OS BENEFÍCIOS DAS LUTAS E COMO TRABALHAR ESSE CONTEÚDO NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

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Transcrição:

OS BENEFÍCIOS DAS LUTAS E COMO TRABALHAR ESSE CONTEÚDO NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR Alana Alessi Wendy Nayara da Silva Boeira Resumo As lutas são um dos cinco conteúdos estruturantes da Educação Física, porém devido a diversos fatores físicos e sociais apresentados por muitos professores dessa área, as lutas não se fazem presentes nas aulas de Educação Física. Desta forma o desafio do presente estudo é apresentar maneiras de como trabalhar esse conteúdo nas aulas, além de mostrar os diversos benefícios envolvidos no conteúdo de lutas. Palavras chave: Lutas, Educação Física, Violência Introdução As lutas estão presentes no cotidiano do ser humano desde os primórdios da humanidade, e foram evoluindo de acordo com as necessidades do homem. No início eram utilizadas para a sobrevivência do ser humano como na caça, para se defender de animais ou até mesmo de outros humanos. Hoje em dia continua sendo usada na defesa, mas também ganhou um caráter desportivo. São inúmeras modalidades de lutas existentes, podendo ser classificadas como lutas de aproximação, lutas de agarre e lutas com implemento. E também podem ser divididas em lutas, artes marciais e modalidades esportivas de combate. As lutas e as modalidades esportivas de combate são aquelas que não possuem um objetivo ou filosofia, geralmente são as que foram criadas mais recentemente. Já as artes marciais, tem um objetivo e uma filosofia onde buscam formar um homem e uma sociedade melhor, más ambas estão longe de ser violentas ou apoiar a violência. Segundo Brasil (1998) citado por Fonseca, Franchini e Vecchio (2013) as lutas, artes marciais e modalidades esportivas de combates estão nos Parâmetros Curriculares Nacionais como conteúdo da Educação Física.

Por mais que as lutas estejam ente os cinco conteúdos estruturantes da Educação Física, é possível observar nas escolas e em outros estudos que ela quase não está presente nas aulas. São vários os fatores que explicam isso, algumas respostas mais comuns de professores, encontradas em outros estudos quando perguntam o porque eles não trabalham lutas em suas aulas, são pela falta de material, falta de conhecimento sobre esse conteúdo, além da ideia distorcida que a maioria das pessoas tem, que as lutas são violentas e de alguma forma irá incentivam que os alunos se tornem pessoas mais violentas também. Diante desses argumentos, nesse estudo iremos nos aprofundar no conteúdo de lutas, buscando maneiras de trabalhar esse conteúdo nas aulas de forma que acrescente de maneira positiva na formação dos alunos, tanto física como na formação de um cidadão melhor e desmistificar a visão que a maioria das pessoas tem de que as lutas incentivam a violência. Metodologia Esse estudo se caracteriza como uma revisão de literatura. Foram realizadas leituras de vários artigos que falassem sobre o tema. Foram escolhidos cinco artigos entre 2006 a 2015 para serem revisados. A escolha se deu pelo ano e pela relevância do conteúdo para essa pesquisa. Foram descartados todos os artigos cujo seu conteúdo não se encaixasse no objeto de estudo, e os que excedessem o ano de 2006. Houve uma grande dificuldade em encontrar artigos que tratassem de Lutas na Educação Física Escolar que atendessem os requisitos da pesquisa. Também foram realizadas leituras na internet sobre os vários tipos de lutas existentes, seus históricos e etc. Após a escolha dos artigos, foi realizada uma releitura dos mesmos, afim de encontrar suas ideias principais e organiza-las de uma forma coerente no presente estudo.

Contribuições das Lutas na formação do aluno A maioria das pessoas enxergam as lutas como um conteúdo sem grande relevância para ser estudado, além de entenderem a luta apenas como socos, chutes, e outros golpes a fim de ferir uma pessoa. Porém as lutas além de serem modalidades esportivas também estão presentes no nosso dia a dia, como por exemplo a luta por território, a luta por um emprego, entre outros exemplos. Ela além de proporcionar aos alunos uma melhor condição física e motora, também pode ajudar na formação de um cidadão melhor. Más de que forma ela vai contribuir para o desenvolvimento motor? E para a formação do cidadão? Segundo Ferreira (2006) no aspecto motor, observamos o desenvolvimento da lateralidade, o controle do tônus muscular, a melhora do equilíbrio e da coordenação global, o aprimoramento da ideia de tempo e espaço, bem como da noção de corpo. Isso se deve ao fato das lutas trabalharem de forma geral todos os movimentos motores fundamentais (correr, saltar, andar, lançar e etc.), que embora pareça que as lutas se resumem apenas em desferir golpes, esses movimentos devem ser treinados de forma significativa, pois a luta exige um grande controle corporal. Já para a formação do cidadão, Ferreira (2006) ainda afirma que no que se refere ao aspecto afetivo e social, pode-se observar em alunos alguns aspectos importantes, como a reação a determinadas atitudes, a postura social, a socialização, a perseverança, o respeito e a determinação. Para explicar essa afirmação de maneira simples, podemos usar como exemplo os princípios do Taekwondo: Cortesia; Integridade; Perseverança; Auto Controle;

Espírito Indomável; A partir desses princípios, podemos desmistificar a ideia de lutas como violência e mostrar os valores que os alunos começam a adquirir durante as aulas, lembrando que foi utilizado o Taekwondo como exemplo, mas todas as lutas e artes marciais buscam esse mesmo ideal. Além desses benefícios citados a cima, as lutas trazem mais um benefício para o aluno, talvez o mais importante não para a Educação Física, mas para a escola em geral. Mas qual é esse benefício? As lutas desenvolvem de maneira significativa a parte cognitiva dos alunos, assim como em outros esportes a formação de estratégias é um dos fatores que contribuem para isso, mas o fator mais importante é o número de movimentos e as formas como são efetuados que exige que aluno desenvolva sua memória e concentração. Dessa forma é possível verificar as vantagens em se trabalhar as lutas nas aulas de Educação Física, e também acabar com a ideia que as lutas vão trazer a violência para dentro da escola. Métodos para trabalhar as lutas Mas enfim, como é possível trabalhar as lutas na escola sem um conhecimento específico? Quais metodologias usar? Como mostrar aos alunos e aos outros professores que a escola não se tornará violenta devido ao fato de trabalhar esse conteúdo? Podemos dizer que esse processo inicia nas aulas de lutas no ensino superior, Rufino e Darido (2015) afirmam que o professor de lutas do ensino superior é de fundamental importância para disseminação pedagógica para o ensino da luta na escola. Os professores das universidades devem sempre estar bem preparados para mostrar aos futuros professores as diversas possibilidades de como trabalhar esse conteúdo na escola.

Embora o correto seria os professores saírem do ensino superior com uma ampla noção de como trabalhar lutas na escola, o estudo de Fonseca, Franchini e Vecchio (2013) mostra que 48,58% dos professores entrevistados não souberam nem definir o conceito de lutas, e os que responderam se destacou as respostas confronto entre oponentes e atividade corpo a corpo sem armas. Também mostra que muitos deles não trabalham lutas e os que trabalham, passam esse conteúdo em forma de atividades lúdicas ou com vídeos. Por esse estudo é possível verificar que os professores pensam as lutas apenas como forma de combates, e alguns talvez por falta de conhecimento ou até mesmo por esquecimento falaram que não se usa armas, sendo que a esgrima também é uma luta, não podemos chamar a espada de arma mas é um implemento. Também há um esquecimento de todas as dimensões em que a luta pode ser trabalhada. Já na parte de como trabalham as lutas, teve duas boas respostas, de forma lúdica e por vídeos. Várias modalidades podem ser trabalhadas através de brincadeiras, podendo até envolver não só uma mas várias modalidades ou se preferir não envolvendo nenhuma. Más como é possível não envolver modalidades de lutas na aula de lutas? Pois bem, cabo de guerra e queda de braço seriam uma boa opção, além de ser uma forma lúdica de trabalhar as lutas, se o professor ainda tiver receio da violência, é uma forma de trabalhar esse conteúdo sem mesmo os alunos saber. E os vídeos com o uso da tecnologia podem ser usados como material de apoio para os professores, além mostrarem várias dimensões das lutas, não só o combate, o que facilita o trabalho do professor. Nascimento e Almeida (2007) trazem uma maneira de como iniciar o assunto lutas em sala de aula, onde o professor iniciaria com a explicação do conceito e após isso abriria um espaço para que os alunos falassem quais as lutas que conheciam. A partir daí o professor também pode colocar a questão sobre o que os alunos sabem sobre essas lutas, assim é possível identificar a melhor maneira de trabalhar esse conteúdo.

Nascimento e Almeida (2007) ainda trazem uma maneira de trabalhar onde os alunos criem atividades e seus colegas possam fazer apontamentos, sugerir novas regras e proibições. Dessa forma é possível o professor também fazer intervenções propondo suas opiniões, mostrando o que está errado e explicando o porque, assim podendo utilizar o histórico e filosofia das lutas. Nascimento (2008) organiza uma maneira de trabalhar as lutas desde o ensino fundamental, onde coloca que o primeiro passo seria trabalhar a motricidade, tomadas de decisão e etc. O segundo passo é a tematização das lutas, e como conteúdos ele traz: desempenhar o papel de atacante e defensor, desenvolver habilidades motoras específica, compreensão, apropriação e construção de regras, entre outros. Essas etapas podem ser desenvolvidas começando com atividades lúdicas até com a teoria, ou também com intervenções e rodas de conversa, de forma que nas aulas possa ser abrangido tudo o que a luta pode trazer de benefícios para o aluno. Conclusão Assim como outros conteúdos, não há nenhuma receita de como trabalhar as lutas na escola, já que até na mesma escola as turmas podem ser diferentes e exijam estratégias diferenciadas, mas é possível trabalhar com esse conteúdo sim. Diante de todo o estudo feito, é possível notar que trabalhar as lutas nas aulas de Educação Física é de suma importância, já que colabora de forma significativa para a formação física, motora, cognitiva e afetivo social do aluno, pois envolve respeito, companheirismo, formação de estratégias, controle do corpo e da mente. Embora a grande maioria dos professores afirmem que lutas são conteúdos inapropriados, ou que os mesmos não possuem conhecimento especifico, a falta de materiais na escola entre outros motivos pelo qual eles preferem não trabalhar esse conteúdo, foi possível desmistificar todas essas desculpas.

O professor já sai da graduação com uma base para trabalhar lutas na escola, basta se aprofundar um pouco no tema, e buscar estratégias que deem certo com suas turmas, lembrando que não precisa ser nenhum especialista. Nesse estudo há algumas opções de como trabalhar esse conteúdo na escola, mas existe mais alternativas, que além de ser de fácil acesso aos professores, também não exige materiais específicos como tatame, entre outros, pois pode ser trabalhado na grama, na quadra e até mesmo em sala de aula. Referências FEREIRA, H. S. As lutas na Educação Física escolar. Revista de Educação Física, Fortaleza CE, n.135, nov. 2006 FONCECA, J. M. C.; FRANCHINI, E.; VECCHIO, F. B. D. Conhecimento declarativo de docentes sobre a prática de lutas, artes marciais e modalidades esportivas de combate nas aulas de Educação Física escolar em Pelotas, Rio Grande do sul. Pensar a Prática, Goiânia, v. 16, n. 2, abr./jun. 2013 NASCIMENTO, P. R. B. Organização e Trato Pedagógico do Conteúdo de Lutas na Educação Física Escolar. Motrivivência, Florianópolis, n. 31, dez. 2008 NASCIMENTO, P. R. B.; ALMEIDA, L. A tematização das lutas na Educação Física Escolar: restrições e possibilidades. Movimento, Porto Alegre, v. 13, n. 03, set/dez de 2007. RUFINO, L. G. B.; DARIDO, S. C. O ensino das lutas nas aulas de Educação Física: análise da prática pedagógica à luz de especialistas. Revista Educação Física /UEM, v. 26, n. 4, 2015 Instituição dos Autores: Universidade Estadual do Centro-Oeste UNICENTRO