AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA NA ÁREA DE TRABALHO ODONTOLÓGICA: BACTÉRIAS NAS LINHAS DE ÁGUA

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Transcrição:

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA NA ÁREA DE TRABALHO ODONTOLÓGICA: BACTÉRIAS NAS LINHAS DE ÁGUA GIACHINI, Fernanda Paula 1 e-mail: fe.giachini@hotmail.com MARTELLI, Marieli 1 e-mail: marielimartelli@live.com SOUZA, Bruna Tamires de 1 e-mail: brunatsperotto@hotmail.com TELÓ, Mônica 1 e-mail: monicatelomt@hotmail.com VANELLI, Tainete Fátima 1 e-mail: tainetevanelli@gmail.com BLUM, Davi F.C. 2 e-mail: daviblum@ideau.com.br BORGHETTI, Vanessa Isabela 2 e-mail: vanessaborghetti@ideau.com.br MELLO, Márcia Regina de 2 e-mail: marciamello@ideau.com.br NOGUEIRA, Audrea Dallazem 2 e-mail: audreanogueira@ideau.com.br SASS, Alex Luis 2 e-mail: alexsass@ideau.com.br ¹ Discentes do Curso de Odontologia, Nível IV 2016/2- Faculdade IDEAU Getúlio Vargas/RS. ² Docentes do Curso de Odontologia, Nível IV 2016/2 - Faculdade IDEAU Getúlio Vargas/RS. RESUMO: As linhas de água dos equipos odontológicos são utilizadas diariamente pelos profissionais da área, sendo de extrema importância um correto manejo quanto à biossegurança das mesmas. A utilização dessas águas contaminadas podem apresentar riscos para os pacientes e profissionais. Apesar de não existir nenhuma linha de água totalmente livre da contaminação microbiana, alguns requisitos mínimos devem ser seguidos para diminuir essa proliferação. Para tanto este artigo trás informações sobre o que são as linhas de água, como ocorrem as contaminações, bactérias que podem ser encontradas e como deve ser feita a limpeza das mesmas. O objetivo específico deste trabalho foi analisar as linhas de água da clínica integrada da Faculdade IDEAU no município de Getúlio Vargas, observando a presença bacteriana. Foram realizadas três coletas distintas, cada coleta com três amostras diferentes, e encaminhas ao laboratório, onde foi realizada a semeadura em placas de Petri, incubadas por 48 horas e havendo crescimento de bactérias na maioria das plaquinhas, foi realizada a coloração de Gram, onde observou-se bactérias gram-negativas em forma de cocos, e bactérias gram-positivas como Estreptococos. Discutiu-se estes resultados com estudos de outros autores, salientando a importância do cuidado que o cirurgião-dentista deve ter com a desinfecção e limpeza das linhas de água, evitando assim a contaminação cruzada. Palavras chave: Linhas de água, contaminação, bactérias, biossegurança. ABSTRACT: The water lines of the dental teams are used daily by the professionals of the area, being of extreme importance a correct management as to the biosafety of the same ones. The use of such contaminated water may present risks to patients and professionals. Although there is no water line totally free of microbial contamination, some minimum requirements must be followed to minimize this proliferation. For this, this article provides information about what the water lines are, how the contaminations occur, the bacteria that can be found and how to clean them. The specific objective of this work was to analyze the water lines of the integrated clinic of the Faculty IDEAU in the municipality of Getúlio Vargas, observing the bacterial presence. Projeto de Aperfeiçoamento Teórico e Prático Getúlio Vargas RS Brasil 1

Three different samples were collected, each with three different samples, and sent to the laboratory, where sowing was carried out in Petri dishes, incubated for 48 hours and bacterial growth occurred in most of the plaques. Gram-negative bacteria in the form of cocci, and gram-positive bacteria such as Streptococcus. We have discussed these results with studies of other authors, emphasizing the importance of the care that the dental surgeon must have with the disinfection and cleaning of the water lines, thus avoiding cross-contamination. Key words: Water lines, contamination, bacteria, biosafety. 1 INTRODUÇÃO Na prática odontológica o controle da contaminação é de grande importância em procedimentos rotineiros. Segundo Ito et al. (1998), o risco de contaminação cruzada pode ser reduzido consideravelmente com medidas profiláticas simples como o uso de barreiras, antissepsia, desinfecção e esterilização. Blake (1963), um cirurgião-dentista no Reino Unido, foi o primeiro a descrever a existência de elevados níveis de bactérias nas linhas de água dos equipos odontológicos. Ainda continuam-se estudando as linhas de água como um foco de transmissão de patógenos potencialmente prejudiciais aos humanos, tais como Pseudomonas, Legionella e alguns exemplares de Mycobacterium (WILLIAMS et al., 1993). Sendo assim, este trabalho busca analisar o nível de contaminação dos reservatórios presentes nas cadeiras odontológicas da clínica da Faculdade IDEAU, realizado a partir da coleta de amostras em nove cadeiras distintas durante o atendimento de pacientes em três momentos diferentes durante três semanas, as amostras foram incubadas por 48 horas e analisadas em microscópios, com o intuito de verificar um possível crescimento de bactérias nas garrafas das cadeiras odontológicas. 2 DESENVOLVIMENTO Tendo em vista o tema proposto, realizou-se uma revisão bibliográfica que aborde o que é biossegurança, as áreas de trabalho no consultório odontológico, o que são as linhas de água, como ocorrem as contaminações, quais bactérias podem ser encontradas e como deve ser feita a limpeza das mesmas, além de um protocolo a ser seguido. 2.1 O que é biossegurança A biossegurança em Odontologia compreende o conjunto de medidas empregadas com a finalidade de proteger a equipe e os pacientes em ambiente clínico. Essas medidas preventivas abrangem práticas ergonômicas no desenvolvimento do exercício da profissão, Projeto de Aperfeiçoamento Teórico e Prático Getúlio Vargas RS Brasil 2

controle dos riscos físicos e químicos e princípios de controle da infecção (COSTA et al., 2008). Carvalho et al. (2008) descreve: Que o caráter multidisciplinar da biossegurança deve ser entendido como um campo de estudos que vai além do ambiente de trabalho, interagindo diretamente com a ciência da natureza. O autor acredita que a inserção da biossegurança no ensino permite o relacionamento da mesma tanto em ambiente escolar como em situações vividas fora. Costa et al. (2008), explica que a biossegurança em Odontologia é um o conjunto de medidas empregadas com a finalidade de proteger a equipe e os pacientes em ambiente clínico. Essas medidas preventivas abrangem práticas ergonômicas no desenvolvimento do exercício da profissão, controle dos riscos físicos e químicos e princípios de controle da infecção. A Odontologia moderna tem dado grande destaque ao desenvolvimento de normas mais detalhadas, com a intenção de evitar a propagação de infecções nos consultórios. Dentre os meios de transmissão de infecção, um dos pontos mais críticos é a infecção cruzada que é a passagem de agente etiológico de doença, de um indivíduo para outro susceptível. No consultório odontológico, são quatro as vias possíveis de infecção cruzada: do paciente para o profissional, do profissional para os pacientes, de paciente para paciente através do profissional e de paciente para paciente por intermédio de agentes como instrumentos, equipamentos e pisos, que pode ser desencadeada através das linhas de água que são utilizadas para refrigeração dos equipamentos odontológicos (OLIVEIRA, 2010). 2.2 Critérios de Spaulding O Ministério da Saúde em Manual de Controle de Infecção Hospitalar (BRASIL, 2006), recomendou a classificação de Spaulding para objetos inanimados, conforme o risco potencial de transmissão de infecção que se apresentam. Esta classificação tem sido utilizada rotineiramente também na Odontologia, já que no consultório odontológico o contato entre o instrumental e o paciente é constante. Nesta classificação os materiais são considerados como artigos críticos, semi críticos e não críticos. Artigos críticos são aqueles que penetram nos tecidos subepiteliais da pele e mucosa, sistema vascular ou outros órgãos isentos de microbiota própria, como por exemplo, os instrumentos de corte ou ponta, outros artigos cirúrgicos (pinças, afastadores, fios de sutura, Projeto de Aperfeiçoamento Teórico e Prático Getúlio Vargas RS Brasil 3

cateteres e drenos). Artigos semi críticos são todos aqueles que entram em contato com a mucosa íntegra e/ou pele não íntegra, como por exemplo, o material para exame clínico (pinça sonda e espelho), condensadores, moldeiras e porta-grampos. E artigos não críticos são todos aqueles que entram em contato com a pele íntegra ou não entram em contato direto com o paciente como termômetro, equipo odontológico, superfícies de armários e bancadas e aparelho de raios X (BRASIL, 2006). 2.3 Linhas de água Após a água entrar no equipo odontológico, passa através de uma caixa de controle multicanal que distribui a água para as mangueiras que abastecem vários acessórios, como a peça de mão de alta velocidade, a seringa tríplice e o aparelho de ultrassom. As linhas apresentam orifícios muito pequenos e, portanto as bactérias tendem a formar biofilmes sobre as superfícies internas, a menos que sejam regularmente limpos e desinfetados (FREITAS, 2010). A legislação tem apresentado orientações para os limites máximos de bactérias e consequentemente, a qualidade dos recursos hídricos das linhas de água dos equipos odontológicos. Geralmente, a água que entra no encanamento dos equipos odontológicos contém poucos organismos: 0-100 unidades formadoras de colônias / ml, no entanto, a água que sai da peça de mão pode conter até 100.000 unidades formadoras de colônias, principalmente por que os biofilmes crescem dentro dos encanamentos. As orientações da American Dental Association são de que a água fornecida aos pacientes a partir de linhas de água dos equipos durante procedimentos odontológicos não cirúrgicos não deve conter mais de 200 Unidades Formadoras de Colônias de bactérias aeróbias, mesófilas, heterotróficas em qualquer ponto por mililitro. Também prevê que no futuro, todas as unidades odontológicas deverão conter um reservatório de água separado, permitindo que os dentistas tenham melhor controle sobre a qualidade de água utilizada no tratamento do paciente (SAMARANAYAKE, 2012). 2.3.1 Como ocorre a contaminação No consultório odontológico durante os procedimentos clínicos, vários microorganismos da cavidade oral são aspirados e depositados dentro das tubulações, podendo tornar-se colonizadas por bactérias, fungos e protozoários. Estes sistemas provêm um Projeto de Aperfeiçoamento Teórico e Prático Getúlio Vargas RS Brasil 4

ambiente extremamente favorável para a formação de um biofilme nas superfícies internas das tubulações de água e, consequentemente, possibilita a infecção cruzada. Esta infecção pode ser controlada pela adoção de alguns métodos de desinfecção e esterilização. Até o momento, nenhuma tecnologia está disponível para remover completamente os biofilmes aderidos. Entretanto, a técnica para prevenir a formação seria minimizar a contaminação das tubulações as quais são recomendadas pela literatura, entre elas: o acionamento de peças de mão entre atendimentos de pacientes, por alguns segundos, o acionamento da tubulação por vários minutos no início e final do dia, e por alguns segundos entre pacientes, utilização de sistemas de tratamento químico para prevenção do biofilme nas tubulações. Um dos agentes desinfetantes mais utilizados para minimizar a formação do biofilme das tubulações é o hipoclorito de sódio (NaOCl), sendo no Brasil, o principal componente do sistema de descontaminação por cloração (sistema Flush DABI), na concentração de 500 ppm e o sistema Assepto Sys da KAVO (LEITE et al., 2005). 2.3.2 Como deve ser feita a limpeza A qualidade da água é originada por fatores físicos, químicos e biológicos. A água de boa qualidade nos serviços odontológicos é o mínimo necessário para que se possa atender os princípios de assepsia e controlar as infecções cruzadas. Estudos que avaliaram a possibilidade do material orgânico, como saliva, sangue, bactérias, entre outros, que entram e saem das peças de mão durante os procedimentos odontológicos, confirmaram que estes podem migrar e sobreviver dentro da água da refrigeração dos instrumentos rotatórios, em função do refluxo das turbinas e micro motores, causando infecções cruzadas passando esta matéria orgânica de um paciente para o outro (FERREIRA, 2009). Em procedimentos cirúrgicos existe a necessidade de garantir a qualidade da água utilizada. Esses tratamentos diminuem o número de bactérias, mas não destroem o biofilme. Tanto a Associação Dentária Americana (ADA) quanto o Centro de Controle e Prevenção de Doença (CDC) afirmaram que as estratégias de acionamento e liberação de água no início do dia e nos intervalos entre pacientes não controlam a formação do biofilme ou reduzem sua aderência na tubulação. Sendo assim, algumas táticas para garantir qualidade na água dos equipamentos odontológicos são a utilização de reservatório de água independente da rede de abastecimento, manutenção a seco durante a noite e finais de semana, drenagem diária, Projeto de Aperfeiçoamento Teórico e Prático Getúlio Vargas RS Brasil 5

desinfecção química das linhas de água, filtros de água nas linhas e peças de mão esterilizáveis com válvulas anti-refluxo (BRASIL, 2006). O biofilme é formado por micro-organismos, como bactérias, fungos e protozoários, que colonizam e se replicam sobre a superfície interna das tubulações de água. Este biofilme funciona como reservatório, aumentando o número de micro-organismos existentes nas linhas de água, que podem causar infecções cruzadas e doenças aos pacientes (SANTANA, 2001). Os equipamentos odontológicos apresentam dois reservatórios que funcionam em paralelo. Para o sistema de desinfecção das tubulações da refrigeração dos instrumentos rotatórios, deve-se adicionar no primeiro frasco 0,3 ml de hipoclorito de sódio a 1% em 500 ml de água, para assegurar a cloração. No segundo frasco, destinado à assepsia da tubulação, deve-se adicionar 25 ml de hipoclorito de sódio a 1% em 475 ml de água. O acionamento deve ser imediato, logo após a conclusão de cada atendimento, bem como o esgotamento do sistema ao final do dia. Os frascos transparentes com as soluções cloradas devem ser trocados diariamente (WATANABE et al., 2006). 2.3.3 Protocolo de limpeza das linhas de água No final de todo expediente de trabalho o Cirurgião-Dentista deve drenar completamente a água que sobrou nas linhas de água (seringas tríplices e alta rotação) e deixar todos os reservatórios sem água (vazios) para diminuir a multiplicação microbiana e a formação de biofilme. No início de todo expediente de trabalho ele deve preencher os reservatórios com água de boa qualidade com menos de 500 UFC/ml segundo essa referência. De preferência com água destilada e não tocar o gargalo das garrafas (reservatórios) com as mãos ou a boca para evitar a contaminação. Devem-se seguir as recomendações do fabricante do equipo para o tratamento químico das linhas de água (ele deve apresentar soluções para esse problema). Como por exemplo, o sistema de Assepsia Flush da Dabi-Atlante (flush de água clorada a 1:500) (WATANABE et al., 2006). Realizar drenagem (flush) de água nas seringas tríplices e alta rotação antes do início do expediente, depois e entre o atendimento dos pacientes por no mínimo 20 a 30 segundos. Embora o flush não remova o biofilme formado nas linhas de água dos equipos, ele pode reduzir temporariamente a contaminação microbiana da água, bem como retirar fluídos orais que por ventura tenham entrado via refluxo da boca dos pacientes. Usar equipos com válvulas anti-refluxo de fluídos orais para evitar contaminação cruzada dos pacientes para as linhas de Projeto de Aperfeiçoamento Teórico e Prático Getúlio Vargas RS Brasil 6

água e da água para os pacientes, profissionais e equipe odontológica. Fazer uso de equipos com reservatórios de água independentes e de pequeno volume (garrafas de 500,0ml), visto que possibilita a troca periódica de água, higienização interna mais fácil e permite a adição de substâncias químicas para o tratamento das linhas de água (BRASIL, 2006). 2.4 Bactérias nas linhas de água O sistema estomatognático possui uma vasta flora residente constituída basicamente de fungo, bactérias, vírus e parasitas. Os membros da flora normal variam em número, forma e tamanho. As bactérias normalmente encontradas na cavidade oral são: Streptococcus viridentes, Staphylococcus epidemidis, Streptococcus viridans, Eikinella corrodens, Streptococcus mutans, Prevotella intermedia, Porphyromonas gingivali. Pode-se ainda serem encontrados seres das seguintes famílias: Bacteroides, Fusobacterium, Streptococcus, Actinomyces. Para detectar a presença ou o agente etiológico responsável pela contaminação de um paciente e necessário a realização de exames laboratoriais. Usam-se normalmente dois tipos de abordagem a bacteriológica que consiste na identificação do organismo por meio de coloração e cultura destes, para qual deve-se obter uma amostra do sítio a ser analisado: corar a amostra usando o procedimento adequado, por exemplo, coloração de Gram, e a imunológica (LEVINSON, 2008). Metodologia A pesquisa foi realizada pelas acadêmicas do nível IV do curso de Odontologia durante o segundo semestre de 2016, através de coletas realizadas na clínica de Odontologia da Faculdade IDEAU de Getúlio Vargas, após atendimento feito pelos acadêmicos do VI nível, com objetivo de verificar a presença de bactérias nas linhas de água. Segundo Fontelles et al. (2009) trata-se de uma pesquisa de natureza experimental, de abordagem descritiva e procedimento laboratorial, por ser realizada em ambiente controlado, além de observadas e registradas suas características. Conforme Tortora et al. (2012), os micro-organismos como as bactérias podem crescer em um meio de cultura sólidos como o ágar derivado de algas marinhas, sendo que poucos micro-organismos degradam-se nele tornando-se assim um meio satisfatório. Para a coleta de bactérias devem-se utilizar dois meios de coleta, o método de esgotamento por estrias, utilizado para coleta de culturas puras, realizado com uma alça de inoculação estéril, mergulhada no meio de cultura e Projeto de Aperfeiçoamento Teórico e Prático Getúlio Vargas RS Brasil 7

posteriormente deslizada sobre uma placa de petri esterilizada, onde foi realizada a raspagem simples e assim fechou-se a placa e levando-as para estufa por até 48 horas. Inicialmente foram retirados os materiais para coleta no laboratório como se demonstra na Imagem (a) da Figura 1, após foram escolhidos três equipos aleatórios onde foram realizadas as coletas na clínica odontológica da Faculdade IDEAU Getúlio Vargas/RS, especificamente nas garrafas acopladas ao equipo como ilustra-se na Imagem (b), foi realizado o esfregaço com o swab na parte interna das garrafas, imediatamente o mesmo foi mergulhado em solução de peptona como demonstra-se na Imagem (c), retirando-se da clínica e dirigindo-se ao laboratório novamente para a realização do esfregaço nas placas de petri, para que não ocorra contaminação do meio externo utilizou-se uma lamparina acessa ao lado como ilustra-se na Imagem (d) e (e), retirando-se o swab da peptona foi realizado o esfregaço simples na placa de petri demonstrando-se na Imagem (f), as mesmas foram fechadas identificadas e levadas a estufa por 48 horas. Após as 48 horas retiraram-se as placas de petri para verificar se ocorreu algum crescimento bacteriano, constatando-se a presença de várias UFC, com o auxilio da alça de inoculação estéril, como demonstra-se na Imagem (g), foi realizado o esfregaço na lâmina como podemos observar nas Imagem (h). Figura 1: Imagem (a), (b) e (c) Ilustrando material utilizado para a coleta nas linhas de água; (d), (e), (f) demonstrando o esfregaço realizado nas placas de petri; (g) placas de petri colonizadas por bactérias; (h) ilustrando esfregaço de bactérias já colonizadas em lâmina, as Projeto de Aperfeiçoamento Teórico e Prático Getúlio Vargas RS Brasil 8

coletas foram realizadas na clínica odontológica da Faculdade IDEAU Getúlio Vargas/RS. Fonte: Autoria Própria Após a realização do esfregaço na lâmina foi iniciado a coloração de Gram, como demonstrado na Figura 2, primeiramente foram separados os materiais para coloração sendo eles: Cristal Violeta, água destilada, Lugol, Fuscina e Acetona, como se ilustra na Imagem (a), inicialmente com o auxílio de uma pipeta utilizou-se o corante Cristal Violeta, como observase na Imagem (b), foi gotejado sobre a lâmina inteira e deixado agir por 60 segundos como ilustrado na Imagem (c). Em seguida foi feita a primeira lavagem com água destilada para a retirada do excesso do corante demonstrado na Imagem (d), após sobre a lâmina aplicou-se o Lugol como segundo corante deixando penetrar por 60 segundos, como se observa na Imagem (e), em seguida foi realiza a segunda lavagem com água destilada ilustrada na Imagem (f). Figura 2: Imagem (a), (b) ilustrando-se material utilizado para a coloração em Gram; (c) coloração de Gram com Cristal de Violeta, (d) aplicação de água destilada, (e) aplicação de Lugol sobre a lâmina, (f) lavagem com água destilada, (g) aplicação de Acetona, (h) lavagem Projeto de Aperfeiçoamento Teórico e Prático Getúlio Vargas RS Brasil 9

novamente com água destilada, (i) aplicação de Fucsina sobre toda a lâmina, (j) lavagem com água destilada pela terceira vez, (l) inserção no microscópio e aplicação do óleo. As colorações foram realizadas no laboratório da Faculdade IDEAU Getúlio Vargas/RS. Fonte: Autoria própria. O passo seguinte foi a aplicação de Acetona com o objetivo de retirar o corante inicial que não penetrou no peptídeoglicano da bactéria como se demonstra na Imagem (g) acima, após foi realizada a terceira lavagem com água destilada observada na Imagem (h), após foi aplicado a solução de Fuscina como terceiro corante sobre toda a lâmina e deixando agir por 20 segundos, demonstrando-se na Imagem (i) e por fim realizou-se a última lavagem com água destilada ilustrada na Imagem (j). Encerrada a coloração de Gram a lâmina foi inserida no microscópio. Para uma visualização melhor foi utilizado uma gota de óleo, como pode ser observado na Imagem (l). Inicialmente foram localizadas as bactérias com o foco na ampliação de 40 x em seguida mudou-se a ampliação para 400 x e finalmente em 1000 x. Não foi objetivo deste estudo a identificação de espécies bacterianas, pois para isso necessitava-se de meios de cultura específicos para diferenciação de espécies. Além disso, não foi possível realizar a contagem das UFCs em função do método de diluição utilizado. Foram somente observadas a presença das unidades formadoras de colônia e os microrganismos classificados de acordo com suas características morfotintoriais, classificando-os como gram-positivas ou gram-negativas e classificando-os conforme sua morfologia observada em microscópio óptico. 3 RESULTADOS E ANÁLISE Nesta pesquisa foi possível observar através de três coletas realizadas, que na primeira coleta houve um crescimento significativo de bactérias nas três plaquinhas de Petri, sendo que em uma delas houve um crescimento bastante significativo comparado com as outras, aparecendo Unidades Formadoras de Colônia (UFC) em toda a semeadura no ágar, como se pode observar na Imagem (a) da Figura 3. Podem-se observar as Unidades Formadoras de Colônias na fotografia mais aproximada como se encontra ilustra na Imagem (b). Obteve-se uma maior visualização de uma única UFC com aumento de 400 x no microscópio óptico como se demonstra na Imagem (c). Na sequência pode-se visualizar uma quantidade significativa de Unidades Formadoras de Colônias por ser apresentada em fotografia de Projeto de Aperfeiçoamento Teórico e Prático Getúlio Vargas RS Brasil 10

microscopia óptica com aumento de 1000 x com a técnica de coloração simples feita com a aplicação de uma única solução de azul de metileno como se observa na Imagem (d). Walker et al. (2000), também encontraram resultados de contaminação por bactérias nas linhas de água acima dos níveis considerados seguros, fazendo uma análise por contagem de células e microscopia a partir da água coletada nos equipos odontológicos. Sousa- Gugelmim et al. (2003) também identificaram contaminação decorrente de bactérias nas linhas de água dos equipos odontológicos de clínicas particulares. Barbeau et al. (1996) afirmaram que o equipo odontológico é um local em que patógenos oportunistas colonizam a superfície interna das tubulações, o que faz com que ocorra um aumento da replicação de patógenos na água aumentando o risco de transmissão desses microrganismos sendo constatada que nenhuma das linhas de água está livre da contaminação microbiana. Figura 3: Imagem (a) demonstra-se uma placa de petri com Unidades Formadoras de Colônias, Imagem (b) ilustra-se UFC em uma imagem mais ampliada, Imagem (c) observouse UFC visualizadas em microscópio com 400 x de aumento, Imagem (d) observou-se UFC com aumento de 1000 x, as colorações foram realizadas no laboratório da Faculdade IDEAU Getúlio Vargas/RS. Fonte: Autoria Própria As outras duas placas de Petri semeadas no mesmo dia desta primeira coleta obtiveram um resultado parecido ou com menor quantidade de Unidades Formadoras de Colônias. A coloração feita nesta primeira coleta nas três amostras foi simples, somente com a solução de azul de metileno, com o objetivo de observar a presença das UFCs mais aproximadas no microscópio óptico e a estrutura dos microrganismos como a sua forma, a qual se pode identificar bactérias em forma de cocos por serem esféricas e não estarem associadas entre si. Projeto de Aperfeiçoamento Teórico e Prático Getúlio Vargas RS Brasil 11

Na segunda coleta, ao invés da utilização do PCA (Plate Count Agar) que é o Agar padrão para Contagem de Placas específico para crescimento de bactérias utilizou-se por engano o PDA que é o Ágar de Dextrose da Batata que se recomenda para o crescimento de fungos. Portanto não houve nenhum crescimento bacteriano em nenhuma das três amostras, mas observou-se uma grande proliferação de fungos na semeadura após a incubação de 48 horas, a 37º C, como se pode observar na Figura 4, com a presença de pelo menos duas espécies de fungos na placa de Petri contendo PDA. Porém no estudo de Ferreira (2009) também foi observado contaminação por fungos e bactérias em todas as amostras de água examinadas. Figura 4: Demonstra-se um crescimento fúngico na placa de Petri, contendo Agar PDA, após ter permanecido por 48h em estufa. Fonte: autoria própria. Watanabe (2007) também observou o nível de contaminação em água de equipos odontológicos e torneiras de cinco clínicas odontológicas da USP - Ribeirão Preto, onde também encontrou fungos e coliformes, determinando o nível de contaminação por Pseudomonas ssp. Na terceira coleta foi possível observar uma maior proliferação de bactérias em todas as três amostras coletadas, pela utilização do ágar correto, o PCA (Plate Count Agar) que é o Agar padrão para Contagem de Placas específico para crescimento bacteriano, como se pode observar na Figura 5. Analisando-se a placa de petri observou-se a presença de pelo menos dois tipos de bactérias diferentes, como se ilustra na Imagem (a), observa-se também um crescimento significativo na segunda placa de petri como mostra a Imagem (b) após realizouse a coloração de Gram e observou-se em microscópio óptico com aumento de 400X, a presença de bactérias Gram-negativas por possuírem uma coloração rosa, como observa-se na Imagem (c). Projeto de Aperfeiçoamento Teórico e Prático Getúlio Vargas RS Brasil 12

Figura 5: Imagem (a) demonstra-se uma placa de petri com Unidades Formadoras de Colônias, Imagem (b) ilustra-se bactérias com coloração de Gram visualizadas em microscópio óptico, a incubação e as colorações foram realizadas no laboratório da Faculdade IDEAU Getúlio Vargas/RS. Fonte: Autoria Própria Assim como no estudo de Ferreira (2009), onde cita que a maioria dos microrganismos recolhidos nos sistemas de água dos consultórios odontológicos são bactérias Gram-negativas. Paixão (2006) também fala que os bacilos Gram negativos, não esporulados, aeróbios ou anaeróbios facultativos do grupo coliforme fermentam lactose produzindo gás dentro de 48 horas, em uma temperatura de 35ºC, e que as principais bactérias deste grupo pertencem aos gêneros Escherichia e Aerobacter, sendo que 95% dos coliformes encontrados nas fezes são constituídos pela Escherichia coli. Também no estudo de Barreto et al. (2011) foram encontrados bacilos gram-negativos e micrococos nas unidades formadoras de colônias bacterianas localizadas na clínica odontológica durante o atendimento clínico. No estudo Bulgarelli et al., (2001), foi observado que em pacientes portadores de doença periodontal avançada encontrava-se uma uma maior quantidade de bactérias gram-negativas em todas as lâminas examinadas. Ferreira (2009) afirma que a maioria dos organismos encontrados nos sistemas de água dos consultórios odontológicos são bactérias Gram-negativas. Pankhurst & Coulter (2007) revisaram artigos que buscavam a infecção de indivíduos por microrganismos localizados na linha d'água de equipos odontológicos, dizendo que a maioria dos micro-organismos encontrados neste ambiente são de baixa patogenicidade, e que a espécie predominante encontrada são as bactérias gram-negativas, produtoras de endotoxina. Em uma das três amostras realizadas na terceira coleta a qual foi utilizado o Ágar Nutri, houve crescimento tanto de fungos, como de colônias bacterianas, como se pode Projeto de Aperfeiçoamento Teórico e Prático Getúlio Vargas RS Brasil 13

observar na imagem (a) da Figura 6, as quais foram classificadas no grupo de Gram-positivas por terem adquirido uma coloração violeta que ficou impregnada na espessa camada de peptideoglicano e ácido teicóico, presente em maior espessura nas bactérias Gram-positivas, como se pode observar na Imagem (b) da Figura 6. Nesta imagem podem-se perceber também as formas esféricas das bactérias em um aumento de 1000 x, e agrupadas numa cadeia de cocos, sendo classificadas de estreptococos. Já no estudo de Favero & Menolli (2006) predominaram em suas amostras os estafilococos, constituindo mais da metade do total de espécies encontradas nos resultados das análises feitas em clínicas coletivas, em placas expostas durante o atendimento por quinze minutos. Figura 6: Imagem (a) demonstra-se uma placa de petri com Unidades Formadoras de Colônias, Imagem (b) ilustra-se bactérias com coloração de Gram visualizadas em microscópio óptico, a incubação e as colorações foram realizadas no laboratório da Faculdade IDEAU Getúlio Vargas/RS. Fonte: Autoria Própria Assim como em nossa pesquisa, no estudo de Barreto et al. 2011 foram encontrados bacilos gram-positivos nas unidades formadoras de colônias bacterianas localizadas na clínica odontológica durante o atendimento clínico. E no estudo Bulgarelli et al., 2001, foi observado que em pacientes portadores de gengivite também encontrava-se uma uma maior quantidade de bactérias gram-positivas em todas as lâminas examinadas. 4 CONCLUSÃO Através das análises feitas nas linhas de água dos equipos odontológicos nas clínicas da faculdade IDEAU e comparando nossa pesquisa aos trabalhos realizados por outros autores, constatamos a presença tanto bactérias gram-negativas como de bactérias gram- Projeto de Aperfeiçoamento Teórico e Prático Getúlio Vargas RS Brasil 14

positivas e que nenhuma linha de água está totalmente livre da contaminação microbiana, mas que existem medidas que podem ser seguidas para a diminuição dessa proliferação. Neste trabalho foi observada a importância da biossegurança na odontologia, assim como os cuidados que o profissional da área deve ter em relação à desinfecção e limpeza das linhas de água utilizadas diariamente pelo cirurgião-dentista, e que podem trazer risco tanto para os pacientes como para o profissional. Tendo em vista essas informações, este trabalho também serve de estímulo para que mais pesquisas sejam realizadas em relação a contaminações que podem ocorrer em clínicas odontológicas, analisando principalmente os métodos de desinfecção e esterilização existentes. E que, além disso, os protocolos de assepsia criados pelos fabricantes dos equipos, passem a ser realizados como rotina no dia-a-dia das clínicas da faculdade IDEAU. REFERÊNCIAS BARBEAU, J.; BUHLER, T. Biofilms augment the number of free-living amoebae in dental unit waterlines. Res Microbiol, v. 152, p. 753-760, 2001. BARRETO, A. C. B. et al. Contaminação do ambiente odontológico por aerossóis durante atendimento clínico com uso de ultrassom. Braz J Periodontol, volume 21, p. 79-84, 2011. BLAKE, G. C. The incidence and control of bacterial infection in dental spray reservoirs. Braz. Dent. J., Ribeirão Preto, v. 115, p. 413-446, 1963. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Serviços Odontológicos: Prevenção e Controle de Riscos / Ministério da Saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. 156 p. BRASIL. Ministério da Saúde. Coordenação de Controle de Infecção Hospitalar. Procedimentos de artigos e superfícies em estabelecimentos de saúde. 2. ed. Brasília, 2006. 50 p. BROOK, I. The role of anaerobic bacteria in mediastinitis. Therapy in practice. Drugs 66(3): 315-320, 2006. BULGARELLI, A.; TORQUATO, T.; COSTA, L.; FERREIRA, Z. Avaliação das medidas de biossegurança no controle de infecção cruzada durante tratamento periodontal básico. Revista Brasileira de Odontologia, Volume 58, Número 3, p 188-90, 2001. Projeto de Aperfeiçoamento Teórico e Prático Getúlio Vargas RS Brasil 15

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