A Responsabilidade Socioambiental no SFN Edital 41/2012 São Paulo, 26 de março de 2013 Sergio Odilon dos Anjos Chefe Departamento de Normas do Sistema Financeiro
Agenda Introdução Visão Empresarial de RSA Audiência Pública 41/2012 Política e Relatório de RSA Conclusão 2
Agenda Introdução Visão Empresarial de RSA Audiência Pública 41/2012 Política e Relatório de RSA Conclusão 3
Introdução Missão do Banco Central do Brasil Assegurar a estabilidade do poder de compra da moeda e um sistema financeiro sólido e eficiente. RSA no sistema financeiro: alinhamento com os objetivos estratégicos do BCB, em particular: Aprimorar o marco regulatório para o cumprimento da missão institucional; Promover a eficiência do Sistema Financeiro Nacional e a inclusão financeira da população Fortalecer a inserção internacional da Instituição. 4
Introdução Risco Socioambiental Risco para o cliente/investidor Riscos para a Instituição Financeira Operações c/ RSA não gerenciados Interrupção nas operações Multas e penalidades Perdas no mercado de ações Desvalorização no mercado devido à Riscos Diretos Responsabilização por danos socioambientais causados por clientes ou investidores Riscos Indiretos Risco de crédito: redução na capacidade de reembolso Risco de mercado: redução no valor das garantias Risco reputacional: publicidade negativa responsabilidade civil pelos danos Fonte: IFC Consequências Perda de ativos Redução nos lucros Danos à reputação 5
Introdução Regulação e autorregulação A regulação constitui instrumento essencial para correção de falhas de mercado. É capaz de fornecer meios para moldar a conduta, controlar o comportamento dos agentes e atingir metas específicas. Motivação inclui: aumentar a competição; reduzir a assimetria de informações; resolução de conflitos e proteção ao consumidor; segurança e estabilidade do sistema. 6
Introdução Regulação e autorregulação Regulação excessiva pode interferir no funcionamento dos mercados, restringir inovações e imputar custos de observância significativos. 7
Introdução Autorregulação: acordos voluntários e iniciativas de mercado Políticas e práticas de responsabilidade socioambiental Dimensão socioambiental incorporada ao gerenciamento de riscos No Brasil: Protocolo Verde e Protocolo de Intenções Regulação: regras obrigatórias Padrões mínimos de atuação sustentável para todas as instituições reguladas 8
1997 2000 1992 1999 2003 Introdução RSA no arcabouço autorregulatório global Rio 92 - Unep FI Dow Jones Sustainability World Index Princípios do Equador - Compromisso dos bancos com a sustentabilidade Global Report Initiative (GRI) Global Compact 9
1995 2009 1981 2005 Introdução RSA no arcabouço autorregulatório nacional Lei 6.938 - Política Nacional do Meio Ambiente Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) Protocolo Verde - Bancos públicos (atualizado em 2008) Protocolo de Intenções - Bancos privados 10
2009 2011 2008 2010 2012 Introdução Regulação da RSA no SFN Resolução 3.545 - Crédito Rural Bioma Amazônia Resolução 3.876 - Trabalho escravo Resolução 3.896 Programa ABC/BNDES: redução da emissão de gases de efeito estufa na agricultura Audiência Pública 41/2012 Política e Relatório de RSA - Circular 3.547 - ICAAP Resolução 3.813 Cana de açúcar - Resolução 4.008 - financiamentos de projetos lastreados em recursos do Fundo Nacional sobre Mudança do Clima (FNMC). 11
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Visão Empresarial da RSA A responsabilidade social do negócio é domesticar um dragão, ou seja, transformar um problema social em uma oportunidade econômica e benefício econômico, em capacidade produtiva, em competência humana, em empregos que pagam bem, e em riqueza (DRUCKER, 1984). As necessidades da comunidade são vistas como oportunidades para desenvolver ideias e tecnologias de negócio, para encontrar e servir novos mercados, e para resolver antigos problemas organizacionais (KANTER, 1999). 13
Visão Empresarial da RSA Custos x Benefícios Compromisso ético da organização Adoção de uma postura mais ativa em relação às demandas das partes interessadas em seus negócios (stakeholders) Valorização do quadro de funcionários Contribuição para o desenvolvimento econômico sustentável Muitas instituições já têm esses custos incorporados 14
Visão Empresarial da RSA A RSA é definida como o compromisso permanente das organizações em adotar um comportamento ético e contribuir para o desenvolvimento econômico, melhorando, simultaneamente, a qualidade de vida de seus empregados e de suas famílias, da comunidade local e da sociedade como um todo (World Business Council for Sustainable Development WBCSD, 1998). 15
Visão Empresarial da RSA A importância dos stakeholders ou grupos de interesse para os negócios: As organizações são sistemas abertos que se relacionam com diversas partes internas e externas a elas (stakeholders), tornando-se necessários a elaboração de estratégias coletivas que otimizariam o sistema como um todo e o gerenciamento ativo do ambiente de negócio (FREEMAN e MCVEA, 2000). É importante um esforço maior para identificar os stakeholders da organização e os diferentes poderes de influência no negócio como funcionários, clientes, poder público, fornecedores, acionistas, entre outros (DONALDSON e PRESTON, 1995). 16
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Audiência Pública 41/2012 Política e Relatório de RSA Balanço no processo de Audiência Pública Importantes sugestões e comentários (Sistema Financeiro 4 associações; Outras entidades 18 participantes) Principais questões: Aplicabilidade da norma : instituições e tipos de operações Escopo da PRSA Escopo do gerenciamento do Risco Socioambiental Processo de implementação 18
Audiência Pública 41/2012 Política e Relatório de RSA Propostas de normas sobre a RSA do SFN Por que regular? Acordos voluntários e autorregulação, via de regra, não são suficientes para induzir todas as IF a adotarem padrões mínimos de responsabilidade socioambiental. O desenvolvimento sustentável é um processo que envolve vários stakeholders, cabendo aos reguladores criar as condições necessárias para o estabelecimento de level-playing field. um 19
Audiência Pública 41/2012 Política e Relatório de RSA Propostas de normas sobre a RSA do SFN Qual o objetivo das propostas? Estabelecer padrões mínimos de RSA aplicáveis aos diferentes tipos de IF, de modo a abranger aspectos de eficiência, de concorrência e de mitigação de riscos Até onde vão os padrões mínimos? Esses padrões mínimos são de natureza qualitativa e não prescritiva Cabe à instituição financeira definir o escopo e conteúdo de sua política e do relatório de RSA, observados os princípios estabelecidos nas normas propostas. Esse conteúdo refletirá as peculiaridades de cada instituição (porte, linha de negócios, atuação no mercado etc) e o compromisso do conselho de administração e da diretoria. 20
Audiência Pública 41/2012 Política e Relatório de RSA Política de RSA (PRSA) Aplicabilidade Instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil A política de RSA refere-se a um conceito amplo (empresarial), que se aplica a todo e a qualquer empreendimento Por sua vez, a política de RSA abrange não só o crédito mas todas as demais áreas da instituição (ex: relacionamento com o cliente, com funcionários e colaboradores, com acionistas, com a comunidade etc) 21
Audiência Pública 41/2012 Política e Relatório de RSA Política de RSA (PRSA) Implementação A política de RSA requer medidas relacionadas à estrutura de governança e de gestão de risco, entre outras ações. Muitas ações já são adotadas em compliance com outros normativos em vigor (CDC, CLT, Legislação ambiental, Código Penal etc) Proporcionalidade Compatibilidade da política com o porte da instituição, a natureza dos seus negócios, a complexidade dos serviços e produtos oferecidos, as atividades, os processos e os sistemas adotados. 22
Audiência Pública 41/2012 Política e Relatório de RSA Aspectos qualitativos da política de RSA Integrar a política estratégica da instituição Prever o relacionamento com stakehorders Ser transversal à organização Ser aprovada pela diretoria e pelo conselho de administração, quando houver 23
Audiência Pública 41/2012 Política e Relatório de RSA Estrutura de governança para RSA Objetivos Assegurar o cumprimento da PRSA; Prover condições para a execução, o monitoramento, a avaliação e a revisão da PRSA. Características Respeita o princípio da proporcionalidade Prevê a possibilidade de constituição de comitê de RSA com a presença de stakeholder externo 24
Audiência Pública 41/2012 Política e Relatório de RSA Risco Socioambiental Não se trata de um novo risco, mas de uma nova dimensão incorporada a uma ou mais estruturas de gerenciamento de risco já existentes. Princípio de identificação e avaliação já definido na forma do art. 1 o, 2 o, da Circular 3.547/2011 (ICAAP), ao determinar que a instituição deve demonstrar como considera o risco decorrente da exposição a danos socioambientais gerados por sua atividade no processo de avaliação e cálculo da necessidade de capital. Exemplos: Risco operacional (legal) Responsabilidade do Financiador (Lei 6.938/81 art. 3, inciso IV define o poluidor indireto; e art. 14, 10 define a responsabilidade civil objetiva) Risco de crédito Risco do financiado ficar inadimplente por ter sido responsabilizado por dano socioambiental. Risco de mercado Perdas decorrentes da aquisição de ativos ambientais Risco de reputação 25
Audiência Pública 41/2012 Política e Relatório de RSA Relatório de RSA Aplicabilidade Instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil que sejam: constituídas sob a forma de companhia aberta, ou obrigadas a constituir comitê de auditoria, ou constituídas sob a forma de companhia fechada e líder de conglomerado integrado por instituição de capital aberto Periodicidade anual de elaboração e divulgação Conteúdo relativo ao cumprimento da PRSA 26
Agenda Introdução Visão Empresarial de RSA Audiência Pública 41/2012 Política e Relatório de RSA Conclusão 27
Conclusão Espera-se que as instituições financeiras assumam uma posição estratégica em relação à identificação, à mitigação e ao controle do risco socioambiental, melhorando sua estrutura de governança, além de incorporar ações de cunho socioambiental aos seus negócios. Desafio: Falhas de mercado 28
Conclusão A meta é garantir que as transações financeiras sejam economicamente viáveis, respeitando os aspectos sociais e ambientais, de forma a contribuir para uma maior eficiência do SFN, reduzindo riscos e permitindo-se ainda alcançar objetivos mais amplos, tais como a utilização responsável dos recursos econômicos. 29
Conclusão Considerações Finais Ponto de partida: propostas normativas divulgadas por meio da AP 41/2012. Etapa em curso: consolidação e análise dos comentários e sugestões. Próximos passos: Aprimoramento das propostas normativas iniciais; Divulgação da versão final das normas; Implementação por parte do Sistema Financeiro. 30
Obrigado! Sergio Odilon dos Anjos Chefe Departamento de Normas do Sistema Financeiro denor@bcb.gov.br