Disfunções valvares. Prof. Dra. Bruna Oneda 2013

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Disfunções valvares Prof. Dra. Bruna Oneda 2013

Valva O funcionamento normal do sistema circulatório humano depende da unidirecionalidade do fluxo sanguineo. Esse fluxo unidirecional é normalmente assegurado pelas propriedades das valvas cardíacas Valva: dispositivo que mantenha um fluxo unidirecional em um circuito hidráulico. A valva ideal oferece resistência nula para qualquer fluxo num dado sentido, e resistência infinita para qualquer fluxo no sentido inverso. Essas propriedades são inteiramente passivas e dependem da ação da pressão sobre a valva. SePA>PB,ocorrefluxodeAparaB

Disfunções Valvares Valvas cardíacas podem apresentar estenose e insuficiência e lesões mistas, como componentes variáveis de estenose e insuficiência. Estenose: impõe uma restrição ao fluxo unidirecional na direção apropriada. Insuficiência valvar: permite o refluxo através da valva.

Estenose mitral Consiste na abertura inadequada e diminuída dos folhetos da valva, durante a diástole ventricular. A modificação anatômica, resultado de cicatrização ou de outro processo patológico no folhetos, reduz a via de vazão atrial esquerda, dificultando a passagemdosanguedoátrioparaove. Persistindo essa condição hemodinâmica, ocorrerão hipertrofia do átrio esquerdo, hipertensão pulmonar, edema pulmonar e falência do coração direito

Estenose mitral Emumadulto,oorifíciodavalvamitraléde4a6cm 2.Uma redução nessas dimensões causa um gradiente pressórico diastólico entre o átrio e o ventrículo esquerdo e consequentemente hipertensão no AE. Enquanto oorifíciovalvarformaiorque 2cm 2,apressãono AE e o gradiente pressórico através da valva são apenas discretamente aumentados. Quando o orifício efetivo é de cerva de 1cm 2, tanto a pressão atrial quanto o gradiente pressórico são marcadamente elevados, resultando em sobrecarga pressórica não só do AE como também da vasculatura pulmonar e VD

Insuficiência mitral O comprometimento de qualquer uma ou mais das estruturas que compõem o aparelho valvar mitral pode ocorrer de forma aguda, ou ser de lenta instalação. Consequentemente, a aproximação e o perfeito ajuste das bordas das válvulas durante todo o período de ejeção estarão prejudicados, causando a insuficiência mitral por permitir que um certo volume de sangue reflua do VE para AE. Esse refluxo de sangue para AE, durante a sístole ventricular, representa volume subtraído daquele que deveria compor o volume sistólico para a circulação sistêmica.

Insuficiência mitral O débito cardíaco (DC) reduzido, ativa receptores específicos na raiz da aorta e no seio carotídeo, exacerbando a atividade neuro-humoral, aumentando a resistência dos vasos e cronicamente os rins retém fluido e expandem volume circulante como forma de compensar o DC.

Insuficiência aórtica A aorta é composta por três válvulas de tamanhos semelhantes. Na insuficiência aórtica, modificações em suas estruturas que impeçam o perfeito ajuste de suas borda durante o período de diástole ventricular determina o aparecimento do refluxo de sangue da câmara da aórtica para o interior do VE, produzindo sobrecarga de volume. O acometimento das estruturas ocorre por doença dos folhetos aórticos ou das paredes da raiz da aorta, ou por ambas as situações

Insuficiência aórtica O efeito hemodinâmico é representado por uma redução do VS efetivo, emvirtudedorefluxode uma fração desse volume retornando ao interiordoventrículo

Estenose aórtica A abertura inadequada e incompleta dos folhetos da valva aórtica, assim como a redução das dimensões das estruturas são condições adversas a vazão sistólica do VE. Considera-se significativa redução da área valvar aórtica quando esta atinge valor inferior a 50% do normal(3a4cm 2 ). Durante a sístole ventricular, a reduzida dimensão da área de saída do VE oferece importante resistência adicional ao fluxo