PRODUTIVIDADE AGRÍCOLA E EFICIÊNCIA NO USO DA ÁGUA DE CHUVA NO CULTIVO DE MILHO

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Transcrição:

PRODUTIVIDADE AGRÍCOLA E EFICIÊNCIA NO USO DA ÁGUA DE CHUVA NO CULTIVO DE MILHO Arthur Luan Dias Cantarelli 1 ; Lekson Rodrigues Santos 1 ; Marcelo Augusto da Silva Soares 2 ; Ricardo Barbosa Gomes de Morais 3 ; Iêdo Teodoro 4 1 Universidade Federal de Alagoas (UFAL), aldcantarelli@hotmail.com; 1 Universidade Federal de Alagoas (UFAL), lkrsantos1983@gmail.com; 2 Universidade Federal de Alagoas (UFAL), marcelocico_@hotmail.com; 3 Universidade Federal de Alagoas (UFAL), ricardobgm@hotmail.com; 4 Universidade Federal de Alagoas (UFAL);iedoteodoro@ig.com.br. INTRODUÇÃO O milho (Zea mays L.) é um cereal de grande importância econômica, utilizado tanto para alimentação humana e animal, quanto na indústria de alta tecnologia, por exemplo, na produção de etanol (DEMARCHI, 211). No Nordeste brasileiro, o milho é cultivado, em grande parte, por produtores artesanais, na agricultura de subsistência, com baixo uso de tecnologia (ROCHA, 212), onde a maior parte dos agricultores são totalmente dependentes da precipitação pluvial como fonte de água, tornando a irregularidade das chuvas um dos fatores que mais interferem na produtividade agrícola da cultura do milho (SOUZA, 1991). A necessidade hídrica do milho é de 4 a 6 mm de água distribuídos regularmente durante o ciclo de cultivo (FANCELLI, 21), trazendo um grande desafio à agricultura, aumentar a produção consumindo menos água (SANDER et al., 24). A água consumida pelas plantas durante o ciclo de cultivo corresponde a evapotranspiração real (ET r ) da cultura, que é determinada pela parte da chuva que fica armazenada no solo e é utilizada pela cultura, ou seja, a precipitação pluvial efetiva (P e ) (TEODORO, 211). Um índice de grande importância para a administração de irrigação e produtividade de culturas agrícolas, é a eficiência no uso da água (EUA) pela cultura, obtido relacionando a quantidade de água evapotranspirada a produção agrícola (SOUSA et al., 2). O presente trabalho teve por objetivo o Rendimento agrícola e a EUA pela cultura do milho em função da disponibilidade de hídrica, em quatro épocas de plantio. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no campo experimental do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Alagoas (CECA/UFAL), Rio Largo-AL (9 28 2 S; 35 49 43 W; 127 m de altitude), em um solo classificado por Carvalho (23) como Latossolo amarelo

distrocoeso argissólico de textura média/argilosa. O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados, no esquema de parcelas subdivididas com quatro tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos foram quatro épocas de semeadura (E 1-28/5/214, E 2-11/6/214, E 3-25/6/214 e E 4-22/7/214) e o espaçamento de,8 x,25 m. Na adubação de fundação foram aplicados 115 kg ha -1 de P 2 O 5 e 192 kg ha -1 de K 2 O, e na adubação de cobertura foram aplicados 112,5 kg de N na forma de uréia. As colheitas foram realizadas nos dias 22/1/214 (E 1 ), 4/11/214 (E 2 ), 25/11/214 (E 3 ) e 11/12/214 (E 4 ), e o rendimento d e grãos em tonelada por hectare foi medido em 9 m lineares. Os dados agrometeorológicos utilizados para o cálculo das médias diárias de chuva e evapotranspiração de referência (ET ) foram cedidos pelo Laboratório de Agrometerologia e Radiométria Solar (LARAS). A ET foi calculada pelo método de Penman Monteith (Allen et al., 25) e a precipitação efetiva (P e ) foi obtida pela evapotranspiração real da cultura (ET r ) determinada através do balanço hídrico de Thorntwaite e Mather (1957). As variáveis agrometeorológicas foram analisadas até o início da fase de grão farináceo. Pois, após essa fase não há mais interferência no rendimento final de grãos. Assim o período de análise foi de 96 dias (28/5/14 a 1/9/14), 89 dias (11/6/14 a 8/9/14), 9 dias (25/6/14 a 23/9/14) e 1 dias (22/7/14 a 31/1/14), em E 1, E 2, E 3 e E 4, respectivamente. RESULTADOS E DISCUSSÃO A precipitação pluvial total em E 1, E 2, E 3 e E 4 foram 457, 477, 478 e 584 mm, respectivamente. Em todas as épocas avaliadas os totais pluviais estiveram dentro da faixa de consumo da cultura para a produção de grãos (FANCELLI, 21). A cultura do milho necessita de uma boa distribuição hídrica, principalmente no período crítico, que vai do florescimento ao enchimento de grãos (RITCHIE et al. 23), quando o estresse hídrico pode reduzir a produtividade em mais de 5% (MAGALHÃES et al, 22). A distribuição das chuvas durante todo o estudo, apresentou variações em cada tratamento analisado. Na E 1, a chuva ocorreu em 86% do ciclo de cultivo, não comprometendo o rendimento agrícola da cultura. No entanto, no tratamento 2 (E 2 ), onde também foi observado chuvas em 86% dos dias de cultivo, houve um período de 6 dias consecutivos sem chuva, quando as plantas estavam na fase de grãos leitosos. Já na E 3 as chuvas foram distribuídas em 81% dos dias, porém a cultura foi afetada pelos 6 dias sem chuva, nas fases de pendoamento e florescimento, que de acordo com Brito et al. (213) a ocorrência de déficit hídrico durante a antese e logo após a fertilização causa abortamento das flores de milho mesmo que ocorra a polinização, pois o número de grãos por espiga depende das condições fisiológicas da planta no florescimento. A má distribuição hídrica das chuvas foi mais acentuada em E 4, quando choveu em 7% do ciclo, porém, houveram 6 dias consecutivos sem chuvas na fase vegetativa e 9 dias, consecutivos, durante o florescimento, causando redução no rendimento agrícola da cultura (Figura 1). De acordo com Maldaner et al. (214), a ocorrência de déficit hídrico na fase vegetativa pode reduzir a produtividade em 25%, devido ao milho ser relativamente tolerante ao estresse

hídrico nessa fase. Porém, se o déficit hídrico ocorrer na fase crítica a redução da produtividade é de 5%, devido a extrema sensibilidade ao estresse nessa fase. P (mm) 6 4 2 6 4 2 E 1 E 3 E 2 E 4 2 4 6 8 1 2 4 6 8 1 DAE P Figura 1. Precipitação pluvial (P) e precipitação efetiva (P e ) diária, durante o ciclo de cultivo do milho em diferentes épocas de plantio (E 1, E 2, E 3 e E 4 ), região dos tabuleiros costeiros de Alagoas. P e 5 4 3 2 1 5 4 3 2 1 Pe (mm) A P e acumulada apresentou diferença máxima de 8% entre as épocas avaliadas, com totais de 31 mm (E 1 ), 295 mm (E 2 ), 34 mm (E 3 ) e 32 mm (E 4 ). A P e diária nos tratamentos E 1 e E 2 apresentou mínimas de 1,3 e 1,1 mm dia -1, respectivamente, e máxima de 4,9 mm dia -1. Na E 3, variou de 1,3 e 5,5 mm dia -1, e a E 4 foi de 1, a 5,5 mm dia -1. Alguns momentos, durante o ciclo da cultura, a P e diária nos tratamentos foi inferior a faixa de consumo hídrico diário do milho, que segundo Emygdio et al. (26), vai de 2, a 7, mm. Essa depleção na P e diária é causada pela deficiência hídrica ocorrida em função da redução na precipitação pluvial (MEDEIROS, 29). A produtividade de grãos alcançou valores entre 5,9 (E 3 ) e 8, (E 1 ) t ha -1, com diferença máxima de 26% entre os tratamentos, devido a variabilidade da distribuição pluvial durante a condução do experimento a deficiência hídrica nas fases de florescimento e enchimento de grãos, período crítico da cultura (BERGAMASCHI et al., 26), afetou o rendimento agrícola, principalmente em E 3 e E 4 (Figura 2).

Produtividade (t ha -1 ) 9 8 7 6 5 4 3 2 1 4, 3,5 3, 2,5 2, 1,5 1,,5, EUA (kg m -3 ) E 1 E 2 E 3 E 4 Produtividade EUA Figura 2. Produtividade e eficiência no uso da água (EUA) pela cultura, em E 1 (28/5/214), E 2 (11/6/214), E 3 (25/6/214) e E 4 (23/7/214). A avaliação das épocas de plantio, buscou, com base na P e e na produtividade agrícola, determinar o período que proporciona a melhor EUA pela cultura. Com isso, foram observados os maiores resultados de EUA na 1ª e 2ª época de plantio, que estiveram expostos a um período com melhor distribuição hídrica temporal, obtendo EUA de 2,58 e 2,54 kg m -3, respectivamente. As épocas 3 (E 3 ) e 4 (E 4 ) produziram, apenas 1,94 e 1,97 kg m -3, na mesma ordem. A produção de grãos por metro cúbico de água foi prejudicada pelo déficit hídrico na fase crítica da cultura, reduzindo o rendimento agrícola, gerando entre os tratamentos avaliados uma diferença máxima de 25% na EUA. Os resultados observados foram próximos aos encontrados por Kang et al. (2), que variaram entre 2,11 e 2,38 kg m -3. CONCLUSÃO A melhor disponibilidade hídrica na fase crítica da cultura fez com que os tratamentos E 1 e E 2 fossem mais produtivos (8, e 7,5 t ha -1, respectivamente) e EUA (2,58 e 2,54 kg m -3, respectivamente). REFERÊNCIAS ALLEN, R. G.; PEREIRA, L. S.; SMITH, M.; RAES, D.; WRIGHT, J. L. FAO-56 Dual Crop Coefficient Method for Estimating Evaporation from Soil and Application Extensions. Journal of Irrigation and Drainage Engineering, v.131, n.1, p.1-13, 25. BERGAMASCHI, H.; DALMAGO, G. A.; COMIRAN, F. et al. Déficit hídrico e produtividade

na cultura do milho. Brasília, Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 41, n.2, p.243-249. 26. BRITO, M. E. B.; ARAÚJO FILHO G. D.; WANDERLEY, J. A. C.; MELO, A. S.; COSTA, F. B.; FERREIRA, M. G. P. Crescimento, fisiologia e produção do milho doce sob estresse hídrico. Biosci. J., Uberlândia, v.29, n.5, p.1244-1254, Sept./Oct., 213. CARVALHO, O. M.; Classificação e caracterização físico-hídrica de solos de Rio Largo, cultivados com cana-de-açúcar. 23. P.74 (Dissertação mestrado em agronomia Rio Largo: Universidade Federal de Alagoas, 23. DEMARCHI, M. Análise da conjuntura agropecuária Safra 211/12 milho. Secretaria da Agricultura e do Abastecimento Departamento de Economia Rural, Paraná, 211. Disponível em: http://www.agricultura.pr.gov.br/ar. Acesso em 5 jul. 215. EMYGDIO, B. M. & TEIXEIRA, M. C. C. Indicações técnicas para o cultivo de milho e de sorgo no Rio Grande do Sul - 26/27. LI Reunião Técnica Anual de Milho e XXXIV Reunião Técnica Anual de Sorgo, Passo Fundo RS, 11 a 13 de julho de 26. 184 p. FANCELLI, A. L.; Ecofisiologia de plantas de lavoura. In: CARLESSO, R. (Ed.). Irrigação por aspersão no Rio Grande do Sul. Santa Maria, 21, p.59-73. KANG, S.; SHI, W. & ZANG, J. An improved water-use for maize grown under regulated deficit irrigation. Field crop research, 67 (2) 27 214. MAGALHÃES, P. C.; DURÃES, F. O. M. Fisiologia da Produção de Milho. Sete Lagoas - MG: EMBRAPA-CNPMS, 22. 23 p. (EMBRAPA-CNPMS. Circular Técnica, 22). MALDANER, L. J.; HORING, K.; SCHNEIDER, J. F.; FRIGO, J. P.; AZEVEDO, K. D.; GRZESIUCK, A. E. Exigência agroclimática da cultura do milho (Zea mays L.). Revista Brasileira de Energias Renováveis, v.3, p.13-23, 214. MEDEIROS, R. P. Radiação solar e água em quatro épocas de cultivo de milho de sequeiro (Zea Mays L.), na região agreste de alagoas. Dissertação; (Mestrado em Agronomia) Universidade Federal de Alagoas, 29. RITCHIE, S. W.; HANWAY, J. J.; BENSON, G. O. Como a Planta do Milho se Desenvolve. Piracicaba: POTAFOS, 23. 2 p. (Potafos. Arquivo do Agrônomo, 15). ROCHA, A. E. Q. Crescimento e produtividade do milho submetido a doses de nitrogênio nos tabuleiros costeiros de alagoas. Trabalho de Conclusão de Curso; (Graduação em Agronomia) - Universidade Federal de Alagoas, 212. SANDER, J. Z., BASTIANSSEN, W. G. M. Review of measured crop water productivity values for irrigated wheat, rice, cotton and maize. Agric. Water Manage. 69 (2), 115 133. 24. SOUSA, V.F. de; COÊLHO, E.F.; ANDRADE JÚNIOR, A. S.; FOLEGATTI, M. V.; FRIZZONE,

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