RELATOR : Juiz MÁRCIO ANTÔNIO ROCHA ADVOGADO APELADO : ADVOGADO UNIMED SANTA MARIA SOC/ COOPERATIVA DE SERVICOS : Paulo Roberto do Nascimento Martins CONSELHO ADMINISTRATIVO DE DEFESA ECONÔMICA - CADE : Solange Dias Campos Preussler D.E. Publicado em 17/03/2009 EMENTA ADMINISTRATIVO. MÉDICOS COOPERADOS. UNIMED. CLÁUSULA DE EXCLUSIVIDADE. VALIDADE. É válida a cláusula do estatuto social que impõe aos médicos cooperados o dever de exclusividade, já que de acordo com a natureza do cooperativismo, na medida em que o cooperado é sócio e não vai concorrer com ele mesmo. Entendimento do STJ. ACÓRDÃO Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia 4ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, por unanimidade, dar provimento à apelação, nos termos do relatório, votos e notas taquigráficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado. Porto Alegre, 17 de dezembro de 2008. Juiz Márcio Rocha Relator trf4.jus.br/ /visualizar_documento_g 1/6
Documento eletrônico assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que instituiu a Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, por: Signatário (a): Nº de Série do Certificado: 4435C24A MARCIO ANTONIO ROCHA:2106 Data e Hora: 09/03/2009 15:40:12 RELATOR : Juiz MÁRCIO ANTÔNIO ROCHA APELADO : CONSELHO ADMINISTRATIVO DE DEFESA ECONÔMICA - CADE RELATÓRIO Cuida-se de apelação interposta pela UNIMED de Santa Maria contra sentença (fls. 536-45) que julgou improcedente a Ação Anulatória de Procedimento Administrativo ajuizada contra o Conselho Administrativo de Defesa Econômica - CADE. Em suas razões (fls. 555-79), inicialmente, a apelante requer a anulação da sentença, por cerceamento da defesa, e do processo até o ponto em que foi pedida, mas não atendida, a produção de prova oral e documental. No mais, em síntese, alega que não há falar em infração à Lei dos Planos de Saúde, pois sequer estava em vigência quando da representação. Assevera que os médicos cooperativados são livres para convencionar a contraprestação dos seus serviços, com qualquer pessoa, independente do convênio que tenha, devendo apenas observar que a relação na percepção dos honorários seja direta, e não através de entidades bloqueadas estatutariamente. Acrescenta que tais regras nada tem a ver com intuito monopolístico, mas com a busca pela não exploração do profissional da medicina. Postula a reforma integral do julgado e, conseqüentemente, a anulação da punição administrativa. Apresentadas contra-razões (fls. 628-44), vieram os autos a este Tribunal. Nesta instância, o Ministério Público opinou pelo provimento do recurso. trf4.jus.br/ /visualizar_documento_g 2/6
É o relatório. Juiz Márcio Antônio Rocha Relator RELATOR : Juiz MÁRCIO ANTÔNIO ROCHA APELADO : CONSELHO ADMINISTRATIVO DE DEFESA ECONÔMICA - CADE VOTO Cinge-se a controvérsia acerca da validade de cláusula de exclusividade prevista em contrato de estatuto social de médicos cooperados. A respeito do tema, transcrevo excerto do parecer do Ministério Público Federal (fls. 673 e verso), da lavra de seu ilustre representante, Dr. Roberto Luís Oppermann Thomé, que examinou com precisão a matéria, adotando-o como razões de decidir: "(...) Não obstante os judiciosos fundamentos postos pela ínclita magistrada na decisão a quo, merece ser provido o apelo, sendo reformada a sentença. Os autos de infração devem ser anulados face ilegalidade na causa infracional, visto que válida cláusula de exclusividade para atendimento médico e prestação de serviços laboratoriais por parte da cooperativa médica, conforme já reconhecido e reiterado pelo Superior Tribunal de Justiça, in verbis: 'AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. UNIMED. MÉDICO COOPERADO. CLÁUSULA DE EXCLUSIVIDADE. VALIDADE. 1-Consoante entendimento desta Corte, é válida a cláusula do estatuto social que impõe aos médicos cooperados o dever de exclusividade, vedando a vinculação a outra congênere, sob pena de exclusão do seu quadro associativo. Precedentes. 2-Agravo regimental desprovido' (STJ, 4ª T, AGRESP 179711/SP, DJ 19/12/2005, p. 411, Rel. Fernando Gonçalves) trf4.jus.br/ /visualizar_documento_g 3/6
'RECURSO ESPECIAL. AGRAVO. COOPERATIVA DE MÉDICOS. UNIMED. EXCLUSIVIDADE. I-Segundo a 2ª Seção desta Corte 'o cooperado que adere a uma cooperativa médica submete-se ao seu estatuto, podendo atuar livremente no atendimento de pacientes que o procurem, mas vedada a vinculação a outra congênere, conforme disposição estatutária' (Resp 261.155/SP, Rel. p/ acórdão Min. Carlos Alberto Menezes Direito, DJU de 03/5/2004). II-Ressalva do ponto de vista do relator. III. Agravo desprovido' (STJ, 4ª T, AGRESP 200000529591/MG, DJ 25/10/2004, p 347, Rel. Aldir Passarinho Junior) 'COOPERATIVA. UNIMED. Instalação de laboratório. CADE. - Não é causa de nulidade processual a falta de intimação do Cade no processo em que proprietários de laboratórios se julgam prejudicados com novo serviço a ser instalado na cidade. - A Unimed não está proibida por lei de instalar laboratório auxiliar de seus serviços. - Cerceamento de defesa. Embargos declaratórios. - Recurso não conhecido' (STJ, 4ª T, RESP 453658/PB, DJ 19/12/2002, p. 377, Rel. Ruy Rosado de Aguiar) (...)" Vê-se, pois, que o entendimento adotado no Colendo Superior Tribunal de Justiça é no sentido de que a proibição de exclusividade na prestação de serviço médico não se aplica às cooperativas, na medida em que está de acordo com a natureza do cooperativismo, pela simples razão de que o cooperado é sócio e não vai concorrer com ele mesmo. Portanto, deve ser reformada a r. sentença, invertendo-se os ônus sucumbenciais. Por fim, os próprios fundamentos desta decisão, bem como a análise da legislação pertinente à espécie, já são suficientes para o prequestionamento da matéria junto às Instâncias Superiores. Ante o exposto, voto no sentido de dar provimento à apelação. Juiz Márcio Antônio Rocha Relator EXTRATO DE ATA DA SESSÃO DE 19/11/2008 ORIGEM: RS 200371020096336 RELATOR PRESIDENTE : Juiz Federal MÁRCIO ANTÔNIO ROCHA : Edgar Antonio Lippmann Junior PROCURADOR : Dr Francisco de Assis Sanseverino trf4.jus.br/ /visualizar_documento_g 4/6
APELADO : CONSELHO ADMINISTRATIVO DE DEFESA ECONÔMICA - CADE Certifico que este processo foi incluído na pauta do dia 19/11/2008, na seqüência 98, disponibilizado no DE de 12/11/2008, da qual foi intimado(a), por mandado arquivado nesta secretaria, o MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, a DEFENSORIA PÚBLICA e as demais PROCURADORIAS FEDERAIS. Certifico que o(a) 4ª TURMA, ao apreciar os autos do processo em epígrafe, em sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: ADIADO POR INDICAÇÃO DO RELATOR. Regaldo Amaral Milbradt Diretor de Secretaria Documento eletrônico assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que instituiu a Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, por: Signatário (a): Nº de Série do Certificado: 443553F9 Data e Hora: 20/11/2008 20:57:05 REGALDO AMARAL MILBRADT:11574 EXTRATO DE ATA DA SESSÃO DE 17/12/2008 ORIGEM: RS 200371020096336 RELATOR PRESIDENTE : Juiz Federal MÁRCIO ANTÔNIO ROCHA : Marga Inge Barth Tessler PROCURADOR : Dr. João Carlos de Carvalho Rocha SUSTENTAÇÃO ORAL : Dr. MARCO TÚLIO DE ROSE p/ UNIMED SANTA MARIA trf4.jus.br/ /visualizar_documento_g 5/6
APELADO : CONSELHO ADMINISTRATIVO DE DEFESA ECONÔMICA - CADE Certifico que este processo foi incluído na Pauta do dia 17/12/2008, na seqüência 89, disponibilizado no DE de 11/12/2008, da qual foi intimado(a), por mandado arquivado nesta secretaria, o MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, a DEFENSORIA PÚBLICA e as demais PROCURADORIAS FEDERAIS. Certifico que o(a) 4ª TURMA, ao apreciar os autos do processo em epígrafe, em sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: A TURMA, POR UNANIMIDADE, DECIDIU DAR PROVIMENTO À APELAÇÃO. RELATOR ACÓRDÃO : Juiz Federal MÁRCIO ANTÔNIO ROCHA VOTANTE(S) : Juiz Federal MÁRCIO ANTÔNIO ROCHA : Des. Federal MARGA INGE BARTH TESSLER : Des. Federal EDGARD A LIPPMANN JUNIOR Regaldo Amaral Milbradt Diretor de Secretaria Documento eletrônico assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que instituiu a Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, por: Signatário (a): Nº de Série do Certificado: 443553F9 Data e Hora: 19/12/2008 19:48:47 REGALDO AMARAL MILBRADT:11574 trf4.jus.br/ /visualizar_documento_g 6/6