V SIGA Ciência (Simpósio Científico de Gestão Ambiental) V Realizado dias 20 e 21 de agosto de 2016 na ESALQ-USP, Piracicaba-SP.

Documentos relacionados
AGLOMERADOS SUBNORMAIS 2010 DGC/CGEO, DGC/CETE, DPE/COPIS, COC/CNEFE

INTRODUÇÃO. Objetivo geral

OBSERVATÓRIO DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL BANCO DE DADOS REGIONAL VALE DO RIO PARDO. Eixo temático: Infraestrutura

AS FAVELAS DA GRANDE ARACAJU

PESQUISA SOCIOLÓGICA SÃO LUIS MA

DIAGNÓSTICO DO SANEAMENTO BÁSICO RURAL NO MUNICÍPIO DE PORTO DO MANGUE/RN, SEMIÁRIDO BRASILEIRO

DIAGNÓSTICO DOS TIPOS DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO DOMICILIAR NO ESTADO DA PARAÍBA

ANÁLISE DO TRATAMENTO DE ÁGUA E ESGOTO NO ESTADO DO TOCANTINS

SITUAÇÃO DO SANEAMENTO DOS DOMICILIOS QUE POSSUEM BANHEIROS DAS ÁREAS RURAIS E URBANAS DAS MESORREGIÕES DO ESTADO DO CEARÁ

DOENÇAS E DESIGUALDADES SOCIAIS EM AGLOMERADOS SUBNORMAIS NO BAIRRO DA REDENÇÃO, MANAUS-AM

UFGD/FCBA Caixa Postal 533, 79, Dourados-MS, 1

Demografia População residente por situação do domicílio (urbana e rural) e sexo a 2025

twitter.com/funasa

Os desafios para a implantação do Plano Nacional de Saneamento.

SANEAMENTO INTEGRADO EM ASSENTAMENTOS PRECÁRIOS

Número 13. Pnad Primeiras Análises. Saneamento Básico Habitação. Volume 5

Análise situacional a partir da utilização de dados secundários. 12 de dezembro de 2016

DÉFICIT HABITACIONAL 2006 NOTA TÉCNICA

AVALIAÇÃO DE DADOS DA HABITAÇÃO NO MUNICÍPIO DE MANHUAÇU/MG. Lidiane Espindula

Eixo 3 Democratização do território e Inclusão Social

3a CONFERÊNCIA MUNICIPAL DE HABITAÇÃO Londrina 14 e 15/12/2012

AVALIAÇÃO DE PLANOS DE SANEAMENTO EM QUATRO MUNICÍPIOS DE PEQUENO PORTE DA REGIÃO SUDESTE

M A I O D E N º 0 2 EDUARDO CELESTINO CORDEIRO SEPLAN

SANEAMENTO NA ÁREA RURAL

Diagnóstico da Gestão dos Efluentes Domésticos da Área Rural do Estado do Paraná

ESTUDOS URBANO-AMBIENTAIS parte 02

Experiências locais RIBEIRÃO PRETO E REGIÃO. Urbanização Jd. Monte Alegre PREFEITURA MUNICIPAL DE RIBEIRÃO PRETO

Acesse as apresentações e vídeos do evento em:

ANALISE DA RELAÇÃO ENTRE A MULHER RURAL E O SANEMANTO BÁSICO

MINISTÉRIO DAS CIDADES Secretaria Nacional de Habitação. CAIXA ECONÔMICA FEDERAL Representação de Apoio ao Desenvolvimento Urbano

12 de dezembro de 2016

Diagnóstico. Cidade de Deus (CDD)

TECNOLOGIAS SOCIAIS PARA HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: ALTERNATIVAS PARA ASSENTAMENTOS RURAIS DO MUNICÍPIO DE ARAPIRACA/AL Arq. Esp.

Proprietário Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento da Região Sul de Mato Grosso do Sul Plano Municipal de Saneamento Básico

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS - MG

REFLEXÃO SOBRE OS SERVIÇOS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA E DE ESGOTO DA CIDADE DE POMBAL PB

PANORAMA DO SANEAMENTO BÁSICO NO BRASIL

Relatório de Avaliação Anual Ano Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental

PESQUISA SOCIOLÓGICA SANTO ANDRÉ SP

Perguntas e respostas

TERESINA - PERFIL DOS BAIRROS - REGIONAL SDU CENTRO NORTE BAIRRO EMBRAPA

PLANEJAMENTOS MUNICIPAIS DE SANEAMENTO BÁSICO: UMA METODOLOGIA DE APOIO À GESTÃO PÚBLICA LOCAL E UM ESTUDO DE CASO

d. Fixar conceitos e metodologia apresentados no Manual do PLHIS.

NOTA METODOLÓGICA A RESPEITO DA CONSTRUÇÃO DO ICH

CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO IDOSA DE MINAS GERAIS PELA PNAD 2013

LINHAS DE FINANCIAMENTO E INCENTIVOS PARA IMPLANTAÇÃO DE PEQUENOS SISTEMAS DE SANEAMENTO

Macrozona 7 Caracterização Rodovias e Leitos Férreos

(9630) ANÁLISE DAS METAS DO PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DO RIO DE JANEIRO ÁGUA E ESGOTO

Pnad 2006 Saneamento e Habitação

URBANIZAÇÃO BRASILEIRA

Prestação do serviço de saneamento em Áreas Irregulares

EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO POR BAIRROS EM CORUMBÁ-MS. UFGD/FCBA Caixa Postal 533, 79, Dourados-MS,

Workshop de Saneamento Básico - FIESP. Soluções para o Esgotamento Sanitário

UPP VILA KENNEDY 06/2014

PROGRAMA NACIONAL DE SANEAMENTO RURAL

Estabelece orientações relativas à Política de Saneamento Básico e ao conteúdo mínimo dos Planos de Saneamento Básico.

Resumo da Apresentação

ESGOTAMENTO SANITÁRIO AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO DO MUNICÍPIO DE ARROIO GRANDE/RS

VI SANEAMENTO RURAL: ESTUDO DE CASO NA COMUNIDADE DO RIO LIGAÇÃO NO MUNICÍPIO DE FRANCISCO BELTRÃO-PR

Proposta de Diretrizes de Engenharia para o Planejamento da Ocupação de Área dentro da Bacia do Córrego Floresta (zona norte de Belo Horizonte)

Vulnerabilidade e segregação ocupacional dos jovens em regiões de favelas em Belo Horizonte Resumo

TERMO DE COOPERAÇÃO TÉCNICA. Nº. 016/ 2012 CREA/MG E FUNASA Setembro/2013

Panorama Pós Plano Municipal de Saneamento: A Experiência de Alagoinhas BA

Geoprocessamento no estudo de impactos socioambientais em Passo Fundo/RS-Brasil

Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano Integrado da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. 21 municípios. 12,3 milhões habitantes

ATLAS DE SAÚDE AMBIENTAL DO RIO GRANDE DO SUL

Censo Demográfico Aglomerados subnormais Primeiros resultados

A definição de áreas rurais no Brasil SUBSÍDIOS AO PLANO NACIONAL DE SANEAMENTO RURAL

MINISTÉRIO DAS CIDADES Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental

A SITUAÇÃO DA DRENAGEM PLUVIAL URBANA NO MUNICÍPIO DE FEIRA DE SANTANA, BA, BRASIL

AVALIAÇÃO DO SANEAMENTO EM DISTRITO RURAL DO VALE DO JEQUITINHONHA, MINAS GERAIS.

ANÁLISE COMPARATIVA DO CONSUMO DE ÁGUA DE DOIS BAIRROS DA CIDADE DE SÃO CARLOS (SP)

ÍNDICE DE CONDIÇÕES HABITACIONAIS DA REGIÃO DO MATOPIBA

IV Congresso Baiano de Engenharia Sanitária e Ambiental

PROBLEMAS SÓCIOAMBIENTAIS URBANOS RELACIONADOS AO ABASTECIMENTO DE ÁGUA DA REGIÃO METROPOLITANA DE BELÉM-PA. RESUMO

Objetivo. Promover uma reflexão sobre indicadores relevantes para a compreensão da realidade da cidade e das Regiões de Orçamento Participativo.

A PNSB e o Saneamento Rural

Eixo Temático ET Saneamento Ambiental ESPACIALIZAÇÃO DO ATENDIMENTO DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO EM MUNICÍPIOS DA PARAÍBA

IV PYDES 2015 IV CONGRESSO INTERNACIONAL EM PATRIMÔNIO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL IERVOLINO, M.R.S (2015)

SANEAMENTO NAS CIDADES BRASILEIRAS

DIAGNÓSTICO DA DESTINAÇÃO FINAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES NO ESTADO DA PARAÍBA

Pesquisa nas Favelas com Unidades de Polícia Pacificadora da Cidade do Rio de Janeiro

DIAGNÓSTICO DOS POÇOS TUBULARES E A QUALIDADE DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO MUNICIPIO DE JUAZEIRO DO NORTE, CEARÁ

COLETA SELETIVA DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS NO MUNICÍPIO DE POÇO VERDE/SE: DESAFIO PARA O DESENVOLVIMENTO URBANO SUSTENTÁVEL MUNICIPAL

GEOPROCESSAMENTO APLICADO À IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS COM OCUPAÇÕES IRREGULARES NO BAIRRO DE JAGUARIBE, JOÃO PESSOA - PARAÍBA

Experiências locais RIBEIRÃO PRETO E REGIÃO. Urbanização Jd. Progresso PREFEITURA MUNICIPAL DE RIBEIRÃO PRETO

AVALIAÇÃO E MENSURAÇÃO DOS EFEITOS DA REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA PARA O BAIRRO MANOEL DOMINGOS PAU DOS FERROS/RN

ESGOTAMENTO SANITÁRIO NAS ÁREAS DE MAIOR CONCENTRAÇÃO DA AGRICULTURA FAMILIAR: SITUAÇÃO DA REGIÃO NORDESTE

ANÁLISE MULTITEMPORAL DA EVOLUÇÃO DO ACESSO A ÁGUA EM JUCÁS-CE.

DISPOSIÇÃO INADEQUADA DE RESÍDUOS SÓLIDOS NA MICROBACIA DO TIJUCO PRETO, MUNICÍPIO DE SÃO CARLOS/SP.

FINDES Vitória, 27 de julho de 2010

Danilo Forte Presidente Fundação Nacional de Saúde

UPP S DE MANGUINHOS 07/2015

Título: Relação da água da chuva com os poços de abastecimento público do Urumari em Santarém Pará, Brasil. Área Temática: Meio Ambiente

GLOSSÁRIO TÉCNICO INTERVENÇÕES DE DESENVOLVIMENTO URBANO

Caracterização do território

RELATÓRIO VILA AZEDO VILA AZEDO 1/6. VERSÃO FINAL. Julho de 2013

Censos 2011 revelam o maior excedente de alojamentos em Portugal

Pesquisa nas Favelas com Unidades de Polícia Pacificadora da Cidade do Rio de Janeiro

ANÁLISE DO RENDIMENTO DOMICILIAR POR BAIRRO NA CIDADE DE CORUMBÁ-MS RESUMO

Transcrição:

EIXO TEMÁTICO: Tecnologias CARACTERIZAÇÃO DO NÚCLEO RESIDENCIAL PARQUE OZIEL/ JARDIM MONTE CRISTO, LOCALIZADO NO MUNICÍPIO DE CAMPINAS, QUANTO AOS SERVIÇOS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA E ESGOTAMENTO SANITÁRIO Maria Paula Cardoso Yoshii 1 Aline Doria de Santi 2 Tadeu Fabrício Malheiros 3 RESUMO: Diante da crescente concentração populacional em áreas urbanas e principalmente pela falta de condições sociais e financeiras, nota-se o aumento de moradias precárias em locais inadequados e sem qualquer infraestrutura. A dificuldade de acesso dificulta a instalação de redes de serviços e a infraestrutura básica para uma vida digna. Sendo assim, o presente trabalho teve como objetivo caracterizar o aglomerado subnormal Núcleo Residencial Parque Oziel/Jardim Monte Cristo, localizado no município de Campinas SP, quanto aos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário. As análises evidenciaram a ineficiência dos serviços de esgotamento sanitário, porém apresentou cobertura total no abastecimento de água. Investimentos em infraestrutura e gestão apresentam-se como medidas essenciais na melhora da qualidade desses serviços. Palavras-chave: Saneamento. Aglomerados subnormais. Campinas. 1. INTRODUÇÃO O saneamento básico é um dos importantes fatores para definir o índice de desenvolvimento de um país sendo um direito fundamental e condição básica, garantidos pela Constituição Federal (BRASIL, 1988) e pela Lei nº 11.445 (BRASIL, 2007) para uma vida saudável e um meio ambiente sadio. No Brasil, dados do SNIS do ano de referência 2014, mostram que, de toda população brasileira, 17% não tem acesso ao abastecimento de água, 29,1% não tem acesso ao esgotamento sanitário e 59,1% não tem tratamento de esgoto. O elevado déficit no setor de saneamento básico no Brasil apresenta-se, sobretudo no que se refere aos serviços de esgotamento sanitário, com maior carência nas áreas periféricas dos centros urbanos e nas zonas rurais, onde se concentra a população mais pobre (GALVÃO JUNIOR; PAGANINI, 2009). O município de Campinas destaca-se neste contexto por 13,94% da população habitar aglomerados subnormais (NADALIN et. al., 2014), classificados pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística - IBGE- como: 1 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Engenharia Ambiental EESC/USP. <mpyoshii@usp.br>. 2 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Engenharia Ambiental EESC/USP. 3 Professor da Escola de Engenharia de São Carlos. <tmalheiros@usp.br>.

Conjunto constituído de, no mínimo, 51 unidades habitacionais (barracos, casas, etc.) carentes, em sua maioria de serviços públicos essenciais, ocupando ou tendo ocupado, até período recente, terreno de propriedade alheia (pública ou particular) e estando dispostas, em geral, de forma desordenada e densa (IBGE, 2010). O município de Campinas apresenta mais de duas centenas de assentamentos precários (favelas e ocupações e loteamentos ilegais) destacando-se o aglomerado subnormal Núcleo Residencial Parque Oziel/Jardim Monte Cristo pela sua extensão geográfica e em população, proximidade com a área central do município e por ser alvo de investimentos públicos municipais e federais na sua urbanização (GHILARDI, 2012). No contexto do acesso aos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário SAA&ES, o presente trabalho objetivou caracterizar o aglomerado subnormal Núcleo Residencial Parque Oziel/Jardim Monte Cristo, localizado no município de Campinas SP, quanto aos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário. 2. MATERIAIS E MÉTODOS A pesquisa caracterizou-se como uma pesquisa quantitativa, visando fornecer um panorama sobre o acesso aos SAA&ES em um dos maiores aglomerados subnormais do município de Campinas, o Núcleo Residencial Parque Oziel/Jardim Monte Cristo. A área de estudo encontra-se localizada em uma importante região do município de Campinas, no entroncamento das rodovias Santos Dumont e Anhanguera e à aproximadamente 15 km do aeroporto de Vira Copos, tendo sua ocupação iniciada em 1997. Para caracterizar o aglomerado em questão, quanto aos SAA&ES, foram coletadas as seguintes informações do Censo 2010 de aglomerados subnormais do IBGE, expostas no quadro 1. Após a coleta de dados, os mesmos foram compilados, organizados e analisados. Quadro 1. Dados coletados para análise Dados coletados População residente do aglomerado Número de permanentes Número de particulares permanentes com rede geral de abastecimento de água Número de particulares permanentes com rede geral de esgotamento sanitário Número de particulares permanentes com fossa séptica Número de particulares permanentes com fossa rudimentar

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO O aglomerado subnormal Núcleo Residencial Parque Oziel/Jardim Monte Cristo é subdividido em 23 (vinte e três) setores censitários 4 conforme demonstrado na Figura 1. Figura 1. Localização do Núcleo Residencial Parque Oziel/Jardim Monte Cristo. Fonte: IBGE A partir dos dados coletados caracterizou-se os serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário presentes na área de estudo, e os resultados estão expostos na tabela 1. Tabela 1.Paranorama dos serviços de água e esgoto do Núcleo Residencial Parque Oziel - Jardim Monte Cristo. População residente Núcleo Residencial Parque Oziel/Jardim Monte Cristo permanentes com rede de abastecimento de água com rede geral de esgoto com fossa Séptica com fossa Rudimentar com Valas 12.058 3.149 3.149 218 680 1.921 75 Fonte: Elaborada pelas autoras. No que concerne aos dados coletados, é importante salientar que em relação à população residente na área de estudo há estimativas, não oficiais, dos líderes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), de que a área abrigue uma população de mais de 30 mil 4 O setor censitário é a unidade territorial estabelecida para fins de controle cadastral, formado por área contínua, situada em um único quadro urbano ou rural, com dimensão e número de que permitam o levantamento por um recenseador (IBGE, 2010).

habitantes, representando uma das maiores ocupações urbanas da América Latina (SOUZA, 2009). As análises percentuais indicam que do número total de, 100% estão conectados à rede de abastecimento de água, enquanto somente 6,9% estão conectados à rede geral de esgoto. Buscando analisar os meios utilizados para despejos dos dejetos pela população residente, verificou-se que a fossa rudimentar 5 é utilizada em 1.921, correspondendo a 61% seguida pela adoção de fossa séptica 6 em 680 representando 21,6% e uso de valas para despejo de dejetos em 75, equivalendo à 2,4 % do total de da área. As presentes análises atestam que embora o serviço de abastecimento de água seja universalizado na área em questão, no que tange aos serviços de esgotamento sanitário é perceptível a ineficiência dos mesmos, sendo necessários investimentos em infraestrutura para o alcance total da universalização desses serviços. Os resultados reforçam o apresentado por Scheinder et al (2010) de que os esforços para ampliação do acesso aos SAA&ES são voltados primeiramente para a cobertura de água, seguido pela coleta de resíduos sólidos e posteriormente os serviços de esgotamento sanitário. Informações presentes no Plano Municipal de Habitação de Campinas (2011), demonstram que foram direcionados para intervenções de esgotamento sanitário na região do Parque Oziel o total de R$ 10.994.470,27 dos quais cerca de 95% são provenientes do Programa de Aceleração do Crescimento no ano 2007. Não obstante, os resultados obtidos nesta pesquisa apontam que apesar dos investimentos para melhorar o esgotamento sanitário na área, o acesso a este serviço é ainda incipiente. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 5. Os resultados da presente pesquisa confirmam o fato de que os serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário em aglomerados subnormais são ineficientes e muitas vezes escassos, afetando diretamente a população residente destas áreas. Neste sentindo, investimentos em infraestrutura e gestão desses serviços são de suma importância para o melhorar o acesso aos SAA&ES, consequentemente a qualidade de vida da população e o desenvolvimento do município. 5 Os dejetos são depositados em fossa rudimentar (fossa negra, poço, buraco etc) (IBGE, 2010). 6 Os dejetos passam por um processo de tratamento ou decantação, sendo a parte líquida absorvida no próprio terreno ou canalizada para um desaguadouro geral da área, região ou município (IBGE, 2010).

REFERÊNCIAS BRASIL. Constituição da República Federativa o Brasil de 1988. Brasília, 1988. BRASIL. Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007. Estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico; altera as Leis nos 6.766, de 19 de dezembro de 1979, 8.036, de 11 de maio de 1990, 8.666, de 21 de junho de 1993, 8.987, de 13 de fevereiro de 1995; revoga a Lei no 6.528, de 11 de maio de 1978; e dá outras providências. Brasília. Diário Oficial da União. 8.1.2007. BRASIL. Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento. Diagnóstico dos Serviços de Água e Esgotos 2014. Brasília: SNSA/MCIDADES, 212 p. 2016. GALVÃO JUNIOR, A.C.; PAGANINI, W. S. Aspectos conceituais da regulação dos serviços de água e esgoto no Brasil. Eng. Sanit. Ambient. vol.14. nº.1. Rio de Janeiro. 2009. GHILARDI, F.H. O lugar dos pobres na cidade de Campinas SP: questões a partir da urbanização da ocupação do Parque Oziel, Jardim Monte Cristo e Gleba B. Dissertação. Escola de Engenharia de São Carlos. 135 p. 2012. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo 2010: Aglomerados Subnormais Primeiros Resultados. Rio de Janeiro. 2010. NADALIN, V. G.; KRAUSE, C.; NETO, V. C. L. Distribuição de aglomerados subnormais na rede urbana e nas grandes regiões brasileiras. Texto para discussão nº 2012. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada IPEA. Brasília. 2014. PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMPINAS. Plano Municipal de Habitação de Campinas. 487 p. 2011. SCHEINER, D.D.; SANTOS, R.; MARTINEZ, R.C.; COUTINHO, S.M.V.; MALHEIROS, T.F.; TEMÓTEO, T.G. Indicadores para serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário voltados às populações vulneráveis. Revista Brasileira de Ciências Ambientais. n.17, p.65-76, 2010. SOUZA, J.F.V. Parque Oziel, 10 anos de luta: uma análise dos conflitos de desigualdade social e meio ambiente. Anais do XVIII Congresso Nacional do CONPEDI. São Paulo, p. 2804 2839, 2009.