CARTOGRAFIA DIGITAL DO PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO MODERNO EM FLORIANÓPOLIS

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Transcrição:

CARTOGRAFIA DIGITAL DO PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO MODERNO EM FLORIANÓPOLIS YUNES, GILBERTO S. (1); SEREJO, HENRIQUE C. (2) 1. Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós- Graduação em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade. Departamento de Arquitetura e Urbanismo. Campus Universitário. Trindade. CEP: 88040-900. Florianópolis SC. gsyunes@uol.com.br 2. Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós- Graduação em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade. Bolsista Mestrando do Programa de Bolsas Universitárias de Santa Catarina - UNIEDU. UFSC. Dep. de Arquitetura e Urbanismo. Campus Universitário. Trindade. CEP: 88040-900. Florianópolis SC. auhenriques@gmail.com Resumo O estudo considera que a cartografia digital é atualmente, o meio mais eficiente de se mapear, informar e divulgar o patrimônio histórico urbano. Tratando-se especificamente das arquiteturas e espaços criados pelo modernismo, observam-se características especiais de como suas obras exploram aspectos de inserção urbana referentes a escala, volumetria, materiais e texturas, permeabilidade e relações de interior e exterior, entre outras. Constata-se que as mídias tradicionais impressas, nem sempre conseguem documentar adequadamente os elementos compositivos, aspectos formais e estéticos que distinguem esta linguagem arquitetônica no contexto das cidades. Torna-se assim evidente a necessidade de transposição das formas tradicionais de documentação, exposição e divulgação do patrimônio para novas mídias, já que a cartografia digital registra de forma interativa e inédita a valorização do patrimônio em sua inserção e vivencia na paisagem urbana. A convergência de diversas mídias em que atua, proporciona a disponibilização de dados em uma mesma plataforma. Pelo fato do acesso à internet ter-se tornado móvel e de ser disponibilizado em diferentes dispositivos, as informações se adequaram a diferentes plataformas. Somado à possibilidade de difusão de informações em diversos formatos faz da cartografia digital uma ferramenta que potencializa e democratiza o acesso e reconhecimento de valor do patrimônio. Para a elaboração da cartografia digital,

compreendida como mídia digital locativa, são definidas três etapas metodológicas: coleta, processamento e representação de dados, resultando em um mapeamento relacionado com o tipo de informação, quantidade de dados e perfil de usuário. A etapa da representação expõe graficamente as informações oriundas de textos, cores, símbolos, infográficos, imagens e vídeos, recursos mais utilizados nos aplicativos móveis. Estes costumam ser utilizados na rua, onde as informações precisam ser associadas e compreendidas rapidamente. Afim de investigar a metodologia utilizada para a confecção de cartografias digitais, foram analisados exemplares selecionados na internet a partir de temas relacionados a mapeamentos e patrimônio urbano. Observaram-se aspectos do acesso ubíquo; grau de interatividade; aquisição, processamento e principalmente a interação com a representação dos dados, interface e layout. Em síntese geral, há plataformas que se destacam por serem agendas culturais, inventários urbanos, guias urbanos ou simplesmente uma maneira de expor dados via cartografia. Como objeto de trabalho para o estudo da cartografia digital tem-se a pesquisa Itinerários do Patrimônio Moderno em Florianópolis, desenvolvida pelo Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFSC. Nesta encontramse cadastradas quarenta e seis edificações, distribuídas em cinco setores que correspondem à diferentes regiões da capital. O objetivo principal é disponibilizar o acesso à informação digitalizada proveniente deste acervo, proporcionando aos usuários a interação pelo ciberespaço e a construção coletiva e continua do seu conteúdo. Assim, o site Itinerários da Arquitetura Moderna em Florianópolis é uma cartografia digital interativa acadêmica que utiliza a base do Google Maps. As informações coletadas, até então analógicas, como fichas cadastrais, fotografias, plantas e mapas, foram digitalizadas, organizadas e catalogadas. O processo de concepção da cartografia digital, busca expor e divulgar, com layout de melhor adequação, os exemplares da arquitetura moderna no contexto urbano em que se inserem. Palavras-chave: Cartografia; Mídias digitais; Patrimonio Moderno; Florianópolis.

A CIDADE COMO DOCUMENTO Para elaborar reflexões sobre a cidade contemporânea torna-se inicialmente necessário manifestar que esta é aqui considerada como fonte de conhecimento. Passível de interpretações, mostra os acervos resultantes de seu processo de construção no tempo. A associação da ideia de cidade como documento, ou seja, informação, possibilita que com a criação e registro de setores e percursos no interior da própria obra, esta apresente seus exemplares no contexto de sua significação, como em salas de exposição. A partir desta concepção, observa-se que estes espaços tornam-se elementos estruturadores da configuração urbana, estabelecendo lugares e memórias como facilitadores da leitura da paisagem. Assim, explicita-se o entendimento da cidade como suporte e arquivo de informações e de registros dos tempos. O território urbano é reconhecido por um acervo existente, produto da qualidade da relação do homem com o ambiente. Os usos, as experiências e as informações geradas por estes acervos permitem que o conjunto de ações defina a identidade do lugar e reforce sua permanência. A hipótese aqui levantada como discurso encontra reforço no argumento apresentado por Richard Rogers (2008, p.18) de que as próprias cidades podem representar uma grande ferramenta, um laboratório vivo para a educação. Portanto, por analogia, entende-se que a exposição do acervo que documenta a cidade proporciona a observação e a reflexão in loco da produção humana no espaço e no tempo real. Considerada no seu aspecto informacional e de organização como um texto a ser lido, conforme Rolnik (1992, p.28) a cidade, por excelência, produz e contém documentos, ordens, inventários cuja arquitetura urbana também cumpre este papel de escrita, de texto que se lê da mesma maneira que se lê um processo, um relato de um viajante. Assim, pode-se afirmar que seu papel como resíduo de um tempo é mais do que matéria, é a representação do conhecimento e a incorporação de significado. Neste sentido, quando se pensa em documento urbano, associa-se a aquilo que ensina, que é suporte de informação. Vista deste modo, a cidade passa a ser composta por diversos lugares que possuem cargas simbólicas diferentes que, como conjuntos ou objetos seriados, retomam a definição da cidade-arquivo, apresentando-se geralmente com o aspecto de cidade-colagem. As sucessivas construções vinculam-se no tempo por meio do espaço, consagrando-o como um lugar formador da paisagem urbana e de fontes de informações presentes. Este configura-se potencialmente como um livro aberto para o conhecimento e subsidio de ações futuras.

A cidade, a paisagem e o patrimônio são construções humanas que se cruzam a partir das experiências e percepções individuais de seus usuários. O conceito de paisagem, como hoje entendido, supõe o olhar de um observador que enquadra ou seleciona com algum critério de valor uma porção do espaço, seja real ou virtual, a partir de um ponto de vista. Deste modo, o estudo introduz a representação virtual da cidade, como forma complementar de divulgar e preservar seu patrimônio, explorando e analisando as possibilidades das mídias digitais, já que proporcionam uma melhor maneira de documentar, expor e situar exemplares selecionados. Ao passo que se aprofundam as pesquisas sobre mídias digitais locativas, a cartografia digital se mostra como método eficiente para criação de um ambiente adequado para a comunicação do patrimônio histórico urbano. CARTOGRAFIAS DIGITAIS URBANAS As cidades estão cada vez mais conectadas com diversas plataformas tecnológicas. Compreender a dinâmica da geração de dados, dos processos de informação e de representações, permite ver a cidade como uma grande mídia digital, a smartcity. Considerando as potencialidades das mídias digitais, observa-se que as específicas mídias locativas nos oferecem maping, tracing e geotags, com os quais conseguimos visualizar a representação da cidade em cartografias digitais, a geoweb. Tal qual os mapas são representações que exigem saber que uma via é representada por uma linha, ao se utilizar os dados do big-data, torna-se também necessário contextualizá-los no espaço urbano e apresentá-los na forma de gráficos, textos e mapas, para que se tornem compreensíveis. Assim, a cartografia urbana ganha novas informações. Duas formas de representação se sobrepõem gerando uma nova, a geoweb. Nesta, a cartografia da paisagem, em forma de imagem, é representada em mapas. A da paisagem, em forma textual, é representada através de dados. Com este olhar para as transformações proporcionadas pelas mídias digitais, busca-se entender a construção e representação das paisagens urbanas em três etapas. A primeira formada pela coleta de dados. A segunda pelo processamento e interpretação destes dados. A terceira pela representação para a leitura e informação aos usuários. Num contexto onde se estuda e discute as smartcities, big data, tecnologias e afins, analisar e expor setores urbanos através desses ambientes torna-se relevante quando observamos as novas dinâmicas e possibilidades que essas tecnologias trazem já que as cidades estão alcançando escalas e dimensões gigantescas. O ciberespaço é resultado de uma evolução e convergência de mídias, onde conceitos de análise são cruzados com outros para permitir significância a novas formas de representação. A cartografia urbana é a representação

bidimensional da paisagem em dada escala, muitas vezes impossível de se observar a olho nú. O big-data surge e cria a geoweb, onde os antigos mapas tornam-se mais ricos e ganham novas representações e abstrações. Os dados gerados pelas smartcities, são representados nesses mapas em formas de textos, gravuras, gráficos e números. É a paisagem da cidade sendo representada no ciberespaço. A cidade é um organismo vivo, exige constante monitoramento, planejamento e intervenção. Analisá-la em forma de mídia digital é vê-la ao vivo e sem delay, como acontece quando se trabalha com as mídias analógicas e que não se tem informações constantes e em tempo real. Na digital, a atualização é a todo o instante, dando condições de planejar e expor a cidade permanentemente. Através do estudo proposto, pretende-se possibilitar a leitura em tempo real e em uma nova escala, das informações cadastrais pela sua visualização nos mapas. Ou seja, a imagem da cidade em diferentes escalas permitindo a transição de acessos, desde a visão do território até o objeto, em sua configuração local. Como procedimento metodológico, parte-se da necessidade de compreensão das diversas modalidades de cartografias digitais, afim de analisar referências e modelos de organização das informações, de acordo com os respectivos objetivos de cada plataforma. Considerando que as mídias digitais locativas são caracterizadas principalmente pela personalização da informação, identificação do usuário, pelos dados variáveis e modificáveis em tempo real, foram analisados dez exemplares afim de compreender a configuração e a disponibilização das informações em plataformas de diversas cartografias digitais localizadas e destinadas ao Brasil e também as originárias de outros países, com temáticas de abrangência internacional. Foram observados aspectos como o acesso ubíquo, o grau de interatividade, a aquisição, o processamento e, principalmente, a representação de dados, interface e layout. Em uma análise geral, constata-se que há plataformas concebidas como agendas culturais, inventários urbanos, guias urbanos ou representação de dados via cartografia. Analisando os diversos tipos de plataformas, percebe-se que os exemplares também se diferenciam de acordo com as suas iniciativas ou origens. Destacam-se assim três principais categorias: Institucionais, Comerciais/Serviços e Acadêmicas.

INFOPATRIMÔNIO Figura 1: Página inicial do site Infopatrimônio. Disponível em http://www.infopatrimonio.org. Acesso em 01/09/15. Projeto de plataforma cujo objetivo é contribuir para o monitoramento e preservação do patrimônio histórico arquitetônico e urbanístico da cidade de São Paulo. Trata-se de iniciativa independente de órgãos públicos ou privados, onde os cidadãos podem contribuir de maneira participativa. O site é construído buscando utilizar ferramentas gratuitas e/ou de código aberto. Os dados são provenientes dos órgãos oficiais responsáveis pelos tombamentos: IPHAN, CONDEPHAAT e CONPRESP. Ao abrir o site, o usuário se depara com um mapa da cidade de São Paulo e chamam à atenção edificações em 3D com cores indicando alturas. As edificações tombadas estão marcadas no mapa com um balão branco e, ao clicar neste, o mapa centraliza a edificação e na mesma página, abaixo do mapa, as informações são carregadas com o histórico, informações do livro de tombo, etc. As fichas mais completas incluem fotografias panorâmicas, fotografias 360º, fotos históricas, plantas, mapa 3D com o entorno, modelo tridimensional da edificação, vídeos, endereços web relacionados e espaço para comentários do público. Este pode alimentar a base de dados da plataforma enviando informações acerca dos patrimônios tombados, que após analisadas e validadas, são publicadas. O Infopatrimônio destaca-se por unir dados relacionados ao patrimônio oriundos de três instituições distintas, apresentando-os de maneira facilmente legível. É interessante observar a adequação ao contexto dos edifícios tombados pelo mapa da cidade em 3D, com as alturas das edificações utilizando cores que indicam as alturas.

Destaca-se a preferência por tecnologias colaborativas e gratuitas na confecção da cartografia, uma vez que o projeto é independente. DE ONDE VEM Figura 2: Página inicial serviço. Disponível em http://util.socioambiental.org/deondevem/. Acesso em 01/09/2015 A plataforma foi desenvolvida pelo Instituto Socioambiental no projeto Água@SP, e tem como objetivo informar ao usuário da cidade de São Paulo, que manancial abastece sua região e quais são suas condições de salubridade. Através da plataforma, ao digitar seu CEP, o usuário tem a possibilidade de registrar também a falta de água em sua localidade de moradia. O de onde vem destaca-se por fornecer ao usuário informações em tempo real, acerca do abastecimento de água em sua região. Identifica o interesse do usuário, filtrando entre um grande volume de dados, as informações que o interessam a partir de uma interface que utiliza mapas, gráficos e indicadores. Destaca-se o grau de interatividade da plataforma que leva informação às pessoas, que contribuem enviando dados a respeito do fornecimento de água nas suas respectivas regiões. A plataforma de um modo geral, cria um sistema que monitora o fornecimento da água, desde os mananciais até o cliente final.

MADISON TREE MAP Figura 3: Página inicial do serviço. Disponível em http://madisontreemap.org:8000. Acesso em 01/09/2015 A plataforma é uma iniciativa da Urban Tree Alliance, uma organização sem fins lucrativos de preservação da arborização urbana da cidade Madison, Wisconsin, EUA. Trata-se de um mapa colaborativo das árvores das áreas públicas da cidade. A plataforma reúne dados inventariados por diversas instituições e permite aos usuários enviar informações de árvores existentes no mapa e contribuir com o cadastro das que ainda não constam. O site, leve e com design limpo e intuitivo, destaca já na página inicial, baseado nos dados, informações como, quantia de eletricidade, água, oxigênio e inclusive o valor em dinheiro que as árvores estão contribuindo. Confeccionado através do serviço Open Tree Map, serviço especializado na criação de cartografias digitais sobre arborização. Cada árvore é representada por pontos em verde, indicando no mapa geral a concentração de árvores pela cidade. Ao clicar em qualquer indicação, um balão com informações como nome cientifico e nome comum, endereço, número de cadastro, diâmetro do tronco são mostradas. Ao clicar em mais informações o usuário é direcionado à uma página com informações daquela árvore na cidade. Uma ficha apresenta suas condições, idade e janela para sua visualização através do google street view e google maps. É interessante destacar que informações como economia de energia, água e remoção de poluição atmosférica convertidas em dólares são apresentadas. Observa-se que diversas informações são expostas nesta plataforma,

concentrando dados de várias fontes, com layout simples, agradável, de fácil leitura e dispostas para serem facilmente localizadas e compreendidas. MODERNA BUENOS AIRES Figura 4 : Página inicial do serviço. Disponível em http://www.modernabuenosaires.org/mapa. Acesso em 01/09/2015 Resultado da campanha Moderna Buenos Aires lançada pelo Conselho Profissional de Arquitetura e Urbanismo da Argentina, tem por objetivo destacar a produção arquitetônica portenha do período entre as décadas de 1930 e 1970. A plataforma constitui um site com obras catalogadas e organizadas por década, autor e bairro. Possui uma lista com a biografia dos principais arquitetos atuantes nos períodos destacados. O acervo pode ser consultado através do mapa da cidade indicando a localização dos exemplares. É possível ao selecioná-los, acessar uma página com informações da ficha cadastral, textos informativos, imagens panorâmicas, documentos digitalizados e vídeos. Nesse projeto, o conteúdo que poderia ser publicado como um livro, é exposto de uma maneira interativa e constante, permitindo que seja complementado e possibilitando a visão dos exemplares relacionando-os ao contexto urbano, já que são apresentados em um mapa. O modo escolhido para publicar o conteúdo e exemplares rompe com a linearidade imposta por um livro, proporcionando a apresentação contextualizada com o local pela interação de documentos de diversos processos históricos, quer seja por linguagens, décadas, autores ou região.

YES! I SPEAK TOURISTE! Figura 5: Mapa inicial do acesso através do site. Disponível em http://www.yesispeaktouriste.com Acesso em 01/09/15. É um serviço disponível através de site e aplicativos para smartphones, desenvolvido pelo Comité Regional do Turismo e pela Câmara de Comercio de Paris. É uma plataforma destinada a guiar turistas para serviços da cidade de acordo com seu idioma. Faz parte da campanha Do you speak touriste?, lançada em 2013 e que tem por objetivo instrumentalizar profissionais, mudando a imagem de mau atendimento a estrangeiros. O objetivo é quebrar as barreiras linguísticas mapeando lojas, hotéis e restaurantes de acordo com o tipo do empreendimento e idiomas nos quais o atendimento é oferecido. A campanha visa capacitar os profissionais envolvidos na indústria do turismo distribuindo uma publicação com informações a respeito das 17 nacionalidades que mais visitam a capital francesa. O site oferece ainda informações adicionais como diálogos e frases, tabelas de conversões de tamanhos e medidas, taxas, entre outras. A plataforma está disponível em nove idiomas, inglês, alemão, português, chinês, espanhol, italiano, japonês, russo e árabe. O usuário ao entrar no site, escolhe seu idioma e é levado a um mapa com os estabelecimentos e serviços que são filtrados por categorias como moda, arte, cultura e

multimídia, casa e decoração, fornecimento, café, beleza, saúde, hotel e hospedagem, lazer. Cada categoria é marcada com balões em cores distintas no mapa. Ao clicar em um balão marcando determinado ponto no mapa, informações como endereço, horários, idiomas do atendimento e um mapa ampliado são mostradas. Yes! I speak touriste! se destaca pela simplicidade e objetividade, bastante rica em informações, possui layout intuitivo, e uma plataforma leve que carrega rapidamente. O projeto torna-se interessante por englobar não só um mapeamento estático, mas também por orientar os estabelecimentos acerca das particularidades de cada público. Apesar do inglês ser considerado universal, ele não é suficiente, plataformas multilíngues tem se mostrado não só bastante viáveis como fundamentais no sucesso de uma comunicação efetiva e aproximação com o público. Waze Figura 6: Mapa do serviço para acesso de computadores de mesa. Disponível em http://www.waze.com. Acesso em 01/09/15. Direcionado para o uso em dispositivos portáteis, é um serviço de rede social e navegação. Direcionada aos motoristas, cria uma comunidade com o objetivo de compartilhar informações a respeito do transito, indicação de melhores rotas, alertas sobre acidentes, engarrafamentos e postos de gasolina mais perto e com melhores preços. Os usuários podem também ajudar na edição dos mapas, corrigindo e atualizando as informações. O Waze tem se tornado cada vez mais popular entre motoristas, proporcionando um serviço com mais informações acerca de cada local. Sua interface é bastante similar com a maioria dos navegadores gps, tornando-o de fácil assimilação. É interessante a maneira como o Waze torna-se apenas uma plataforma, tendo seu conteúdo totalmente oriundo dos

usuários, incluindo os mapas que ainda baseados no Gooogle Maps, não são estáticos. Toda essa autonomia dedicada aos usuários colabora para a credibilidade da plataforma como serviço totalmente dedicado ao motorista, sem a moderação de qualquer órgão oficial. ONDE FUI ROUBADO Figura 7: Página inicial do serviço. Disponível em www.ondefuiroubado.com.br. Acesso em 01/09/2015. Trata-se de um aplicativo para smartphones, com mapeamento colaborativo de incidências de crimes. O usuário pode se cadastrar no site e marcar lugares para monitorar e sempre que houver alguma ocorrência naquele ponto ou nas proximidades será avisado por email. Não há necessidade de se cadastrar para enviar denúncias. No mapa, são exibidos balões que representam por símbolos e cores os tipos de crimes, como assalto à mão armada, roubo de veículo, sequestro relâmpago, entre outros. Pode-se filtrar as informações no mapa por tipos de ocorrências e período. Os mapas estão categorizados por cidades e bairros. Com os dados das denúncias, são gerados rankings de objetos mais roubados, bairros e cidades mais violentos, onde relatórios estatísticos e infográficos com mapas de manchas, indicam a concentração das ocorrências, perfil das vítimas, horários e valor total dos roubos. O projeto destaca-se pela qualidade gráfica do design, nos infográficos utilizados para apresentar informações, na usabilidade descomplicada, na não obrigatoriedade de cadastros para utilização da ferramenta.

SMELLY MAP Figura 8: Página inicial do estudo. Disponível em http://www.di.unito.it/~schifane/smellymaps/explorer.html. Acesso em 01/09/2015 Smelly Map, Mapa de odor em português, trata-se do resultado da pesquisa Smelly Maps: The Digital Life of Urban Smellscapes, (Quercia, Schifanella, Aiello, & McLean, 2015) a qual indica a análise dos odores presentes nas áreas urbanas. O mapa apresenta em cores quatro tipos de odores típicos das cidades categorizados como: emissões, naturais, comidas e animais. As categorias foram determinadas através de entrevistas, resultando em palavras chaves que descrevessem os tipos de odores mais presentes nas cidades. Uma vez que as categorias foram definidas segundo as percepções olfativas de uma amostra da população, efetuou-se análise de conteúdo geo-referenciado postado no Twitter e Flickr. O que chama a atenção nessa cartografia digital é a metodologia para análise e qualificação do espaço urbano. É comum pensar em imagens e sons através de percepções. Já o mapa em questão mostra que os odores podem indicar informações interessantes sobre a cidade. É torna-se curioso observar o método de análise de conteúdo das redes sociais, e como esses dados são processados e representados em uma cartografia.

THE HAPPY FORECAST Figura 9: Página inicial do serviço. Disponível em www.thehappyforecast.com. Acesso em 01/09/2015. É o resultado de um experimento social em Londres. O mapa oferece informações de bem estar social juntamente com o valor médio de venda de residências praticado em cada área. A relação do bem-estar social de cada localidade é obtido através de observação social e análise do conteúdo postado no Twitter em cada região. Valendo-se do método Jen Ratio, desenvolvido pelo professor Dacher Keltner da Universidade da Califórnia, calcula-se através da observação de interações sociais como linguagem corporal e verbal no espaços públicos, o nível de bem-estar social local. E através do Sentiment140, um algoritmo criado na universidade de Stanford, analisa-se postagens no Twitter considerando de onde foram postadas, resultando na relação de bem-estar social. O objetivo do projeto é o de comparar os níveis de bem estar social da cidade, demonstrando que o mesmo não está necessariamente relacionado com a valorização imobiliária dada a determinada área. Chama a atenção o design lúdico da cartografia, com um mapa em 3D, dividido em áreas subdividas em códigos postais, cada qual representada por tons de verde, dos mais claros aos mais escuros, representando, na mesma ordem, graus níveis de bem estar. Ao selecionar um código postal, o mapa de sua abrangência é destacado, oferecendo infográficos com informações de valores imobiliários, população, jen ratio e twitter. Esse exemplo torna-se curioso nas três principais etapas de confecção de uma cartografia digital, coleta, processamento e representação dos dados. É interessante notar, primeiramente a temática do mapa, a qual confronta duas formas bastante distintas de qualificar um lugar,

financeiramente quanto socialmente. A origem das informações, que vem de observações comportamentais na rua e no ciberespaço, a forma como são processadas, por algoritmos e métodos de análise comportamental e a forma como são representadas, em um mapa em 3D com dados comparativos representados em cores e infográficos. EARLY BALTIMORE Figura 10. Página inicial do serviço. Disponível em http://bearings.earlybaltimore.org/ Acessado em 01/09/2015. O site é resultado da pesquisa realizada pelo Imaging Research Center (IRC) da UMBC (University of Maryland, Baltimore County), onde pesquisou-se durante mais de dois anos, como a cidade de Baltimore do estado de Maryland no EUA, deveria parecer no início do século XIX, logo após o ataque Britânico na cidade. Trabalhando juntamente com o Center for Urban Environmental Research and Education (CUERE) da mesma universidade, foi possível construir um mapa em 3D em alta resolução com detalhes topográficos, detalhes de edificações existentes na época. Ao mesmo tempo que é possível ver como a cidade se pareceria, também pode-se verificar algumas das principais transformações ocorridas, como aterros e novas edificações. Ao acessar o mapa geral, uma representação em 3D bastante realística se assemelha à uma fotografia área. É possível observar o traçado inicial da cidade ainda sendo construído e parte de vegetação possivelmente nativa, no entorno da cidade. Há uma barra inferior na tela com imagens das principais edificações existentes na época que, ao serem selecionadas, levam à sua localização no mapa, aproximando e abrindo uma janela com informações a respeito do objeto. Ainda na barra inferior, existe a

opção de selecionar View 2014 que, ao ser acionada, apresenta no mapa os aterros construídos na baía, as vias e edificações mais importantes. Este possibilita uma visão comparativa de como a cidade de Baltimore se encontrava logo após o ataque, quando de sua recuperação, como ela está nos tempos atuais, o quanto cresceu e o que permaneceu. Nesse projeto a forma de expor os registros históricos relacionados ao desenvolvimento urbano chama a atenção pelo fato de simular como a cidade deveria parecer e também por exibir o seu estado atual. Fichas cadastrais, documentos digitalizados, textos, modelagem digital de edificações já inexistentes, várias informações em diversos formatos são expostas em uma mesma plataforma, possibilitando uma visão da cidade não só espacial como temporal. AS CONCEPÇÕES DAS CARTOGRAFIAS DIGITAIS Contata-se que os dados podem vir de diversas fontes e de maneiras inusitadas, como no caso do Smelly Map of London. Tão importante quanto os dados e suas fontes é a maneira como são processados e transformados em informações, como no The Happy Forecast que utiliza algoritmos de computador para analisar os dados. Em relação à confiabilidade acerca das informações apresentadas nos mapas, as plataformas com maior grau de interatividade, onde os usuários podem contribuir cadastrando dados, acabando por criar uma rede social, como no Waze, tendem a gerar mais confiança, pois possuem um sentido comunitário de que a plataforma não pertence à um órgão ou instituição que regula o conteúdo. Por outro lado, os projetos que utilizam dados oriundos de instituições, como o Infopatrimônio, permitem a contribuição de novas informações, construindo assim uma cartografia colaborativa e passam maior credibilidade a respeito da veracidade das informações. É interessante notar que ainda que as cartografias sejam colaborativas, é relevante a validação e a curadoria das informações. Observa-se a importância de conhecer o público alvo e utilizar linguagens compatíveis. Identifica-se a diversidade de possibilidades de se apresentar quantidades consideráveis de informações apenas através de recursos gráficos. A ergonomia das interfaces vem a ser definitiva no sucesso de qualquer projeto. Os sites e aplicativos com informações claras, dispostas de maneira simples e que exploram recursos com contraste de cores, são carregados pelo computador rapidamente e as informações associadas instantaneamente. Como é o caso do Madison Tree Map que utiliza um mapa inicial branco com pontos verdes indicando a concentração de árvores. Os filtros de pesquisa aparecem em praticamente todos os objetos pesquisados e permitem limpar no mapa as informações que não interessam no momento, destacar outras importantes de busca e visão geral.

É interessante observar que em plataformas onde recursos imagéticos são explorados ao máximo, imagens da cidade podem se reforçar ou se renovar. Através dos sites e aplicativos, a cidade não só é vista por meio de mapas ou vistas panorâmicas. Quer seja no exemplo do Madison Tree Map, onde o destaque é para a arborização urbana ou no Onde Fui Roubado, que destaca no mapa pontos de risco de assaltos, há a possibilidade de se perceber aspectos presentes na paisagem de forma rápida, em tempo real e contextualizada e ligada aos pontos no espaço. A análise permite verificar que nas cartografias digitais não apenas a mídia e órgãos públicos tem o poder de estabelecer a representação da cidade. As redes sociais permitem publicar e compartilhar impressões e visões da cidade, provenientes de diversos olhares, sejam institucionais, acadêmicos, midiáticos, turísticos ou de cidadãos. O que muda agora é a possibilidade de se trabalhar muito mais eficientemente com grandes quantidades de dados, transformando-os em informações contextualizas entre si e com seu lugar. A CARTOGRAFIA DIGITAL DA ARQUITETURA MODERNA: POR UMA REPRESENTAÇÃO PECULIAR. O estudo conceitual do site para a divulgação da pesquisa Itinerários da Arquitetura Moderna em Florianópolis define uma plataforma baseada em geoweb, ou seja, é uma cartografia digital interativa, que utiliza a base cartográfica do Google Maps. São propostos ícones, cada qual indicando tipologias, que representam no mapa a localização das edificações. Ao acessar o site, todas as edificações estão indicadas, mas pode-se filtrar quais devem aparecer selecionando as categorias, como autor do projeto, linguagem, localização, setor e uso. Ao clicar, abre-se um balcão com breves informações como nome, breve descrição e uma fotografia, ao selecionar a opção de ver mais informações, uma janela é aberta com um texto informativo, imagens, documentos, vídeos e áudios, quando disponíveis e necessários. Aplicado inicialmente para a área central Florianópolis, utiliza os dados da pesquisa realizada com o apoio do IPHAN/SC, e permite criar parâmetros para melhor instrumentalizar e divulgar em novas mídias digitais a relação do patrimônio arquitetônico moderno com a cidade. Busca viabilizar cadastros referentes à espaços urbanos e edificações, permitindo acessos às informações dos exemplares.

Figura 11: Página inicial do site Itinerários da Arquitetura moderna na região de Florianópolis. Fonte: Acervo da pesquisa, 2015 Os dados coletados, até então analógicos, como fichas cadastrais, fotografias, plantas e mapas, foram digitalizados, organizados e catalogados, com base nas informações, textos informativos foram escritos para serem publicados na plataforma. Tratando-se especificamente das arquiteturas e espaços criados pelo modernismo em Florianópolis, observam-se características especiais de como suas obras exploram aspectos de inserção urbana referentes a escala, volumetria, materiais e texturas, permeabilidade e relações de interior e exterior. A transformação da linguagem arquitetônica foi marcante considerando o período abordado em sua ampliação do recorte temporal, considerado de 1930 a 1980. Neste processo foram construídas edificações em Art Déco, Neocolonial, Racionalismo Clássico, Modernismo e posteriormente, Brutalismo. As edificações do período moderno em Florianópolis, encontram-se distribuídas em três ciclos temporais: o primeiro definido pela inserção do ideário modernista e de coexistência de diversas linguagens arquitetônicas; o segundo pela difusão do modernismo, influenciado por outras experiências brasileiras; e o terceiro pela verticalização e sofisticação tecnológica, com a expansão do uso do concreto armado. A pesquisa define espacialmente cinco setores do município onde os exemplares estão situados. Suas novas tipologias, resultantes formais e espaciais, inseridas na paisagem e no contexto dos diferentes tempos da cidade marcam atualmente regiões e lugares, proporcionando a leitura destes exemplares como artefatos remanescentes de um período em que a cidade teve um grande ideal: modernizar-se e adotar os espaços e serviços públicos como imagem da nova

qualidade pretendida para a capital. A arquitetura moderna foi também pioneira no processo de verticalização da cidade, modificando a malha urbana e alterando a estrutura fundiária original. Provenientes das possibilidades técnicas e das necessidades funcionais, são incorporadas novas relações interior e exterior que mudam o cotidiano urbano. Em áreas de implantação recentes como a do Aterro Sul e Trindade, a arquitetura com viés brutalista se instala assume sua representação no urbano, configurando novas ocupações na paisagem da cidade. Para a cartografia digital das tipologias arquitetônicas dos exemplares cadastrados concluise que aspectos de configuração urbana e de suas inserções precisam ser incorporados nos instrumentos e recurso gráficos de representação na plataforma do site. As imagens em 3D, vídeos panorâmicos, zoons, vistas aéreas, pormenores arquitetônicos e de mobiliário associados a documentações do processo de construção e fatos históricos, podem melhor expor as obras, mesmo que o usuário esteja frente a ela. Estas informações buscam acentuar e evidenciar as peculiaridades de cada edificação conforme suas inserções nas linguagens concebidas. As plantas livres com conexões com os passeios, a iluminação natural, as formas puras, o uso de materiais como aço, vidro e concreto, as modulações estruturais, a dissociação entre parede, teto e piso, são algumas referências que o site acadêmico busca introduzir como informação e documentação para contribuir na formação e entendimento da cidade como arquivo documental permanente e de constante complementação. REFERÊNCIAS Bailey, D., Peters, T., Zuber, R., Previtt, L., Jarzynski, M., Squire, S., & Jeresano, C. (Setembro de 2015). Early Baltimore. Fonte: Visualizing Early Baltimore: http://earlybaltimore.org Berque, A. (2013). Thinking through landscape. (A.-M. Feenberg-Dibon, Trans.) Abingdon, Oxfordshire, Reino Unido: Routledge. Comisión de Arquitectura del CPAU. (Setembro de 2015). Fonte: Moderna Buenos Aires: http://www.modernabuenosaires.org Comité regional do turismo de Paris; Câmara de comercio de Paris. (Setembro de 2015). Fonte: Yes I Speak Touriste!: http://www.yesispeaktouriste.com Freitas, M. I. (2014). DA CARTOGRAFIA ANALÓGICA À NEOCARTOGRAFIA: NOSSOS MAPAS NUNCA MAIS SERÃO OS MESMOS? Revista do Departamento de Geografia USP, 23-39. Keltner, D., Orrock, W., & Coppock, D. (Setembro de 2015). The Happy Forecast Map. Fonte: www.thehappyforecast.com Lemos, A. (2005). Cibercultura e Mobilidade. A Era da Conexão. XXVIII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação Uerj (p. 17). Rio de Janeiro: Intercom Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação.

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