ACÓRDÃO Registro: 2016.0000093445 Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº 9000011-83.2011.8.26.0358, da Comarca de Mirassol, em que é apelante SILAS PIO CARVALHO, é apelado MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO. ACORDAM, em 16ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores GUILHERME DE SOUZA NUCCI (Presidente), LEME GARCIA E OSNI PEREIRA. São Paulo, 23 de fevereiro de 2016. Guilherme de Souza Nucci RELATOR Assinatura Eletrônica
Apelação Criminal nº 9000011-83.2011.8.26.0358 Comarca: Mirassol Apelante: SILAS PIO CARVALHO Apelado: Ministério Público VOTO Nº. 12191 Apelação. Roubo majorado. Pleito defensivo de reconhecimento do princípio da insignificância e, subsidiariamente, de redução da reprimenda e fixação de regime aberto para início do cumprimento de pena. Condenação bem fundamentada no farto e seguro acervo probatório. Emprego de grave ameaça impede a incidência da insignificância. Reprimenda que não comporta reparo. Pena-base fixada no mínimo legal. Na segunda fase, a confissão espontânea do acusado não leva a pena aquém do mínimo, conforme súmula 231 do STJ. Por fim, aumentada em 1/3, na última fase, pelo concurso de agentes. Manutenção do regime inicial semiaberto, mais adequado ao caso concreto, ante o 'quantum' de pena. Recurso improvido. Trata-se de recurso de apelação interposto pela douta defesa de SILAS PIO CARVALHO, contra sentença de primeiro grau (fls. 230/232), prolatada em 1 de abril de 2015, pelo MM. Juiz de Direito, Dr. Flávio Artacho, da 2ª Vara Criminal do Foro da Comarca de Mirassol, que o condenou às penas de 5 anos e 4 meses, de reclusão, em regime inicial semiaberto, e ao pagamento de 13 dias-multa, no mínimo legal, Apelação nº 9000011-83.2011.8.26.0358 2
declarando-o como incurso no art. 157, 2º, inciso II, do Código Penal. Irresignada, a defesa interpôs o presente recurso de apelação (fls. 242/249) objetivando, em síntese, o reconhecimento do princípio da insignificância, na forma do art. 386, inciso III, do Código de Processo Penal e, subsidiariamente, a redução da reprimenda, com a fixação de regime aberto para início do cumprimento de pena. Em suas contrarrazões (fls. 255/256), o Ministério Público bateu-se pela procedência da ação penal, reiterando manifestação anterior, consoante art. 2º, caput do Ato nº. 536/2008-PGJ-CGMP. A douta Procuradoria Geral de Justiça, em seu parecer (fls. 261/264), opinou pelo desprovimento ao recurso. É o relatório. Devidamente processado, o apelo não comporta provimento, merecendo ser mantida, in totum, a r. decisão atacada. Consoante descreve a denúncia, no dia 28 de novembro de 2011, às 23h50min, na Rua Antônio Prado, altura do n.º 2160, Centro, cidade de Mirassol, Rogério Queiroz da Silva e Silas Pio Carvalho, em conjunto e unidade delitiva, mediante grave ameaça, subtraíram coisa alheia móvel, consistente em um aparelho celular, de propriedade de Cristiano Aparecido de Mello. Segundo consta, Rogério e Silas Apelação nº 9000011-83.2011.8.26.0358 3
abordaram um casal de namorados, sendo que o apelante colocou a mão sob a camisa, insinuando que estava armado, dizendo já era e exigindo o celular da vítima. O aparelho foi entregue aos denunciados, que deixaram o local. A vítima acionou a polícia e, em diligências, encontraram os denunciados, apesar de não localizar o celular roubado. Ouvidas na delegacia, a vítima e a testemunha Michele reconheceram os denunciados como autores do fato. Ao ser encontrado pelo policial Renato, Rogério confessou a prática do crime, dizendo que, após o ocorrido, o celular ficou com Silas. A materialidade do roubo restou comprovada, ante o auto de prisão em flagrante (fls. 2/7) e boletim de ocorrência (fls. 12/14). A autoria, por sua vez, foi amplamente demonstrada no decorrer da instrução processual. A vítima Cristiano disse estar com sua namorada quando foram abordados por Silas e Rogério. Anunciaram o assalto simulando a posse de arma. Levaram seu aparelho celular, que não foi recuperado. Reconheceu os acusados tanto na fase policial quanto em juízo. A testemunha Michele depôs no mesmo sentido do namorado. Também reconheceu os acusados, em ambas as oportunidades. Apelação nº 9000011-83.2011.8.26.0358 4
Os policiais que participaram da ocorrência confirmaram os fatos narrados na denúncia. Disseram que, quando da abordagem, Rogério admitiu o roubo em coautoria com Silas. O acusado Silas, em juízo, confessou a prática delitiva. Disse ter ficado com o celular e o vendido, para terceiro, antes de ser preso. De tal sorte, amplamente demonstradas autoria e materialidade do delito, irreprochável a manutenção da condenação do apelante. Inicialmente, quanto à aventada insignificância, oportuno consignar que o emprego de violência ou grave ameaça, afasta a aplicação do princípio supracitado, sendo, assim, inaplicável ao delito de roubo. A pena-base foi mantida no mínimo legal. Na segunda fase, em que pese a confissão espontânea, a pena não se alterou, porquanto, conforme súmula n.º 231 do STJ, o patamar mínimo deve ser respeitado nessa fase de cálculo de pena. Na última fase, em decorrência do uso concurso de agentes, foi majorada em 1/3, perfazendo 5 anos e 4 meses, de reclusão, em regime inicial fechado, e ao pagamento de 13 dias-multa, no mínimo legal. Por fim, mantenho o regime inicial semiaberto, mais adequado ao caso concreto, ante o 'quantum' de pena aplicada, conforme art. 33, 2º, b, do Código Penal. Ante o exposto, pelo meu voto, nego Apelação nº 9000011-83.2011.8.26.0358 5
provimento ao apelo interposto pela douta defesa, mantendose, in totum, a r. sentença atacada, por seus próprios e jurídicos fundamentos. GUILHERME DE SOUZA NUCCI Relator Apelação nº 9000011-83.2011.8.26.0358 6