PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO DA ESCOLA

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Transcrição:

PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO DA ESCOLA META Discutir o Projeto Político-Pedagógico da Escola como um processo democrático de decisões, e eixo orientador-reflexivo sobre os caminhos e finalidades da escola. OBJETIVOS Ao final desta aula, o aluno deverá: compreender a importância, os princípios norteadores e constitutivos do Projeto Políticopedagógico da escola; explicar e apresentar os principais caminhos para a construção do projeto político pedagógico; conhecer as principais qualidades que o Projeto Político-Pedagógico deve apresentar. PRÉ-REQUISITOS Conhecer as características e objetivos do planejamento no contexto escolar. Projeto Político-Pedagógico: um processo democrático de decisões (Fonte: http://www.wiltonjr.com).

Metodologia e Instrumentação para o Ensino de Química INTRODUÇÃO A LDB, Lei nº 9.394/96, prevê no seu artigo 12, inciso I, que os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de elaborar e executar sua proposta pedagógica. A variedade terminológica (proposta pedagógica art.12 e 13; plano de trabalho art. 13; projeto pedagógico art.14) empregada pelo legislador poderá trazer confusões conceituais e, consequentemente operacionais. A proposta pedagógica ou projeto pedagógico relaciona-se à organização do trabalho pedagógico da escola; o plano de trabalho está ligado à organização da sala de aula e a outras atividades pedagógicas e administrativas. Isto significa que o plano é o detalhamento da proposta ou projeto (art. 13). Portanto, compete aos docentes, à equipe técnica (supervisor, coordenador pedagógico, diretor, orientador, educacional) e aos funcionários elaborar e cumprir o seu plano de trabalho, também conhecido por plano de ensino e plano de atividade. A legitimidade de um projeto político-pedagógico está devidamente ligada ao grau e ao tipo de participação de todos os envolvidos com o processo educativo da escola, o que requer continuidade de ações. Em suma, o processo de construção do projeto é dinâmico, exige esforço coletivo e comprometimento; não se resume, portanto, à elaboração de um documento escrito por um grupo de pessoas para que se cumpra uma formalidade. É concebido solidariamente com possibilidade de sustentação e legitimação. (Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br) 0

Projeto político-pedagógico da escola CONCEITUANDO O PROJETO POLÍTICO- PEDAGÓGICO No sentido etimológico, o termo projeto vem do latim projectu, particípio do passo do verbo projicere, que significa lançar para diante. Plano, intento, desígnio. Empresa, empreendimento. Redação provisória de lei. Plano geral de edificação. Ao construirmos os projetos de nossas escolas, planejamos o que temos intenção de fazer, de realizar. Lançamo-nos para diante, com base no que temos, buscando o possível, é antever um futuro diferente do presente. O Projeto Político-Pedagógico vai além de um simples agrupamento de planos de ensino e de atividades diversas. O projeto não é algo que é construído e em seguida arquivado ou encaminhado às autoridades educacionais como prova do cumprimento de tarefas burocráticas. Ele é construído e vivenciado em todos os momentos, por todos os envolvidos com o processo educativo da escola. Para Veiga (2002, p13), O Projeto Político-Pedagógico, ao se constituir em processo democrático de decisões, preocupa-se em instaurar uma forma de organização do trabalho pedagógico que supere os conflitos, buscando eliminar as relações competitivas, corporativas e autoritárias, rompendo com a rotina do mando impessoal e racionalizado da burocracia que permeia as relações no interior da escola, diminuindo os efeitos fragmentários da divisão do trabalho que reforça as diferenças e hierarquiza os poderes de decisão. O projeto pedagógico exige profunda reflexão sobre as finalidades da escola, assim como as explicitações de seu papel social e a clara definição dos caminhos, formas operacionais e ações a serem empreendidas por todos os envolvidos com o processo educativo. Seu processo de construção aglutinará crenças, convicções, conhecimentos da comunidade escolar, do contexto social e científico, constituindo-se um compromisso político e pedagógico coletivo. Ele precisa ser concebido com base nas diferenças existentes entre seus atores, sejam professores, equipe técnico-administrativa, pais, alunos e representantes da comunidade local. Na construção do projeto pedagógico podemos considerar dois momentos interligados e permeados pela avaliação: o da concepção e o da execução. Quanto à concepção o projeto deve apresentar as seguintes características: - ser um processo participativo de decisões; - preocupar-se em instaurar uma forma de organização do trabalho pedagógico que desvele os conflitos e as contradições; - explicitar princípios baseados na autonomia da escola, na solidariedade entre seus agentes educativos e no estimulo à participação de todos no projeto comum e coletivo; 1

Metodologia e Instrumentação para o Ensino de Química - conter opções explícitas na direção da superação de problemas, no decorrer do trabalho educativo voltado para uma realidade específica; - explicitar o compromisso com a decisão do cidadão; Quanto à execução, um projeto de qualidade deve apresentar as seguintes características: - nasce da própria realidade, tendo como suporte a explicitação das causas dos problemas e das situações nas quais tais problemas aparecem; - é exequível e prevê as condições necessárias ao desenvolvimento e à avaliação; - Implica a ação articulada de todos os envolvidos com a realidade da escola; - é construído continuamente, pois, como produto, é também processo, incorporando ambos numa interação impossível; Para uma organização de ensino o Projeto Político-Pedagógico é a proposta que estabelece as orientações relativas ao processo de ensinoaprendizagem, infraestrutura acadêmica, administrativa e pedagógica, ou seja, é um instrumento clarificador da ação educativa da escola em sua totalidade. Para a construção do projeto pedagógico não é necessário convencer os professores, a equipe escolar e os funcionários a trabalharem mais ou mobilizá-los de forma espontânea, mas propiciar situações que lhes permitam aprender a pensar e a realizar o fazer pedagógico de forma coerente. E, para enfrentarmos essa ousadia, necessitamos de um referencial que fundamente a construção do projeto. O Projeto Político-Pedagógico deve contemplar a questão da qualidade de ensino, entendida aqui nas dimensões indissociáveis: a formal ou técnica e a política. A formal ou técnica enfatiza instrumentos, métodos e técnicas. A qualidade formal não está afeita, necessariamente, a conteúdos determinados. Demo (1994, p. 14) afirma que a qualidade formal: significa a habilidade de manejar meios, instrumentos, formas, técnicas, procedimentos diante dos desafios do desenvolvimento. A qualidade política é condição imprescindível da participação. Estar voltada para os fins, os valores e os conteúdos; quer dizer a competência humana do sujeito em termos de se fazer e de fazer história, diante dos fins históricos da sociedade humana (Demo, 1994, p. 14). Portanto, construir um projeto pedagógico significa enfrentar o desafio da mudança e da transformação, tanto na forma como a escola organiza seu processo de trabalho pedagógico como na gestão que é exercida pelos interessados, o que implica o repensar da estrutura de poder da escola. 2

Projeto político-pedagógico da escola PRINCÍPIOS NORTEADORES DO PROJETO POLÍTICO-PADAGÓGICO O Projeto Político-Pedagógico está respaldado por princípios instituidores da prática democrática e, por conseguinte de uma educação para a cidadania. Estes princípios são: - igualdade: condição de acesso e permanência; - qualidade: oferta de um ensino de qualidade para todos, formal (habilidades de manejar meios, instrumentos, técnicas, formas e procedimentos) e política (participação voltada para os fins, valores, atitudes e conteúdos). - gestão democrática: princípio consagrado pela Constituição Brasileira e abrange as dimensões pedagógica, administrativa e financeira. - liberdade: este princípio afirma ser a liberdade uma relação e, como tal, continuidade ampliada. O conceito de liberdade contém regra de reconhecimento e de intervenção recíproca. - valorização do magistério: a qualidade do ensino oferecido pela instituição e seu êxito na formação do cidadão capaz de participar da vida socioeconômicapolítica e cultural do país possui estreita relação com a formação (inicial e continuada), condições de trabalho (recursos didáticos, recursos físicos e materiais, dedicação integral à escola, redução do número de alunos em sala de aula, relação professor/aluno, remuneração digna. A formação continuada deve estar presente na escola e fazer parte do Projeto Político-Pedagógico. CAMINHOS PARA A CONSTRUÇÃO DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO Existem vários caminhos para a construção do projeto político pedagógico. Enfatizamos três bem distintos, porém independentes. 1. Ato situacional descreve a realidade na qual desenvolvemos nossa ação. Podemos trabalhar utilizando a técnica de tempestade de ideias ou diagrama de causa e efeito, visando a identificar os pontos positivos e negativos da nossa realidade escolar. Cada item apresentado deve ser discutido e analisado gerando, inclusive novos itens. 2. Ato Conceitual diz respeito à concepção ou visão de sociedade, educação, escola, currículo, ensino e aprendizagem. Diante da realidade situada, retratada, constatada e documentada cabem as seguintes indicações: - Que concepções se fazem necessárias para a transformação da sociedade? - Que tipo de alunos queremos formar? - Que experiências queremos que nossos alunos vivenciem no dia a dia da nossa escola? - Quais as decisões básicas referentes ao que, para que, e a como ensinar, articulados ao para quem? 3

Metodologia e Instrumentação para o Ensino de Química 3. Ato Operacional orienta-nos quanto a como realizar nossa ação. É o momento de nos posicionarmos com relação às atividades a serem assumidas para transformar a realidade da escola. Implica, também, a tomada de decisões de como vamos atingir nossas finalidades, nossos objetivos e nossas metas. Na operacionalização do projeto pedagógico, o que se faz é verificar se as decisões foram acertadas ou erradas e o que é preciso revisar ou reformular. Alguns questionamentos vão estar presentes, tais como: - quais as decisões necessárias para a operacionalização? - qual o tipo de gestão? - quais as ações prioritárias? São exeqüíveis? - de que recursos a escola dispõe para realizar seu projeto? - quais as necessidades de formação inicial e continuada dos diferentes profissionais que trabalham na escola? - quais as diretrizes para a avaliação de desempenho do pessoal docente e não-docente, do currículo, dos projetos não-curriculares e do próprio político-pedagógico da escola? 4. Movimentos Avaliativos a avaliação é vista como ação fundamental para a garantia do êxito do projeto, na medida em que é condição para as decisões significativas a serem tomadas. É parte integrante da construção do projeto e compreendida como responsabilidade coletiva. A avaliação interna e sistemática é essencial para definição, correção e aprimoramento de rumos. ELEMENTOS CONSTITUTIVOS RELEVANTES NA ORGANIZAÇÃO E CONSTRUÇÃO DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO Finalidade da escola. Diagnóstico: - Dados Diagnósticos; - Perfil dos alunos. Estrutura Organizacional. A Escola, comumente, possui dois tipos básicos de estrutura: Administrativa refere-se, geralmente, à lotação e à gestão de recursos humanos, físicos e financeiros e, ainda, a equipamentos, materiais didáticos, mobiliário. - Pedagógica refere-se às questões de ensino-aprendizagem, às de currículo e às interações políticas. Currículo. Construção social do conhecimento, pressupondo a sistematização dos meios para que esta construção se efetive. Produção Transmissão e Assimilação são processos que compõem uma metodologia de elaboração 4

Projeto político-pedagógico da escola coletiva do conhecimento escolar currículo propriamente dito. Na organização do conhecimento escolar, devem-se considerar alguns pressupostos: a) o currículo não é um instrumento neutro; b) o currículo não pode estar divorciado do contexto social, historicamente situado e culturalmente determinado; c) o currículo deve buscar formas de organização que visem a reduzir o isolamento entre as diferentes disciplinas curriculares; d) o currículo escolar é um suporte de legitimação do controle social; e) o currículo escolar deve selecionar determinadas competências e habilidades (PCNEM) das 3 áreas do conhecimento. Os conceitos básicos que compõem estas áreas podem ser desenvolvidos por meio de projetos e/ou atividades integradas numa perspectiva interdisciplinar. O tempo escolar. O tempo é um dos elementos constitutivos da organização do trabalho pedagógico. O calendário escolar ordena o tempo. Determina o início e o fim do ano letivo. Prevêr os dias letivos, feriados cívicos/religiosos, férias, recesso, datas reservadas a avaliação, período de planejamento, reuniões técnicas, reuniões de planejamento, cursos e capacitações, recuperação e período de matrículas. O tempo para Aprender. Para melhorar a qualidade do trabalho pedagógico, é necessário que a escola reformule o seu conceito de tempo. É preciso estabelecer períodos de estudo, de reflexão, de experiência, de acompanhamento de equipes docentes. É preciso avaliar o Projeto Pedagógico em ação. É preciso tempo para que os alunos se organizem e estendam as salas de aulas a outros espaços. Os processos de decisão. Na organização de estrutura escolar, a equipe gestora, preocupada com a realização e o êxito dos objetivos educacionais que atendam os interesses da comunidade, deve imaginar mecanismos, formas e meios de estimular a participação no processo decisório. As relações de Trabalho. Na nova organização do trabalho pedagógico, as relações de trabalho deverão se basear nas atitudes de reciprocidade, da participação coletiva, do espírito de equipe, ao contrário do princípio da divisão do trabalho, da fragmentação, do controle hierárquico, do individualismo e do isolamento. Projeto Político-Pedagógico: uma participação coletiva (Fonte: http://www.moodle.ufba.br).

Metodologia e Instrumentação para o Ensino de Química Avaliação. A avaliação do Projeto Político-Pedagógico, sob uma ótica crítica, parte da necessidade de se conhecer a realidade escolar, busca explicar e compreender criticamente as causas da existência dos problemas, bem como suas relações e mudanças e se esforçar para propor, coletivamente, ações alternativas. Nesta concepção de avaliação, podemos destacar: - a avaliação é um ato sistêmico e dinâmico que qualifica e oferece subsídios ao Projeto Político-Pedagógico, constituindo-se num elemento de inclusão. - conduz e direciona as ações dos alunos e professores. Envolve três momentos: a) descrição e problematização da realidade escolar; b) compreensão crítica da realidade descrita e problematizada; c) proposição de alternativas de ação e momento de criação coletiva, lembrando que a avaliação constitui-se em elemento de inclusão. Missão. A missão corresponde à decisão e à resolução do conjunto de pessoas que formam a comunidade educacional. Deve ser formulada em texto claro, preciso, direto e conciso, lembrando que se trata de um compromisso que deve ser respeitado e cumprido. Ao estabelecer a emissão do Projeto Político-Pedagógico, devem-se levar em consideração: as pessoas envolvidas, sua capacidade, sua disponibilidade e seu compromisso. Objetivos. Os objetivos do processo Político-Pedagógico são as próprias ações decorrentes da realização do Projeto, isto é o Projeto tornado realidade ou operacionalizado. Geralmente, os objetivos do processo Político-Pedagógico, também, são os da escola a que pertence, podendo ser de diversos tipos, como se pode observar: - gerais - específicos - amplos - restritos - mediados - imediatos O Objetivo Geral deve ser desdobrado em: objetivo específico, metas, ações, cronograma, recursos materiais e definição de responsabilidades. Anexos (de responsabilidade de cada instituição); Calendário Escolar; Ficha de acompanhamento individual; Currículo do Ensino Médio; Projetos. 6

Projeto político-pedagógico da escola QUALIDADE DO PROJETO POLÍTICO- PEDAGÓGICO Funcionalidade. Aquele Projeto Político-Pedagógico cujas ações estão adequadas aos objetivos e às finalidades propostas. É funcional na proporção da sua aplicabilidade, uso, serventia. É funcional, ainda, quando se apresentar adaptado objetivamente à organização, ao espaço, ao objetivo educacional a que se refere, de modo a contribuir, efetivamente, para soluções práticas no atendimento a determinadas necessidades pedagógicas. Para ser funcional deve haver correspondência entre o Projeto Político-Pedagógico e o seu objetivo. Contemporaneidade. Para ser contemporâneo, o Projeto Político-Pedagógico deve considerar os problemas e questões do momento político, econômico, social, cultural e pedagógico, sem esquecer-se de conter uma visão prospectiva contextual, abrangente e articulada da realidade. Integração. A integração acontece internamente: entre recursos humanos e materiais mobilizados para as ações pedagógicas que se contemplam, se adaptam e se acomodam. CONCLUSÃO É preciso entender o Projeto Político-Pedagógico da escola como uma reflexão de se cotidiano. Para tanto, ela precisa de um tempo razoável de reflexão e ação, para se ter um mínimo necessário à consolidação de sua proposta. A construção do Projeto Político-Pedagógico requer continuidade das ações, descentralização, democratização do processo de tomada de decisões e instalação de um processo coletivo de avaliação de cunho emancipatório. Finalmente, há que se pensar que o movimento de luta e resistência dos educadores é indispensável para ampliar as possibilidades e apressar as mudanças que se fazem necessárias dentro e fora dos muros da escola. 7

Metodologia e Instrumentação para o Ensino de Química RESUMO Apresentamos e discutimos nesta aula o Projeto Político-Pedagógico da escola como um situar-se no horizonte de possibilidades na caminhada, no cotidiano, imprimindo uma direção que se fundamenta no entendimento compartilhado dos diretores, coordenadores, professores, alunos e demais interessados em educação. ATIVIDADES 1. De acordo com as ideias expressas durante a aula, comente a importância do Projeto Político-Pedagógico. 2. Quais os princípios norteadores do Projeto Político-Pedagógico? 3. Explique e apresente os principais caminhos para a construção do projeto Político-Pedagógico. 4. Descreva o papel da avaliação no Projeto Político-Pedagógico.. Apresente, discuta as principais qualidades que o Projeto Político-Pedagógico deve apresentar. COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES As questões propostas na atividade podem ser respondidas após uma leitura silenciosa e interpretativa dos textos descritos na aula. Após a resolução de cada questão, você terá subsídios para resolver a questão posterior, visto que estas se encontram hierarquizadas, obedecendo a ordem dos tópicos da aula. Ao final você observará uma síntese das principais ideias exploradas no texto e assim atingir os objetivos propostos no inicio da aula. PRÓXIMA AULA Na próxima aula estaremos discutindo a epistemologia de Gaston Bacherlard, no tocante aos Obstáculos Epistemológicos, entendidos como entraves, inerentes ao próprio conhecimento científico, que bloqueiam seu desenvolvimento e construção. 8

Projeto político-pedagógico da escola AUTOAVALIAÇÃO 1. Entre em contato com alguns diretores, coordenadores e professores (principalmente os das Ciências da Natureza) de sua cidade ou região, e procure investigar como é realizada a confecção e organização do Projeto Político-Pedagógico para as respectivas instituições de ensino a qual pertencem. REFERÊNCIAS LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1991. p. 221-247 MARTINS, José do Prado. Didática geral. São Paulo: Atlas, 1988. p. 183-194. PILETTI, Claudino. Didática Geral. 23 ed. rev. São Paulo: Ática, 2003. p. 60-8 VASCONCELOS, Celso dos S. Planejamento: projeto de ensino-aprendizagem e projeto político-pedagógico. ed. São Paulo: Libertad, 1999. p. 148-11. VEIGA, I. P. A. Projeto político-pedagógico da escola: uma construção possível. 1 ed. Campinas: Papirus Editora, 2002..Org.). Projeto político-pedagógico da escola. Campinas: Papirus, 1996..RESENDE, L.M.G. (Org.). Escola: espaço do projeto políticopedagógico. Campinas: Papirus, 1998. VEIGA, I.P.A. Projeto político-pedagógico: novas trilhas para a escola. In: VEIGA, I.P.A.; FONSECA, M. (Org.). Dimensões do projeto políticopedagógico: novos desafios para a escola. Campinas: Papirus, 2001. 9