Processos Jornalísticos nos Meios de Comunicação Impressos de Giruá- RS ¹ Resumo Palavras-chave: Considerações iniciais

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Transcrição:

Processos Jornalísticos nos Meios de Comunicação Impressos de Giruá- RS ¹ Laura Degliuomini Lanzarin ² Felipe Rigon Dorneles ³ Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, UNIJUÍ, Ijuí, RS Resumo Este artigo visa compreender quais elementos estão envolvidos no processo de seleção das notícias dos jornais de Giruá, cidade localizada no noroeste do Rio Grande do Sul. Através de estudo de caso múltiplo com caráter qualitativo nos jornais O Butiá e Folha Giruaense, busca-se identificar fatores de influência no produto jornalístico como a rotina produtiva, a ideologia organizacional, as pressões sociais e os valores pessoais do próprio jornalista. Com as teorias do jornalismo newsmaking, gatekeeper e organizacional também amplia-se a compreensão do porquê as notícias serem como são em diferentes meios. Dessa forma, percebe-se que cada meio possui sua maneira de ver a realidade e reproduzi-la através das narrativas e dos apoios visuais. Palavras-chave: newsmaking; gatekeeper ; produção jornalística; valores-notícia; teoria organizacional. Considerações iniciais Nas empresas jornalísticas do interior, a rotina de trabalho e a produção de conteúdo funciona de uma maneira diferenciada dos grandes jornais. Sem muito recurso publicitário, os jornais pequenos optam por edições semanais ou quinzenais para sobreviver financeiramente. Os jornais do interior também costumam economizar em funcionários para manter margem de lucro no negócio. O proprietário pode ser o próprio repórter e ao mesmo tempo pauteiro, editor e diagramador. Esses fatores influenciam na produção jornalística distribuída para a população. A qualidade, o formato, as informações veiculadas, todo o jornal é determinado pelos processos jornalísticos específicos dessas empresas pequenas. Em Giruá, cidade do Noroeste do Rio Grande do Sul, existem dois jornais impressos com distribuição de edições semanais aos sábados: Folha Giruaense e O Butiá. O jornal Folha Giruaense foi fundado por Arno Kegler (falecido em 2016), e ¹ Trabalho apresentado na Divisão Temática de Jornalismo, da Intercom Júnior XIII Jornada de Iniciação Científica em Comunicação, evento componente do 40º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. ²Estudante de Graduação 6º semestre do Curso de Jornalismo da UNIJUÍ-RS, email: laura-lanzarin@hotmail.com ³Orientador do trabalho. Professor do Curso de Jornalismo da UNIJUÍ-RS, email: felipe.dorneles@unijui.edu.br

agora é administrado pelo seu filho Régis Kegler. O Butiá começou a circular em 2015 e seu proprietário é o jornalista Eugênio Thomas Netto. Através de um estudo de caso múltiplo, observamos diferenças entre as capas desses jornais. Dessa forma, também percebemos se há divergências na definição das matérias mais importantes segundo a visão de cada empresa. Esse estudo parte da hipótese de que diferentes jornais abordando o mesmo período e espaço geográfico não reproduzem as mesmas notícias e/ou não dedicam mesmo destaque a matérias sobre mesmo fato ou assunto. Os processos jornalísticos de produção e seleção das notícias e diagramação dos jornais influenciam diretamente no resultado do material distribuído à população. Para compreender os porquês das escolhas e do material produzido, foi realizada entrevista em profundidade com os proprietários de ambos os jornais. Nelson Traquina (2013) explica que os jornalistas têm dificuldade em explicar o que é notícia, e quais são os critérios específicos que utilizam para a produção e escolha das mesmas. Entretanto, entrevistá-los é essencial para observar de maneira mais objetiva como cada veículo produz e seleciona informação. Sendo assim, primeiramente foi realizada pesquisa entre as edições e escolha do período para ser analisado. Para isso, o critério utilizado foi exemplares recentes e com diferenças marcantes entre as capas dos dois jornais. Após a seleção, os materiais foram analisados e uma entrevista foi preparada para os editores responsáveis de ambos os jornais com perguntas relacionadas aos porquês de cada matéria, foto e destaques. A problematização está em compreender os processos jornalísticos realizados nessas empresas, bem como os resultados dos mesmos. Através de pesquisa bibliográfica, relacionaremos as teorias do jornalismo conhecidas como newsmaking, gatekeeper e organizacional com esses processos de seleção observados em O Butiá e Folha Giruaense. As edições selecionadas para análise foram de quatro, 11 e 18 de março de 2017. Segundo Weaver (1975/1993) o fator tempo define o jornalismo como relatos atuais sobre acontecimentos atuais (TRAQUINA, 2013, p. 35). Utilizar edições de ambos os 2

jornais em mesma data proporcionam melhor análise dos pontos de vista devido ao fato de que noticiam sobre o mesmo período e espaço geográfico, sendo mais nítido suas visões distintas sobre os fatos. Através deste artigo, espera-se comprovar as teorias jornalísticas citadas, auxiliando na compreensão das mesmas pelos acadêmicos da área. Além disso, também esclarecer aos leitores sobre a influência das rotinas de produção no produto jornalístico final que, em geral, vezes é visto como parcial e manipulador, exclusivamente. A produção jornalística envolve mais elementos do que a busca do jornalista em usar sua profissão para compartilhar suas ideias pessoais. 1. Teorias do Jornalismo Para compreender os processos jornalísticos envolvidos na produção dos jornais Folha Giruaense e O Butiá, é necessário resgatar os estudos e teorias do jornalismo elaborados ao longo do tempo. Ao avaliar a construção das capas dos jornais, questões ideológicas, sociais e econômicas entram em questão. Por isso, a teoria do newsmaking, gatekeeper e a organizacional são as elencadas para este estudo, pois englobam os fatores citados e esclarecerem pontos essenciais a respeito das seleções de conteúdo jornalístico. Também é levado em conta que essas teorias foram desenvolvidas a partir de análise de grandes meios de comunicação, sendo que os jornais do interior possuem peculiaridades que precisam ser consideradas de maneira diferenciada. 1.1. Teoria do Newsmaking A abordagem do newsmaking, como o nome propõe, enxerga o jornalista como um construtor das notícias. Como escreveu Bourdieu: os jornalistas têm lentes especiais através das quais veem certas coisas e não veem outras, e através das quais veem as coisas que veem da forma especial por que as veem (TRAQUINA, 2013, p.25). A partir desse ponto de vista, os veículos de comunicação não retratam exatamente o real, mas sim o que o jornalista vê e acredita ser real. Além disso, fatores como a rotina produtiva, políticas empresariais e as próprias concepções pessoais do 3

jornalista em relação aos valores-notícia e aos modelos de elaboração de uma matéria influenciam diretamente nesse resultado que se chama notícia. Na lógica da teoria, são muitos os elementos determinantes para produção jornalística, não somente os fatos em si. Os fatores como a apuração, a seleção de fontes, a elaboração da matéria, a escolha de ângulos, o tempo disponível para produção, as pressões sociais e o clima empresarial resultam na notícia final veiculada ao público. Dessa forma, o jornalista ao mesmo tempo é ativo na construção da realidade, mas não autônomo ao retratá-la. Portanto, embora o jornalista seja participante ativo na construção da realidade, não há uma autonomia incondicional em sua prática profissional, mas sim uma submissão a um planejamento produtivo. O que diminui a pertinência de alguns enfoques conspiratórios na teoria do jornalismo, como, por exemplo, o paradigma da manipulação da notícia (PENA, 2007, p. 129). Outro aspecto importante do newsmaking são os valores-notícia, que são critérios dos jornalistas para definir quais acontecimentos são significativos e interessantes para serem transformados em matéria. Segundo Galtung e Ruge, citados por Traquina (2013), a significância de um fato tem duas interpretações: uma diz respeito à relevância do acontecimento, isto é, ao impacto que poderá ter sobre o leitor e/ou ouvinte e a outra com a proximidade, nomeadamente a proximidade cultural. Ou seja, o impacto que uma notícia causará ao ser publicada e o quão perto ela está dos assuntos culturalmente relevantes aos leitores são a base dos valores-notícia que buscam por significado. Mauro Wolf divide os valores-notícia em critérios de seleção substantivos, critérios de seleção consensuais e critérios de construção. Para Wolf, os valores-notícia de seleção referem-se aos critérios que os jornalistas utilizam na seleção dos acontecimentos [...]. Os valores-notícia de seleção estão divididos em dois subgrupos: a) os critérios substantivos que dizem respeito à avaliação direta do acontecimento em termos de sua importância ou interesse de notícia; e b) os critérios contextuais que dizem respeito ao contexto de produção da notícia. [...] Os valores-notícia de construção são qualidades da sua construção como notícia e funcionam como linhas-guia para apresentação do material, sugerindo o que deve ser realçado, o que deve ser omitido, o que deve ser prioritário na construção do acontecimento como notícia (TRAQUINA, 2013, p. 75). 4

Entre os critérios de seleção substantivos encontram-se a proximidade geográfica, a comunidade jornalística, o tempo disponível, a notabilidade e a infração. Dentro dos critérios de seleção consensuais, estão a disponibilidade, a visualidade, a concorrência e o dia noticioso. E por fim, nos critérios de construção estão a simplificação, a amplificação, a relevância, a personalização, a dramatização, a consonância e a organização jornalística. 1.2. Teoria Organizacional Outra teoria que aborda os constrangimentos e a estrutura organizacional como fator determinante na produção jornalística é a teoria organizacional. Essa teoria deixa de lado o jornalista como indivíduo e a construção pessoal e individual da notícia para ampliar a compreensão empresarial do jornalismo. Os meios de comunicação também são negócio e, por isso, visam ao lucro como qualquer empresa. Dessa forma, o setor comercial interfere diretamente na produção da notícia através das captações de anúncio para sustentar a produção. O fator econômico é determinante na resposta dada à pergunta porque as notícias são como são (TRAQUINA, 2012, p.160). A principal receita das empresas jornalísticas do interior está na publicidade e nos anúncios, pois os números de tiragem não são altos. Por isso, os espaços para as matérias são determinados pelos espaços escolhidos anteriormente pelos anunciantes. Além disso, muitas matérias também são produzidas apenas com intuito de agradar o cliente ou são excluídas das edições por não estarem de acordo com os interesses desses clientes. As pautas escritas para agradar anunciante são chamadas nas redações como matéria 500. A dimensão econômica enfatiza a percepção da notícia como um produto que deve ser inserido na relação existente entre o produtor e o cliente e satisfazer as exigências do cliente (TRAQUINA, 2012, p. 161). Sendo assim, os constrangimentos organizacionais têm muita importância sobre a atividade profissional do jornalista, pois o mesmo segue as normas editoriais da sua empresa acima de suas crenças e concepções pessoais. Especificamente em empresas do 5

interior, esses constrangimentos não dizem respeito tanto à relação de empregador e empregado, como proposto pela teoria. Entretanto, ela é essencial para compreender as relações de produção e lucro, pois o jornalista não produz somente conteúdo relacionado a sua própria visão e valores de mundo, mas também o que seu cliente demanda. 1.3. Teoria do Gatekeeper O conceito dessa teoria baseia-se em uma metáfora em que o jornalista é um porteiro que seleciona o que entra e sai de informações para a população. Suas decisões determinam se uma notícia morre ou vive para o público, e também se alguma informação será divulgada ou ocultada em uma matéria. David Manning White (1950) foi o estudioso que observou a rotina de construção de um jornal dos Estados Unidos. Percebeu ao longo de sua análise a forte presença de critérios para incluir ou excluir informações distribuídas na população. Alguns dos critérios observados foram: falta de espaço, repetição de assunto e falta de interesse jornalístico ou fora da área de interesse jornalístico do jornal. Segundo Penna (2007), essa teoria afirma que os filtros utilizados pelos jornalistas são subjetivos e arbitrários, relacionando-se às suas opiniões e valores pessoais e profissionais. Dessa forma, o gatekeeper se assemelha a abordagem do newsmaking com os valores-notícia. 2. Análise das capas dos jornais Folha Giruaense e O Butiá Serão analisados os jornais Folha Giruaense e O Butiá, ambos de circulação semanal aos sábados no município de Giruá e região. As edições selecionadas para análise foram de quatro, 11 e 18 de março de 2017. O Folha Giruaense foi fundado por Arno Kegler (falecido em 2016), sendo agora administrado pelo seu filho Régis Kegler. Possui tiragem média de dois mil jornais por edição. O jornal O Butiá começou a circular em 2015 e seu proprietário é o jornalista Eugênio Thomas Netto. Possui tiragem média de 800 exemplares distribuídos por edição. 6

Figura 1.Capa do Folha Giruanese de 04.03.2017 Figura 2. Capa do O Butiá de 04.03.2017 Figura 3.Capa do Folha Giruanese de 11.03.2017 Figura 4. Capa do O Butiá de 11.03.2017 7

Figura 5.Capa do Folha Giruanese de 18.03.2017 Figura 6. Capa do O Butiá de 18.03.2017 2.1. Análise a partir da perspectiva da Teoria Newsmaking Com relação à maior chamada da capa do jornal Folha Giruaense da edição de quatro de março de 2017 (Figura 1), Alunos da Rede Municipal voltaram às aulas Senador Salgado Filho, o editor responsável e também único funcionário do jornal Régis Kegler explicou que procura sempre abranger as notícias de Senador Salgado Filho, cidade pequena vizinha de Giruá, para atrair mais assinantes de lá. Sobre as fontes utilizadas, ele também afirmou usar apenas os releases da prefeitura de Senador. Estou tentando agradá-los. Temos um compromisso de sempre publicar algo sobre Senador, inclusive tem a página de Senador (Régis Kegler). Esse critério utilizado por Régis para a seleção da matéria principal é um exemplo aplicável ao conceito de Wolf, explicado por Traquina (2013), sobre o valor-notícia de seleção substantivo de proximidade, onde o jornalista leva em conta aspectos de proximidade geográfica e cultural, priorizando assuntos relevantes a comunidade local. Também podemos identificar o valor-notícia de seleção consensual 8

de disponibilidade. Como o proprietário do jornal não dispõe de jornalistas para cobrir todas as notícias, utiliza do material produzido por assessoria de imprensa. Com relação à capa da mesma data do jornal O Butiá (Figura 2), a chamada de maior destaque é Saldo histórico: Fabiam e Elton deixam R$2,1 milhões em caixa, abordando a notícia da prestação de contas da administração anterior de Giruá. O jornal também utilizou a contracapa com dois boxes para informações detalhadas do relatório apresentado pelo ex-prefeito. Questionado sobre seus motivos, o jornalista Eugênio Thomas Netto explicou que o próprio título revela seu motivo histórico. Ele afirma que nenhuma gestão anterior demonstrou tal fato, que não encontrou em pesquisa nenhum gestor que deixou mais de R$50 mil sem fins destinados. O critério de seleção substantivo de notabilidade enquadra-se bem no argumento utilizado por Eugênio pois, como Nelson Traquina (2013) explica, quanto maior são os números de um acontecimento envolvendo pessoas importantes, maior é a importância do assunto. Além disso, o valor-notícia de construção nomeado amplificação também engloba a linguagem do jornalista como fator determinante no impacto da notícia, que quanto mais apelativa, mais visível e relevante tornará a matéria. A outra matéria de destaque nas chamadas de O Butiá foi: Dia de campo inédito reuniu produtores de 12 municípios. Eugênio explicou que essa pauta foi incluída na capa devido à foto que encaixava-se no cabeçalho que o jornal sempre seleciona. A foto alta da capa tem que ser uma foto que se enquadre nas proporções. [...] Nem todas as fotos a gente consegue (Eugênio Thomas Netto). Desse modo, o valor-notícia utilizado foi de visualidade, pois a existência do material visual necessário para a capa foi determinante para a notícia ganhar destaque na edição. Na edição de 11 de março, o jornal O Butiá (Figura 4) utilizou como única manchete a matéria Novas exigências para venda de carnes e frios causam polêmica e contestações. Ela demonstra uma questão relevante sobre a construção textual que foi a 9

busca do jornalista por trazer significado ao leitor, que é explicado pelo valor-notícia de construção relevância e também pelo valor-notícia de seleção substantiva comunidade jornalística. Eugênio explicou sua escolha para essa capa foi por esclarecer essa polêmica. Também abordou o impacto que a mudança na regulamentação da venda de frios tem sobre o consumidor, que paga mais caro. Compete ao jornalista tornar o acontecimento relevante para as pessoas, demonstrar que tem significado para elas (TRAQUINA, 2013, p. 89). Já a matéria de cabeçalho de O Butiá nesta edição não foi escolhida por questões visuais, mas sim interesse cultural. Se melhorar, estraga foi a chamada da foto alta, fazendo referência a citação do entrevistado da matéria com relação à colheita de soja prevista. Como a base econômica da região é agricultura, esse assunto interessa um grande público do jornal. Para Giruá, soja diz tudo, move nossa economia. Então o assunto interessa a maioria dos leitores (Eugênio Thomas Netto). Com relação ao jornal Folha Giruaense da mesma data (Figura 3), a publicidade da Feira de Não-Me-Toque RS, juntamente com a chamada A Folha Giruaense esteve em Não-Me-Toque em uma das maiores feiras do agronegócio do Brasil, teve a experiência pessoal do proprietário do jornal como impulsionador. Ele contou que sua primeira vez na feira foi um momento especial para ele. Me impressionei, por isso resolvi valorizar isso (Régis Kegler). A outra matéria com destaque na capa é Implantação da Secretaria Municipal de Agricultura em fase de conclusão, vinda da assessoria de imprensa da prefeitura de Giruá. Além do aspecto já citado do contrato com a administração municipal, Régis também explicou que sua opinião pessoal entrou em conta. Ele acredita que a secretaria em fase de criação será um progresso para o município. Novamente, a opinião pessoal do editor entrou em questão no momento da escolha do posicionamento do jornal. Na terceira edição analisada, ambos os jornais incluíram a mesma pauta policial na capa. No veículo Folha Giruaense (Figura 5) a matéria aparece com menor espaço, mas em destaque com a foto: Operação policial desarticula esquema de tráfico de 10

drogas na região de Santa Rosa e Três de Maio, enquanto no O Butiá (Figura 6) a chamada principal é: Polícia desmonta rede de tráfico na região e prende 21 acusados com auxílio de Giruá. O jornalista de O Butiá explica que a relação com a equipe policial de Giruá o motivou a dar destaque à matéria. Esse link com Giruá motiva, mesmo que foi em Santa Rosa, pois a delegacia daqui ajudou. É uma maneira de vincular. Temos que jogar para nossa realidade (Eugênio Thomas). Dessa forma, percebemos novamente o valor-notícia de seleção substantivo de proximidade, onde se leva em conta aspectos de proximidade geográfica. Além disso, o critério de seleção consensual dia noticioso também foi utilizado pelo jornalista: Tem semanas pobres, que não tem notícias grandes a nível de Giruá (Eugênio Thomas). Como explica Traquina (2013), há dias ricos em acontecimentos com valor-notícia e outros dias pobres em acontecimentos com valor-notícia. Eugênio também cita o apelo que há em notícias relacionadas à segurança pública. É o que vende, a gente tem experiência, sabe que algo de violência, um crime, uma morte, o jornal vende mais (Eugênio Thomas). Esse critério foi utilizado também pelo proprietário do Folha Giruaense. Segundo ele, a maior parte das pessoas gosta de ver tragédia, por isso inclui notícias policiais sempre na capa. Esse é o valor notícia substantivo chamado por Wolf de infração, onde é valorizado qualquer aspecto de violação, transgressão das regras (TRAQUINA, 2013, p.82) Além disso, nessa mesma edição o jornal Folha Giruaense optou por colocar a chamada Hospital São José conta com nova administração em uma tentativa de matéria exclusiva comparada ao concorrente. Régis explicou que a sugestão de pauta chegou de um relacionamento pessoal dele. A importância demonstrada pelo empresário por seu jornal noticiar algo que seu concorrente não tinha acesso, relaciona-se com o valor-notícia de seleção consensual de concorrência, que é explicada por Traquina (2013): 11

a procura do scoop ( o furo ) é uma lógica que intensifica a natureza concorrencial da atividade jornalística. [...] Os jornalistas e empresas jornalísticas procuram uma situação em que têm o que a concorrência não tem (TRAQUINA, 2013, p. 86,87). Com relação à final da Copa 7 de Futebol de Giruá, somente o Folha incluiu chamada na capa, mesmo que ambos os jornais tenham noticiado na parte interna do jornal. Régis justifica o título AABB e ASSOCRUZ disputam grande final, sexta-feira, dia 17 como uma forma de valorizar o esporte promovido no município. Muitas pessoas reclamam que nós não damos ênfase ao esporte. Então como nessa final iriam muitas pessoas, buscamos agradá-las (Régis Kleger). Dessa forma, retorna os valores-notícia substantivos de proximidade e notabilidade, pois o editor Régis buscou valorizar o assunto por ser de interesse para a comunidade próxima e também haverem muitas pessoas interessadas no evento. 2.2. Análise a partir da perspectiva da Teoria Gatekeeper A primeira edição analisada dos jornais Folha Giruaense (Figura 1) e O Butiá (Figura 2) foi distribuída em quatro de março de 2017. Observou-se que as capas não apresentavam as mesmas notícias em destaque. Inclusive, as notícias escolhidas por Folha Giruaense não foram citadas nem na capa, nem dentro da edição de O Butiá, assim como as notícias de capa de O Butiá não se encontravam internamente no jornal Folha Giruaense. Sendo assim, podemos perceber que o mesmo período de acontecimentos em um mesmo espaço geográfico não resultou em capas iguais, nem mesmo parecidas, pois cada jornal teve seu ponto de vista em relação ao que eram as notícias destaque da semana. Esse é um exemplo nítido da atividade jornalística abordada pela teoria do gatekeeper, onde o indivíduo pode determinar a morte ou vida de uma matéria, utilizando seus conceitos pessoais. Com relação às capas de 11 de março, ambos os jornais tiveram mais anúncios do que chamadas para matérias. No caso do jornal O Butiá somente houve espaço para uma matéria e uma chamada de cabeçalho. Sendo assim, houve a morte de muitas 12

matérias para que houvesse espaço para as publicidades, sendo que os editores fizeram essa seleção de quais permaneceriam e aquelas que não seriam noticiadas. Na terceira edição analisada, ambos os jornais incluíram a mesma pauta policial na capa. No veículo Folha Giruaense a matéria aparece com menor espaço, mas em destaque com a foto: Operação policial desarticula esquema de tráfico de drogas na região de Santa Rosa e Três de Maio, enquanto no O Butiá a chamada principal é: Polícia desmonta rede de tráfico na região e prende 21 acusados com auxílio de Giruá. O jornalista de O Butiá explica que a relação com a equipe policial de Giruá o motivou a dar destaque à matéria. Esse link com Giruá motiva, mesmo que foi em Santa Rosa, pois a delegacia daqui ajudou. Tem semanas pobres, que não tem notícias grandes a nível de Giruá (Eugênio Thomas). Esse aspecto é abordado pela teoria do gatekeeper, sendo que os pesquisadores percebiam que quando o volume de notícias de um período era maior, mais notícias morriam por falta de espaço, e quando o volume era menor, notícias com menor relevância eram pautadas. 2.3. Análise a partir da perspectiva da Teoria organizacional Com relação à primeira edição analisada da Folha Giruaense (Figura 1), o proprietário Régis Kegler explicou utilizar os releases da Prefeitura de Giruá. Esse elemento enquadra-se na questão organizacional do jornal, pois sendo necessários os recursos provenientes da Prefeitura, o jornal busca agradar esse cliente com notícias que destacam a administração municipal. Como temos contrato com eles (Prefeitura) de uma página inteira, sempre colocamos uma chamada de suas notícias na capa (Régis Kegler). Em ambos os jornais de de 11 de março, as capas tiveram mais anúncios do que chamadas para matérias. No Folha Giruaense (Figura 3) foram três anúncios sendo dois pagos, e em O Butiá (Figura 4) foram dois anúncios pagos. Desse modo, podemos perceber a prioridade do material pago comparado às informações do jornal. O editor do 13

Folha inclusive afirmou que se os clientes quisessem mais em cima, seria mais em cima, pois vende o espaço que o cliente pedir. Esse aspecto da preocupação com o balanço das receitas e despesas da empresa jornalística é um dos principais aspectos da teoria organizacional. No caso do jornal O Butiá somente houve espaço para uma matéria e uma chamada de cabeçalho. Novas exigências para venda de carnes e frios causam polêmica e contestações é a matéria principal. Sendo assim, o conteúdo jornalístico e a opinião do editor foram deixadas de lado para que houvesse mais espaço para publicidades, que são o sustento da empresa. Na Folha Giruaense, a publicidade da Feira de Não-Me-Toque RS, juntamente com a chamada A Folha Giruaense esteve em Não-Me-Toque em uma das maiores feiras do agronegócio do Brasil, teve como objetivo promover um link com a matéria paga interna da empresa Saagro, que esteve presente na Feira e auxiliou financeiramente o jornal a acompanhar o evento. Considerações finais A partir da análise da construção das capas de dois jornais distintos de um mesmo município do interior, noticiando o mesmo período jornalístico, é possível perceber as diferenças no processo de seleção das notícias, como também no resultado final distribuído para a população. Cada meio possui sua maneira de ver a realidade e reproduzi-la através das narrativas e dos apoios visuais. Os jornais do interior costumam poupar em funcionários para manter margem de lucro no negócio. O proprietário pode ser o próprio repórter e ao mesmo tempo pauteiro, editor e diagramador. Esse fator influencia na produção jornalística distribuída para a população, pois na maioria das vezes o ponto de vista do proprietário é o único que existe, mantendo uma monarquia das informações relevantes segundo sua opinião. Através do artigo, pode-se perceber as teorias jornalísticas newsmaking, gatekeeper e organizaciona l no processo construtivo dos jornais. A abordagem do newsmaking, como o nome propõe, enxerga o jornalista como um construtor das 14

notícias, explicando os valores-notícia que predominam nas escolhas dos jornalistas. A partir desse ponto de vista, os veículos de comunicação não retratam exatamente o real, mas sim o que o jornalista vê e acredita ser real. Com a teoria do gatekeeper, identificou-se que haviam filtros subjetivos utilizados pelos jornalistas relacionando-se às suas opiniões e valores pessoais e profissionais. Dessa forma, algumas notícias passavam pelo filtro, e outras não. O jornalista determina, então, a morte de uma pauta através da sua seleção. Um exemplo que se destacou para comprovação dessa teoria foi a primeira edição analisada, onde o jornal O Butiá matou as notícias que foram capa na Folha Giruaense, e bem como a Folha Giruaense bloqueou as pautas da capa de O Butiá. Enquanto isso, a teoria organizacional deixa de lado o jornalista como indivíduo e a sua construção pessoal da notícia, para ampliar a compreensão empresarial do jornalismo, sendo que os meios de comunicação também são negócio e, por isso, visam o lucro como qualquer empresa. Sendo assim, fatores como pedido de anunciantes e publicação de releases, entram em questão para as escolhas jornalísticas no que diz respeito aos espaços, e também a abordagem editorial. Para jornais do interior, de uma maneira ainda mais significativa, a principal receita das empresas jornalísticas está na publicidade e nos anúncios. Por isso, os espaços para as matérias são aqueles que sobram dos anunciantes. Conclui-se que há influência das rotinas de produção no produto jornalístico final, que muitas vezes é visto como imparcial e manipulador, exclusivamente. Sendo que, na verdade a produção jornalística envolve mais elementos do que a busca do jornalista em usar sua profissão para compartilhar suas ideias pessoais. Referências bibliográficas PENA, F. Teorias do Jornalismo. São Paulo: Ed. Contexto, 2007. TRAQUINA, N. Teorias do Jornalismo : Porque as notícias são como são V. I. Florianópolis: Ed. Insular, 2012. TRAQUINA, N. Teorias do Jornalismo : A tribo jornalística uma comunidade interpretativa transnacional - V. II. Florianópolis: Ed. Insular, 2013. 15