostras de carvão com baixas concentrações de enxofre orgânico.

Os % de erros relativos observados estão em uma faixa menor do que 12%, exceto para as amostras de carvão 618 e 179. As amostras BBF, BO1, CRE e BO3, tratadas com H 2 O 2 10%/HCl 0,1mol L -1 tiveram suas fases sólidas analisadas por difração de RX. Os resultados obtidos estão apresentados nas Figuras 5, 6, 7 e 8, respectivamente. Comparando a Figura 5 (A) e (B), resultados dos difratrogramas obtidos para a amostra BBF observa-se a diminuição acentuada nos picos característicos da pirita, confirmando o resultado de remoção de 98% da pirita, após 4 horas de lixiviação Observa-se também a ausência do sulfato de cálcio hemi-hidratado (CaSO 4 (H 2 O) 0,5 e o aparecimento da anidrita (CaSO 4 ), um produto neoformado, possivelmente resultante da reação do cálcio, proveniente da solubilização de carbonatos e de sulfatos derivados, em grade parte, da oxidação pirita. Figura 5. Difratogramas obtidos para a amostra BBF, lixiviada com H 2 O 2 10%/HCl 0,1 mol L- 1 durante 4 horas. Q Quartzo (SiO 2 ); K Caolinita (Al 4 (OH) 8 (Si 4 O 10 ); M Muscovita (KAl 2 Si 3 AlO 10 (OH) 2 ); O - ortoclásio (KAlSi 3 O 8 ); py Pirita; Calc Calcita (CaCO 3 ); An Anidrita (CaSO4); Gh Sulfato de cálcio hemi-hidratado (CaSO 4.(H 2 O) 0,5 ) A Figura 6 apresenta os difratogramas das amostras BO1 bruta e lixiviada com H 2 O 2 /HCl. Comparando a Figura 6 (A) e (B) observa-se a ausência nos picos característicos da pirita, confirmado o resultado de remoção de 96% da pirita, presente na amostra bruta, após 4 horas de lixiviação com H 2 O 2 /HCl A Figura 7 apresenta os difratogramas das amostras CRE bruta e lixiviada com H 2 O 2 /HCl.. Comparando a Figura 7 (A) e (B) observa-se a diminuição acentuada nos picos característicos da pirita, para a amostra CRE confirmando o resultado de remoção de 88% da pirita, após 4 horas de lixiviação Observa-se também a ausência do sulfato de cálcio hemi-hidratado (CaSO 4 (H 2 O) 0,5.

Figura 6. Difratogramas obtidos para a amostra BO1 Bruta (A) e lixiviada com H 2 O 2 10%/HCl 0,1 mol L -1 (B) durante 4 horas. Q Quartzo (SiO 2 ); K Caolinita (Al 4 (OH) 8 (Si 4 O 10 ); M Muscovita (KAl 2 Si 3 AlO 10 (OH) 2 ); O - ortoclásio (KAlSi 3 O 8 ); P Pirita; C Calcita (CaCO 3 ); Ab Albita (NaAlSi 3 O 8 ); Gh Sulfato de cálcio hemihidratado (CaSO 4.(H 2 O) 0,5 ) Figura 7. Difratogramas obtidos para a amostra CRE Bruta (A) e lixiviada com H 2 O 2 10%/HCl 0,1 mol L -1 (B) durante 4 horas. Q Quartzo (SiO 2 ); K Caolinita (Al 4 (OH) 8 (Si 4 O 10 ); M Muscovita (KAl 2 Si 3 AlO 10 (OH) 2 ); O - ortoclásio (KAlSi 3 O 8 ); P Pirita; C Calcita (CaCO 3 ); ; Gh Sulfato de cálcio hemi-hidratado (CaSO 4.(H 2 O) 0,5 ). A Figura 8 apresenta os difratogramas das amostras BO3 bruta e lixiviada com H 2 O 2 /HCl.. Foram observadas as mesmas alterações obtidas para as demais amostras de carvão. Observa-se a ausência nos picos característicos da pirita, embora essa amostra de carvão apresentou uma de remoção de 86% da pirita, presente na amostra bruta, após 4 horas de lixiviação com H 2 O 2 /HCl.

Figura 8 Difratogramas obtidos para a amostra BO3 Bruta (A) e lixiviada com H 2 O 2 10%/HCl 0,1 mol L -1 (B) durante 4 horas. Q Quartzo (SiO 2 ); K Caolinita (Al 4 (OH) 8 (Si 4 O 10 ); M Muscovita (KAl 2 Si 3 AlO 10 (OH) 2 ); P Pirita; Ab Albita (NaAlSi 3 O 8 ); 4. CONCLUSÃO A peroxidação em meio de ácido clorídrico mostrou ser uma técnica que pode ser aplicada na estimativa do teor de enxofre total e/ou do somatório dos teores de enxofre pirítico mais sulfático, presentes em carvões brasileiros. A concentração de ferro total, medida nos extratos após 4h de lixiviação, aproxima-se da concentração máxima de ferro esperada para uma oxidação total da pirita a sulfato, podendo assim ser usado para estimar o teor de enxofre pirítico. O erro máximo percentual para teores de enxofre pirítico estimado é de 11%. A peroxidação também provoca a solubilização de sulfatos, que juntamente com o sulfato vindo do enxofre pirítico, possibilita estimar o teor de enxofre total a partir do sulfato total medido. É característico dos carvões brasileiros baixos teores de enxofre sulfático e orgânico, estes não podem ser determinados por este método. A diferença entre o enxofre total e o enxofre pirítico nos dá uma previsão dessas duas formas. 5. AGRADECIMENTOS A Rede Carvão CNPq, pelo financiamento do projeto. 6. REFERÊNCIAS American Society for testing and materials. ASTM D 2492 90. Standard Test Methods for Forms of Sulfur in Coal. In: Annual Book of ASTM Standards, West Conshohocken, PA, 1996. v.05.05, p. 251.

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