ARTIGO COM APRESENTAÇÃO BANNER - RECURSOS HÍDRICOS

Documentos relacionados
Mananciais de Abastecimento. João Karlos Locastro contato:

GESTÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS EM ÁREAS URBANAS

Ciclo hidrológico: ciclo fechado no qual a água de movimenta

DIAGNÓSTICO DA UTILIZAÇÃO DE CISTERNAS PARA ARMAZENAMENTO DE ÁGUAS PLUVIAIS NO SERTÃO PARAIBANO

SANEAMENTO BÁSICO DRENAGEM URBANA. Prof. Silvana Ferreira Bicalho

PLANO DA BACIA DO RIO MOGI GUAÇU

Título: Relação da água da chuva com os poços de abastecimento público do Urumari em Santarém Pará, Brasil. Área Temática: Meio Ambiente

DIAGNÓSTICO DO SANEAMENTO BÁSICO REALIZADO NOS BAIRROS VILA DA AMIZADE, OLARIA NORTE E SÃO LUIZ I, NO MUNICÍPIO DE CONCEIÇÃO DO ARAGUAIA - PA

Fatores de risco à saúde humana relacionados ao consumo humano de água de mananciais subterrâneos Gerenciamento e Controle.

Graduando em Engenharia Ambiental e Sanitária do Centro Universitário de Patos de Minas - UNIPAM. (2)

Tratamento de Água para Abastecimento

UTILIZAÇÃO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO MUNICÍPIO DE PARAÍSO DO TOCANTINS

QUALIDADE DE ÁGUA DE POÇO DE ABASTECECIMENTO DA CIDADE DE DELTA-MG

ÁGUA. Notas sobre a crise e sobre a situação do saneamento no Brasil

ANÁLISE DO SISTEMA DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO DO MUNICÍPIO DE CAMBUQUIRA

OUTRAS MEDIDAS DE IMPORTÂNCIA SANITÁRIA

Ocorrência de nitrato no sistema aquífero Bauru e sua relação com a ocupação urbana no município de Marília.

ABASTECIMENTO DE ÁGUA NO MUNICIPIO DE CONCEIÇÃO DO ARAGUAIA PARÁ

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS - UFPEL CENTRO DE ENGENHARIAS - CENG DISCIPLINA: SISTEMAS URBANOS DE ÁGUA E ESGOTO

O ABASTECIMENTO DE ÁGUA NO BAIRRO ÁREA VERDE EM SANTARÉM/PA

DIAGNÓSTICO DOS POÇOS TUBULARES E A QUALIDADE DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO MUNICIPIO DE JUAZEIRO DO NORTE, CEARÁ

Qualidade da Água em Rios e Lagos Urbanos

POLUIÇÃO AMBIENTAL: DIAGNÓSTICO DAS FONTES CONTAMINANTES DO CÓRREGO DE TANQUES

Recursos Hídricos. A interação do saneamento com as bacias hidrográficas e os impactos nos rios urbanos

Ciências do Ambiente

ANÁLISE DOS INDICES PLUVIÓMETRICOS NO RESERVATÓRIO HIDRICO NO SEMIÁRIDO

ARTIGO COM APRESENTAÇÃO BANNER - RECURSOS HÍDRICOS

Escola Politécnica da Universidade de São Paulo PHD2537 Água em Ambientes Urbanos

CALHA PET CONSTRUÇÃO DE CALHAS DE GARRAFA PET PARA APROVEITAMENTO DA ÁGUA DA CHUVA E REDUÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

Política de Combate a Inundações de Belo Horizonte. Prefeitura de Belo Horizonte

PROBLEMAS SÓCIOAMBIENTAIS URBANOS RELACIONADOS AO ABASTECIMENTO DE ÁGUA DA REGIÃO METROPOLITANA DE BELÉM-PA. RESUMO

ESTUDO DA QUALIDADE DA ÁGUA DE ABASTECIMENTO EM COMUNIDADES RURAIS DE UM MUNICÍPIO DO CENTRO-OESTE DE MINAS GERAIS

Tema 4 Uso da Água Subterrânea na RMSP

(Adaptado de Revista Galileu, n.119, jun. de 2001, p.47).

ESTRATÉGIAS DE CONVIVÊNCIA COM O SEMIÁRIDO: UM CASO PARTICULAR

MONITORAMENTO DA VAZÃO NAS NASCENTES DA SERRA DA CAIÇARA, MARAVILHA NO SEMIÁRIDO ALAGOANO.

Chuvas Intensas e Cidades

Prof. Vital Pedro da Silva Paz

DIAGNÓSTICO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS NO MUNICÍPIO DE VILA NOVA DO SUL / RS AUTORES: Autor: Diego Silveira Co-autor: Carlos Alberto Löbler Orientador:

DIAGNÓSTICO DO SANEAMENTO BÁSICO RURAL NO MUNICÍPIO DE PORTO DO MANGUE/RN, SEMIÁRIDO BRASILEIRO

Indústria Comércio Resíduo Acidentes Desconhecida. Figura Distribuição das áreas contaminadas em relação à atividade (CETESB, 2006).

Sistema de Abastecimento de Água - SAA. João Karlos Locastro contato:

ALTERNATIVA DE TRATAMENTO DE ÁGUA DE ABASTECIMENTO PARA ÁREAS RURAIS

O MODELO FPSEEA/OMS NA CONSTRUÇÃO DE INDICADORES DE SAÚDE AMBIENTAL

DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS NO SOLO ATERROS DE RESÍDUOS

Riscos para os aquíferos decorrentes da não selagem/isolamento de captações

DIGNÓSTICO DA DEGRADAÇÃO AMBIENTAL PRÓXIMO A DESEMBOCADURA DO EIXO LESTE DA TRANSPOSIÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO

do acúmulo de resíduos (sobretudo os orgânicos, animais mortos, borrachas, plásticos, papeis, etc.), causando desconforto socioambiental.

GESTÃO AMBIENTAL E GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS

Monitoramento da qualidade das águas de fontes alternativas de abastecimento do Bairro dos Ingleses- Florianópolis/SC (1)

REFLEXÃO SOBRE OS SERVIÇOS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA E DE ESGOTO DA CIDADE DE POMBAL PB

ESGOTAMENTO SANITÁRIO AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO DO MUNICÍPIO DE ARROIO GRANDE/RS

Rua Nereu Ramos, 580, Centro, São Lourenço do Oeste CEP FONE (0xx)

TÍTULO DO TRABALHO: Comitê de Bacia Hidrográfica - Poderosa Ferramenta para o Saneamento - Experiência do Baixo Tietê.

ÁGUA SUBTERRÂNEA: USO E PROTEÇÃO

Álvaro Menezes e Pedro Scazufca

Acadêmicas 2 ano do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Estadual de Goiás Unidade de Morrinhos.

José Cláudio Viégas Campos 1 ; Paulo Roberto Callegaro Morais 1 & Jaime Estevão Scandolara 1

Brenda Gonçalves Piteira Carvalho (AUTOR PRINCIPAL) Universidade Federal do Pará

Professor Thiago Espindula - Geografia. Subterrânea. Gráfico (disponibilidade de água)

5/11/2009. O impacto da ocupação do solo na qualidade de água. SOLO é um componente fundamental do ecossistema terrestre SOLO

ÁGUA. Profa. Dra. Susana Segura Muñoz EERP/USP 1

MODELAGEM DA QUALIDADE DA ÁGUA SUBTERRÂNEA NA ÁREA DO CAMPUS DA UFMG PROHBEN; AVALIAÇÃO PRELIMINAR.

REGULAÇÃO E MONITORAMENTO DE ÁGUA SUBTERRÂNEA NO ESTADO DE MINAS GERAIS

IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS E A TRANSPOSIÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO: UM OLHAR SOBRE O EIXO LESTE

Uso Racional e Reúso da Água NECESSIDADES E DESAFIOS

INFLUÊNCIA DE FOSSAS NEGRAS NA CONTAMINAÇÃO DE POÇOS SUBTERRÂNEOS NA COMUNIDADE VILA NOVA, ITAIÇABA-CEARÁ 1

Proteção de recursos hídricos subterrâneos Proteção de captações de água subterrânea

GERENCIAMENTO DA ÁGUA SUBTERRÂNEA NO CURIMATAÚ ORIENTAL PARAIBANO: ANÁLISE DO MUNICÍPIO DE ARARUNA-PB

Gestão de Inundações urbanas. Dr. Carlos E M Tucci Rhama Consultoria e IPH - UFRGS

A PROBLEMÁTICA DA SEMIARIDEZ NO SERTÃO PARAIBANO

QUANTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE POÇOS PERFURADOS NA ZONA RURAL DO MUNICIPIO DE QUEIMADAS PB

INTRODUÇÃO À QUALIDADE DAS ÁGUAS E AO TRATAMENTO DE ESGOTOS

CC54Z - Hidrologia. Definições, aspectos gerais e o ciclo hidrológico. Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Desafios do Saneamento em Comunidades Isoladas. Câmara Técnica de Saneamento e Saúde em Comunidades Isoladas ABES São Paulo

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba, campus Campina Grande-PB

Sustentabilidade e uso de água: a Paraíba no contexto da discussão

Água Subterrânea e o Abastecimento Urbano no Rio Grande do Sul

RESÍDUOS SÓLIDOS e ÁREAS CONTAMINADAS. Profa. Dra. Wanda M. Risso Günther FSP/USP

Itaúna, 15 de setembro de Cacimbas são construídas pelo SAAE na região do Córrego do Soldado

MAPEAMENTO E QUALIDADE DE POÇOS PROFUNDOS NA ÁREA CENTRAL DE VIDEIRA - SC

¹ Universidade Federal de Campina Grande

Planejamento Territorial e Saneamento Integrado

RECURSOS HÍDRICOS. Prof. Marcel Sena Campos (65)

12/04/2017 ÁGUA. Profa. Dra. Susana Segura Muñoz EERP/USP. A água é um recurso esgotável? Situação dos recursos hídricos no Brasil

A água Subterrânea: Um tesouro invisível que usamos e devemos cuidar.

Boletim Epidemiológico VIGIAGUA

AÇÕES DA VIGILÂNCIA EM ÁREAS DE RISCO

ENGENHARIA DE AGRIMENSURA E CARTOGRÁFICA HIDROLOGIA. Hidrologia & Ciclo Hidrológico. Prof Miguel Angel Isaac Toledo del Pino CONCEITO ATUAL

SISTEMA DE TRATAMENTO INDIVIDUAL DE ESGOTO SANITÁRIO

Agua Subterrânea no Semiárido Nordestino

INFORMAÇÕES DE SUPORTE. Alvo de Atuação 2. Aumentar a resiliência do território da BIG frente às variações na disponibilidade hídrica.

FOTO: BERNARDO VAZ. tecnologias sociais em saneamento rural

Transcrição:

ARTIGO COM APRESENTAÇÃO BANNER - RECURSOS HÍDRICOS AVALIAÇÃO DOS MANANCIAIS USADOS PARA O ABASTECIMENTO EM COMUNIDADES RURAIS DO MUNICÍPIO DE BARCARENA-PARÁ NAYANNE IOLY ALMEIDA BARBOSA, FRANCIANI PANTOJA MENEZES, LINDEMBERG LIMA FERNANDES Os mananciais subterrâneos são recursos naturais utilizados como fonte para o abastecimento de grande parte da população brasileira em áreas rurais, e em cidades que não possuem acesso à rede pública de abastecimento. Este estudo teve como objetivo avaliar os poços freáticos usados para o abastecimento em seis comunidades (Maricá, Tauaporanga, Turuí, Aicaraú, Santa Maria e Trambioca) situadas na zona rural no Município de Barcarena-Pará. Foi feita uma pesquisa bibliográfica e de campo, onde buscou-se informações pertinentes à realidade das comunidades estudadas no que se refere aos aquíferos utilizados como fonte (poços) para o abastecimento. Os resultados mostraram que há uma predominância, de poços com menos de 20 metros de profundidade, são poços tubulares e poços escavados manualmente, sem qualquer preocupação técnica ou cuidados de higiene e constituem um risco potencial na condução de cargas poluentes até as camadas mais profundas. Palavras-chave: Cargas poluentes; Poços; Zona rural. INTRODUÇÃO De acordo com a Fundação Nacional de Saúde (FUNASA, (2006)), manancial para abastecimento é toda fonte de água utilizada para o abastecimento doméstico, comercial, industrial e outros fins, e quanto à origem podem ser classificados em: manancial superficial, que escoa na superfície terrestre, compreendendo os córregos, ribeirões, rios e reservatório artificiais; manancial subterrâneo, que se encontra totalmente abaixo da superfície terrestre, compreendendo os lençóis freático e profundo, tendo sua captação feita através de poços rasos ou profundos ou pelo aproveitamento das nascentes e as águas meteóricas, que compreendem as águas existentes na natureza na forma de chuva, neve ou granizo. Os mananciais subterrâneos são recursos naturais utilizados como fonte para o abastecimento de grande parte da população brasileira em áreas rurais, e nas cidades que não

possuem acesso à rede pública de abastecimento ou o abastecimento é irregular. Os mananciais subterrâneos encontram-se relativamente melhor protegidos dos agentes de contaminação que afetam rapidamente a qualidade das águas dos rios, na medida em que ocorre sob uma zona não saturada, ou estão protegidos por uma camada relativamente pouco permeável. Mas estão sujeitos a impactos ambientais. O crescente aumento do consumo de água, seja pelo aumento da população mundial ou pelas taxas de consumo per capita, é o responsável pelo uso cada vez mais intenso dos recursos hídricos subterrâneos. Segundo Heller (2010) poços rasos ou profundos, tubulares ou escavados são amplamente utilizados para captar água subterrânea. Como consequência são verificados sérios problemas como: redução dos níveis dos lençóis freáticos, da produtividade dos poços e desaparecimento de nascentes. As águas subterrâneas estão cada vez mais poluídas, sendo as principais fontes de poluição os efluentes domésticos, industriais e agrícolas. No Brasil, a poluição dos recursos hídricos ameaça o abastecimento de milhões de indivíduos. A qualidade das águas encontra-se comprometida pela poluição, onde quase 90% dos esgotos produzidos no Brasil são lançados sem tratamento nos corpos hídricos, constituindo-se em um das maiores fontes de degradação do meio ambiente. A agricultura contamina a água com fertilizantes, inseticidas, que são carregados pela chuva ou infiltrados no solo, atingindo os mananciais que abastecem os poços. Segundo Silva; et al. (2001), a escolha do manancial é uma decisão de grande importância e responsabilidade em um projeto de abastecimento de água. O processo de escolha deve levar em conta diversos aspectos, como a qualidade e quantidade de água disponível, acesso, disponibilidade de energia elétrica, desnível e distância até o ponto de consumo, entre outros fatores que somam para a melhor alternativa. A qualidade da água é de extrema importância, especialmente quando se trata do abastecimento humano. Mas este uso tem sofrido restrições em função das ações antrópicas, que alteram aspectos de qualidade e quantidade de água disponível, podendo torná-la escassa e/ou imprópria para o consumo. Segundo Giampá e Gonçales (2013), a qualidade da água é representada pela qualidade da amostra de água cujos parâmetros (físicos, químicos e microbiológicos) atendem os requisitos de uso. Para Von Sperling (2005), o abastecimento doméstico representa o uso mais nobre da água o qual requer vários critérios de qualidade. Na zona rural e na periferia das cidades brasileiras é comum para as famílias o uso de poços para suprir as necessidades de abastecimento de água (NANES; et al. 2012). Tsutiya, (2006) afirma que os principais fatores que alteram a qualidade da água dos mananciais são: urbanização; erosão e assoreamento;

recreação e lazer; indústrias e minerações; resíduos sólidos; córregos e águas pluviais; resíduos agrícolas e esgotos domésticos. A captação subterrânea tende a criar condições para que a água seja retirada do manancial em quantidade suficiente para atender o consumo, de forma racional e econômica, de acordo com as necessidades da população envolvida. Os mananciais subterrâneos segundo Heller e Pádua (2010), podem ser considerados recursos estratégicos, na medida em que sua exploração não é afetada pela ocorrência de eventos catastróficos como terremotos, erupções vulcânicas e guerras. E geralmente apresentam características que atendem aos padrões de potabilidade e são isentas de bactérias normalmente encontradas em águas superficiais. OBJETIVO Avaliar os mananciais subterrâneos usados para o abastecimento em comunidades rurais do Município de Barcarena-Pará. METODOLOGIA Área de Estudo O município de Barcarena, foi criado pelo Decreto nº 4.505/1943, possui uma área de aproximadamente 1.316,2 Km², limita-se ao norte com a baía de Guajará e o município de Belém, ao Sul com os municípios de Moju e Abaetetuba, a Leste a Baía de Guajará e o município de Acará e a oeste com a Baía do Marajó. O município pertence à Mesorregião Metropolitana de Belém. O principal acidente hidrográfico do município é o Rio Pará, em sua maior abertura para nordeste, compõe com outras contribuições hídricas, o Golfão Marajoara. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2013), sua população está estimada em 109.975 habitantes. O município é atualmente formado pelo Distrito Sede, Distrito de Murucupi, Distrito de Vila do Conde, além de importantes localidades, como Vila dos Cabanos, Pioneiro, Estrada e Ilhas. A cidade é um importante pólo industrial, onde é feita a industrialização, beneficiamento e exportação de caulim, alumina, alumínio e cabos para transmissão de energia elétrica. A economia tem base tradicional na agricultura, mas também avança com o turismo e com as indústrias instaladas na cidade, gerando crescimento econômico para o município e para o Estado do Pará. A Figura 1 mostra a delimitação do Município de Barcarena. Segundo a Prefeitura Municipal de Barcarena (PMB, 2010), o município é abastecido pela rede publica, por poços escavados, artesianos e tubulares, além de igarapés. A principal

forma de abastecimento de água é feita por poços, com mais de 50% de predominância. Sendo que os poços escavados (amazonas) prevalecem em relação aos poços artesianos. Já o abastecimento através da rede pública é de 40% e por igarapés não ultrapassa o 1%. Figura 1 Mapa de localização do Município de Barcarena-PA. O Clima de Barcarena faz parte do clima quente equatorial úmido sendo, na classificação de Köppen, do tipo Am. A temperatura média anual é de 27º C, com amplitude térmica mínima. Precipitações abundantes, acima de 2.500 mm por ano, ocorrem mais nos seis primeiros meses e, menos intensamente, nos últimos meses do ano. Coleta de Dados O presente estudo foi realizado em seis comunidades (Maricá, Tauaporanga, Turuí, Aicaraú, Santa Maria e Trambioca) situadas na Zona rural do Município de Barcarena-PA. Foi feita uma pesquisa bibliográfica. As informações sobre as características dos poços tais como: profundidade, localização, tipo de captação e condições sanitárias, foram coletadas através de pesquisa de campo.

A pesquisa foi realizada entre os meses de fevereiro e abril de 2016, onde em cada comunidade foi avaliado um manancial (poço) e realizado o registro fotográfico. Esses poços foram escolhidos por estarem em funcionamento e se tratarem de soluções alternativas coletivas de abastecimento, onde mais de uma família utilizava a água desses poços para suprirem suas necessidades. RESULTADOS Nas comunidades Maricá, Tauaporanga, Turuí, Aicaraú, Santa Maria e Trambioca, há uma predominância, de poços com menos de 20 metros de profundidade, alguns perfurados manualmente, sem qualquer preocupação técnica ou cuidados de higiene. A profundidade dos poços segundo Capp; et al. (2012), é uma das características que podem estar relacionada à qualidade da água, pois a profundidade pode reduzir a possibilidade de contaminação por substâncias que possuem baixa mobilidade no solo. Esses poços escavados, bem como os poços tubulares rasos, construídos sem critérios técnicos constituem um risco potencial na condução de cargas poluentes até as camadas mais profundas. A água nessas comunidades é utilizada sem nenhum tratamento, deixando a população local vulnerável a doenças de veiculação hídrica. Na Figura 2, observamos um poço totalmente desprotegido, sendo utilizados pedaços de madeira, corda e sacos para o tamponamento e selo sanitário. Este manancial está vulnerável a contaminação através do escoamento de águas existentes na superfície do terreno e enxurradas que podem atingir o interior do poço, facilitando a entrada de objetos contaminados, animais, e etc. Figura 2 Poço tubular na Comunidade Aicaraú

A Figura 3 mostra um poço tubular, com 18 metros de profundidade, construído próximo a uma fossa, onde não foi respeitada a distância mínima de 15 metros entre o poço e a fossa conforme recomendações da FUNASA (2006). Sendo que a escolha do local para a construção do poço deverá levar em consideração os riscos de contaminação do lençol por possíveis focos localizados na área, o que não foi observado neste caso. Figura 3 Poço tubular na Comunidade Santa Maria Na Figura 4 observamos a presença de entulho próximo ao poço e falta de proteção da área onde o mesmo está situado, a proteção do poço é feita de forma provisória e ineficaz. As condições higiênico-sanitárias e a localização dos poços constituem fatores importantes que estão diretamente ligados à saúde das pessoas que consomem a água, especialmente em relação às crianças que são mais vulneráveis às doenças de veiculação hídrica (CAPP; et al. (2012).

Figura 4 Poço tubular na Comunidade Trambioca Os resultados mostraram que nas comunidades Maricá, Tauaporanga e Turuí é frequente a utilização de poços construídos através de uma escavação manual do solo (poços amazonas), com um diâmetro de aproximadamente um metro, conforme pode ser observado nas Figuras 5, 6 e 7. Figura 5 Poço escavado na Comunidade Maricá

Figura 6 Poço escavado na Comunidade Tauaporanga Figura 7 Poço escavado na Comunidade Turuí Estes poços estão desprovidos de proteção, e não possuem revestimento interno, seria interessante a impermeabilização de suas paredes, para evitar o desmoronamento das mesmas e impedir a entrada do escoamento superficial, e também a construção de uma laje de

proteção de concreto ao redor do poço e selo sanitário, conforme recomendações da FUNASA (2006). Durante a pesquisa, foi observado que em Maricá e Turuí a água é captada através de baldes, o que aumenta o risco de contaminação da água, pelas das condições precárias de higiene do balde, que normalmente fica exposto e não é higienizado antes de ser usado. Em relação à qualidade da água, na opinião dos moradores das comunidades rurais estudadas de Barcarena, a água desses poços apresenta boa qualidade, por ser aparentemente limpa e sem sabor. Quando perguntados sobre o tipo de tratamento que realizavam na água, todos responderam que consumiam a água sem nenhum tratamento. Seria importante a realização de análises físico-químicas e bacteriológicas nas águas desses poços, para verificar se atendem ao padrão de potabilidade estabelecido pelo Ministério da Saúde através da Portaria n 2.914/2011. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os mananciais utilizados para o abastecimento na zona rural do município de Barcarena encontram-se em condições precárias, deixando a saúde da população local vulnerável a doenças de veiculação hídrica, pela ingestão de água sem tratamento. Nas comunidades estudadas, o abastecimento domiciliar de água ocorre principalmente por meio de poços escavados (amazonas) e poços tubulares, são poços construídos fora das condições técnicas e de higiene, principalmente sem laje de proteção e selo sanitário, o que deixa ainda mais vulnerável os sistema de captação de água dessas comunidades Aicaraú, Tauaporanga, Santa Maria, Turuí, Maricá e Trambioca são comunidades que enfrentam sérios problemas de infraestrutura, não dispõem de serviços de saneamento básico, como sistema de abastecimento de água, a população acaba construindo poços rasos, sem critério técnico, tornando vulnerável o lençol subterrâneo a contaminação. A Educação Ambiental seria interessante para conscientizar a população local sobre a importância da preservação dos recursos hídricos e o consumo de água com qualidade que atenda aos padrões do Ministério da Saúde. A exploração dos recursos hídricos subterrâneos na zona rural bem como em todo o Município deve ser realizada de forma racional e sustentável. O monitoramento da qualidade da água desses mananciais deve ser intensificado.

REFERENCIAS CAPP, Nanci; et al. Qualidade da água e fatores de contaminação de poços rasos na área urbana de Anastácio (MS). Geografia Ensino & Pesquisa, vol. 16, n. 3. 2012. HELLER, Léo; PÁDUA, Valter Lúcio. Abastecimento de Água para Consumo Humano. 2ª Edição. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010. FUNDAÇÃO NACIONAL DA SAÚDE-FUNASA. Manual de Saneamento. 3ª Edição. Brasília: FUNASA, 2006. GIAMPÁ, Carlos Eduardo Quaglia; GONÇALES, Valter Galdiano. Águas Subterrâneas e poços tubulares profundos. 2ª ed. São Paulo SP: Oficina de textos, 2013. 495p. NANES, Patrícia Lanne; et al. Qualidade das águas subterrâneas de poços tipo cacimba: um estudo de caso da Comunidade Nascença município de São Sebastião AL. In: Congresso Brasileiro de Gestão Ambiental, 2012. Goiânia-GO. p. 1 12, 2012. PREFEITURA MUNICIPAL DE BARCARENA-PMB. Plano de Saneamento Básico Municipal, 2010. 79p. SILVA, Ana Cristina Lourenço; et al. Avaliação de mananciais usados em sistemas de abastecimento de água: estudo de caso. In: 21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, 2001. João Pessoa-PB. p. 1 8, 2001. TSUTIYA, Milton Tomoyuki. Abastecimento de Água. 3ª ed. São Paulo SP: Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, 2006. 643p. VON SPERLING, Marcos. Introdução à Qualidade das Águas e ao tratamento de esgoto. 3ª ed. Belo Horizonte MG: Editora da UFMG, 2005. 452p.