PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO SEÇÃO DE DIREITO PRIVADO 34ª CÂMARA



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Transcrição:

btribunal DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO 34 a Câmara Seção de Direito Privado Julgamento sem segredo de justiça: 09 de agosto de 2006, v.u. Relator: Desembargador Irineu Pedrotti. APELAÇÃO COM REVISÃO Nº 857.995-0/5 Araraquara Apelantes: C. R. e M. C. C. R. Apelado: A. F. L. EMBARGOS À EXECUÇÃO. LOCAÇÃO. JULGAMENTO NO ESTADO DA LIDE OU ANTECIPADO. CERCEAMENTO DE DEFESA. NÃO-OCORRÊNCIA. Não houve cerceamento de defesa de qualquer ordem. O julgador sentiu-se habilitado para a entrega da prestação jurisdicional, diante das provas existentes e que lhe ofereceram elementos de convencimento. CONTRATO DE LOCAÇÃO. DISTRATO. PARALELISMO DAS FORMAS. A alteração do ajuste original que, de forma literal e recíproca aceitaram, implicaria em distrato total ou parcial da avença primitiva, o que só se aperfeiçoaria se houvesse equivalente instrumentação e bilateralidade, nos termos do artigo 472 do Código Civil. É o que a doutrina identifica como "paralelismo das formas". DISTRATO DO PRIMITIVO CONTRATO DE LOCAÇÃO NÃO DEMONSTRADO. CHAMAMENTO AO PROCESSO. INADMISSIBILIDADE. Se a locação foi transferida para terceiros, não restou isto comprovado nos autos. Há que se preservar a certeza e a segurança das relações jurídicas. Não demonstrado o distrato do pacto locativo primitivo, persiste a fiança. Inadmissível o chamamento ao processo em ação de execução. CONTRATO DE LOCAÇÃO. TÍTULO EXTRAJUDICIAL CONSUBSTANCIADO NO CONTRATO. LIQUIDEZ, CERTEZA E EXIGIBILIDADE. O contrato de locação é título executivo e com base nele foi aparelhada a execução. Emana dele (contrato) a responsabilidade dos encargos exigidos. MULTA MORATÓRIA. A multa foi objeto de livre entendimento pelas partes e consta de forma expressa no contrato de locação. Fica mantida como livremente pactuada. Voto n o 8.859. Visto, C. R. e M. C. C. R. opuseram Embargos à Execução que lhes move A. F. L., partes qualificadas nos autos, alegando ilegitimidade passiva, inexigibilidade do título executivo e excesso de execução, requerendo o chamamento ao processo do devedor Luciano (folha 8). 50). Em aditamento à inicial, sustentaram a impenhorabilidade do bem de família (folha Recebido o incidente, o Embargado apresentou impugnação. Seguiu-se a entrega da prestação jurisdicional concluindo pela improcedência da pretensão, com a condenação dos Embargantes ao pagamento das custas, despesas processuais e honorários advocatícios de 15% sobre o valor atualizado da execução (folhas 63/66). C. R. e M. C. C. R. recorreram. Perseguem a reforma da decisão alegando, preliminarmente: "... é manifesta a ilegitimidade passiva dos apelantes, posto que não figuraram, como partes, na ação principal... (folha 70).... a partir de setembro de 2001 quem residiu no imóvel foi Luciano César Veneziano, já que a afiançada decidiu não ficar no imóvel.... - 1 -

... era Luciano quem efetuava o pagamento dos aluguéis e o apelado, por sua vez, os recebia sem qualquer ressalvas....... houve a extinção do contrato de fiança....... a garantia prestada em favor de Andréia (...) não se estendeu a Luciano... (folha 71)........ a fiança está extinta em razão do desfazimento do contrato de locação... o bem é impenhorável... (folha 74).... ao julgar antecipadamente o processo incorreu em odioso cerceamento de defesa....... a negativa do chamamento ao processo redundam em evidente cerceamento de defesa... (folha 76). No mérito aduziram que:... o valor é excessivo....... não há que se falar em conta de energia elétrica e taxa de água posto que a locatária nunca residiu no imóvel....... a multa é excessiva, pois, se devida deve ser de 2% e não 10%... (folha 75). A. F. L. apresentou contra-razões requerendo em preliminar o não conhecimento do recurso porque:... as razões (...) são inteiramente dissociadas do que a sentença decidiu... (folha 82 negrito do original). No mérito defendeu o acerto da decisão, pugnando pela condenação da Embargante na litigância de má fé (folha 91 negrito do original). Relatado o processo, decide-se. As razões do recurso de apelação não estão dissociadas do que restou decidido. Os Apelantes impugnaram as questões apreciadas na sentença. A verificação da necessidade ou não da produção de qualquer prova, no caso, para a convicção, está a cargo do Julgador. Somente ele (Juiz), pelo livre convencimento diante dos elementos existentes nos autos, pode estabelecer se é o caso de instrução ou de julgamento antecipado. O julgamento antecipado ou no estado da lide atendeu ao prudente arbítrio do julgador. Não houve cerceamento de defesa de qualquer ordem. Sentiu-se ele habilitado à entrega da prestação jurisdicional diante das provas existentes. Cumpriu a norma do artigo 330 c. c. artigo 740 e parágrafo único do Código de Processo Civil 1. O Juiz, perto dos fatos e ciente das provas até então produzidas, tinha elementos suficientes para fazer a entrega da prestação jurisidicional. Julgamento antecipado da lide. Presentes os requisitos legais (artigo 330 do Código de Processo Civil) e as condições que ensejam o julgamento antecipado da causa, é dever do juiz, e não mera faculdade de assim proceder. Procedente Jurisprudencial. Presença de elementos hábeis a possibilitar o 1 - Art. 330. O juiz conhecerá diretamente do pedido, proferindo sentença: I - quando a questão de mérito for unicamente de direito, ou, sendo de direito e de fato, não houver necessidade de produzir prova em audiência. - 2 -

julgamento da matéria no estado em que se encontrava. Inexistência de Cerceamento de Defesa. Recurso desprovido." 2 "Se as provas dos autos foram suficientes para o julgamento do feito, não se vislumbra caracterizado qualquer cerceamento de defesa." 3 Contrato é um acordo de vontades, escrito ou não que, conforme a lei, tem por finalidade adquirir, resguardar, transferir, conservar, modificar ou extinguir direitos. É ato jurídico (negócio jurídico) que reclama os requisitos de validade do artigo 104 do Código Civil. Constitui lei entre as partes. 4 A liberdade dos contratantes sobre a criação ou a estipulação de vínculos obrigacionais, está subordinada às normas jurídicas e ao interesse coletivo. A. F. L., Locador, firmou contrato de locação com A. R., Locatária, intervindo como fiadores C. R. e M. C. C. R., tendo por objeto o imóvel situado na Rua Marechal Humberto de Arruda Castelo Branco, nº 552, na cidade de Araraquara, Estado de São Paulo (folhas 8/12 do apenso). Os Apelantes não impugnaram a autenticidade do documento. A alteração desse ajuste original que, de forma literal e recíproca, Locadora, Locatária e Fiadores aceitaram, implicaria em distrato total ou parcial da avença primitiva, o que só se aperfeiçoaria se houvesse a equivalente instrumentação e bilateralidade, nos termos do artigo 472 do Código Civil 5. É o que a doutrina identifica como "paralelismo das formas". Embora a relação jurídica estabelecida na locação não seja solene, a formação (contrato) e a extinção (distrato) devem ficar demonstradas por meios eficientes, para estabelecer as fronteiras objetivas da responsabilidade de cada um dos contratantes. A única forma de mitigar esse rigor é a inequívoca verificação do que as partes ajustaram. Todos os meios legais e os moralmente legítimos, mesmo que não especificados pelo Código de Processo Civil, estão facultados às partes para comprovar a verdade dos fatos em que se baseia a ação ou a defesa. Se a locação foi transferida para terceiros, este fato não restou comprovado nos autos. Luciano César Veneziano não é o obrigado na relação que aqui se discute. O chamamento ao processo é instituto do processo de conhecimento, não tendo lugar no procedimento do processo de execução. Eventual cessão dos direitos do contrato a terceiro não invalida a fiança, visto que negócio não contou com a anuência do locador. Descabido o chamamento ao processo da locatária visto que se trata de processo de execução. 6 Além de não caber chamamento ao processo em execução, muito menos cabível a providência se a solidariedade pela dívida foi assumida, em documento à parte, perante o devedor mas não perante o credor. 7 Como observado pelo r. Juízo:... A simples alegação dos embargantes de que teria havido alteração na relação locatícia, não pode ser aceita à míngua da necessária prova documental, 2 - TJSP - Ap. Cív. nº 1.271-4 - 7ª Câm. Dir. Privado - Rel. Júlio Vidal J. 18.6.97, v.u. 3 - ext. 2º TACivSP - Ap. c/ Rev. 538.259-6ª Câm. - Rel. Juiz LUIZ DE LORENZI - J. 30.6.99. 4 - Pacta sunt servanda. 5 - O distrato faz-se pela mesma forma que o contrato. 6 - ext. 2ºTACivSP Ap. c/ Rev. 603.824-00/6-9ª Câm. - Rel. Juiz CRISTIANO FERREIRA LEITE - J. 25.4.2001. 7 - ext. 2ºTACivSP - AI 783.107-00/6-6ª Câm. - Rel. Juiz LINO MACHADO - J. 12.3.2003. - 3 -

ou seja, somente com a modificação do pacto, por escrito, poderia ser aceita a exoneração dos fiadores, o que não ocorreu... (folha 65). Há que se preservar a certeza e a segurança das relações jurídicas. Não demonstrado o distrato do pacto locativo primitivo, persiste a fiança. "A cessação do contrato locatício firmado por escrito exige igual forma para demonstrar o distrato ou comprovante de restituição do imóvel pela entrega das chaves ou, ainda, confissão do locado." 8 Os Apelantes C. R. e M. C. C. R. assumiram a condição de fiadores de forma livre e consciente. Não negaram que assinaram o pacto adjeto de fiança em relação ao contrato de locação, nem questionaram seu conteúdo. Insustentável o argumento de não responsabilidade patrimonial na Execução dirigida aos Embargantes ao pretenso abrigo da Lei nº 8.009, de 1990. O inciso VII, do artigo 3º dessa Lei, com a redação que lhe conferiu o artigo 82 da Lei nº 8.245, de 1991, exclui expressamente da regra da impenhorabilidade o imóvel do fiador em contrato de locação. "Nas execuções por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação não mais se pode opor a impenhorabilidade do bem de família, a partir de 20.12.91." 9 "É válida a penhora do único bem do garantidor do contrato de locação posto que realizada na vigência da lei 8.245/91, que introduziu, no seu art. 82, um novo caso de exclusão de impenhorabilidade do bem destinado à moradia da família." 10 Importante a data em que foi intentada a Execução, porque sob a vigência do novo dispositivo da lei especial sobre bem de família. Descabida a tese de incidência da norma protetora, em face da modificação de cunho procedimental que lhe retirou força nos casos de execução locatícia abrangendo fiança. "Execução. Penhora. Bem de família. Fiança. Ação ajuizada sob a égide da Lei 8.245, de 1991. Ressalva do seu artigo 82. Admissibilidade. Ajuizada a execução após a edição da Lei 8.245, de 1991, a penhora de bens dos fiadores não está sujeita às restrições da Lei 8.009, de 1990." 11 Para a exoneração da responsabilidade do Fiadores sobre as obrigações assumidas de forma espontânea até a efetiva desocupação do imóvel, seria necessária providência adequada. Incabível a pretensão dos Apelantes de se eximirem do pagamento dos honorários advocatícios fixados na Ação de Despejo, pois todos os encargos em aberto até a efetiva entrega das chaves devem ser honrados, em face da solidariedade por eles assumida. 8 - ext. 2º TACivSP - Ap. c/ Rev. 644.807-00/3-11ª Câm. - Rel. Juiz ARTUR MARQUES - J. 18.11.2002. 9 - ext. 2ºTACivSP - Ap. c/ Rev. 435.923-7ª Câm. - Rel. Juiz LUIZ HENRIQUE - J. 22.08.95. No mesmo sentido: JTA 146/418 (em.); AI 385.329-7ª Câm. - Rel. Juiz GUERRIERI REZENDE - J. 17.08.93; Ap. c/ Rev. 377.057-3ª Câm. - Rel. Juiz OSWALDO BREVIGLIERI - J. 30.11.93; Ap. c/ Rev. 360.389-3ª Câm. - Rel. Juiz FRANÇA CARVALHO - J. 14.12.93; Ap. c/ Rev. 382.561-3ª Câm. - Rel. Juiz FRANCISCO BARROS - J. 22.03.94; Ap. c/ Rev. 379.611-8ª Câm. - Rel. Juiz RENZO LEONARDI - J. 24.03.94; Ap. c/ Rev. 377.480-3ª Câm. - Rel. Juiz OSWALDO BREVIGLIERI - J. 19.04.94; Ap. c/ Rev. 390.946-8ª Câm. - Rel. Juiz RENZO LEONARDI - J. 26.05.94; AI 406.141-3ª Câm. - Rel. Juiz JOÃO SALETTI - J. 23.08.94; Ap. c/ Rev. 401.263-3ª Câm. - Rel. Juiz MILTON SANSEVERINO - J. 30.08.94; Ap. c/ Rev. 415.994-11ª Câm. - Rel. Juiz CLIVOSA CASTELO - J. 20.10.94; EI 403.518-11ª Câm. - Rel. Juiz CLOVIS CASTELO - J. 01.12.94; Ap. c/ Rev. 424.570-3ª Câm. - Rel. Juiz GOMES VARJÃO - J. 07.02.95; Ap. c/ Rev. 422.086-10ª Câm. - Rel. Juiz EUCLIDES DE OLIVEIRA - J. 08.02.95; AI 426.437-8ª Câm. - Rel. Juiz RENZO LEONARDI - J. 09.02.95; Ap. c/ Rev. 424.485-10ª Câm. - Rel. Juiz ISMERALDO FARIAS - J. 07.03.95; AI 432.855-3ª Câm. - Rel. Juiz FRANCISCO BARROS - J. 25.04.95 e AI 433.053-7ª Câm. - Rel. Juiz LUIZ HENRIQUE - J. 25.04.95. 10 - STJ - REsp. nº 145.003 - Rel. Min. EDSON VIDIGAL - 5ª T. - J. 07.10.97 - DJU em 03.11.97. 11 - ext. 2ºTACivSP - Ap. c/ Rev. 444.152-6ª Câm. - Rel. Juiz PAULO HUNGRIA - J. 19.12.95. - 4 -

"É da fiadora, como devedora solidária, a responsabilidade pelo pagamento das verbas da sucumbência relativas à ação de despejo. 12 "O fiador, mesmo não cientificado da ação de despejo, responde pelos encargos da sucumbência (custas e honorários) nela fixados. 13 "Na execução de título extrajudicial complexo, ou seja, o contrato de locação aliado ao contrato acessório de fiança, é do fiador, como devedor solidário, a responsabilidade pelo pagamento das verbas da sucumbência relativas à ação de despejo por falta de pagamento da qual foi cientificado. 14 O contrato de locação é título executivo e com base nele foi aparelhada a execução. Emana do contrato a responsabilidade dos Fiadores pelas demais verbas exigidas. As alegações dos Embargantes, em sentido geral sem comprovação por documentos, de forma principal sobre o que se refere aos encargos incidentes da res locata, não têm o condão suficiente para alijar a liquidez, a certeza e a exigibilidade do título. "A posição do credor é especialíssima, pois para fazer valer seu direito, nada tem que provar, já que o título executivo de que dispõe é prova cabal de seu crédito e razão suficiente para levar a execução forçada até as últimas conseqüências. Ao pretender desconstituí-lo, diante da presunção legal de legitimidade que o ampara, incumbe ao devedor embargante, todo o ônus da prova. 15 A multa moratória foi objeto de livre entendimento pelas partes e consta de forma expressa no contrato de locação (folha 11). É previsão que pode não se concretizar no mundo dos fatos. Seu objetivo principal é infundir na vontade do inquilino e impeli-lo a pagar os aluguéis e encargos até os respectivos vencimentos. Fica mantida nos 10% livremente pactuados. "A multa moratória é livremente contratada e perfeitamente delineada no pacto locatício, cuja exigência, em caso de impontualidade na solução do débito, é juridicamente viável e, portanto, perfeitamente admissível em execução, visto incidir automaticamente, sem necessidade de outro processo para verificação de seu cabimento. 16 Não se caracterizou, à falta de temeridade na exposição dos argumentos defensivos, o dolo evidenciador da pretendida litigância de má-fé, pois ela deve ultrapassar os limites do razoável, o que não ocorreu no caso em apreciação. "Litigância de má-fé. Ausência de dolo ou ilicitude. Inocorrência. Exige-se, à configuração da litigância de má-fé, a vontade inequívoca de praticar aqueles atos previstos na lei processual, não se confundindo com atos de pretensão ou defesa, ainda que equivocados." 17 Em face ao exposto, rejeitadas as matérias preliminares, nega-se provimento ao recurso. IRINEU PEDROTTI Desembargador Relator. 12 - ext. 2º TACivSP - Ap. c/ Rev. 633.889-10ª Câm. - Rel. Juiz IRINEU PEDROTTI - J. 8.5.2002. 13 - ext. 2º TACivSP - Ap. c/ Rev. 517.488-6ª Câm. - Rel. Juiz PAULO HUNGRIA - J. 24.6.98. 14 - ext. 2º TACivSP - AI 542.546-3ª Câm. - Rel. Juiz MILTON SANSEVERINO - J. 13.10.98. 15 - ext. 2º TACivSP - Ap. c/ Rev. 477.769-2ª Câm. - Rel. Juiz ANDREATTA RIZZO - J. 23.6.97. 16 - ext. 2ºTACivSP - Ap. s/ Rev. 554.817-00/7-3ª Câm. - Rel. Juiz MILTON SANSEVERINO - J. 31.8.99. 17 - ext. 2º TACivSP - Ap. c/ Rev. 499.201-2ª Câm. - Rel. Juiz ANDREATTA RIZZO - J. 1.12.97. - 5 -