Aluno da Escola Técnica Estadual 25 de Julho, Bolsista de Iniciação Científica Ensino Médio-CNPq, Grupo de Pesquisa em Fisiologia- Unijuí 3

Documentos relacionados
João Schmidt Corso 2, Thiago Gomes Heck 3, Mirna Stela Ludwig 4, Analú Bender Dos Santos 5.

BIOENERGÉTICA PRODUÇÃO ATP

28/10/2016.

08/08/2016.

E TREINAMENTO DE FORÇA BRIEF-REVIEW

Ergonomia Fisiologia do Trabalho. Fisiologia do Trabalho. Coração. Módulo: Fisiologia do trabalho. Sistema circulatório > 03 componentes

Fisiologia do Esforço

TIPOS DE ENERGIAS E FORMAS DE ARMAZENAMENTO DE ENERGIA NO CORPO As fontes energéticas são encontradas nas células musculares e em algumas partes do co

CURSO PREPARADOR FÍSICO CURSO METODÓLOGO DO TREINO CURSO TREINADOR GUARDA- REDES MÓDULO I: FISIOLOGIA

BE066 - Fisiologia do Exercício BE066 Fisiologia do Exercício. Bioenergética. Sergio Gregorio da Silva, PhD

Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra Ano Lectivo 2010/2011. Unidade Curricular de BIOQUÍMICA II Mestrado Integrado em MEDICINA 1º Ano

FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO. Profa. Ainá Innocencio da Silva Gomes

A partir do consumo de nutrientes, os mecanismos de transferência de energia (ATP), tem início e estes auxiliam os processos celulares.

Adaptações Metabólicas do Treinamento. Capítulo 6 Wilmore & Costill Fisiologia do Exercício e do Esporte

Limiar Anaeróbio. Prof. Sergio Gregorio da Silva, PhD. Wasserman & McIlroy Am. M. Cardiol, 14: , 1964

Bioenergética. Trabalho Biológico. Bioenergetica. Definição. Nutrição no Esporte. 1

Auditório das Piscinas do Jamor 20 e 21 de Outubro. Fisiologia da Corrida

TEORIA DO TREINAMENTO DE NATAÇÃO

Alterações Metabólicas do Treinamento

Exercícios Aquáticos. Princípios NATAÇÃO. Teste máximo de corrida realizado na água PROGRAMAÇÃO

Trabalho de pesquisa realizado pelo Grupo de Pesquisa em Fisiologia (GPeF/UNIJUI). 2

BIOENERGÉTICA. O que é Bioenergética? ENERGIA. Trabalho Biológico

Miologia. Tema C PROCESSOS ENERGÉTICOS NO MÚSCULO ESQUELÉTICO

FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA PROGRAMA DE DISCIPLINA CURSO: EDUCAÇÃO FÍSICA DISCIPLINA: FISIOLOGIA DO ESFORÇO

FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA NÚCLEO DE SAÚDE DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA. Plano de Curso

PERFIL GLICÊMICO EM CAMUNDONGOS SUBMETIDOS Á DIETA HIPERLIPÍDICA, POLUIÇÃO E EXERCÍCIO FÍSICO MODERADO E INTENSO 1

MONITORAMENTO FISIOLÓGICO DO EXERCÍCIO: O FUTURO DO CAVALO ATLETA

21/10/2014. Referências Bibliográficas. Produção de ATP. Substratos Energéticos. Lipídeos Características. Lipídeos Papel no Corpo

Metabolismo do exercício e Mensuração do trabalho, potência e gasto energético. Profa. Kalyne de Menezes Bezerra Cavalcanti

05)Quanto ao ciclo de Krebs é INCORRETO afirmar que:

Prof.ª Kalyne de Menezes Bezerra Cavalcanti

Objetivo da aula. Trabalho celular 01/09/2016 GASTO ENERGÉTICO. Energia e Trabalho Biológico

A INFLUÊNCIA DO TREINAMENTO DE FORÇA PARA A MELHORIA DO VO2 MÁXIMO DOS CORREDORES DE RUA

Capítulo V. Exercício e Capacidade Funcional

TÍTULO: ANÁLISE DO PROTEOMA CARDÍACO DE MODELO ANIMAL OBESO-INDUZIDO E SUBMETIDO A EXERCÍCIO AERÓBIO

NUTRIÇÃO DESPORTIVA - ACSM

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

Bioquímica Prof. Thiago

Bioquímica Aplicada ao Exercício Físico e Princípios do Treinamento

- Definir os termos trabalho, potência, energia e eficiência mecânica, dar uma breve explicação sobre o método utilizado para calcular o trabalho

NUT-A80 -NUTRIÇÃO ESPORTIVA

Metabolismo energético das células

INFLUÊNCIA DA ORDEM DO TIPO DE PAUSA NOS PARÂMETROS BIOQUÍMICO DE UM TREINAMENTO INTERVALADO EM HOMENS. RESUMO

Nutrição e Fisiologia Humana

Fisiologia: Digestão, Respiração e Circulação

Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício ISSN versão eletrônica

Revista Digital - Buenos Aires - Año 11 - N Diciembre de 2006

Faculdade de Motricidade Humana Unidade Orgânica de Ciências do Desporto TREINO DA RESISTÊNCIA

Metabolismo de Carboidratos

Profa. Dra. Raquel Simões M. Netto NECESSIDADES DE CARBOIDRATOS. Profa. Raquel Simões

Evento: XXV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

Evento: XXV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

Gestação - Alterações Hormonais e Metabólicas Durante o Exercício

NUT A80 - NUTRIÇÃO E ATIVIDADE FÍSICA

Metabolismo muscular. Sarcômero: a unidade funcional do músculo Músculo cardíaco de rato. Músculo esquelético de camundongo

''Análise da frequência cardíaca, variabilidade da frequência cardíaca e pressão arterial de camundongos expostos a partículas finas do diesel ''

Bases Moleculares da Obesidade e Diabetes

Testes de Consumo máximo de Oxigênio (Vo 2 máx) Fisiologia Do Esforço Prof.Dra. Bruna Oneda 2016

Sistema glicolítico ou metabolismo anaeróbio lático

EXERCÍCIO FÍSICO COM ALTERNATIVA PARA O TRATAMENTO DE DISLIPIDÊMICOS

NUTRIÇÃO E TREINAMENTO DESPORTIVO

Curso: Fisioterapia Professor: Aércio Luís Disciplina: Fisiologia Humana I Carga Horária: 72h. Ano: Semestre:

BIOENERGÉTICA. O que é Bioenergética? ENERGIA. Ramo da biologia próximo da bioquímica que

EXERCÍCIO, DIETA HIPERLIPÍDICA E INALAÇÃO DE MATERIAL PARTICULADO FINO: EFEITO SOBRE O DESEMPENHO FÍSICO E NÍVEIS DE EHSP72 EM CAMUNDONGOS 1

25/4/2011 MUSCULAÇÃO E DIABETES. -Estudos epidemiológicos sugerem redução de 30% a 58% o risco de desenvolver diabetes

VI Congresso Internacional de Corrida- 2015

NUTRIÇÃO E SUPLEMENTAÇÃO NO ESPORTE

Princípios Científicos do TREINAMENTO DESPORTIVO AULA 5

Prof. Dr. Bruno Pena Couto Teoria do Treinamento Desportivo. Encontro Multiesportivo de Técnicos Formadores Solidariedade Olímpica / COI

ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE

Código: 2941S Disciplina: Treinamento Esportivo I Período 7 Carga Horária: 60hs C.H. Teórica:

FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO

Ergoespirometria. Avaliação em Atividades Aquáticas

MACRONUTRIENTES NO EXERCÍCIO

SISTEMA TAMPÃO NOS ORGANISMOS ANIMAIS

Monossacarídeos. açúcares simples. Monossacarídeos. Carboidratos formados por C, H, O

EXERCÍCIO AERÓBIO MODERADO EXPOSTOS AO ROFA AUMENTA A ATIVIDADE DA ENZIMA CATALASE MUSCULAR EM CAMUNDONGOS 1

Desenvolvendo seu FTP, TTE e estamina. Educação WKO4 Prof. Dr. Fabiano Araujo, médico do esporte

ESPECIALIZAÇÃO EM FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO, NUTRIÇÃO E TREINAMENTO PERSONALIZADO

EFEITOS DA COMBINAÇÃO DE EXERCÍCIO, POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA E DIETA HIPERLIPÍDICAS NO ESTRESSE OXIDATIVO NO TECIDO ADIPOSO DE CAMUNDONGOS 1

Características Metabólicas dos Diferentes Tecidos Metabolismo de Estados Patológicos

Como classificar um exercício em aeróbico ou anaeróbico?

TREINAMENTO Processo repetitivo e sistemático composto de exercícios progressivos que visam o aperfeiçoamento da performance.

Avaliação do VO²máx. Teste de Esforço Cardiorrespiratório. Avaliação da Função Cardíaca; Avaliação do Consumo Máximo de O²;

Normas para o concurso de seleção de Bolsistas

Fisologia do esforço e metabolismo energético

Fisiologia Comparativa (animais) Fisologia do esforço e metabolismo energético. Fisiologia Aplicada (Humanos) Potência. Duração

Fisiologia do Exercício. Aula 01

UNIVERSIDADE LUSÍADA DE LISBOA. Programa da Unidade Curricular FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO Ano Lectivo 2011/2012

ESTUDO DO PERFIL LIPÍDICO DE INDIVÍDUOS DO MUNICÍPIO DE MIRANDOPOLIS/SP

Exercício Físico em altitudes. Prof a. Dr a. Bruna Oneda

UP! A-Z Force Homme. Informação Nutricional. Suplemento vitamínico e mineral de A a Z 60 cápsulas de 500mg

DP FISIOLOGIA APLICADA À ATIVIDADE MOTORA

TÍTULO: MENSURAÇÃO DE PARÂMETROS HEMATOLÓGICOS E DOSAGEM DE GLICOSE PLASMÁTICA EM DIFERENTES ESTÁGIOS DE LACTAÇÃO EM VACAS LEITEIRAS.

AVALIAÇÃO BIOQUÍMICA NO IDOSO

EXERCÍCIO FÍSICO E IDOSOS

A APTIDÃO CARDIORRESPIRATÓRA DE PRATICANTES DE AULAS DE JUMP E RITMOS DE UM MUNICÍPIO DO LITORAL DO RS

Alterações do equilíbrio hídrico Alterações do equilíbrio hídrico Desidratação Regulação do volume hídrico

Prof. Ms Artur Monteiro

Transcrição:

TREINAMENTO AERÓBIO MODERADO DE CURTA DURAÇÃO DIMINUI A CONCENTRAÇÃO DE LACTATO DURANTE TESTE DE ESFORÇO SEM ALTERAR OS NÍVEIS DE GLICOGÊNIO EM RATAS 1 João Schmidt Corso 2, Analú Bender Do Santos 3, Eliane Domanski 4, Fernanda Giesel Baldissera 5, Mirna Stela Ludwig 6, Thiago Gomes Heck 7 1 Projeto de pesquisa vinculado a bolsa de iniciação científica, desenvolvido junto ao Grupo de Pesquisa em Fisiologia da Unijui, Departamento de Ciências da Vida. 2 Aluno da Escola Técnica Estadual 25 de Julho, Bolsista de Iniciação Científica Ensino Médio-CNPq, Grupo de Pesquisa em Fisiologia- Unijuí 3 Grupo de Pesquisa em Fisiologia - GPeF, Mestranda Programa de Pós-Graduação em Atenção Integral a Saúde (PPGAIS) UNIJUÍ/UNICRUZ 4 Bacharel em Educação Física pela Unijuí 5 Mestre em Ciências da Saúde/UFCSPA, Doutorado em Ciências da Saúde/UFCSPA, Grupo de Pesquisa em Fisiologia (GPeF)/UNIJUÍ 6 Grupo de Pesquisa em Fisiologia (GPeF), Programa de Pós-Graduação em Atenção Integral a Saúde (PPGAIS), Departamento de Ciências da Vida (DCVida), Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUI) 7 Grupo de Pesquisa em Fisiologia (GPeF), Programa de Pós-Graduação em Atenção Integral a Saúde (PPGAIS), Departamento de Ciências da Vida (DCVida), Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUI) INTRODUÇÃO Há cerca de 50 anos os epidemiologistas estudam a relação das atividades ocupacionais e de lazer com saúde, e uma lista de benefícios têm surgido. Estudos mostram que o hábito da realização de exercícios físicos regularmente traz benefícios para a saúde, tais como melhora no rendimento do metabolismo corporal, diminuição de gordura, além de aumento da força e massa muscular. Também é benéfico para os sistemas cardíaco e respiratório, envolvendo pressão arterial, potência aeróbia e perfil lipídico (SANTARÉM, 1996; SAMULSKY; LUSTOSA, 1996; MATSUDO, 1999). Segundo Sharkey (2006), exercícios físicos trazem benefícios em relação ao condicionamento físico de modo geral, estendendo a duração e a qualidade de vida. As evidências científicas mostram claramente como a atividade física melhora a saúde enquanto reduz o risco de doenças, como a doença arterial coronariana, hipertensão e infarto, bem como alguns tipos de câncer, diabetes, osteoporose, obesidade e outros distúrbios crônicos. Um dado importante para a prescrição de exercícios é a determinação da intensidade de esforço. A determinação das velocidades atingidas no limiar ventilatório (LV), ponto de compensação respiratório (PCR) e consumo máximo de O2 (VO2max), mensurados por teste de esforço máximo, é uma ferramenta importante para a aplicação de intensidades de treinamento específicas e individualizadas (LOURENÇO, 2007). Segundo achados de SVEDENHAG e SEGER (1992), para a organização de sessões de exercício é muito importante o monitoramento da intensidade do esforço, tanto em exercícios aquáticos ou não. Existem vários indicadores fisiológicos que podem ser considerados na quantificação de intensidade do esforço, dentre eles estão os limiares de lactato sanguíneo e dados do metabolismo energético, como o nível de glicogênio muscular. O lactato é um sal do ácido láctico. Quando o ácido láctico libera íons hidrogênio, o componente remanescente liga-se a íons sódio ou íons potássio para formar um sal. A glicólise anaeróbia produz ácido láctico, mas ele rapidamente se dissocia e o sal lactato é formado. Por esta razão, ambos os termos são utilizados de forma intercambiável. O limiar de lactato é definido como o ponto no qual o lactato sérico começa a acumular além da concentração de repouso durante o exercício de intensidade crescente. Este acúmulo, associado ao acúmulo de íons hidrogênio, reduz o ph muscular, o que compromete os processos celulares que produzem energia e a contração muscular, contribuindo para a fadiga (WILMORE; COSTILL, 2001). A medida que a atividade torna-se mais intensa, a produção de ácido láctico extrapola a capacidade de metabolização intracelular da fibra muscular, passando a difundir em maior quantidade para o sangue. Essa concentração, atingindo determinados patamares (pela própria limitação da capacidade de metabolização do organismo como um todo), pode diminuir drasticamente a duração da atividade e gerar pontos de acúmulo, comumente denominados limiares (FARINATTI; MONTEIRO, 1992). Sendo assim, a identificação de alterações no nível de condicionamento físico está

associada a mudanças no metabolismo energético, as quais permitem a diferenciação entre indivíduos treinados e sedentários (VOLTARELLI et al., 2008). Uma adaptação conhecida do treinamento é a diminuição dos níveis sanguíneos de lactato, aumentando a capacidade de realização de exercícios físicos. Outro componente relevante para a prática de exercícios físicos é o glicogênio, conceituado como polissacarídeo estocado no tecido animal. O glicogênio é uma macromolécula sintetizada no interior das células por meio de ligações entre centenas a milhares de moléculas de glicose. As células armazenam glicogênio para suprir carboidratos como uma fonte energética. O que importa para o metabolismo do exercício é que o glicogênio é armazenado tanto nas fibras musculares quanto no fígado (POWER; HOWLEY, 2000) e, durante o exercício, as células musculares transformam o glicogênio em glicose (processo denominado glicogenólise) e a utilizam como fonte de energia para a contração. Assim, o glicogênio muscular é a principal fonte glicídica para os músculos ativos nos quais está armazenado. Uma adaptação conhecida do treinamento é o aumento nos níveis musculares de glicogênio, aumentando a capacidade de realização de exercícios físicos. (MCARDLE et al.,1998). Com base nas considerações relatadas, o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito do treinamento moderado de curta duração sobre o lactato circulante e o conteúdo de glicogênio muscular em resposta ao teste de esforço. METODOLOGIA Animais Foram utilizados 8 ratos Wistar fêmeas adultos (229,5 g ± 5,4 g; 90 dias), provenientes do Biotério do DCVida, da UNIJUÍ. Os animais foram mantidos em gaiolas semi-metabólicas, ambiente com temperatura controlada (22 ± 2 ºC), umidade relativa do ar entre 50% e 60% e iluminação artificial com ciclos de 12 horas claro/escuro. As ratas receberam ração padronizada para animais de laboratório (Nuvilab CR-1) e água potável ad libitum. Ao final do experimento as ratas foram submetidas ao esfregaço vaginal para identificação do período do ciclo estral, confirmado período adequado para experimentação (estro e metaestro, menores níveis hormonais). Este projeto foi aprovado pelo CEUA da Unijuí (001-2015). Adaptação ao meio aquoso Os animais foram submetidos a um período de adaptação ao meio aquoso durante cinco dias consecutivos, dentre 14 e 16 horas. A adaptação consistiu em manter os animais sob natação sem carga por 10 minutos em tanque de vidro (55 x 55 x 56 cm) com 4 espaços individuais iguais (25 x 25 x 56 cm) preenchidos com 45 cm de água a 30 ± 1 ºC, permitindo, assim, a natação individual e simultânea de 4 animais. O procedimento de adaptação tem como objetivo reduzir comportamentos de estresse durante o experimento, mas sem promover adaptações físicas relacionadas ao exercício. Após o período de adaptação os animais foram mantidos isentos de manipulação por 48 h (HECK, 2011). Teste de Esforço Todos os animais foram submetidos ao teste de esforço. Este teste foi realizado a partir da mensuração do nível de lactato sanguíneo em repouso (R) e após 5 minutos de natação com as cargas de 0%, 2%, 4%, 6% e 8% do peso corporal do animal, com um intervalo médio de 45 segundos para a aferição de lactato e troca da carga. A aferição do lactato foi realizada por meio de uma única punção na parte distal da cauda do animal, no início da sessão de natação. Desta punção foram coletados, a cada intervalo, 25µL de sangue para análise em lactímetro (Accutrend Plus, Roche), sendo o resultado expresso em mmol de lactato por litro de sangue (mmol/l). Foi registrado o tempo total de esforço realizado por cada animal. Grupos Experimentais e Protocolo de Treinamento Após o período de adaptação os animais foram divididos em dois grupos: Sedentário (SED, n = 4) e Treinado (TRE, n = 4). O grupo TRE foi submetido ao treinamento físico de natação (temperatura da água a 30 ºC ± 1 ºC), iniciando com duração de 20 minutos nas primeiras duas semanas (primeira semana com carga equivalente a 2% da massa corporal, e segunda semana com carga equivalente a 4% do peso corporal), sendo acrescidos 10 minutos de exercício a cada semana, até atingir 50 minutos de natação com carga de 4% acoplada à base da cauda, representando intensidade moderada de esforço (HECK, 2011). O grupo SED foi mantido no tanque com 4 centímetros de água durante o mesmo período de tempo. Após 5 semanas de treinamento ou repouso os animais repetiram o teste de esforço. Extração e Dosagem de Glicogênio Logo após o teste de esforço pós-treinamento ou repouso, os animais foram mortos por decapitação por meio de guilhotina,

e o músculo gastrocnêmio de ambas patas traseiras foram coletados. Amostras do músculo (cerca de 150 mg) foram utilizadas para dosar glicogênio. O tecido foi colocado em tubo de ensaio com KOH 30% (m/v) e submetido à fervura em água até a dissolução do músculo. As amostras foram suspensas em etanol 70% e colocadas em gelo para precipitação das moléculas de glicogênio. Em seguida foram centrifugadas e os sobrenadantes descartados. Curva padrão de glicogênio (a partir de 1 mg/ml) foi preparada. Às amostras e à curva foi adicionado ácido clorídrico 4 mol/l e aquecidas em banho fervente a 100 C para induzir a hidrólise das moléculas de glicogênio. A solução foi neutralizada com carbonato de sódio 2 mol/l para a dosagem por reagente de cor do kit de glicose, a partir da formação de peróxido de hidrogênio e ácido glicônico por ação da glicose oxidase. Os tubos foram incubados por 10 min a 37 C e, então, efetuadas as leituras em espectrofotômetro a 490. Os valores de glicogênio de cada amostra foram normalizados pela sua divisão com a respectiva massa de tecido. RESULTADOS No período pré-treinamento os animais não demonstraram alteração no conteúdo de lactato circulante durante o teste de esforço (Figura 1) e também não houve diferença na área sob a curva ASC pré-treinamento (Figura 3). Após 5 semanas, os animais que foram submetidos ao treinamento apresentaram menor conteúdo de lactato sanguíneo durante o teste de esforço quando comparados aos animais sedentários, conforme demonstrado na figura 2 e no cálculo da ASC (Figura 4, P = 0,04). Os animais, treinados ou não, não demonstraram diferença na concentração de glicogênio muscular (gastrocnêmio) após o teste de esforço (Figura 5, P = 0,62). Figura 1 Lactato sanguíneo durante teste de esforço pré-treinamento. Relação entre a quantidade de lactato no sangue (mmol/l) e a intensidade de esforço realizado (% de carga), n = 4 animais por grupo

Figura 2 Lactato sanguíneo durante teste de esforço pós-treinamento ou repouso. Relação entre a quantidade de lactato no sangue (mmol/l) e a intensidade de esforço realizado (% de carga), n = 4 animais por grupo Figura 3 Área sob a curva de lactato sanguíneo durante teste de esforço pré-treinamento. Dados expressos em Unidades de área, n = 4 animais por grupo, * P < 0,05, teste estatístico t de Student

Figura 4 Área sob a curva de lactato sanguíneo durante teste de esforço pós-treinamento ou repouso. Dados expressos em Unidades de área, n = 4 animais por grupo, * P < 0,05, teste estatístico t de Student Figura 5. Conteúdo de glicogênio muscular (gastrocnêmio) após treinamento ou repouso e teste de esforço. Dados expressos em mg de glicogênio/g de tecido fresco, n = 4 animais por grupo, teste estatístico t de Student

DISCUSSÃO Neste estudo encontramos uma melhor resposta ao esforço quanto aos níveis de lactato sanguíneo nos animais que realizaram treinamento aeróbio de curto prazo sob intensidade moderada. O mesmo também foi encontrado em animais sob treinamento de baixa intensidade (sem sobrecarga), em sessões de 30 min, 5 vezes por semana, por 6 semanas, os quais demonstraram níveis de lactato sanguíneo menores que os animais sedentários (Freitas et al., 2010). Isto ocorre, possivelmente, porque a remoção do lactato após o período de treinamento é realizada de forma mais eficiente, resultando na diminuição da acidose das células e do sangue, garantindo um tempo maior de atividade muscular antes de ocasionar a fadiga. Estes achados sugerem que sob intensidade moderada, e até mesmo sob baixa intensidade, o treinamento aeróbio proporciona adaptações positivas no metabolismo do organismo. O protocolo de treinamento utilizado neste estudo, com 4% de carga, 50 min ao dia, 5 dias na semana, por 5 semanas, não foi suficiente para resultar em um aumento de glicogênio muscular logo após esforço máximo. Na pesquisa desenvolvida por Figueira et al. (2007) os ratos foram submetidos à natação com sobrecarga de 5% da massa corporal, 1 h por dia (5 vezes por semana), durante 4 semanas, não surtindo diferença nos níveis de glicogênio hepático e do músculo sóleo entre os animais treinados e sedentários. Assim, podemos sugerir que o treinamento moderado a curto prazo, tanto sob 4% quanto sob 5% de carga, não aumenta o estoque de glicogênio muscular após esforço intenso. Desta forma, acreditamos que para aumentar a concentração de glicogênio muscular após esforço seria necessário treinamento intenso, visto que o glicogênio sofre uma maior depleção no exercício intenso, com maior supercompensação. Quando um indivíduo é submetido a um treinamento no qual gasta mais glicogênio, consequentemente irá adaptar seu metabolismo a aumentar o estoque desta reserva energética, com o objetivo de atingir a demanda de exercício por mais tempo e na mesma intensidade (POWER; HOWLEY, 2000). CONCLUSÃO Os animais submetidos ao treinamento aeróbio moderado a curto prazo, quando comparados aos animais sedentários, apresentaram menor concentração de lactato sanguíneo após teste de esforço, e assim conseguiram realizar o exercício sob maior intensidade e por mais tempo. Por outro lado, essa melhor performance não foi associada ao aumento do estoque de glicogênio muscular (gastrocnêmio). Estes dados indicam que o protocolo de treinamento proposto leva a uma adaptação no organismo dos animais e que o teste de esforço é eficaz para diferenciar animais treinados de sedentários. REFERÊNCIAS FARINATTI, P.T.V.; MONTEIRO, W.D. Fisiologia e avaliação funcional. Rio de Janeiro, Sprint, 1992. FIGUEIRA; T.R., et al. Efeito do treinamento aeróbio sobre o conteúdo muscular de triglicérides e glicogênio em ratos. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, 2007. FREITAS; J.S. et al. Treinamento aeróbio em natação melhora a resposta de parâmetros metabólicos de ratos durante teste de esforço. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, volume 16, no 2. Niterói, Mar./Abr. 2010. HECK, T. G. Razão Entre o Conteúdo Extracelular e Intracelular de HSP70 como um Sinal de Alerta Imunológico e Marcador de Intensidade de Exercício. (Doutorado). Programa de Pós Graduação em Ciências do Movimento Humano, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2011. LOURENÇO, T.F. Interpretação metabólica dos parâmetros ventilatórios obtidos durante um teste de esforço máximo e sua aplicabilidade no esporte. Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano. Campinas-SP; p.310-317, abril, 2007. MATSUO, V.K.R. Vida ativa para o novo milênio. Revista e Oxidologia, p.1824, set/out 1999. MCARDLE, W.D. et al. Fisiologia do Exercício Energia, Nutrição e Desempenho Humano. 4a edição. Editora Guanabara Koogan. 1998. POWER, S.K.; HOWLEY E.T., Fisiologia do Exercício. 3a edição. Barueri-SP. Editora Manole Ltda, 2000. SAMULSKY, D.; LUSTOSA, L.A. A importância a atividade física para a saúde e a qualidade e vida. ARTUS Revista Educação Física e Desportos, v.17, n.1, p.60-70, 1996. SANTAREM, J. M. Atividade Física e Saúde, Acta Fisiátrica, v.3, n.1, p.37-39, 1996. SHARKEY, J. Brian. Condicionamento físico e saúde. 5a edição. Porto Alegre: Artmed Editora S.A., 2006. SVEDENHAG J, SEGER J. Running on land and in water: comparative exercise physiology. Med Sci Sports Exerc 1992. VOLTARELLI, F. A., C. A. GOBATTO, et al. Minimum Blood Lactate and Muscle Protein of Rats During Swimming Exercise.

Biology of Sport. UNESP, São Paulo State University, Brazil. 25: 23-34 p. 2008. WILMORE, J.H.; COSTILL, D.L. Fisiologia do Esporte e do Exercício, São Paulo, Ed. Manole, 2a edição, 2001.