RECURSOS E PROCEDIMENTOS DE TECNOLOGIA ASSISTIVA PARA ALUNOS COM DEFICIENCIA NA EDUCAÇAO INFANTIL. Laianne Rosan. Michelle Zampar Silva. Natália Moya Rodrigues Pereira. Sara Raquel Martins da Silva Debora Deliberatto. Faculdade de Filosofia e Ciências- UNESP/ Marília. laianne_rosan@hotmail.com michelle.fisio.unesp@gmail.com, moya.unesp@gmail.com, s.martinsto@gmail.com, delibera@marilia.unesp.br. Eixo temático: Educação e Saúde RESUMO O uso de diversos recursos que auxiliem na participação da criança durante as atividades na educação infantil tem sido explorado por diversos autores, no ganho de maior socialização e aprendizagem. O estudo teve como objetivo descrever o uso de recursos de tecnologia assistiva para alunos com deficiência na educação infantil. Participaram oito crianças com algum tipo de deficiência, que estavam matriculados em uma classe especial de uma escola de educação infantil de uma cidade do interior de São Paulo, a professora, duas auxiliares de sala e alunos do programa de aprimoramento profissional. Inicialmente foi identificado, pela equipe multiprofissional, o contexto das atividades e definido o protocolo de intervenção com o uso dos recursos escolhidos durante cinco encontros. O registro foi feito através de fotos, vídeos e um relatório diária transcrito pela equipe para a descrição e forma de uso dos recursos (objetos concretos, ficha de comunicação alternativa, vocalizador, acionador, notebook, amplificador de som e fantoches). Durante as atividades feitas foi possível identificar que o uso de diversos recursos e procedimentos facilitadores à criança com deficiência em fase escolar permite uma maior motivação e participação destas na atividade, o que pode auxiliar na inclusão dessas crianças. 1 Introdução O uso de recursos inseridos na educação especial se apresenta de diversas formas, sendo uma área de conhecimento que envolve serviços, e procedimentos que proporciona a pessoa com deficiência maior inserção social e qualidade de vida. Sistemas suplementares e alternativos tem sido implementados como suporte para a aquisição na participação, utilizando suas diferentes possibilidades expressivas com diferentes interlocutores (DELIBERATO, 2009; GUARDA).
Nesse sentido, os profissionais têm identificado à necessidade de sistematizar ações por meio de programas que propiciem a inserção dos sistemas suplementares e alternativos de comunicação na rotina escolar (ARAÚJO; DELIBERATO; BRACCIALLI, 2009; ROCHA; DELIBERATO, 2009, 2013). A comunicação suplementar e alternativa ocorre de diversos modos e as crianças com complexas necessidades de comunicação precisam ser estimuladas a usar todas as maneiras possíveis de entendimento para expressar suas necessidades simples, desejos e as vontades (ROMSKI, 2002; ROMSKI; SEVCIK, 2005). Recursos e estratégias de comunicação suplementar e alternativa são um meio que possivelmente irá deliberar o cenário para o crescimento do uso da linguagem e da comunicação durante os anos da Educação Infantil e os primeiro períodos do Ensino Fundamental, além de poderem cooperar para o desenvolvimento global da criança. Dessa maneira, nunca haverá uma ideia mínima para adotar a comunicação suplementar e alternativa na intervenção com crianças deficientes no quesito comunicação (ROMSKI; SEVCIK, 2005). Os recursos de comunicação suplementar e alternativa são forma de cooperar com o desenvolvimento infantil em diversos âmbitos, como na aquisição e melhoria de linguagem, na capacidade comunicativa, além de colaborar com a inserção do aluno com deficiência e necessidades complexas de comunicação em atividades pedagógicas, criando então um ambiente favorável ao processo de ensino e aprendizagem. Somado a isto, autores da área tem abordado a importância da utilização de música adaptada através de sistemas de comunicação suplementares e alternativos, com a finalidade de trabalhar diversos conteúdos acadêmicos (SAMESHIMA, 2011; MASSARO; DELIBERATO; RODRIGUES, 2010;; DELIBERATO; PAURA; NETA, 2007; PAURA; DELIBERATO, 2007). As habilidades operacionais são necessárias para acessar ou produzir os símbolos de comunicação, ou seja, estão ligadas à desenvoltura com ênfase em trabalhos de caráter técnico e operacional dos sistemas de baixa ou alta tecnologia. Estão inclusas as habilidades para gerar posições, orientações, movimentos, formas do corpo e da mão, as quais são dependentes de capacidades linguísticas, cognitiva, motora bem como sensório participativa, dos usuários (LIGHT, 2003). Dessa maneira, sistemas de comunicação suplementares e alternativos possivelmente atuam como opção para que crianças com deficiência e necessidades complexas de comunicação estejam inseridas em práticas sociais uma vez que possuem ausência de falta ou incompreensão desta. Assim, através de sistema de representação o aluno poderá não apenas aprender palavras, mas também significados culturais. Será possível a ela, transmitir seus
pensamentos em diversas situações bem como elevar suas vivências, enfim, construir um conhecimento de natureza conceitual (MASSARO, DELIBERATO, 2013). A adaptação dos recursos está diretamente relacionada com o currículo escolar uma vez que são definidos de acordo com os objetivos de intervenção de ensino, como são meio para que os objetivos se realizem (ARAÚJO, MANZINI, 2001). Von Tetzchner, et al. (2005) cita que o desenvolvimento de ações por meio dos sistemas suplementares e alternativos de comunicação na escola necessita de competência no uso e programação. A área da comunicação suplementar e alternativa permite o acesso a diferentes maneiras de melhorar a recepção, a compreensão e a expressão da linguagem de pessoas com deficiência e necessidades complexas de comunicação (DELIBERATO, 2005). Esta apresentam-se como multimodal e as crianças com deficiência de comunicação devem ser estimuladas a usar todas as formas possíveis para expressar suas necessidades básicas, vontades e desejos (ROMSKI, 2002; ROMSKI; SEVCIK, 2005). Com base nos pressupostos anteriores o presente estudo teve como objetivo verificar a efetividade do uso de recursos de tecnologia assistiva para alunos com deficiência na educação infantil. 2. Método Este é um estudo de natureza descritiva e faz parte de um projeto maior chamado: Tecnologias de comunicação alternativa: recursos e procedimento para alunos com deficiência na educação infantil (Parecer: 0446/2012). 2.1 Participantes Participaram do estudo oito crianças com algum tipo de deficiência, que estavam incluídos no ensino municipal de uma determinada escola (Quadro1). Foi adotado como critérios de inclusão: a) estar matriculado na escola de educação infantil; b) e necessitar de recursos e procedimentos da tecnologia assistiva, c) o responsável autorizar a realização do estudo. 2.2 Local O estudo foi desenvolvido no programa do aprimoramento da UNESP de Marilia, durante o período curricular, em uma escola de Educação Infantil de uma cidade do interior de São Paulo.
2.3 Equipamentos e Materiais Foram utilizados durante os procedimentos: máquina fotográfica, notebook, ampliador de som, caixinha de som, vocalizador, acionador, pranchas com velcro, pranchas magnéticas, objetos físicos de borracha e pelúcia com imas e/ou velcro, desenhos em plastificados, avental de velcro e fantoches. 2.4 Procedimentos para a coleta de dados O estudo foi realizado durante (cinco) encontros às sextas-feiras no período da manhã com duração de duas horas aproximadamente. Inicialmente foram identificadas pela equipe multiprofissional, que envolvia fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, fonodiológa, pedagoga e cuidadores o contexto que seria inserido durante as atividades, definido assim pelos animais: borboleta, pássaro e aranha, seguido dos contextos dentro, fora, e ambientes que vivem, céu, grama, arvore, gaiola. O contexto diário foi colocado através de dois fantoches, personagens narradores nomeados de Monteiro e Chico, com as palavras de bom dia, oi, tchau, sol, nuvem, e amigos. O protocolo de intervenção utilizado foi definido, com base nas habilidades e dificuldades motoras dos participantes usando de recursos para tornar acessível e facilitar quando necessário à aprendizagem e interação de cada criança, assim como na idade, gênero e motivação. O protocolo de intervenção utilizado foi definido, com base nas habilidades e dificuldades motoras dos participantes, assim como na idade, gênero e motivação. Os participantes do estudo foram analisados em relação às variáveis de interesse, como a maneira que correspondiam aos materiais confeccionados e propostos a cada atividade. Para o registro, foram realizados fotos e vídeos através da maquina fotográfica, e um relatório diário da atividade do dia transcrito pela equipe. Ao inicio da atividade dentro da sala de aula, era posicionado as crianças e a equipe, sentados, sem sapatos no tablado em circulo e realizado ao centro e individual a cada criança a interação com a atividade. E os objetos eram passados de mão a mão, trocados e divididos ao grupo. 2.5 Procedimentos para análise de dados Foi feita uma análise dos recursos e procedimentos utilizados durante as atividades de maneira qualitativa no estudo das imagens, vídeos e transcrições dos relatórios. Adjunto a inserção de materiais com base nas dificuldades e motivação dos escolares a cada encontro.
3 Resultados Foram analisados os seguintes recursos: (a) objeto de plástico; (b) ficha de comunicação de comunicação alternativa; (c) vocalizador; (d) acionador; (e) notebook, caixinha de som e amplificador; (f) fantoches. No quadro 2 apresenta a forma de uso e descrição de cada recurso utilizado. Quadro 2 Recursos utilizados durante os encontros. Item Modelo Recurso utilizado Forma de Uso Descrição A Objetos concretos Diferenciados tamanhos, Sistemas (aranha, borboleta, Pegar materiais, textura, cores e Tangíveis pássaro, gaiola) pesos B Ficha de Colando as imagens Comunicação Desenhos de figuras em comunicação no tecido e em Gráfica plastificadas com velcro alternativa seguida tirando C Objeto que fornece a Comunicação Vocalizador opção de 4 escolhas Apertando os sendo 3 musicas desenhos da (Borboletinha, Voa Voa atividade para Passarinho e Dona escolha da musica Aranha, adicionado a palavra de Eu Quero. D Auxilio adicionado Acionar de maneira Comunicação Acionador ao vocalizador para a facilitadora, com um escolha durante a único botão o comunicação vocalizador E Notebook, Vibração sonora com as Comunicação amplificador, caixas Música mãos, aumento da Gráfica de som intensidade do som F Sistemas Narrador da Fantoches Tangíveis atividade. Interação participativa Fonte Própria
4 Discussão Os resultados obtidos no estudo indicam que houve uma maior motivação durante as atividades com música (c) e (e), com uma maior agitação corporal, expressão facial e ritmo batendo as palmas. As atividades com o uso dos objetos em formas reais (a) tornou as atividades por hora mais interessantes ao olhar da equipe, pois as crianças apresentavam movimentos que queriam a todo o momento passar a mão e pegar os objetos retratados. As fichas de comunicação alternativa (b) tinham maior interesse quando era ensinado a função de olhar, tirar e colocar nas pranchas com o uso do velcro. Os materiais, acionador (d) e amplificador (e) possibilitaram a maior participação dos participantes, principalmente o P2, que aparentemente se aquietava quando participava nas escolhas das atividades através destes, possibilitando um aumento da participação no grupo. 5 Conclusão Os dados obtidos neste estudo permitem observar que o uso de diversos recursos e procedimentos facilitadores à criança com deficiência em fase escolar permite uma maior motivação e participação destas na atividade, podendo assim ser considerada como um recurso para a melhora na inclusão dessas crianças. REFERENCIAS ARAÚJO, R. de C. T.; MANZINI, E. J. Recursos de ensino na escolarização do aluno com deficiência física. In: MANZINI, E. J. Linguagem, cognição e ensino do aluno com deficiência. Marília: Unesp-Marília, 2001. p. 1-11. ARAÚJO, R.C.T.; DELIBERATO, D.; BRACCIALLI; L.M.P. A comunicação alternativa como área de conhecimento nos cursos de educação e saúde. In: DELIBERATO, D.; GONÇALVES, M. J.; MACEDO, E. C. (Org.). Comunicação alternativa: teoria, prática, tecnologias e pesquisa. São Paulo: Memnon Edições Científicas, 2009a. p. 275-292 DELIBERATO, D.; PAURA, A. C.; NETA, D. P. Comunicação suplementar e alternativa no contexto da música. In: NUNES, L. R. O. P.; PELOSI, M. B.; GOMES, M. R. (Orgs.). Um retrato da comunicação alternativa no Brasil. Rio de Janeiro: 4 Pontos Estúdio Gráfico e Papéis, v. 1, 2007. p. 77-81.
DELIBERATO, D.; PAURA, A. C.; MASSARO, M.; RODRIGUES, V. Comunicação suplementar e ou alternativa no contexto da música: recursos e procedimentos para favorecer o processo de inclusão de alunos com deficiência. In: PINHO, S. Z.; SAGLIETTI, J. R. C. (Orgs.). Livro eletrônico dos Núcleos de ensino. São Paulo: Cultura Acadêmica, v. 1, 2008. p. 890-901. DELIBERATO, D. Comunicação alternativa na escola: habilidades comunicativas e o ensino da leitura e escrita. In: DELIBERATO, D.; GONÇALVES, M. J.; MACEDO, E.C. (Orgs). Comunicação alternativa: teoria, prática, tecnologias e pesquisa. São Paulo: Memnon Edições Científicas, p. 235-243, 2009 GUARDA, N. S.; DELIBERATO, D. Caracterização dos enunciados de um aluno não-falante usuário de recurso suplementar de comunicação durante a construção de histórias. Revista Brasileira de Educação Especial, v.12, p.269-288, 2006. LIGHT, J. C. Development of communicative competence by individuals who use AAC. In: LIGHT, J. C.; BEUKELMAN, D. R.; REICHLE, J. Communicative competence for individuals who use AAC. Baltimore: Paul H. Brookes, 2003. p. 3-38. MASSARO, M. ; DELIBERATO, D. Uso de sistemas de comunicação suplementar e alternativa na Educação. Infantil: percepção do professor, Revista Educação Especial de Santa Maria v. 26 n. 46 p. 331-350 maio/ago. 2013 PAURA, A. C.; DELIBERATO, D. Comunicação Alternativa e/ou Suplementar como recurso de apoio no ensino do conteúdo pedagógico de criança deficiente incluída. In: II CONGRESSO BRASILEIRO DE COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA, 2007, Campinas. Anais de Resumos e Trabalhos Completos. Campinas: Unicamp, 2007. v. 1. p. 1-8. CD-ROM ROCHA, A. N. D. C.; DELIBERATO, D. Deficiente físico e o uso da tecnologia assistiva como instrumento facilitador da experiência lúdica no contexto da educação infantil. In: X Seminário da Pós-Graduação, 2008, Marília. Anais. Marília, 2008. v. 1. p. 1-9. ROMSKI, M. A. et al. A continuum of AAC language intervention strategies for beginning communicators. In: REICHLE, J.; BEUKELMAN, D. R.; LIGHT, J. C. Exemplary practices for beginning communicators: implications for AAC. Baltimore: Paul H. Brookes, 2002. ROMSKI, M. A.; SEVCIK, R. A. Augmentative Communication and Early Intervention: Myths and Realities. Infants & Young Children, v. 18, n. 3, p. 174 185, jul./set. 2005. SAMESHIMA, F. S. Capacitação de professores no contexto de sistemas de comunicação suplementar e alternativa, 2011. 173 f. Tese (Doutorado em Educação) Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista, Marília, 2011