Benefício da terapia aquática na artrite reumatóide: estudo de caso Benefit of the aquatic therapy in the arthritis rheumatoid: study of case

Documentos relacionados
6.13 ARTIGO DE REVISÃO MÉTODO BAD RAGAZ: TRATAMENTO DA ARTRITE REUMATOIDE ATRAVÉS DE EXERCÍCIOS NA ÁGUA

Estudo de caso: os efeitos da hidrocinesioterapia para paciente com artrose de quadril

Modalidades fisioterapêuticas. Profa. Dra. Daniela Cristina Carvalho de Abreu Alunas PAE: Jaqueline Mello Porto Paola Errera Magnani

Tratamento hidrocinesioterapêutico em pós-operatório de fratura de patela

Formação treinadores AFA

Livro Eletrônico Aula 00 Hidroterapia p/ ALE-GO (Analista - Fisioterapeuta)

ARTRITE REMATOIDE ASPECTOS GERAIS

MOBILIZAÇÕES DAS ARTICULAÇÕES PERIFÉRICAS

Amplitude de Movimento. Amplitude de Movimento. Tipos de ADM 27/2/2012

TMSA TERAPIA MANUAL SUB-AQUÁTICA Isidro Marques

AVALIAÇÃO DO GRAU DE INCAPACIDADE FÍSICA (GIF) NA HANSENÍASE. Jordana Raquel Teixeira Nascimento Fisioterapeuta HST

ÓRTESES PARA MMSS APOSTILA 04

TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO NA DOENÇA DE LEGG- CALVÉ-PERTHES: ESTUDO DE CASO

Clínica Dr. Alfredo Toledo e Souza. Avenida Condessa de Vimieiros, 395 Centro, Itanhaém, SP. Fone (13) e (13)

ATUAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM UM INDIVÍDUO COM LÚPUS ASSOCIADO À OUTRAS DOENÇAS REUMÁTICAS: RELATO DE CASO 1

TÍTULO: OS BENEFICIOS DA HIDROTERAPIA EM PACIENTES COM FIBROMIALGIA. CATEGORIA: EM ANDAMENTO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE SUBÁREA: FISIOTERAPIA

Bola Suíça. Ao verem as bolas sendo usadas na Suíça, terapeutas norte americanos deram a ela o nome de bola Suíça.

~ 5 ~ A EFETIVIDADE DAS TÉCNICAS DE ISOSTRETCHING E ALOGAMENTO ESTÁTICO NA LOMBALGIA

Anais do 14º Encontro Científico Cultural Interinstitucional ISSN

Cotovelo - Antebraço. Cotovelo - Antebraço Cinesiologia. Renato Almeida

Universidade Federal do Ceará Faculdade de Medicina

Marcha Normal. José Eduardo Pompeu

SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS INTEGRADAS DA UNAERP CAMPUS GUARUJÁ Espondilite anquilosante: revisão da literatura

EXIN FISIOTERAPIA

ANÁLISE DA EFICACIA DO USO DA CINESIOTERAPIA NO TRATAMENTO PÓS OPERATÓRIO DE LESÃO DO LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR ESTUDO DE CASO

Poliomielite um novo Olhar, comemorando a Vida, cuidando da Saúde!

Repercussão da hidroterapia na atrofia oligopontocerebelar: relato de um caso

AVALIAÇÃO DA COLUNA VERTEBRAL

Envelhecimento ativo Que exercícios posso fazer em casa?

Referenciação à Consulta de Reumatologia

EFEITOS DA CINESIOTERAPIA E DA ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA NERVOSA TRANSCUTÂNEA SOBRE O PADRÃO ESPÁSTICO DE PACIENTES PÓS ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO

Prof. Kemil Rocha Sousa

ANEXO 01 (Conteúdo do EXIN Fisioterapia - Campus Mossoró) 3ª série

Os benefícios do método Pilates em indivíduos saudáveis: uma revisão de literatura.

5º Congresso de Pesquisa MÉTODO WATSU COMO TERAPIA COMPLEMENTAR NA REABILITAÇÃO DA PARALISIA CEREBRAL TETRAPARÉTICA ESPÁSTICA: ESTUDO DE CASO

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA. PROGRAMA DE DISCIPLINA/ ESTÁGIO Ano: 2008 IDENTIFICAÇÃO CÓDIGO DISCIPLINA OU ESTÁGIO SERIAÇÃO IDEAL

PROGRAMA DE CURSO. GERAL: Compreender o mecanismo das doenças reumáticas, desenvolver a avaliação ESPECÍFICOS: Introdução à Reumatologia

Exame Físico Ortopédico

Hidroterapia no tratamento do acidente vascular cerebral: estudo de caso

MODELO FORMATIVO. DATA DE INíCIO / FIM / HORARIO Manhã - 9:00 às 13:00 Tarde - 14:00 às 18:00 INVESTIMENTO FORMADOR

Dor Lombar. Controle Motor Coluna Lombar. O que é estabilidade segmentar? Sistema Global: Sistema Local:

Qualidade de vida de pacientes idosos com artrite reumatóide: revisão de literatura

INTERVENÇÃO DA HIDROCINESIOTERAPIA EM MULHERES PÓS- MENOPAUSA COM ELEVADO RISCO DE FRATURAS OSTEOPORÓTICAS

Educação para a Saúde

INFLUÊNCIA DA GAMETERAPIA NA REABILITAÇÃO DE PACIENTE PÓS ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO

Avaliação Fisioterapêutica do Ombro

Prevenção da Artrose e Osteoporose. Prof. Avelino Buongermino CREFITO-3/6853-F

Introduçã o. Mestre Tiago Pimenta Orçamento Participativo Jovem Projeto Hydro Therapeia


Utilização de órteses na reabilitação de pacientes portadores de osteoporose vertebral

OS BENEFÍCIOS DO TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO NA TENDINITE DO SUPRA-ESPINHOSO: RELATO DE CASO

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL INSTITUTO DE GERIATIA E GERONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GERONTOLOGIA BIOMÉDICA

Fasciite PLANTAR UNIFESP - SÃO PAULO. LEDA MAGALHÃES OLIVEIRA REUMATOLOGIA - fisioterapeuta.

Definição. Conceitos Básicos de Cinesioterapia. Primeiros Registros. Primeiros Registros. Primeiros Registros. Primeiros Registros 27/2/2012

AVALIAÇÃO DE INCAPACIDADE NAS DOENÇAS REUMÁTICAS

RELATOS ÁLGICOS E EMPREGO DE RECURSOS FISIOTERAPÊUTICOS EM UMA PACIENTE COM ARTRITE REUMATÓIDE: ESTUDO DESCRITIVO RETROSPECTIVO

Defeitos osteoarticulares

PRINCÍPIOS E CONCEITOS DAS TÉCNICAS DE MOBILIZAÇÃO E MANIPULAÇÃO ARTICULAR. Tatiana Teixeira Álvares

MANUAL DO LIAN GONG. Apenas 12 minutos por dia

Semiologia Reumatológica em Crianças

CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE SUBÁREA: FISIOTERAPIA INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ

Carga horária Quantidade de turmas Avaliação em Fisioterapia DIS

Semiologia do aparelho osteoarticular. Professor Ivan da Costa Barros

LIBERAÇÃO MIOFASCIAL. Ebook Gratuito

TREINAMENTO FÍSICO AQUÁTICO NA OSTEOARTROSE DE JOELHO RESUMO

Fisioterapeuta Priscila Souza

CURSO DE CAPACITAÇÃO PARA INSTRUTOR E PROFESSOR DE TAEKWONDO GRÃO MESTRE ANTONIO JUSSERI DIRETOR TÉCNICO DA FEBRAT

INTERVENÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM UM INDIVÍDUO PORTADOR DE DOENÇAS REUMÁTICAS AUTOIMUNES: RELATO DE CASO 1

A. Ossos B. Articulações. 2 Letícia C. L. Moura

25/05/2017 OBJETIVOS DA AULA AVALIAÇÃO DA FLEXIBILIDADE CONCEITO CONCEITO. O que é Flexibilidade? Flexibilidade x Alongamento

UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA CURSO DE COSMETOLOGIA E ESTÉTICA DISCIPLINA: TEORIAS E TÉCNICAS DE MASSAGEM AVALIAÇÃO CORPORAL

FISIOTERAPIA ORTOPÉDICA COM ÊNFASE EM TERAPIA MANUAL

CINESIOTERAPIA E KINESIO TAPING NO TRATAMENTO DE PACIENTE PÓS- OPERATÓRIO COM LESÃO DE LCA: ESTUDO DE CASO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE E ÁREAS PROFISSIONAIS DA SAÚDE Resposta aos recursos Fisioterapia

ARTRITE REUMATOIDE COMO PAUTA DA LIGA ACADÊMICA DE AUTOIMUNIDADE (LAAI)

UNIVERSIDADE DO RIO DE JANEIRO UNI - RIO

Exercícios para a activação geral e o retorno à calma

ALONGAMENTO MUSCULAR

Saúde do Idoso. Quem é idoso? Nos países desenvolvidos, é o indivíduo a partir dos 65 anos e, nos países em desenvolvimento, a partir dos 60 anos.

Universidade Estadual do Centro-Oeste Reconhecida pelo Decreto Estadual nº 3.444, de 8 de agosto de 1997

ACAMPAMENTO REGIONAL EXERCÍCIOS PARA AQUECIMENTO E PREVENÇÃO DE LESÕES (ALONGAMENTO DINÂMICO ESTABILIZAÇÃO ATIVAÇÃO MUSCULAR)

Implicações da fisioterapia aquática na assistência motora e familiar do paciente com Distrofia Muscular de Duchenne

UNILUS CENTRO UNIVERSITÁRIO LUSÍADA PLANO ANUAL DE ENSINO ANO 2010

QUALIDADES FÍSICAS RELACIONADAS A APTIDÃO FÍSICA. BASES DO TREINAMENTO CORPORAL I

Estudo Descritivo dos Pacientes Atendidos no Projeto de Extensão Programa de Orientação aos Indivíduos Acometidos por Doenças Reumáticas

AVALIAÇÃO DA COLUNA CERVICAL

DOR CRÔNICA E ENVELHECIMENTO

FISIOTERAPIA AÇÕES DE EDUCAÇÃO NO PRÉ, TRANS E PÓS TCTH. Karla Ribeiro Costa Pereira

A HIDROTERAPIA NO TRATAMENTO DA OSTEOARTRITE DE JOELHO

Osteoartrite. Dra. Flora Maria DD Andréa a Marcolino

Imagem 1: destacada em vermelho a redução do espaço articular.

REABILITAÇÃO PRÉ- PROTETIZAÇÃO APOSTILA 16

REVISÃO LITERÁRIA ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA

Abordagem do Pilates em Fisioterapia

ALINE DAYANE NERI 1 ANDREY ROGÉRIO CAMPOS GOLIAS 2

Fraturas Diáfise Umeral

IMPACTO DA ARTROPLASTIA TOTAL DE QUADRIL SOBRE A QUALIDADE DE VIDA EM IDOSOS PORTADORES DE ARTROSE INCAPACITANTE.

Ricardo Yabumoto Curitiba, 26 de Marco de 2007

QUE PODEM MELHORAR A DOR NA COLUNA LOMBAR COM ÉRIKA BATISTA

Transcrição:

Benefício da terapia aquática na artrite reumatóide: estudo de caso Benefit of the aquatic therapy in the arthritis rheumatoid: study of case ANDRESSA ALTRÃO MAZETTO(G-UNINGÁ)¹ FABIANA MAGALHÃES NAVARRO(UNINGÁ) 2 RESUMO: A Artrite reumatóide é uma doença inflamatória crônica, de etiologia desconhecida, tendo como característica principal uma sinovite que envolve principalmente articulações periféricas, de forma simétrica, podendo causar deformidades. Este estudo de caso teve como objetivo avaliar o tratamento aquático em paciente com diagnóstico clínico de artrite reumatóide. Foram realizadas cinco sessões, de quarenta e cinco minutos cada, com exercícios para ganho de amplitudes de movimento, força muscular, melhora do equilíbrio e da funcionalidade do paciente. Observamos melhora significativa nas amplitudes de movimento das articulações, equilíbrio e funcionalidade. Concluindo-se assim, que pacientes com artrite reumatóide, submetidos à hidroterapia, apresentam resultados satisfatórios, sendo alcançados os objetivos do estudo. Palavras-chave: Tratamento aquático. Artrite reumatóide. Fisioterapia. ABSTRACT: The rheumatoid arthritis is a chronic inflammatory illness, of unknown etiology, having as characteristic main a sinovite that involves peripheral joints mainly, of symmetrical form, being able to cause deformities. This study of case it had as objective to evaluate the aquatic treatment in patient with clinical diagnosis of rheumatoid arthritis. Five sessions had been carried through, of forty and five minutes each, with exercises for profit of range of motion, muscular force, improves of the balance and the functionality of the patient. We observe significant 1 Acadêmica do Curso de Fisioterapia, Faculdade Ingá UNINGÁ - Av. Goioerê, 1699 87.303-110 Campo Mourão PR (44) 9958-7459 - andressamazetto@bol.com.br 2 Professora Mestre Faculdade Ingá UNINGÁ 153

improvement in the range of motion in the joints, balance and functionality. Concluding itself thus, that patient with rheumatoid arthritis, submitted to the hydrotherapy, they present resulted satisfactory, being reached the objectives of the study. Key words: Aquatic treatment. Rheumatoid arthritis.physiotherapy INTRODUÇÃO Segundo Moreira; Carvalho (2001) a Artrite Reumatóide (AR) é uma doença sistêmica do tecido conjuntivo, idiopática, onde predominantemente as alterações ocorrem em estruturas articulares, periarticulares e tendinosas. Manifesta-se por sinais cardinais de inflamação, tendo a membrana sinovial como local mais acometido. Acomete ambos os sexos com predomínio em mulheres (3-4:1), ocorrendo com maior freqüência em indivíduos entre trinta e cinqüenta anos de idade. É considerada uma das doenças auto-imunes mais freqüentes, sua etiologia pode ser multifatorial, relacionadas a fatores comportamentais, ambientais, genéticos, desequilíbrio imunológico e alterações neuroendócrinas (SILVA et al. 2006). Almeida et al. (2006) afirma que a inatividade dos pacientes contribui para a redução da capacidade aeróbia; aumento da dor, inflamação e derrames nas articulações; redução da força e da resistência muscular pela hipotrofia dos músculos e tecidos periarticulares. Estes autores relatam que devido aos princípios físicos e fisiológicos promovidos pela água, juntamente com o exercício físico, existe uma melhora do estado geral em pacientes portadores de artrite reumatóide. Os sinais e sintomas comuns são: 1) Articulação dolorosa, intumescida e enrijecida. Podendo qualquer articulação sinovial estar envolvida; 2) Enrijecimento matinal, reduzindo com o passar do dia; 3) Atrofia muscular; 4)deformidades (em estágios mais avançados); 5) Nódulos subcutâneos principalmente na face posterior dos cotovelos (GOLDING, 2001). A patologia evolui com graus variáveis de incapacidade funcional e está associada a taxas de morbidade e mortalidade aumentadas em comparação à população normal (TORIGOE; LAURINDO, 2006). De acordo com Caldana et al. (2005) um dos primeiros sinais radiográficos da doença é o aumento de partes moles periarticulares de 154

forma simétrica. Com a progressão da doença, há redução do espaço articular e erosões ósseas. Em estágios mais avançados, subluxações, deformidades e anquilose óssea podem ser vistas na radiografia, representando a perda da função articular. O diagnóstico da patologia deve ser realizado por meio de RX, exames laboratoriais, e por meio de critérios de diagnóstico, devendo ocorrer quatro dos seguintes critérios: 1)Rigidez Matinal (com duração mínima de sessenta minutos); 2)Artrite em três ou mais articulações diferentes; 3)Artrite de articulação das mãos (pelo menos uma articulação edemaciada); 4)Artrite de forma simétrica (bilateral); 5)Nódulos Reumatóides; 6)Fator Reumatóide; 7)Alterações radiográficas (osteopenia periarticular e erosões ósseas) (YOSHINAR; BONFA, 2000). Os objetivos da fisioterapia no tratamento da Artrite Reumatóide são: aliviar a dor, manter ou melhorar a capacidade funcional, prevenir incapacidades, adaptar o paciente ao meio e melhorar sua qualidade de vida. Tendo as propriedades físicas da água uma vantagem por promover diminuição da dor durante o período de imersão, por ocorrer uma redução das cargas sobre as articulações, devido à flutuabilidade, e há inibição da dor, pois estímulos sensoriais gerados pela maior temperatura da água inibem os estímulos de dor. Para as doenças reumáticas, as vantagens da hidroterapia ocorrem devido ao calor da água, que diminui a dor e o espasmo muscular, e a flutuabilidade que alivia o estresse nas articulações. Promovendo também alívio da tensão e do estresse, trazendo bem-estar físico e mental (ALMEIDA et al. 2006; CAMPION, 2000). Pacientes com artrite reumatóide devem ser tratados tanto no período agudo da doença, quanto no crônico. Devendo, o tratamento aquático na fase aguda incluir relaxamento e exercícios para melhorar as amplitudes de movimento e na fase crônica, as atividades devem ser aeróbicas, marchas e corridas na água, que melhoram a capacidade funcional e a composição corporal (KOURY, 2000). Este trabalho teve como objetivo avaliar os benefícios de tratamento hidroterápico em paciente com artrite reumatóide, melhorar as amplitudes de movimentos deste paciente e proporcionar, assim, uma melhora de sua funcionalidade. PRESSUPOSTOS METODOLÓGICOS Realizou-se um estudo de caso com o paciente E. F. S., do sexo 155

masculino, 40 anos, na Clínica Escola de Fisioterapia da Faculdade UNINGÁ, com diagnóstico clinico de Artrite reumatóide. Inicialmente foi avaliado através da ficha de avaliação do setor de hidroterapia, onde apresentou deformidades em membros superiores em semiflexão; com redução de amplitudes de movimento (ADM s) em quadril, joelhos, punhos, cotovelos e ombros. Paciente deambula e é semi-dependente em suas atividades de vida diária (AVD S), necessitando de ajuda para higiene dos pés e para vestir meias e sapatos. Apresenta déficits de equilíbrio com marcha comprometida. Iniciou Fisioterapia ortopédica há quatro meses, onde foi encaminhado para a hidroterapia apenas há três semanas por indicação de um profissional do local. Os objetivos de tratamento foram melhorar a marcha, melhorar equilíbrio estático e dinâmico, melhorar coordenação motora de membros superiores (MMSS) e membros inferiores (MMII), proporcionar uma melhor qualidade de vida, promover relaxamento muscular e ganho de ADM em MMSS, MMII e tronco, evitar maiores deformidades e promover analgesia. A proposta incluiu dez minutos de aquecimento, deambulando em torno da piscina com marcha anterior e lateral, marcha com dissociação de cinturas, subir e descer step anteriormente e lateralmente, depois associando movimentos mais complexos para estimular a coordenação como uma tríplice flexão, tocando joelho no cotovelo contra lateral, deambular sobre os steps diminuindo a base de sustentação treinando, assim a marcha e o equilíbrio, marcha com obstáculos. Alongamentos durante vinte e cinco minutos de membros superiores, inferiores e tronco, alongamentos passivos na posição vertical, alongamentos passivos com paciente em supino, fortalecimento muscular utilizando Bad Ragaz. Para finalizar Watsu por dez minutos, utilizando métodos como o balanço da respiração, sanfona, sanfona rotacional, rotação da perna próxima, rotação da perna distante e alga marinha. Após as cinco sessões, o paciente foi reavaliado com os mesmos parâmetros da avaliação, utilizando-se goniômetro para quantificar os ângulos das articulações, e realizado novamente graduação da força muscular através da escala de Oxford. Esclarece-se que foram respeitados todos os preceitos éticos da resolução 196/96 do Conselho Nacional de Pesquisa em Seres Humanos, informando ao paciente de seu tratamento e possível utilização de seus 156

dados para fins de pesquisa, guardando sigilo e fidedignidade. Também deixou ao paciente a liberdade de recusa a participar da pesquisa em qualquer momento da mesma. RESULTADOS E DISCUSSÕES Foram realizadas cinco sessões de quarenta e cinco minutos cada, sendo observado uma melhora de ADM s após o tratamento, verificado pelo exame de goniometria, como observamos no quadro 1. Quadro 1 Amplitudes de movimento mensuradas em graus no inicio e no final do tratamento Amplitudes de movimento (º) Antes do tratamento Após o tratamento Movimento Flexão Extensão Flexão Extensão Hemicorpo D E D E D E D E Ombro 155 140 30 50 155 150 45 50 Cotovelo 90 70 80 45 90 85 60 45 Joelho 80 80 0 0 80 85 0 0 Tronco 70 10 70 10 Fonte: Valores colhidos da ficha de avaliação e reavaliação Observou-se que houve melhora nas ADM s de flexão de ombro esquerdo, extensão de ombro direito, cotovelo direito e esquerdo, flexão de joelho esquerdo; mantendo-se as amplitudes de tronco. Não houve alterações quanto ao grau de força muscular, mantendo-se os mesmos antes e após o tratamento: extensão e flexão de joelho direito e esquerdo grau 4, abdução de quadril grau 3, flexão de ombro direito e esquerdo grau 4. Quanto ao equilíbrio foi observada uma melhora, pois no início do tratamento o paciente não conseguia se equilibrar sobre steps sem apoio durante as atividades, já a partir da terceira sessão obteve melhor equilíbrio. O paciente relatou ter maior funcionalidade nas mãos após o tratamento, diz sentir melhoras também nas amplitudes dos membros superiores e redução da dor articular, como relata: Agora já consigo pegar objetos com as mãos, meus braços mexem mais e eu já não sinto tanta dor. 157

A terapia aquática pode ser usada como um complemento ou substituição da fisioterapia em solo, a associação das duas pode trazer maiores benefícios quanto a saúde e capacidades físicas (ROUTI et al. 2000). Segundo Campion (2000) a hidroterapia para pacientes com doenças reumáticas traz vantagens devido aos princípios físicos da água, que auxiliam na melhora de amplitudes de movimentos. De acordo com Almeida et al. (2006) a fisioterapia tem a finalidade de corrigir a perda ou limitação do movimento articular, atrofia ou fraqueza muscular e instabilidade. Tendo como efeitos terapêuticos dos exercícios na água o alívio da dor e espasmos musculares; manutenção ou aumento de ADM s; fortalecimento dos músculos enfraquecidos; reeducação dos músculos paralisados com melhora da circulação sangüínea e melhora da postura, equilíbrio e coordenação. O empuxo alivia o estresse sobre as articulações sustentadoras de peso promovendo, assim a analgesia. A água pode ser usada como suporte, assistência ou resistência a um movimento. Com a flutuabilidade o peso corporal é sustentado e a estabilidade é obtida com menor esforço, e o controle postural é facilitado (ROUTI et al. 2000). O mesmo autor afirma que o exercício aquático promove suave resistência, amplitude completa de movimento, dando oportunidade de treinar em várias velocidades. A viscosidade da água dá resistência a um corpo que nela se move. Uma mudança na direção do movimento também fornece resistência devido à turbulência, que exige estabilização central por meio dos músculos abdominais e de tronco, antes que o movimento distal seja possibilitado, auxiliando, desta forma, no controle postural em terra. CONCLUSÃO Desta forma, concluímos que a terapia aquática, devido aos seus princípios físicos, é eficaz no tratamento da artrite reumatóide, melhorando as amplitudes de movimentos, proporcionando um relaxamento, aumentando o equilíbrio e promovendo melhor funcionalidade. Portanto, orienta-se manter o tratamento aquático, pois com apenas cinco sessões já houve melhora significativa. 158

REFERÊNCIAS ALMEIDA, D. et al. Estudo comparativo dos efeitos da fisioterapia aquática em relação à fisioterapia em solo na qualidade de vida dos pacientes com Artrite Reumatóide. Revista Fisioterapia Brasil. Ano 10, 79º ed., São Paulo, set./out. 2006. CALDANA, W. C. I.; CICONELLI, R. M.; FERNANDES, A. R. C. Estudo por imagem da artrite reumatóide no quadril. Revista Brasileira de Reumatologia. v.45, n.4, São Paulo, jul./ago., 2005. CAMPION M. R. Hidroterapia: princípios e prática. Barueri: Manole, 2000. GOLDING, D. N. Reumatologia em medicina e reabilitação. São Paulo: Atheneu, 2001. KOURY, J. M. Programa de fisioterapia aquática: um guia para reabilitação ortopédica. São Paulo: Manole, 2000. MOREIRA, C.; CARVALHO, M. A. P. Reumatologia: diagnóstico e tratamento. Belo Horizonte: Medsi, 2001. ROUTI, R. G.; MORRIS, D. M.; COLE, A. J. Reabilitação aquática. São Paulo: Manole, 2000. SILVA, A. F. et al. Valor diagnóstico do anticorpo antipeptídeo citrulinado cíclico na artrite reumatóide. Revista Brasileira de Reumatologia. v.46, n.3, São Paulo, maio/jun., 2006. TORIGOE, D. Y; LAURINDO, I. M. M. Artrite reumatóide e doenças cardiovasculares. Revista Brasileira de Reumatologia. v.46, supl.1, São Paulo, jun., 2006. YOSHINAR, N. H.; BONFÁ, E. S. D. Reumatologia para o clínico. São Paulo: Roca, 2000. 159

160