A HEGEMONIA JESUÍTICA ( ) Sônia Maria Fonseca
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- Eliana Cordeiro Osório
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1 A HEGEMONIA JESUÍTICA ( ) Sônia Maria Fonseca Todos os recortes usados nas telas seguintes foram retiradas do texto publicado em Navegando na História da Educação Brasileira:
2 É consensual afirmar que, nos trinta primeiros anos da colonização do Brasil, Portugal dedicou-se exclusivamente à exploração das riquezas sem efetivo projeto de povoamento. Os índios que ocupavam o território brasileiro, nas palavras de Pero Magalhães Gandavo, não tinham as letras F, nem L, nem R, não possuindo Fé, nem Lei, nem Rei e vivendo desordenadamente. Essa suposição de uma ausência lingüística e de ordem revela, um tanto avant la lettr e, o ideal de colonização trazido pelas autoridades portuguesas: superar a desordem, fazendo obedecer a um Rei, difundindo uma Fé e fixando uma Lei. [...] ( Apud VILLALTA, 2002, p.332). Língua, instrução e livros, nesse quadro, em termos das expectativas metropolitanas, deveriam desenvolver-se sob a égide de um Rei, uma Fé e uma Lei. (VILLALTA, IDEM).
3 A vinda dos jesuítas, em 1549, proporcionava assim a expansão da Fé e do Império, reunindo mercadores e evangelizadores sob a mesma empresa, tal como Antonio Vieira irá se referir posteriormente na obra Histór ia do Futur o. Com sua política de instrução uma escola, uma igreja,edificaram templos e colégios nas mais diversas regiões da colônia, constituindo um sistema de educação e expandindo sua pedagogia através do uso do teatro, da música e das danças, multiplicando seus recursos para atingir à inteligência das crianças e encontrar-lhes o caminho do coração. (AZEVEDO, 1943, p.290).
4 Com o aprendizado das artes e dos mais diferentes ofícios adquiriram auto-suficiência na fatura dos mais diversos objetos de uso pessoal e para a lida cotidiana, de pares de sapatos a embarcações para transportar os padres e irmãos entre as possessões no Amazonas e ao longo do litoral da Bahia, Pernambuco, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo. A produção das reduções jesuíticas, por exemplo, tinha caráter notável. Na região dos Sete Povos das Missões, além das atividades de agricultura e pecuária, com produção de excedentes, foram construídas oficinas para fatura de instrumentos musicais, assim como para imaginária e adornos usados nos templos. Os indígenas sob a orientação de mestres jesuítas executavam a talha e a escultura em madeira e pedra, empregando em profusão elementos da flora e fauna circunvizinhas aos aldeamentos
5 A adaptação aos costumes locais em respeito à diversidade das regiões sob domínio jesuítico, para a eficácia da catequese, era orientação que constava nas Constituições da Companhia de Jesus, apresentada por Inácio de Loyola, em 1550, aos padres e irmãos que estavam em Roma. De fato, os jesuítas empreenderam no Brasil uma significativa obra missionária e evangelizadora, especialmente fazendo uso de novas metodologias, das quais a educação escolar foi uma das mais poderosas e eficazes. Em matéria de educação escolar, os jesuítas souberam construir a sua hegemonia. Não apenas organizaram uma ampla rede de escolas elementares e colégios, como o fizeram de modo muito organizado e contando com um projeto pedagógico uniforme e bem planejado, sendo o Ratio Studior um a sua expressão máxima. (SANGENIS, 2004, p.93)
6 O Ratio Studior um ou Plano de Estudos o método pedagógico dos jesuítas, publicado em 1599 foi sistematizado a partir das experiências pedagógicas, que tiveram início no Colégio de Messina, primeiro colégio aberto na Sicília, em A par dessa primeira experiência na Itália a disputa entre o modus italicus e o modus par isiensis foi vencida pelo último, com o predomínio do modelo da Universidade de Paris, por onde passaram muito dos jesuítas, inclusive o próprio Loyola. Ainda que não tenham sido os jesuítas os primeiros a pisar a Terra de Santa Cruz vale lembrar que junto com Pedro Álvares Cabral vieram os franciscanos. Essa primazia dos franciscanos [ ] não legou à posteridade o mesmo alcance que tiveram os jesuítas [ ] da chegada em 1549 até a expulsão em 1759, detiveram o monopólio da educação. É certo que esse monopólio não explica isoladamente a sanha despótica do Marquês de Pombal contra a Companhia de Jesus.
7 A Companhia de Jesus foi uma das vítimas mais evidentes dos acontecimentos postos em marcha pelas pretensões imperiais do governo de Pombal e pelas tentativas de nacionalizar setores do sistema comercial lusobrasileiro.(maxwell, 1995, p.42) Em Portugal, cabia aos jesuítas o direito exclusivo de ensinar Latim e Filosofia no Colégio de Artes, curso preparatório obrigatório para ingresso nas faculdades da Universidade de Coimbra. A Universidade de Évora era também uma instituição jesuítica. No Brasil os colégios jesuíticos ofereciam quase com exclusividade a educação secundária.
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