PADRE ANTÓNIO VIEIRA

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Transcrição:

PADRE ANTÓNIO VIEIRA

Vida Nasceu em Lisboa no ano de 1608 e quando tinha 6 anos a família Vieira veio para o Brasil, pois seu pai foi convidado a trabalhar como escrivão no Tribunal da Relação da Bahia. A família fixou residência em Salvador, na Bahia. Aos 15 anos, ingressou na Companhia de Jesus, dois anos depois tomou os votos de castidade, pobreza e obediência e aos 21 anos já lecionava no colégio de Teologia em Salvador.

Em 1624, quando houve a invasão holandesa em Salvador, refugiou-se no interior da capitania, onde se iniciou a sua vocação missionária. E em 1626 formou-se, e além de teologia estudou lógica, física, metafísica, matemática, ecologia e fez mestrado em artes. Lecionou humanidades e retórica em Olinda e em 1634 foi ordenado sacerdote. Neste período ele já era conhecido pelos seus primeiros sermões, tendo fama de notável pregador.

De 1630 a 1654, houve a segunda invasão da Holanda no nordeste brasileiro. Padre António que apoiava Portugal, em 1640, na Igreja de nossa senhora da ajuda, fez o Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal contra a Holanda, um sermão que buscava fortificar os ânimos da população para lutar contra os hereges holandeses.

Aos 33 anos, voltou a Portugal com uma comissão de apoio ao novo rei Dom João 4º. Nessa época Portugal passava pela guerra da Restauração da Coroa contra a Espanha, e ao mesmo tempo existiam conflitos contra a Holanda, França e Inglaterra.

Em 1643, Vieira foi designado pelo rei Dom João 4º para negociar a reconquista das colônias. Suas propostas eram conciliar Portugal e Holanda, entregando a província de Pernambuco aos holandeses a título de indenização; reunir em Portugal os cristãos-novos, isto é, os judeus que estavam espalhados pela Europa, e protegê-los da inquisição. Em troca os judeus investiriam nos empreendimentos portugueses. Considerando-as absurdas, as ideias foram rejeitadas e Vieira retornou ao Brasil estabelecendose ao norte do Maranhão.

Entre 16 de janeiro de 1653 e setembro de 1661, esteve na liderança da Missão no Maranhão e no Grão-Pará, sempre defendendo a liberdade dos índios. Proferiu o "Sermão da Primeira Dominga de Quaresma" em São Luís do Maranhão, no qual tentou convencer os senhores de engenho a libertarem os seus escravos indígenas. Sua luta contra a escravidão dos povos nativos da América estava associada à sua crença de que a colonização portuguesa teria como missão converter aqueles povos para a fé católica.

Em 1661, Padre Vieira foi obrigado a deixar o Maranhão, pressionado pelos senhores de escravos que não concordavam com suas posições contrárias à escravidão indígena. Antônio foi para Lisboa onde foi condenado pela inquisição em virtude de seus manuscritos heréticos: "Quinto Império"; "História do Futuro" e "Chave dos Profetas". Ficou preso em coimbra por 2 anos.

Entre 1º de outubro de 1665 e 23 de dezembro de 1667, sua reclusão foi transferida para a Casa do Noviciado dos jesuítas em Lisboa. Em 30 de junho de 1668, recebeu o perdão das penas. No ano de 1665, o Sermão da sexagésima assim como o Sermão do bom ladrão, dois dos mais célebres sermões feitos pelo Padre António, foram proferidos um na Capela Real de Lisboa e o outro na Igreja de Misericórdia também em Lisboa.

Recebeu perdão, foi anistiado e seguiu para Roma onde ficou até 1676 sob a proteção da Rainha Cristina da Suécia. Em 1681, retornou à Bahia, alegando questões de saúde. Em 1688, exerceu a função de visitador-geral das missões do Brasil e dedicou o resto de seus anos à edição dos Sermões, cartas e de Clavis Prophetarum, uma obra de interpretação profética das Escrituras que iniciara em Roma.

Já velho e doente, teve que espalhar circulares sobre a sua saúde para poder manter em dia a sua vasta correspondência. Ele perdeu a voz e já não conseguia escrever, então em 1697 ele morreu com 89 anos.

Obras A coleção completa dos seus Sermões, iniciada em 1679, exigiu 16 volumes. Cerca de 500 de suas Cartas foram publicadas em 3 volumes. As suas obras começaram a ser publicadas na Europa, onde foram elogiadas até pela Inquisição. Deixou uma obra complexa que exprime as suas opiniões políticas, não sendo propriamente um escritor, mas sim um orador. Além dos Sermões redigiu o Clavis Prophetarum, livro de profecias que nunca concluiu. Entre os seus sermões, alguns dos mais célebres são: o "Sermão da Quinta Dominga da Quaresma", o "Sermão da Sexagésima", o "Sermão pelo Bom Sucesso das Armas de Portugal contra as de Holanda", o "Sermão do Bom Ladrão", "Sermão de Santo António aos Peixes" entre outros. Vieira deixou cerca de 700 cartas e 200 sermões. Suas obras incluem todas as suas cartas, sermões, obras proféticas, escritos políticos, sobre os judeus e sobre os índios, bem como a sua poesia e teatro.