Transplante de Células Tronco Hematopoéticas



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Transcrição:

20 Congresso Multidisciplinar em Oncologia do Hospital Mãe de Deus Transplante de Células Tronco Hematopoéticas Enfermeira Fabiane Marek Especialista em Enfermagem Oncológica Unidade de Ambiente Protegido e TCTH Hospital de Clínicas de Porto Alegre

Passado, presente e futuro - 1950-1960: Agente quimioterápico único (esteróide,metotrexato). - 1960-1970: Quimioterapia combinada,tratamento do SNC (irradiação craniana/cranioespinhal), quimioterapia intratecal, centros únicos. - 1970-1980: Intensificação da poliquimioterapia, definição de fatores de risco, trials únicos e multicêntricos. - 1980 - hoje: Terapia adaptada ao risco,definição de subgrupos biológicos, terapia específica para LLA-B/LNH, trials multicêntricos. - Futuro: terapia adaptada individualmente e/ou específica para subgrupos biológicos, TCTH.

História do TCTH 2a GM: danos da bomba atômica causaram efeitos fatais à medula óssea. A primeira tentativa de TCTH ocorreu em 1939, em um paciente com AMO e irmão ABO compativel. As décadas de 50 e 60 foram marcadas por frustrações os enxertos com sucesso resultavam em DECH ou sepse descontroladas. Década de 60 descobriu-se o HLA = antígeno leucocitário humano, codificado no cromossomo 6, contribuiu de forma decisiva para o sucesso do transplante.

dr Edward Donnall Thomas Seattle, 1969 Primeiro TCTH alogênico em receptor com HLA idêntico Prêmio Nobel Medicina em 1990

Brasil 1979 - dr Ricardo Pasquini no Hospital de Clínicas do Paraná 12 estados tem centros de TCTH: BA, CE, ES, GO, MG, PE, PR, RJ, RN, RS, SC e SP (70 centros no total e 26 podem fazer TCTHANR) = 14 estados, maioria norte e nordeste, não tem CTCTH

INCA REREME = Registro Nacional de Receptores de Medula Óssea REDOME = Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea - mais de 3 milhões de doadores cadastrados e 30 maior banco de dados do gênero no mundo Encaminhou CTH para EUA, África, Europa, Ásia Brasilcord = desde 2004 redome@inca.gov.br

HCPA * 1º TCTH em 1993 * Unidade em 1994 com 2 leitos * 5 leitos TCTH alogênico em 2000 * TCTH não-mieloablativo em 2002 * TCTH não relacionado em 2005 * Incorporação ao 50 Sul filtro HEPA - em 2007 = Unidade de Ambiente Protegido (16 leitos para neutropênicos, 4 para TCTH auto e 5 TCTHAR e ANR * 9 leitos TCTHAR e ANR em 2011 * Equipe de enfermagem: 22 enfermeiras e 38 técnicos de enfermagem.

As indicações de TCTH como terapêutica vem mudando ao longo dos anos. Importante ressaltar: Imatinib X LMC TCTH não mieloablativo timoglobulina, alemtuzumabe duplo cordão para adultos

Tipos de TCTH Autólogo Singênico Alogênico relacionado não relacionado Banco de Medula Óssea cordão umbilical HLA idêntico HLA semi-compatível banco de MO doador adulto familiar

Autólogo Doador é o próprio receptor Mieloma Múltiplo, Linfomas Menos risco Mais recaída Mais qualidade de vida e tempo livre de doença

Alogênico - standart Relacionado = doador é parente = 25% chance de irmãos serem compatíveis Não relacionado = doador voluntário ou cordão umbilical (até 1:100mil) Indicações: leucemias, Síndrome Mielodisplásica, Talassemia, Anemia de Fanconi, LNH, Adrenoleucodistrofia, Síndrome Wiskott Aldrich, entre outras. Toxicidade do condicionamento DECH aguda Complicações do tratamento da DECH aguda

Alogênico não mieloablativo Relacionado e não relacionado Menor toxicidade do regime de condicionamento Ponto positivo: maior idade co-morbidades decorrentes da toxicidade dos tratamentos anteriores Ponto negativo: DECH aguda e crônica = efeito GVL (Graft versus Leukemia)

Singênico Entre gêmeos idênticos Sem DECH = sem efeito GVL

Fontes de CD34 Sangue periférico MO Cordão umbilical DECH

Coleta de CTH

Aférese

Cordão umbilical

Ambulatório pré TCTH Enfermagem: entrevista com paciente e familiares, incluindo o doador da medula óssea. Atualmente são 2 consultas de enfermagem no pré. Manual de orientações ao transplantado. Consultas com equipe multidisciplinar: SS, Psicologia, Recreação, Nutrição, BS, Odontologia

Para entender os steps do TCTH: CVC Condicionamento: Pancitopenia: RT Internação QT TCTH ATG D- infecção Pega sangramento DECHa D+ D+21 D zero Alta = ambulatório

CVC Hickman 2 ou 3 vias - alogênico relacionado não relacionado Certofix 2 vias - não mieloablativo autólogo

Regime de condicionamento Cada medicação tem um cuidado específico e o enfermeiro tem que estar atento às reações apresentadas pelo paciente. Lembrando que no TCTH podme-se usar altas doses de quimioterapia. Bussulfano Ciclofosfamida Etoposido Melfalano Fludarabina Timoglobulina

Infusão de CD34 = dia zero o o o o Micro-embolia gordurosa Sobrecarga de volume Febre Reação anafilática e outras relacionadas ao DMSO o Incompatibilidade sistema ABO e hemólise > ALOGÊNICO * pré-medicação (incompatibilidade ABO/Rh). *** Em crianças muito pequenas se remove o DMSO pela toxicidade.

Na fase pancitopênica Infecções sepses choque séptico cuidados intensivos na prevenção, detecção precoce de sinais de infecções em neutropênicos e instalação imediata de ATB. Sangramentos pequenos sinais vigilância constante! Sinais e sintomas anêmicos *** Mucosite - analgesia

Cuidados diários Higiene corporal e bucal protocolo de mucosite desde a chegada. Lavagem de mãos SEMPRE! Orientações acerca da prevenção de infecções relacionadas a imunossuprimidos auto cuidado. Mudar hábitos de vida é muito difícil!

Preocupações pertinentes Infecções por GMR Infecções virais Infecções fúngicas *** Manejo adequado do quadro séptico *** Treinamento permanente da equipe

Pega DECH = Doença do enxerto contra o hospedeiro pele Fase aguda G I - IV TGI fígado Corticoterapia X efeitos adversos Citomegalovírus

Estágios DECH aguda Estágio Pele Fígado Intestino + Leve Rash maculopapular <25% da superfície corporal Bilirrubinas 2 a 3mg/dL Diarreia 500 a 1000ml/dia ++ Moderado Rash maculopapular 25 a 50% da superfície corporal Bilirrubinas 3 a 6mg/dL Diarreia 1000 a 1500ml/dia +++ Severo Eritroderma generalizado Bilirrubinas Diarreia 6 a 15mg/dL >1500ml/dia ++++ Grave Eritroderma generalizado com formação de bolhas (vesículas >2cm) e descamaç Bilirrubinas >15mg/dL Dor e/ou íleo paralítico Fonte: Bonassa

Na alta Orientações para alta. Segue em acompanhamento ambulatorial com a mesma equipe de enfermagem. Às vezes faz uso de alguma medicação no HD.

Obrigada! fmarek@hcpa.ufrgs.br