5 PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO 91 ACÓRDÃO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO ACÓRDÃO/DECISÃO MONOCRÁTICA REGISTRADO(A) SOB N 1575* Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação n 9057696-31.2006.8.26.0000, da Comarca de São Paulo, em que é apelante MARIA DA GRAÇA MENDES DOS SANTOS sendo apelado JOSÉ CARLOS FERRO. ACORDAM, em I a Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO. V. U.'\ de conformidade com o voto do(a) Relator(a), que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Desembargadores DE SANTI RIBEIRO (Presidente sem voto), ELLIOT AKEL E PAULO EDUARDO RAZUK. São Paulo, 01 de fevereiro de 2011. //'!í\i / CLÁUDIO GODOY RELATOR
APELAÇÃO CÍVEL Processo n. 994.06.015984-2 Comarca: São Paulo Apelante: MARIA DA GRAÇA MENDES DOS SANTOS Apelado: JOSÉ CARLOS FERRO Juiz: Paulo Sérgio Brant de Carvalho Galizia Voto n. 684 Contrato. Imóvel. Cessão de direitos. Assunção, pela adquirente, do risco de demanda que pendia acerca da titularidade e posse do bem. Prévia ciência, ademais, da necessidade de regularização do loteamento. Ausência de reclamo a veicular. Contingência própria do negócio, como no seu instrumento expresso. Princípio contido no artigo 449 do CC. Improcedência do pedido restitutório. Sentença mantida. Recurso desprovido. Cuida-se de apelação veiculada contra sentença que julgou improcedente ação dita de resolução de contrato, com devolução do preço pago. Argumenta a recorrente que pagou por imóvel que depois, mercê de sentença judicial proferida, teve de regularizar, pagando a associação constituída para este fim, pelo que cabe ao réu devolver o valor que recebeu pelos direitos e pela posse do bem. \ \\ \ \ 1
Em resposta, defendeu o apelado o acerto do deslinde, ao argumento de que sempre soube a adquirente da demanda que pendia sobre o terreno. r E o relatório. merecer reforma. Não se entende que a sentença esteja a Pelo que se pode inferir das alegações das partes, o réu cedeu à autora sua posição contratual. Fê-lo, inclusive, por meio de negócio escrito diretamente assinado por ela e pelo titular originário dos direitos transacionados, de nome Taro Goya (íls. 10/11). E o que detinha o réu - só o que ele poderia transmitir - eram direitos possessórios relativos a terreno sobre o qual pendiam demanda reivindicatória e óbices à regularização administrativa do loteamento em que se situava. De resto o que constou, expressamente, da cláusula terceira do contrato firmado. Ou seja, transacionavam-se direitos discutidos, atinentes a loteamento não regularizado, mercê do qual a autora recebeu a posse de terreno que até hoje ocupa, pretendendo receber de volta o que por esta posse pagou, mais sem devolvê-la ao réu.
Seu reclamo, a rigor, mais se volta ao que pagou ao réu, porque, mercê do desfecho da demanda reivindicatória, teve de pagar outros valores a associação constituída na tentativa de regularizar o empreendimento. Ora, deu-se, afinal, o evento cujo risco ela, a autora, assumiu, quando assumiu a posição contratual do réu. A apelante pagou por posse de imóvel que lhe foi entregue e que está consigo, cujos direitos aquisitivos eram questionados e cuja regularidade predial e administrativa ainda se precisava alcançar, disso tendo recebido prévia ciência. Quer dizer, não há defeito do negócio que seja atribuível ao réu. Ele transacionou direitos litigiosos cientificados à autora, que mesmo assim os adquiriu. Pagou e recebeu, por este negócio, a posse de imóvel, assim que lhe foi entregue, não cabendo reclamar do desfecho da ação reivindicatória porque, como está na sentença, e cabe reiterar, encerra risco que assumiu. A autora pagou por direitos sujeitos à contingência da ocorrência de que agora reclama. Recebeu posse por cuja regularização sabia que deveria pelejar. Mantém a posse e, agora, insurgese por se ter visto na contingência de regularizar situação que sabia poderia determinar esta necessidade. Era, bem de ver, a situação própria dos direitos pelos quais pagou. Tal o que, afinal, adquiriu, Í 3m contar* que por negócio diretamente assinado perante terceiro, contra quem, neste iredto nada demandou.
O caso, diga-se por fim, amolda-se bem, senão ao comando direto, por tratar de cessão de direitos possessórios, mas ao princípio, ao menos, insculpido na norma do artigo 449 do CC, parte final. Ou seja, não cabe ao adquirente reclamar da superveniência de sentença afetando direito que adquiriu se assumiu este risco. PROVIMENTO ao apelo. Ante o exposto, NEGA-SE CLAJUDIO/30IDOY relator 4