Aula 03 ETIOLOGIA, DIAGNOSTICO, CA- RACTERIZAÇÃO DA SURDEZ: aspectos anatômicos e fisiológicos do ouvido humano, diagnóstico precoce e tipos e graus de perda auditiva O tema e sub temas desta aula diz respeito às implicações médicas e educacionais do não ouvir. A importância do diagnóstico precoce, os tipos e graus de perda auditiva, possibilitando aos futuros (as) profissionais com formação em Educação Física, Estética e Radiologia o conhecimento a respeito do assunto em pauta. SEÇÃO 1 Etiologia, diagnostico, caracterização da surdez Pessoal, conforme o Plano de Ensino da disciplina, atendendo aos objetivos de aprendizagem propostos, será possível perceber na Seção 1 a etiologia médica e educacional, o diagnóstico e a caracterização da surdez. Então vamos lá? 47
Audição é o sentido responsável por captar as informações sonoras que nos rodeiam, sejam elas sons de palavras ou não. Também é essencial para o desenvolvimento psicossocial da criança, sobretudo para o desenvolvimento de sua fala. A falta de audição, causa a surdez que pode causar problemas emocionais e psicológicos, alterações de aprendizado, alterações de fala, problemas profissionais no trabalho, insatisfação e solidão e é a principal causa de distúrbio de comunicação do homem 1. A etiologia do ponto de vista médico A etiologia do ponto de vista educacional 1 Prof. Dr. Ricardo Ferreira Bento - Titular da Disciplina de Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Fonte: www.otorrinousp.org.br/imagebank/aulas/aula. Acesso dia 12 jul. 2016. 48
1.2 Diagnostico da surdez O diagnóstico precoce é crucial para poder controlar e tratar a maioria das causas da surdez. A precocidade do diagnóstico é essencial para que o tratamento seja instituído o mais cedo possível com vistas a um resultado final melhor. Para que isso aconteça os pais devem estar atentos no desenvolvimento diário de seus filhos a fim de observar, no que diz respeito ao desenvolvimento motor ou sensorial. Pois quanto mais cedo houver a confirmação da surdez em uma criança, maior será a possibilidade de trabalhar as questões psicológicas, de aceitação e convivência, os conceitos sobre surdez e as capacidades de desenvolvimento, da criança, junto à família. Dando continuidade, vamos ver primeiramente os aspectos anatômicos e fisiológicos do ouvido? Só assim iremos compreender os principais diagnósticos. FIGURA 1 - Estrutura anatômica da orelha Fonte: <causaseconsequenciasdasurdez.blogspot.com.br>. Acesso 12 julh. 2016. O ouvido é divido em três partes - ouvido externo, ouvido médio e ouvido interno, como veremos a seguir: 49
Ouvido externo: é formada pelo pavilhão auricular e meato acústico externo, captando as ondas sonoras que entram nele e posteriormente transmitem para o conduto auditivo, ou seja, capta os sons e os leva até a orelha média; Ouvido médio: Inicia-se na membrana timpânica, que aloja três ossos (os menores ossos de nosso corpo), denominados de: martelo, bigorna e estribo, que estão unidos por meio de ligamentos. O primeiro ossículo a receber a onda sonora é o martelo e depois os outros ossículos entram em vibração, até que a base do estribo transmita a energia sonora para o ouvido interno; Ouvido interno: é constituída de uma parte anterior onde se encontra a cóclea, que é responsável pela audição, e uma parte posterior, que está relacionada ao equilíbrio. Quando a vibração sonora chega ao ouvido interno, é transmitida, pelo nervo auditivo, ao Sistema Nervoso Central. Este nervo, junto com as células sensoriais do ouvido interno transmite informações para o cérebro. Ele consiste do nervo coclear, que carrega informação auditiva, e o nervo vestibular, que carrega informações sobre o equilíbrio. Agora vamos ver os principais diagnósticos? De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a deficiência auditiva afeta cerca de 10% da população mundial, sendo a principal causa de deficiência física crônica sem tratamento no mundo, nos dias atuais. Uma em cada 1000 crianças tem algum problema auditivo ao nascimento. SURDEZ DA CÓCLEA OU DO NERVO AUDITIVO Figura 2 Nervo auditivo Fonte: http://www.surdez.org.br/conteudo.asp?id=2. Acesso dia 12 jul. 2016 50
Também conhecida pelos médicos por surdez neurossensorial ou sensorioneural. Esse tipo de surdez é a mais comum. As causas podem ser várias desde problemas menores como diminuição na irrigação sanguínea do ouvido até mais sérias como tumores cerebrais. Estes problemas também ocorrem como parte do processo de nosso envelhecimento. A partir de 55 anos de idade a audição pode começar a diminuir como acontece com a visão em idade menor ainda. Esta diminuição normal da idade varia muito de pessoa para pessoa e está normalmente ligada a herança genética, a condições anormais a que o ouvido foi exposto durante a vida (barulho intenso, infecções etc..) ou a doenças gerais como hipertensão arterial e diabete que podem afetar o ouvido. Atualmente existem aparelhos extremamente avançados mesmo quando os aparelhos comuns de audição não funcionam bem, como próteses auditivas implantáveis, implantes cocleares, implantes de tronco cerebral e próteses implantáveis no osso. As causas da surdez do nervo são muitas, mas as mais comuns são: exposição à ruído de alta intensidade ou sons altos e Presbiacusia (surdez pela idade). Também existem ostras causas, dentre elas: viroses (rubéola, caxumba); meningite; uso de certos medicamentos ou drogas; propensão familiar (hereditárias); traumas na cabeça; doenças cárdio-circulatórias; defeitos congênitos; alergias; problemas metabólicos (diabete, por exemplo) e tumores. SURDEZ DE CONDUÇÃO FIGURA 3 Nervo auditivo (local onde ocorre a surdez condução ouvido externo ou médio) Fonte: http://www.surdez.org.br/conteudo.asp?id=2. Acesso dia 12 jul. 2016 51
A surdez de condução é aquela que afeta o ouvido externo ou médio e acontece quando as ondas sonoras não são bem conduzidas para o ouvido interno. Normalmente os problemas de surdez de condução podem ser resolvidos por tratamento médico (remédios) ou por cirurgia. SURDEZ RETROCOCLEAR. FIGURA 4 Nervo auditivo (local onde está danificado) Fonte: http://www.surdez.org.br/conteudo.asp?id=2. Acesso dia 12 jul. 2016 Acontece quando o nervo auditivo está danificado ou inexiste. Essa surdez é profunda e permanente. Os aparelhos auditivos e os implantes cocleares não têm utilidade porque o nervo coclear não pode transmitir a informação auditiva ao cérebro. Depois de avaliação médica, o implante de tronco cerebral pode ser útil. SURDEZ MISTA: DE CONDUÇÃO E DO NERVO FIGURA 5 Nervo auditivo (local danificado ouvido médio e ouvido interno) 52 Fonte: http://www.surdez.org.br/conteudo.asp?id=2. Acesso dia 12 jul. 2016
A surdez mista é uma combinação de perda auditiva condutiva com perda auditiva neurossensorial. Ela acontece quando o problema está presente no ouvido médio e interno, ao mesmo tempo. Seção 2 - Tipos e graus de perda auditiva Olá,pessoal! Na segunda parte deste estudo vamos conhecer os termos usados para descrever o grau de perda auditiva, são eles: leve, moderada, severa e profunda. O grau da perda auditiva varia de pessoa para pessoa. Todos os tipos de perda auditiva são classificados em graus leve, moderado, severo ou profundo. De acordo o Relatório Maastricht sobre Diminuição da Capacidade Auditiva, 1999, a perda auditiva causa: Perda auditiva leve: incapacidade de ouvir sons suaves, dificuldade em compreender a fala com clareza em ambientes com ruído; Perda auditiva moderada: incapacidade de ouvir sons suaves a moderadamente altos, dificuldade considerável em compreender a fala, principalmente na presença de ruído de fundo; Perda auditiva severa: alguns sons altos são audíveis, mas a comunicação sem o aparelho auditivo é impossível. Perda auditiva profunda: alguns sons extremamente altos são audíveis, mas a comunicação sem o aparelho auditivo é impossível. Os graus leve a moderado são os mais comuns de perda auditiva. As perdas auditivas condutivas são raras nos graus severos e profundos. Vejam! Para saber se a pessoa tem perda auditiva, realiza-se uma avaliação audiológica onde são avaliados, de forma quantitativa, os limiares de audição. 53
2.1 A audição é classificada* em: Libras - Claunice Dorneles - UNIGRAN NORMAL (0 A 20 db NA) Ouve todos os sons normalmente LEVE (21 A 40 db NA) Dificuldade para entender alguns sons de fala, passarinho cantando etc; MODERADA (41 A 70 db NA) Dificuldade para ouvir o latir do cachorro, bebê chorando, aspirador de pó, fala etc; SEVERA (71 A 90 db NA) Dificuldade para ouviro som de um latido do cachorro, o toque do telefone, a fala etc; PROFUNDA ( > 91 db NA) Dificuldade para ouvir máquina de cortar grama, caminhão, avião, etc. *Classificação conforme Davis e Silverman, 1970 FIGURA 6: Entre os dois extremos ouvir bem e não ouvir nada, há muitos graus de diminuição de capacidade auditiva. Fonte: http://www.direitodeouvir.com.br/graus-da-perda-auditiva/. Aceso 13 jul 2016 Não poderia encerrar essa aula sem tocar, embora de forma breve, a questão da surdocegueira. Vejam no item abaixo: 2.1.1 A surdocegueira O termo é a denominação da perda auditiva associada à perda visual. Os indivíduos que são surdocegos muitas vezes se comunicam com a linguagem gestual, mas devem ser capazes de perceber os sinais que a outra pessoa está fazendo, essencialmente através da exploração das mãos enquanto a outra pessoa conversar. Ao acessar o conteúdo da web, eles geralmente utilizam Browser em Braille, dispositivos que lhes permitem o acesso de todos os 54
conteúdos textuais da página web, incluindo texto alternativo para imagens. FIGURA 7 Browser em Braille Figura 8 Comunicação com surdocego Alfabeto manual - Consiste em fazer, com a mão, um sistema de signos sobre a palma do interlocutor. São variados os códigos adotados nesse procedimento; a forma mais usual é aquela onde cada letra é representada pelas diferentes posições dos dedos e da mão. Fonte: http://guarulibras.blogspot.com.br/p/comunicando-se-com-um-surdocego.html. Acesso julh. 2016. Como comunicar-se com um surdocego? Os surdocegos possuem diversas formas para se comunicar com as outras pessoas. A LIBRAS, Língua Brasileira de Sinais, desenvolvida para a educação dos surdos, pode ser adaptada aos surdocegos utilizando-se o tato. Colocando a mão sobre a boca e o pescoço de um intérprete, o surdocego pode sentir a vibração de sua voz e entender o que está sendo dito, esse método de comunicação é chamado de tadoma. Também é possível para o surdocego escrever na mão de seu guia intérprete utilizando um alfabeto manual ou redigir suas mensagens em sistema Braille (língua formada de pontos em relevo criada para a comunicação das pessoas cegas. Fonte: http://guarulibras.blogspot.com.br/p/comunicando-se-com-umsurdocego.html. Acesso em julh. 2016 55
A seguir veremos a classificação da surdocegueira Libras - Claunice Dorneles - UNIGRAN Dependendo da idade em que a surdocegueira se estabeleceu, pode-se classificá-la em:surdocegos Pré-linguísticos ou Surdocegos Pós-linguísticos. Pré-linguístico: quando a Surdocegueira ocorre por causa congênita ou anterior a aquisição da fala. Pós-linguísticos: quando a pessoa adquiriu a Surdocegueira após a aquisição de uma língua, seja oral ou de sinais. As principais causas que podem levar a surdocegueira Origem genética - Síndrome de Usher, Associação Charge; Origem pré-natal - Rubéola Materna, Toxoplasmose, Drogas; Lesões neo-natais Prematuridade; Adquiridas - Infecções: Meningite, Sarampo, Otites Graves, Sífilis; RETOMANDO A CONVERSA INICIAL Seção 1 Etiologia, diagnóstico, caracterização da surdez A deficiência auditiva pode ser congênita ou adquirida. As principais causas da deficiência congênita são hereditariedade, viroses maternas (rubéola, sarampo), doenças tóxicas da gestante (sífilis, citomegalovírus, toxoplasmose), ingestão de medicamentos ototóxicos (que lesam o nervo auditivo) durante a gravidez. É adquirida, quando existe uma predisposição genética (otosclerose), quando ocorre meningite, ingestão de remédios ototóxicos, exposição a sons impactantes (explosão) e viroses. Ao se pensar em surdez e nas limitações que lhe são associadas, é natural que se procure conhecer as causas que a provocam e os meios de evitá-las. Durante muito tempo, e mesmo em nossos dias, a deficiência auditiva tem sido 56
confundida com a deficiência mental e até com possessões demoníacas e seus portadores são chamados de "doidinhos", mudos ou surdos-mudos. Muitos que alimentaram essas crenças, hoje superadas pelas novas descobertas e pelos avanços científicos, sabem que são várias e diferenciadas as etiologias (causas) que originam a surdez, embora o conhecimento científico atual seja ainda insuficiente para identificar todas elas. Seção 2 tipos e graus de perda auditiva Nesse tópico da aula foi possível perceber que há quatro tipos de perda auditiva: A primeira e mais comum é a perda auditiva sensorioneural que resulta da falta ou dano da célula sensorial (célula ciliada) na cóclea. Perda auditiva condutiva descreve qualquer problema no ouvido externo ou médio que impede que o som seja conduzido adequadamente ao ouvido interno. Perda auditiva mista é a combinação da perda sensorioneural com a perda condutiva. Finalmente, perda auditiva neural ocorre quando o nervo auditivo não consegue enviar sinais ao cérebro. Quanto aos graus são assim classificados em: - leve as pessoas nem se dão conta que ouvem menos, e tendem a aumentar progressivamente a intensidade da voz. Incapacidade de ouvir sons menos intensos e dificuldade para ouvir em ambiente ruidoso. - moderada, a pessoa passa a fazer frequentemente Hein?! passa a ter dificuldade de ouvir ao telefone, faz troca nos sons da fala e precisa de apoio visual (leitura labial). - severa, a dificuldade aumenta. As palavras se tornam abafadas e mais difíceis de entender, principalmente em salas com ruídos ou eco. Fica difícil ouvir até uma campainha ou o telefone tocar. Incapacidade de ouvir sons menos intensos e de intensidade moderada, dificuldade considerável em entender a fala, especialmente na presença de ruídos de fundo. - profunda impede que a pessoa escute a maioria dos sons, percebendo apenas sons graves que transmitem vibração como um avião, trovão se a surdez moderada, severa ou profunda for de nascimento ou adquirida no período pré-linguístico, haverá prejuízo na aquisição da linguagem oral e a criança necessitará de ampliação sonora, o importante é iniciar o tratamento o quanto antes. Alguns sons muito intensos são audíveis, mas a comunicação sem a linguagem de sinais é muito difícil. SUGESTÕES DE LEITURAS, SITES E FILMES LEITURA CORMED, Maria Aparecida. Estudos sobre a deficiencia auditiva e surdez v2.pdfiencia auditica e surdez, Brasilia DF. 57
Disponivel em: http://lms.ead1.com.br/webfolio/mod6625/estudos_sobre_a_ deficiencia_auditiva_e_surdez_v2.pdf SITE Bebês surdos devem aprender língua dos sinais nos primeiros meses de vida. Disponível em: <http://g1.globo.com/noticias/brasil/0,,mul732407-5598,00bebes+surdos+devem+aprender+lingua+dos+sinais+nos+p RIMEIROS+MESES+DE+VIDA.html> Acesso em: 12 jul. 2016. FILMES Video aula - 8 Parte 2 - Riscos físicos RUÍDO -- PAIRO Disponivel em: https://www.bing.com/videos/search?q=videos+sobre+tipos+e+gra us+da+perda+auditiva&&view=detail&mid=4247f02d6a773363bcc24247f02d6a7733 63BCC2&FORM=VRDGAR. Acesso dia 15 jul. 2016. Atividades da Aula 03 Após terem realizado uma boa leitura dos assuntos abordados, na Plataforma do CEAD os arquivos com as atividades referentes a esta aula, estão disponíveis na aula 4, que deverão ser respondidas e enviadas por meio do Portfólio - ferramenta do ambiente de aprendizagem UNIGRAN Virtual. 58