DETERMINAÇÃO DE CURVA DE DECRESCIMO DE ph POS MORTEM EM CARCAÇAS DE AVES PSE (PALE, SOFT, EXSUDATIVE) E NORMAL EM LINHA DE ABATE INDUSTRIAL

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Transcrição:

DETERMINAÇÃO DE CURVA DE DECRESCIMO DE ph POS MORTEM EM CARCAÇAS DE AVES PSE (PALE, SOFT, EXSUDATIVE) E NORMAL EM LINHA DE ABATE INDUSTRIAL T. R. Kaiser 1, K.S. Ody 2, A. R. Storti 2, F. G. Paião 3, M. R. Pedrão 1, F. A. G. Coró 1 1- Programa de Pós Graduação em Tecnologia de Alimentos (PPGTAL) da Universidade Tecnológica Federal do Paraná Campus Londrina - CEP:86036-370 Londrina PR Brasil, Telefone: 55 (43) 3315-6153 e- mail: (fabioagc@utfpr.edu.br) 2- Programa de Iniciação Científica Institucional da Universidade Tecnológica do Paraná Campus Londrina - CEP:86036-370 Londrina PR Brasil, Telefone: 55 (43) 3315-6130 3 UNOPAR Programa de Mestrado em Tecnologia do Leite da Universidade Norte do Paraná RESUMO O trabalho visa a obtenção de curva de ph para carnes de aves normais e PSE através das análises de ph, L* e CRA. As amostras de filés de peito foram obtidas das carcaças coletadas imediatamente na saída do chiller. Análises de ph, temperatura e L*, foram realizadas entre 1h35 a 25h35 post mortem (pm) e as de CRA em apenas 25h35 pm. Valores de ph indicaram que a partir de 8h35 pm houve sua estabilização, sendo que o ph de carne PSE foi de 5,69±0,07, e para carne normal foi de 5,93±0,09. O valor final de ph (25h35 pm) foi de 5,98±0,06 e L* de 57,30±2,39 para carnes normais, para carne PSE o resultado foi de 5,72±0,06 e L* de 59,44±1,51. Para CRA (67,19±3,13 e 64,45±2,66) verificou-se diferença entre os filés normais e PSE. Conclui-se que sob condições industriais de abate a resolução do rigor mortis ocorre 8h35 pm. ABSTRACT Glycolytic curve obtained for normal meat and PSE through the ph, L * and CRA. Samples breast fillets were obtained from carcasses immediately collected in the chiller output, the ph, temperature and L * were carried out between the times of 1h35a 25h35 pm (pm). The CRA analyzes were performed at 25h35 pm. ph values indicated that starting from 8:35 a.m. pm found to stabilize, and the PSE meat ph was 5.69 ± 0.07, and regular meat was 5.93 ± 0.09. The final ph (25h35 pm) was 5.98 ± 0.06 and 57.30 ± L * of 2.39 for normal meat, meat PSE to the result was 5.72 ± 0.06 and L * of 59.44 ± 1.51. For CRA (67.19 ± 3.13 and 64.45 ± 2.66) showed a difference between the normal chicken fillets and PSE respectively. Conclude that under industrial conditions slaughter the resolution of rigor mortis occurs 8:35 a.m. pm. PALAVRAS-CHAVE: ph. Luminosidade. CRA. Linhagem Cobb. Temperatura KEYWORDS: ph. Lightness. CRA. Cobb. Temperature 1. INTRODUÇÃO No Brasil, a produção de carne de frango chegou a 12,69 milhões de toneladas em 2014, mantendo o país na posição de terceiro maior produtor de frango, posicionando-se atrás apenas dos

Estados Unidos e da China. Do volume total de frangos produzido, 67,7% foi destinado ao consumo interno e 32,3% para exportações (ABPA, 2015). Embora haja grande consumo de carne de aves in natura, houve também crescimento da industrialização de produtos a base de aves, onde tornou-se necessária maior atenção às características de qualidade funcional das matérias-primas (OLIVO, 2006). A cor, textura e capacidade de retenção de água (CRA) são atributos de qualidade importantes para a carne e estes estão ligados ao seu ph final, sendo que a indústria tem o desafio de fornecer produtos macios, suculentos e com cor e sabor agradáveis. Alguns defeitos de qualidade podem causar alterações nas carnes, como as carnes PSE (Pale, Soft and Exudative), que são pálidas, flácidas e exsudativas e ocorrem devido à queda brusca do ph enquanto a carcaça ainda se encontra com temperatura elevada (35ºC), causando a desnaturação das proteínas miofibrilares e sarcoplasmáticas (BARBUT, 1997). Fatores que levam a formação das carnes PSE em aves podem estar ligados ao manejo préabate (Zhang et al., 2012) e à sistemas de criação (Carvalho et al., 2015). Porém, alguns trabalhos já foram realizados, visando identificar pontos que possam minimizar este problema (SPURIO et al., 2012) A identificação de carnes PSE tem sido feita através da mensuração de ph e valor de L* (Kato, 2013; Droval et al., 2012). No entanto, estudos de Eadmusik et al. (2011), sugerem que uma avaliação mais precisa da cinética do ph e decréscimo de temperatura precisam ser conduzidos para entender melhor a etiologia da qualidade da carne de aves, principalmente em ambiente de abate industrial, sendo este diferenciado dos estudos que existem hoje que são restritos à laboratório. Assim, Barbut (1997) já dizia que é necessário estabelecer um sistema para identificação de carnes PSE em carnes, sendo este de grande importância para a indústria de aves. Em busca de maiores informações e comportamento das carcaças em ambientes devidamente regulamentados para abate industrial, o objetivo deste trabalho foi determinar a curva glicolítica, com acompanhamento da estabilização dos valores de ph para a transformação do musculo em carne, bem como obtenção de medidas de L* (Luminosidade) e CRA em carcaças de frango em uma linha de abate industrial. Para tanto serão realizados os seguintes acompanhamentos: medidas de ph, temperatura e cor durante 25h pm em carcaças PSE e Normal; classificar as carcaças como PSE e Normal, utilizando dados de ph e L* (Luminosidade) e realizar medidas de CRA em amostras de carnes PSE e Normal 25h pm. 2. MATERIAL E METODOS Este experimento foi realizado em de junho de 2015 em abatedouro de aves localizado na região Norte do Paraná, sob inspeção Federal, estando de acordo com as normas estabelecidas na Portaria nº 210 (BRASIL, 1998). Foram coletadas 35 carcaças de aves na saída do chiller de préresfriamento, estas foram desossadas para obtenção do peito sem osso e sem pele. Após o préresfriamento, as amostras foram submetidas às medidas de ph, temperatura (T C) e medida de luminosidade (L*) (1h35 pm). Cada amostra recebeu uma codificação numérica através de etiqueta fixada em sacos plásticos tipo onde as amostras ficaram acondicionadas sob refrigeração durante o período de realização do teste. As amostras de peito de frango foram encaminhadas para câmara fria, cuja T C estava regulada à ±4ºC, de acordo com a legislação brasileira (BRASIL, 1998), buscando-se deixa-las a temperaturas mais próximas ao fluxo de abate convencional, porém, em um local onde as mesmas pudessem ser manipuladas durante o momento das próximas análises: tempo 1 a 10. Cada tempo representa um período de câmara fria, sendo: tempo 1 (2h35 pm), tempo 2 (3h35 pm), tempo 3 (5h35

pm), tempo 4 (8h35 pm), tempo 5 (11h35 pm), tempo 6 (14h35 pm), tempo 7 (17h35 pm), tempo 8 (20h35 pm), tempo 9 (23h35 pm), tempo 10 (25h35 pm). As medidas de ph foram realizadas em duplicata com auxílio de potenciômetro de inserção da marca Testo. Para determinação de L* foram utilizadas as mesmas amostras da determinação de ph, com leituras em triplicata na face crânio ventral (SOARES et al., 2003). A medida L* foi realizada utilizando colorímetro Minolta. Os filés de frango com valores de L* 24h 53 e ph 5,8 foram classificados como PSE e os com valores intermediários 44<L*24h<53 e 5,8<pH>6,2 como normal, segundo Soares et al. (2003). A análise de CRA foi realizada em duplicata, utilizando metodologia descrita por Hamm (1960). Para realização destas análises, foram utilizadas 10 amostras de carnes classificadas como PSE e 10 amostras de carnes normais, sendo que CRA foi determinada após 25 horas pm. Para avaliar os resultados, os dados foram transcritos em planilhas utilizando-se o programa Excel 2010 e em seguida, foram analisados utilizando-se a análise estatística descritiva com o programa Statistica for Windows 10.0. 3. RESULTADOSS E DISCUSSÃO Do total de 35 amostras, 28,6% foram classificadas como PSE em função dos resultados de ph e L*. Esta incidência foi próxima aos resultados de outros trabalhos realizados no período de inverno como o de Queiroz (2013) e Simões (2009), que obtiveram cerca de 27% de PSE com T C ambiente variando entre 10,6 a 18,4ºC. O ph inicial (1h35 pm) para carnes PSE foi de 6,59±0,17 e final de 5,72±0,06 (Figura 1), estando em desacordo com o encontrado por Wilhelm (2009), onde não relatou diferença estatística entre o ph inicial (01h30) e ph final (24h), tendo obtido 5,81 e 5,77. Em escala laboratorial, Soares et al. (2003), também encontraram resultados diferentes à este experimento, onde 15min pm, o resultado de ph para carnes submetidas ao estresse térmico e normais foi de 6,17±0,04 e 5,86±0,05 respectivamente, indicando que neste período o fenômeno PSE já estava estabelecido. Figura 1 Resultados de ph para carnes PSE e normal durante o período de experimento.

Somente a partir do tempo de 8h35 pm, foi possível verificar estabilização do ph. A partir deste tempo, a variação foi de 5,69 a 5,72 para carnes PSE e 5,93 a 5,98 para carnes classificadas como normais. Este tempo de estabilização de ph, corrobora com os resultados de Pedrão et al. (2014), onde o ph final de carcaças submetidas à refrigeração foi de 5,86, após 8h35 pm. Estes autores sugerem que o desenvolvimento de carnes PSE depende de causas multifatoriais, em especial, o gerenciamento do processo, incluindo sistemas de refrigeração. A Figura 2 apresenta as médias dos valores de L* para carnes classificadas como normais e PSE. O valor do parâmetro de luminosidade (L*) inicial (1h35 pm) foi semelhante para carnes PSE (53,11±1,90) e normal (53,23±1,60), uma vez que as reações enzimáticas ainda estão em plena atividade, sem haver ocorrido ainda à conversão de musculo em carne e consequentemente a estabilidade do tecido muscular para definição do que pode ser classificado PSE e Normal. Figura 2 - Resultados de Luminosidade (L*) para carnes PSE e normal durante o período de experimento. No tempo de 3h35 pm, o resultado de L* encontrado para carne PSE foi de 54,07±1,55, entretanto, Woefel et al. (2002), relata valores de 60,41, com medições realizadas aproximadamente 3h pm. Para a análise realizada as 14h35 pm, o valor de L* para carnes PSE e normal foi de 58,07±1,60 e 55,54±3,90 respectivamente. Já para o ph, o resultado encontrado para carne PSE foi de 5,72±0,06. As diferenças encontradas neste experimento em relação ao de Woelfel et al. (2002) podem ser explicadas pelo fato das amostras terem sido coletas em diferentes plantas de abate e períodos do ano, podendo ocorrer variações nos parâmetros de processo. Como esperado, o valor de L* foi maior para carnes PSE em relação às normais. Esta mesma diferença foi encontrada por outros autores (Droval et al., 2012; Wilhelm, 2009; Woelfel et al., 2002). Embora o resultado de L* para carnes normais tenha apresentado um valor de 57,30±2,39 (<53), as carcaças foram classificadas também em função do resultado de ph (<5,8), por isso, não estando dentro da classificação de carnes PSE. Variações no valor de L* ocorrem durante todo o período de avaliação com resultados diferentes ao encontrado por outros pesquisadores em condições diferentes de experimento, o que reforça o fato de que as variáveis de processo como: idade de abate (Petracci et al., 2004), estação do ano (Petracci et al., 2004;), sistema de criação (Carvalho et al., 2012), tempo/t C de resfriamento (Bressan e Beraquet, 2004), podem interferir neste resultado. Mas como pode ser observado, há clássica variação de L* entre peito de frango classificados como PSE e normal continua obedecendo a um padrão, ou seja, a luminosidade para carnes PSE é maior quando comparada com carnes normais.

Em relação à CRA, quanto menor seu valor, maior é a perda de água. De acordo com os resultados obtidos, é possível estabelecer a mesma relação para este experimento, já que as médias das amostras (67,19±3,13 e 64,45±2,66) mostram a diferença entre os filés de frango normais e PSE respectivamente. A média encontrada para filés PSE corrobora com os resultados de Ribeiro et al. (2015), onde seu resultado foi de 64,96±3,41 em filés de peito obtidos de diferentes linhagens de aves, porém, em condições semelhantes de abate de aves realizados neste trabalho. O menor valor de CRA para carnes PSE encontrado neste trabalho, condiz com resultados obtidos Kato et al. (2013), em experimento realizado com marcas comerciais de carcaças, onde amostras que apresentaram menor ph, tiveram também menor capacidade de retenção de água. Barbut et al. (2005) descrevem que a desnaturação da proteína é mais extensiva em carnes PSE e isso afetaria diretamente a retenção de água intracelular que é então exsudada, resultando em menores valores de CRA em relação às amostras normais. 4. CONCLUSÃO Os resultados encontrados neste trabalho estão de acordo com outros já realizados por este grupo de pesquisa, onde dados semelhantes foram obtidos em diferentes plantas frigoríficas, mas que desenvolvem abate devidamente regulamentado, o que contradiz trabalhos anteriores, onde os dados foram obtidos à T C ambiente. Isto demonstra que as diferentes condições de abate e processamento influenciam diretamente na velocidade das reações de transformação do músculo em carne e consequentemente, no desenvolvimento de carnes anômalas. Pode-se dizer que para frangos sob condições de abate comercial, a resolução do rigor mortis se dá após 8h35 pm. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABPA: RELATÓRIO ANUAL 2014. Disponível em: < http://abpabr.com.br/setores/avicultura/publicacoes/relatorios-anuais/2015>. Acesso em: 08 dez. 2015. BARBUT, S. Problem of Pale Soft Exsudative Meat in Broiler Chickens. British Poultry Science, v. 38, p. 355-358, 1997. BARBUT, S.; ZHANG, L.; MARCONE, M. Effects of Pale, Normal, and Dark Chicken Breast Meat on Microstructure, Extractable Proteins, and Cooking of Marinated Fillets. Poultry Science, v. 84, n. 5, p. 797-802, mai. 2005. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Departamento de inspeção de produtos de origem animal. Secretaria de defesa agropecuária. Regulamento técnico de inspeção tecnológica e higiênica sanitário de carnes de aves. Portaria n. 210, 26 nov. 1998. Disponível em: <http://extranet.agricultura.gov.br/sislegisconsulta/consultarlegislacao.do?operacao=visualizar&id=1129>. Acesso em: 08 dez. 2015. BRESSAN, Maria C.; BERAQUET, Nelson J. Tratamentos de Pré-Resfriamento e Resfriamento Sobre a Qualidade de Carne de Peito de Frango. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v. 24, n. 2, p. 230-235, abr./jun. 2004. CARVALHO, Rafael H.; SOARES, Adriana L.; GRESPAN, Moisés; SPURIO, Rafael S.; CORÓ, Fábio A. G.; OBA, Alexandre; SHIMOKOMAKI, Massami. The effects of the dark house system on growth, performance and meat quality of broiler chicken. Animal Science Journal, v. 86, p. 189-193, 2015. DROVAL, A. A.; BENASSI, V. T.; ROSSA, A.; PRUDENCIO, S. H.; PAIÃO, F. G.; SHIMOKOMAKI, M. Consumer attitudes and preferences regarding pale, soft, and exudative broiler breast meat. Journal Applied Poulty Research, v. 21, p. 502-507, 2012.

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