Comemorações do 35º Aniversário do Banco de Cabo Verde. Conferência internacional sobre A mobilização de oportunidades no pós-crise



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Transcrição:

Comemorações do 35º Aniversário do Banco de Cabo Verde Conferência internacional sobre A mobilização de oportunidades no pós-crise Senhora Ministra das Finanças, Senhores Representantes Diplomáticos, Senhores Governadores e Representantes dos Bancos Centrais dos Países da CPLP Senhores Conferencistas Distintos Convidados Minhas Senhoras e Meus Senhores, Em nome do Banco de Cabo Verde, quero dar-vos as boas vindas a esta conferência internacional sobre A mobilização de oportunidades no pós-crise. O facto de o sistema financeiro ter sido a área de actividade económica onde a crise primeiro se manifestou, e onde teve os seus efeitos mais visíveis, justificou a escolha do tema para este evento que é realizado no quadro da missão do Banco de velar pela estabilidade do sistema financeiro e no âmbito das comemorações do seu 35º Aniversário, sob o lema 35 anos a crescer com Cabo Verde 1

Devido à grande importância do sistema financeiro para a vida económica e social, a crise financeira conduziu a uma crise económica que abalou os alicerces da sociedade moderna. Pela mesma razão, entende o Banco de Cabo Verde que o sistema financeiro deve assumir uma posição de destaque no debate sobre a gestão do póscrise, sinalizando que a actividade financeira pode e deve assumir a dianteira na criação de condições que permitam a retoma da normalidade na actividade económica e no funcionamento sociedade. da Em Cabo-Verde, felizmente, o sistema financeiro não foi afectado directamente pela crise internacional. Dominada pelo sector bancário, a actividade financeira no país mantém-se estável e rentável, servindo adequadamente as necessidades da economia e da sociedade. Porém, como é natural, os efeitos indirectos da crise se fizeram e continuam a fazer-se sentir. A evolução do nível de crédito mal-parado indicia a existência de desafios emergentes no que concerne ao risco de crédito. Por outro lado, a natureza do tecido empresarial coloca-nos perante níveis consideráveis de risco de concentração. Por último, mas não menos importante, em tempo de crise o sistema financeiro nacional tende a ressentir-se das incertezas na evolução dos fluxos externos que sustentam a nossa economia, designadamente as receitas turísticas, o investimento externo, os depósitos de emigrantes e as receitas de exportação. Neste contexto, o BCV tem vindo a desenvolver e a implementar um conjunto de medidas visando gerir os desafios identificados e reforçar a resiliência e a competitividade do sistema. O objectivo é garantir que o sistema financeiro viabilize e facilite a actividade económica, 2

permitindo à nossa economia serviço-orientada tirar partido das oportunidades neste momento de pós-crise. Neste processo beneficiamos grandemente das recomendações da recente avaliação do sistema financeiro no âmbito do programa FSAP do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial e, com as lições que estamos todos aprendendo com a actual crise. Terei mais tarde neste evento a oportunidade e o prazer de partilhar convosco mais detalhes sobre o comportamento da economia cabo-verdiana, o desempenho do sistema financeiro e as lições aprendidas com a crise tanto a nível da gestão macro-económica como da regulação e supervisão do sistema financeiro. Começo, todavia, por trazer ao vosso conhecimento algumas das medidas que o Banco de Cabo Verde tem vindo a desenvolver e a implementar no quadro da sua missão de responsável pela estabilidade e desenvolvimento do sistema financeiro nacional, com o objectivo específico de garantir que o sistema financeiro possa cumprir o seu papel de sinalizador e de facilitador da retoma neste momento de pós-crise. De entre estas medidas salientamos: i. A introdução da supervisão macro-prudencial, promovendo uma abordagem orientada nesse sentido e ferramentas específicas, tais como os stress tests, visando prevenir o risco sistémico; ii. A viragem para a supervisão baseada no risco, de modo a diminuir as vulnerabilidades existentes e a garantir a identificação e o tratamento atempado e sistemático dos 3

principais riscos a que se encontra exposto o sector bancário; iii. iv. O reforço da supervisão prudencial, capacitando o Banco e o os seus colaboradores com vista a atender às necessidades crescentes da actividade, em particular no que respeita às actividades financeiras especializadas; A reforma da infra-estrutura legal do sistema financeiro, de modo a permitir a expansão da actividade em linha com o potencial nacional e com os padrões e práticas internacionais. Neste capítulo, merece realce o processo em curso de revisão da lei reguladora da actividade financeira e do Código do Mercado de Valores Mobiliários, e ainda a reforma do sector off-shore, este último com o objectivo de garantir a prestação de serviços financeiros a não residentes, mas em linha com padrões internacionalmente aceites, reduzindo assim o risco reputacional inerente. O Banco de Cabo Verde está consciente de que a actividade financeira não ocorre num vazio. Antes porém, para ter sucesso precisa de um ambiente global adequado ao investimento e à actividade económica em geral. Daí que, em complemento às acções atrás referidas, o Banco de Cabo Verde está também a aprofundar o domínio de questões não financeiras e tem estado e vai continuar a trabalhar em parceria com outras entidades públicas e privadas nacionais na identificação e resolução de problemas em outros sectores que possam afectar a saúde e a eficácia do sistema financeiro. Entre essas iniciativas extra-sistema referimos aqui as medidas relacionadas com o reforço da estabilidade das finanças 4

públicas, imprescindível para o sucesso da iniciativa privada, e as medidas orientadas para a melhoria do ambiente de investimento e de negócios. Para além de dois palestrantes, conceituados economistas que irão partilhar connosco a sua análise e as suas sugestões na matéria para a economia nacional e para a zona Euro, temos connosco representantes de vários bancos centrais de países amigos e relevantes para a nossa realidade, para partilhar connosco as suas experiências e a sua visão para este momento crucial. Contamos também com a participação activa dos senhores convidados, de modo a ficarmos sintonizados com as preocupações e as aspirações da nossa economia e da nossa sociedade. Juntos sairemos deste evento mais esclarecidos sobre os desafios e as oportunidades existentes, mas também sobre as responsabilidades de todos e de cada um neste momento decisivo. Cumpre-me assim passar a palavra a S.E. a Senhora Ministra das Finanças para a abertura do evento, apresentando a sua comunicação. Praia, 24 de Setembro de 2010 5