IV PROCESSO ORÇAMENTAL. 4.1 Enquadramento Legal Orçamento do Estado

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Transcrição:

IV PROCESSO ORÇAMENTAL 4.1 Enquadramento Legal 4.1.1 Orçamento do Estado O Orçamento do Estado é o documento no qual estão previstas as receitas a arrecadar e fixadas as despesas a realizar num determinado exercício económico e tem por objecto a prossecução da política financeira do Estado, segundo dispõe o artigo 12 da Lei n.º 9/2002, de 12 de Fevereiro, que cria o Sistema de Administração Financeira do Estado - SISTAFE. Os princípios e regras da elaboração do Orçamento do Estado são fixados pela já citada lei. A execução do Orçamento obedece à Lei do Orçamento e às disposições atinentes aprovadas pelo Governo para o exercício económico, nos termos do artigo 28 da lei que cria o SISTAFE. Para o exercício económico em apreço, a Assembleia da República aprovou dois diplomas legais relativos ao orçamento, sendo o primeiro, o Orçamento do Estado inicial - Lei n.º 1/2011, de 5 de Janeiro, e o segundo, o Orçamento do Estado rectificativo - Lei n.º 9/2011, de 13 de Junho. Através destes diplomas, a Assembleia da República incumbe o Governo a arrecadar as receitas nelas previstas e a efectuar as despesas aí elencadas, dentro dos limites fixados para o ano económico de 2011. A Circular n.º 1/GAB-MF/2011, de 5 de Janeiro, do Ministro das Finanças, define os procedimentos a serem observados na administração e execução do OE para o exercício de 2011, nos termos do artigo 28 da Lei n.º 9/2002, de 12 de Fevereiro. Por sua vez, através do Decreto n.º 4/2011, de 1 de Abril, o Governo atribui aos órgãos e instituições do Estado competências para procederem a alterações (transferências e redistribuições) de dotações orçamentais em cada nível, no uso das competências que lhe são conferidas pelos artigos 6 e 7 da Lei n.º 1/2011, de 5 de Janeiro, que aprova o Orçamento do Estado para o ano de 2011, e pelo artigo 28 e n.ºs 2 e 3 do artigo 34, ambos da Lei n.º 9/2002, de 12 de Fevereiro. A Lei n.º 1/2011, de 5 de Janeiro, que aprova o Orçamento do Estado para o exercício económico, indica, no n.º 1 do artigo 4, a previsão da receita a arrecadar. No caso de a colecta de receitas superar essa previsão, a Assembleia da República autoriza o Governo... a usar os recursos extraordinários para a cobertura do défice, pagamento da dívida pública e financiamento de projectos de investimento prioritários, nos termos do n.º 1 do artigo 6 da mesma lei. 4.1.2 Lei do Orçamento do Estado de 2011 O Plano Económico e Social para 2011 (PES 2011) constitui o instrumento da operacionalização dos objectivos da política económica e social, definidos no Programa Quinquenal do Governo 2010-2014 e assenta nas previsões de realização do PES 2010, mediante o Balanço do PES do Primeiro Semestre de 2010, integrando, ao mesmo tempo, a priorização da afectação de recursos preconizados no Cenário Fiscal de Médio Prazo (CFMP) 2011-2013. Por sua vez, o Orçamento do Estado torna-se assim a expressão ou realização financeira dos objectivos consagrados no Plano Económico e Social para o ano de 2011. IV-1

No âmbito dos objectivos fixados no Plano Económico e Social para 2011, a despesa pública foi orientada para acções que concorreram para maiores taxas de crescimento económico, com incidência na área de desenvolvimento rural, no combate à pobreza urbana, na provisão de serviços sociais básicos e infra-estruturas, criação de oportunidades de emprego, bem como na criação de um ambiente favorável ao investimento privado. Na área da receita, os esforços concentraram-se no incremento dos níveis de arrecadação das receitas do Estado através do alargamento da base tributária e combate à evasão e elisão fiscais que, a médio e longo prazo, contribuirão para a redução do défice orçamental. Nos termos do acima exposto e ao abrigo da alínea m) do n.º 2 do artigo 179 da Constituição, a Assembleia da República aprovou, através da Lei n.º 1/2011, de 5 de Janeiro, o Orçamento do Estado para o ano de 2011. No n.º 2 dessa Lei Orçamental são estabelecidos os montantes globais do Orçamento do Estado para 2011. A previsão de receitas é de 73.274.806,68 mil Meticais enquanto o limite máximo para as despesas se situa em 132.403.142,10 mil Meticais, resultando, daí, um défice orçamental previsto de 59.128.335,42 mil Meticais. Tornando-se necessário proceder à alteração dos limites da receita e despesa fixados no Orçamento do Estado aprovado, ao abrigo do disposto no n.º 1 do artigo 34 da Lei n.º 9/2002, de 12 de Fevereiro, a Assembleia da República aprovou a Lei n.º 9/2011, de 13 de Junho, que altera os artigos 2, 3, 4, 5, 11 e 12 da Lei do Orçamento do Estado inicial. Por seu turno, no número 2 da Lei Orçamental rectificativa são estabelecidos os novos montantes globais do Orçamento do Estado para 2011. As receitas efectivas previstas ascendem a 79.158.000,00 mil Meticais enquanto o limite máximo para as despesas se situa em 141.757.225,79 mil Meticais, resultando daí um défice orçamental previsto de 62.599.225,79 mil Meticais. 4.2 Alterações Orçamentais 4.2.1 Alterações Orçamentais da Competência da Assembleia da República 4.2.1.1 Lei do Orçamento Inicial e Lei do Orçamento Rectificativo O regime geral das alterações orçamentais está consagrado no artigo 34 da Lei n.º 9/2002, de 12 de Fevereiro. Segundo dispõe o n.º 1 daquele artigo, compete à Assembleia da República, sob proposta do Governo, promover as alterações aos limites fixados na Lei Orçamental. De harmonia com o estabelecido no n.º 2 do citado normativo, o Governo pode efectuar reforços de verbas para fazer face a despesas não previsíveis e inadiáveis, utilizando, para o efeito, a dotação provisional prevista no n.º 3 do artigo 13 da mesma lei, desde que tais acréscimos sejam devidamente fundamentados. Apresentam-se, em seguida, no Quadro n.º IV.1, os valores do orçamento inicial, aprovado pela Lei n.º 1/2011, de 5 de Janeiro, e do orçamento rectificativo, aprovado pela Lei n.º 9/2011, de 13 de Junho. IV-2

Quadro n.º IV. 1 Orçamento do Estado Inicial e Rectificativo Classificação Económica Orçamento Inicial Lei n.º 1/2011, de 5 de Janeiro Orçamento Retificativo Lei n.º 9/2011, de 13 de Junho (Em mil Meticais) Variacão TOTAL DE RECURSOS 132.403.142 100,0 141.757.226 100,0 7,1 Receitas Internas 74.338.316 56,1 81.776.617 57,7 10,0 Receitas do Estado 73.274.807 55,3 79.158.000 55,8 8,0 Receitas Correntes 71.962.305 54,4 77.187.000 54,5 7,3 Receitas Fiscais 60.796.342 45,9 66.775.000 47,1 9,8 Receitas não Fiscais 6.314.056 4,8 5.533.000 3,9-12,4 Receitas Consignadas 4.851.907 3,7 4.879.000 3,4 0,6 Receitas de Capital 1.312.502 1,0 1.971.000 1,4 50,2 Défice Orçamental 59.128.335 44,7 62.599.226 44,2 5,9 Crédito Interno 1.063.510 0,8 2.618.617 1,8 146,2 Recursos Externos 58.064.826 43,9 59.980.608 42,3 3,3 Donativos 35.768.787 27,0 35.284.516 24,9-1,4 Créditos 22.296.038 16,8 24.696.092 17,4 10,8 TOTAL DE DESPESAS 132.403.142 100,0 141.757.226 100,0 7,1 Despesas de Funcionamento 72.359.282 54,7 77.005.523 54,3 6,4 Despesas Correntes 68.467.506 51,7 73.290.415 51,7 7,0 Despesa com o Pessoal 36.250.048 27,4 36.250.048 25,6 0,0 Bens e Serviços 9.763.537 7,4 11.501.865 8,1 17,8 Encargos da Dívida 3.593.962 2,7 3.306.086 2,3-8,0 Transferências Correntes 11.503.513 8,7 12.247.690 8,6 6,5 Subsídios 2.965.200 2,2 5.573.580 3,9 88,0 Outras Despesas Correntes 4.344.861 3,3 4.367.749 3,1 0,5 Exercícios Findos 46.385 0,0 43.397 0,0-6,4 Despesas de Capital 3.891.776 2,9 3.715.108 2,6-4,5 Bens de Capital 317.615 0,2 358.321 0,3 12,8 Operações Financeiras 3.574.161 2,7 3.356.787 2,4-6,1 Despesas de Investimento 60.043.860 45,3 64.751.702 45,7 7,8 Componente Interna 18.839.527 14,2 20.581.718 14,5 9,2 Componente Externa 41.204.333 31,1 44.169.984 31,2 7,2 Fonte: Mapa A da Lei n.º 1/2011, de 5 de Janeiro, e Mapa A da Lei n.º 9/2011, de 13 de Junho. Como se observa no quadro acima, inicialmente, através da Lei n.º 1/2011, de 5 de Janeiro, o Governo previu arrecadar receitas do Estado, no valor de 73.274.807 mil Meticais (55,3% dos recursos totais), contra despesas do Estado fixadas em 132.403.142 mil Meticais, resultando num défice orçamental de 59.128.335 mil Meticais, 44,7% do total da receita global. No decorrer do mesmo exercício económico, através da Lei n.º 9/2011, de 13 de Junho, sob proposta do Governo, a Assembleia da República alterou os artigos 2, 3, 4, 5, 11 e 12 da Lei do Orçamento inicial, prevendo-se a arrecadação de receitas do Estado no valor de 79.158.000 mil Meticais, que corresponde a 55,8% do total dos recursos previstos. As despesas totais foram fixadas em 141.757.226 mil Meticais, donde resultou um défice orçamental de 62.599.226 mil Meticais, representando 44,2% dos recursos financeiros canalizados para o Orçamento do Estado de 2011. Nestas variações, o Crédito Interno, as Receitas de Capital e os Créditos Externos registaram crescimento de 146,2%, 50,2% e 10,8%, respectivamente, tendo as Receitas não Fiscais e os Donativos conhecido decréscimos de 12,4% e 1,4%, na mesma ordem. Do lado das despesas, as verbas de Subsídios, Bens e Serviços e Bens de Capital registaram crescimentos de 88%, 17,8% e 12,8%, respectivamente, e os Encargos da Dívida, Exercícios IV-3

Findos e Operações Financeiras, registaram diminuições de 8%, 6,4% e 6,1%, respectivamente. Verifica-se, pois, que as receitas efectivas previstas (79.158.000 mil Meticais) cobrem apenas 55,8% das necessidades de financiamento das despesas orçamentadas (141.757.226 mil Meticais), sendo o défice orçamental (62.559.226 mil Meticais) assegurado através de donativos e recurso ao crédito interno e externo. No tocante às necessidades de financiamento do Orçamento do Estado de 2011, é de realçar, também, que o montante global das receitas internas previstas é de 81.776.617 mil Meticais, representando 57,7% do total dos recursos financeiros necessários para acorrer às despesas fixadas. Desse montante, 79.158.000 mil Meticais (55,8% do total das receitas) respeitam a receitas efectivas e 2.618.617 mil Meticais (1,8%) a Crédito Interno. De sublinhar, ainda, que, no domínio das Receitas Internas, são as Receitas Fiscais (66.775.000 mil Meticais) que maior preponderância assumem, representando 47,1% da globalidade dos recursos financeiros previstos no orçamento. O Gráfico n.º IV.1, abaixo, espelha os valores de cada uma das fontes de financiamento previstas no Orçamento do Estado de 2011. Gráfico n.º IV.1 Fontes de Financiamento Previstas no OE 2011 Fonte: Mapa A da Lei n.º 9/2011, de 13 de Junho. Observa-se, no Gráfico n.º IV.1, que as Receitas Fiscais, Donativos Externos e Créditos Externos contribuem com maior peso na previsão das Receitas do Estado, relegando as Receitas não Fiscais, Receitas Consignadas, Crédito Interno e Receitas de Capital a representatividades pouco significativas. No que respeita às despesas, o maior destaque vai para o facto de as despesas de Funcionamento, fixadas em 77.005.523 mil Meticais, (73.290.415 mil Meticais respeitam a Despesas Correntes e 3.715.108 mil Meticais, a Despesas de Capital) superarem as de Investimento, cujo limite máximo foi estabelecido em 64.751.702 mil Meticais (20.581.718 mil Meticais por financiamento interno e 44.169.984 mil Meticais, por financiamento externo), como se pode verificar no Gráfico n.º IV.2, a seguir. IV-4

Gráfico nº IV.2 Despesas de Funcionamento e de Investimento Previstas no OE 2011 90.000.000 80.000.000 70.000.000 3.715.108 Despesas de Capital Financiamento Interno 60.000.000 Mil Meticais 50.000.000 20.581.718 40.000.000 30.000.000 20.000.000 73.290.415 Despesas Correntes 44.169.984 Financiamento Externo 10.000.000 0 Despesas de Funcionamento Despesas de Investimento Fonte: Mapa A da Lei n.º 9/2011, de 13 de Junho. Apresenta-se, a seguir, o quadro resumo dos saldos, elaborado com base nos valores globais constantes do Orçamento do Estado de 2011. Quadro n.º IV.2 Saldo Global do Orçamento do Estado (Em mil Meticais) Designação Lei n.º 9/2011, de 13 de Junho 1- Receitas Correntes 77.187.000 2- Despesas Correntes 73.290.415 3- Saldo Corrente (1-2) 3.896.585 4- Receitas de Capital 1.971.000 5- Despesas de Bens de Capital 358.321 6- Saldo do Orçamento Corrente (3+4-5) 5.509.264 7- Despesas de Investimento 64.751.702 8- Operações Financeiras Activas 1.118.299 9- Operações Financeiras Passivas 2.238.488 10- Saldo Global (6-7-8-9) -62.599.226 Fonte: Lei n.º 9/2011, de 13 de Junho. Do quadro precedente, verifica-se que foi previsto um saldo corrente positivo de 3.896.585 mil Meticais, resultante da diferença entre as Receitas Correntes (77.187.000 mil Meticais) e as Despesas Correntes (73.290.415 mil Meticais). Aquele saldo corrente, quando adicionado às Receitas de Capital previstas, no montante de 1.971.000 mil Meticais, e subtraído das dotações de Bens de Capital (358.321 mil Meticais), conduz ao saldo do orçamento corrente de 5.509.264 mil Meticais. Considerando ainda a dotação das Despesas de Investimento (64.751.702 mil Meticais), bem como as Operações Financeiras Activas (1.118.299 mil Meticais) e Passivas (2.238.488 mil Meticais), chegamos a um défice global previsto de 62.599.225 mil Meticais. IV-5

4.2.2 Alterações Orçamentais da Competência do Governo A redistribuição de verbas dentro dos limites fixados pela Assembleia da República é da competência do Governo, conforme dispõe o n.º 3 do artigo 34 da Lei n.º 9/2002, de 12 de Fevereiro. A transferência de verbas de um órgão ou instituição do Estado para outro deve ser tratada, no Orçamento do Estado, a crédito de um e a débito de outro, segundo o n.º 4 do mesmo artigo. À semelhança dos anos anteriores, a Assembleia da República, pelo disposto no artigo 7 da Lei do Orçamento do Estado, autorizou o Governo a proceder a transferências de dotações dos órgãos ou instituições do Estado. Por sua vez, ao abrigo do n.º 1 do artigo 3 do Decreto n.º 4/2011, de 1 de Abril, o Governo delegou, no Ministro das Finanças, a competência de autorizar, por despacho, transferência de dotações orçamentais quando se verifiquem as seguintes situações: a) Os órgãos ou instituições do Estado tenham sido extintos, integrados ou separados para outros ou novos que venham a exercer as mesmas funções; b) A não utilização, total ou parcial, da dotação orçamental prevista por um órgão ou instituição do Estado, podendo a referida dotação ser transferida para as instituições que dela careçam; c) Entre órgãos ou instituições de quaisquer níveis. No exercício desta competência, o Ministro das Finanças aprovou, por despachos de 31 de Março, 30 de Junho, 30 de Setembro e 30 de Dezembro, todos de 2011, referentes ao primeiro, segundo, terceiro e quarto trimestres, respectivamente, as transferências, redistribuições e reforços de dotações orçamentais alocadas aos órgãos e instituições do Estado, relativamente ao Orçamento inicial, aprovado pela Lei n.º 1/2011, de 5 de Janeiro, e, posteriormente, ao Orçamento rectificativo, aprovado pela Lei n.º 9/2011, de 13 de Junho. Nos termos do estatuído nos números 1, 2, 3 e 4, todos do artigo 4 daquele decreto, é delegada aos Ministros dos sectores, dirigentes dos órgãos ou instituições do Estado que não estejam sob tutela de qualquer Ministério, nos Governadores Provinciais e Administradores Distritais, a competência para autorizarem redistribuições de dotações orçamentais dos órgãos e instituições, dentro de cada um dos grupos agregados de despesa, de uma mesma actividade das despesas de funcionamento, observando-se que: a) No grupo agregado de Despesa com o Pessoal não é permitida a redistribuição de dotações das rubricas de Salários e Remunerações para Outras Despesas com o Pessoal, sendo admissíveis, apenas, redistribuições no sentido inverso; b) A actividade esteja associada a um Programa do Governo sob sua gestão. Segundo o estabelecido no artigo 5 do mesmo decreto, as alterações autorizadas por delegação de competências devem ser comunicadas ao Ministério das Finanças, no caso de órgãos ou instituições de nível Central, e às Direcções Provinciais do Plano e Finanças, quando sejam de Âmbito Provincial ou Distrital, logo após a sua aprovação, acompanhadas do respectivo despacho. Ainda, neste domínio, o artigo 3 da Circular n.º 01/GAB-MF/2011, de 5 de Janeiro, do Ministro das Finanças, define os procedimentos a observar no que concerne às alterações orçamentais. IV-6

O Quadro n.º IV.3, a seguir, reflecte o conjunto das alterações orçamentais efectuadas em 2011, sendo particularmente expressivo o acréscimo de 6.330 milhões de Meticais verificado entre a dotação global (141.757 milhões de Meticais, constante da Lei n.º 9/2011, de 13 de Junho) e a final (148.088 milhões de Meticais, constante na CGE), traduzindo um aumento na despesa de 4,5%. Quadro n.º IV.3 - Alterações às Dotações Inscritas no Orçamento Cód. Designação Lei n.º 1/2011, de 5 de Janeiro OE/2011 Lei n.º 9/2011, de 13 de Junho Alteração Orçamental (Em milhões de Meticais) CGE 2011 Dotação Final Componente Funcionamento 72 359 77 006 4 658 81 663 6.0 1 Despesas Correntes 68 468 73 290 1 291 74 581 1.8 11 Despesas com o Pessoal 36 250 36 250 445 36 695 1.2 12 Bens e Serviços 9 764 11 502 1 023 12 525 8.9 13 Encargos da Dívida 3 594 3 306 195 3 501 5.9 14 Transferências Correntes 11 504 12 248 24 12 272 0.2 15 Subsídios 2 965 5 574 0 5 574 0.0 16 Outras Despesas Correntes 4 345 4 368-399 3 969-9.1 17 Exercícios Findos 46 43 3 46 6.9 2 Despesas de Capital 3 892 3 715 3 367 7 082 90.6 Bens de Capital 318 358 29 388 8.2 Operações Financeiras 3 574 3 357 3 338 6 694 99.4 Componente Investimento 60 044 64 752 1 673 66 425 2.6 Financiamento Interno 18 840 20 582 1 673 22 255 8.1 Financiamento Externo 41 204 44 170 0 44 170 0.0 Total 132 403 141 757 6 330 148 088 4.5 Fonte: Mapa A da Lei n.º 1/2011, de 5 de Janeiro, Mapa A da Lei n.º 9/2011, de 13 de Junho, e Quadros 7, 10, 15 e 16 da CGE de 2011. Nestas alterações, destacam-se as ocorridas na Componente Funcionamento, nas verbas Operações Financeiras, Bens e Serviços e Outras Despesas Correntes. Enquanto as dotações das primeiras duas registaram variações positivas, pois, estavam fixadas em 3.357 e 11.502 milhões de Meticais, tendo passado as suas dotações finais para 6.694 e 12.525 milhões de Meticais, representando crescimentos de 99,4% e 8,9%, respectivamente, a dotação da última registou uma redução de 399 milhões de Meticais (-9,1%), ao passar de 4.368 milhões de Meticais para 3.969 milhões de Meticais. Por seu turno, na Componente Investimento registou-se variação positiva de 8,1% na dotação do financiamento interno, mantendo-se inalterada a dotação do financiamento externo. Segundo consta do Relatório do Governo sobre os Resultados da Execução Orçamental da Conta Geral do Estado de 2011, a dotação final é superior à dotação fixada pela lei rectificativa em 6.330 milhões de Meticais. Esta diferença corresponde ao reforço dos limites orçamentais das despesas associadas a Receitas Próprias e Consignadas, pagamento da dívida pública e acordos de retrocessão, efectuados nos termos do artigo 6 da Lei n.º 1/2011, de 5 de Janeiro, o qual autoriza o Governo a usar os recursos extraordinários para a cobertura do défice, pagamento da dívida pública e financiamento de projectos prioritários. 4.3 Evolução das Estimativas Orçamentais da Receita no Quinquénio No Gráfico n.º IV.3, abaixo, é apresentada a evolução da receita prevista, relativamente ao último quinquénio (2007/2011). IV-7

Gráfico nº IV.3 Evolução da Previsão da Receita no Quinquénio Previsão 80.000 77.649 Milhões de Meticais 70.000 60.000 50.000 40.000 30.000 20.000 10.000 0 33.261 38.816 46.217 57.432 Previsão 2007 2008 2009 2010 2011 Fonte: OE e CGE de 2007-2011. Dele emerge que as previsões orçamentais têm vindo sistemática e sustentadamente a aumentar em todos os anos do quinquénio. Um outro aspecto a relevar é a acentuada taxa de crescimento anual nominal verificada, no que diz respeito à previsão das receitas constante dos respectivos OE, nomeadamente as dos últimos dois anos, com 24% e 35%, respectivamente, como vai espelhado no Gráfico n.º IV.4, abaixo. Gráfico n.º IV.4 Taxas de Crescimento das Previsões de Receita Constantes do OE, no Quinquénio 2007/2011. Taxa de crescimento da Previsão do OE 35% 35% 30% 25% 20% 15% 17% 19% 24% Taxa de crescimento da Previsão do OE 10% 5% 0% 2008 2009 2010 2011 Fonte: Orçamento de Estado 2007/2011 e Mapa II da CGE 2007/2011. O Quadro n.º IV.4, a seguir, procede, com maior detalhe, à comparação das receitas previstas nos OE do quinquénio 2007/2011, segundo a classificação económica. IV-8

Quadro n.º IV.4 - Evolução da Receita Prevista por Classificação Económica Cód. Designacão 2007 2008 1 Receitas Correntes 31.401 37.117 18,2 43.851 18,1 56.160 28,1 77.187 37,4 97,5 111 Receitas Fiscais 26.532 30.801 16,1 39.676 28,8 47.311 19,2 66.775 41,1 84,4 1111 Impostos Sobre o Rendimento 7.555 10.004 32,4 12.386 23,8 16.770 35,4 22.687 35,3 28,7 11111 Imp. s/rend. das Pessoas Colectivas 3.259 4.622 41,8 6.154 33,1 9.089 47,7 12.282 35,1 15,5 11112 Imp. s/rend. das Pessoas Singulares 4.250 5.312 25,0 6.182 16,4 7.622 23,3 10.336 35,6 13,1 11113 Imp. Especial sobre o Jogo 46 69 49,1 50-27,3 59 17,2 69 16,8 0,1 1112 Impostos Sobre Bens e Serviços 17.222 18.861 9,5 22.740 20,6 28.291 24,4 41.417 46,4 52,3 11121 Imp. sobre o Acrescentado 11.073 13.168 18,9 15.815 20,1 20.138 27,3 30.457 51,2 38,5 11122 Imp. s /Consumos E.-P.Nacionais 1.350 1.629 20,7 1.998 22,6 2.308 15,5 2.737 18,6 3,5 11123 Imp. s/consumos E.-P.Importados 856 940 9,8 1.321 40,5 1.480 12,0 1.507 1,8 1,9 11124 Imp. sobre o Comércio Externo 3.943 3.124-20,8 3.606 15,4 4.364 21,0 6.715 53,9 8,5 1113 Outros Impostos 1.755 1.936 10,3 4.550 135,0 2.250-50,5 2.671 18,7 3,4 112 Receitas não Fiscais 2.544 2.718 6,8 2.614-3,8 4.590 75,6 5.533 20,5 7,0 113 Receitas Consignadas 2.325 3.599 54,8 1.561-56,6 4.259 172,8 4.879 14,6 6,2 2 Receitas de Capital 1.860 1.699-8,7 2.366 39,3 1.272-46,2 1.971 54,9 2,5 Total das Receitas do Estado 33.261 38.816 16,7 46.217 19,1 57.432 24,3 79.158 37,8 100,0 Fonte: Orçamento do Estado 2007-2011 e Mapa II da CGE 2007-2011. Como se pode observar no Quadro n.º IV.4, a receita total do Orçamento do Estado, no quinquénio 2007-2011, registou um aumento de 16,7%, em 2008, 19,1%, no ano seguinte e 24,3%, em 2010, para, no exercício em apreço, situar-se em 37,8%. Este último aumento resultou de um crescimento nas Receitas Correntes, com destaque para as Receitas Fiscais, que conheceram um incremento de 41,1%, de 2010 para 2011, ao passar de 47.311 milhões de Meticais, para 66.775 milhões de Meticais, em 2011. É de referir, ainda, que no Orçamento do Estado de 2011, as Receitas Correntes (77.187 milhões de Meticais) representaram 97,5% do total das receitas previstas, e de Capital (1.971 milhões de Meticais), 2,5%. O Gráfico n.º IV.5, abaixo, apresenta, separadamente, de harmonia com o seu Âmbito Central e Provincial (incluindo este o Distrital), as receitas orçamentais correntes previstas no quinquénio 2007/2011, bem como a sua evolução. Gráfico n.º IV.5 Evolução das Receitas de Âmbito Central e Provincial Previstas nos Respectivos Orçamentos de Estado, no Quinquénio 2007-2011 2009 2010 (Em milhões de Meticais) 2011 90.000 80.000 77.649 70.000 Milhões de Meticais 60.000 50.000 40.000 30.000 20.000 31.037 36.333 43.095 55.405 Central Provincial 10.000 0 364 784 755 755 1.509 2007 2008 2009 2010 2011 Anos Fonte: Orçamento do Estado de 2011 e Mapa II da CGE 2007-2011. Como se pode verificar, a receita prevista de Âmbito Provincial tem, face ao total da receita orçamentada, uma expressão muito diminuta em todos os anos do quinquénio, oscilando entre 1,2%, em 2007, 2,1% em 2008, 1,7% em 2009 e 1,3% em 2010. Em 2011, o seu peso foi de 1,9%. IV-9

Observa-se também que, enquanto a previsão das receitas de Âmbito Central têm registado crescimentos anuais significativos, as receitas de Âmbito Provincial têm-se mantido, com excepção de 2011, em valores praticamente constantes. 4.4 Evolução das Dotações Finais da Despesa Apresenta-se, de seguida, no Gráfico n.º IV.6, complementado pelo Quadro n.º IV.5, a evolução das dotações finais da Despesa, no quinquénio 2007-2011. Gráfico n.º IV.6 - Evolução das Dotações Finais da Despesa (2007-2011) Milhões de Meticais 160.000 140.000 120.000 100.000 80.000 60.000 40.000 20.000 0 67.146 81.983 32.174 34.972 38.081 43.902 43.995 47.453 91.448 66.559 56.234 122.793 81.663 66.425 148.088 2007 2008 2009 2010 2011 Funcionamento Investimento Total Fonte: Conta Geral do Estado (2007-2011). Quadro n.º IV.5 - Evolução das Dotações Finais da Despesa no Quinquénio Componente 2007 2008 2009 2010 07/06 08/07 09/08 Funcionamento 32.174 47,9 38.081 46,4 18,4 43.995 48,1 15,5 66.559 54,2 51,3 81.663 55,1 22,7 153,8 Investimento 34.972 52,1 43.902 53,6 25,5 47.453 51,9 8,1 56.234 45,8 18,5 66.425 44,9 18,1 89,9 Total 67.146 100,0 81.983 100,0 22,1 91.448 100,0 11,5 122.793 100,0 34,3 148.088 100,0 20,6 120,5 (Em milhões de Meticais) 2011 11/10 11/07 Taxa Média de Inflação Fonte: Conta Geral do Estado (2007-2011). 10,25% 3,25% 12,7% 10,35% Observa-se que, enquanto nos primeiros três anos os recursos alocados no Orçamento para o investimento superavam os dedicados ao funcionamento, tal relação veio a sofrer uma inversão nos dois últimos anos. Com efeito, as dotações finais para investimento representaram, face às dotações globais finais da despesa, nos últimos dois anos, 45,8% e 44,9%, respectivamente. Assim, se compararmos a proporção das despesas de investimento nos anos de 2007 e 2011, o investimento cresceu 89,9%, em oposição ao crescimento dos recursos alocados ao funcionamento (153,8%). Tomando-se em conta o efeito da inflação acumulada no período (41,6% 1 ), regista-se um crescimento real para o investimento de 34,1% 2 e de 79,2% 3 do funcionamento. 1 Taxa média de inflação acumulada entre 2007 a 2011: [( 1,103 * 1,0325 * 1,127 * 1,1035) - 1] * 100 = 41,6% 2 Taxa de crescimento real das despesas de Funcionamento no quinquénio: (1,899 / 1,416) - 1= 0,3411 * 100 = 34,1% 3 Taxa de crescimento real das despesas de Investimento no quinquénio (2,538 / 1,416) - 1= 0,7924 * 100 = 79,2% IV-10

4.4.1 Componente Funcionamento A evolução das dotações finais da Componente Funcionamento do Orçamento, em cada um dos anos do quinquénio 2007-2011, é apresentada no Quadro n.º IV.6. Quadro n.º IV.6 Evolução das Dotações Finais das Despesas Correntes e de Capital Designação 2007 2008 IV-11 2009 2010 2011 (Em mil Meticais) 11/07 1 - Despesas Correntes 31 970 351 37 694 565 18.5 43 550 464 20.1 61 375 461 17.9 74 581 106 15.5 133.3 11- Despesas com o Pessoal 15 998 841 19 088 055 19.3 22 545 929 18.1 29 631 260 31.4 36 694 707 23.8 129.4 12 - Bens e Serviços 6 606 913 8 167 851 23.6 9 086 454 11.2 10 779 086 18.6 12 524 877 16.2 89.6 13 - Encargos da Dívida 1 326 310 1 651 005 24.5 1 391 944-15.7 2 672 857 92.0 3 501 045 31.0 164.0 14 - Transferências Correntes 5 983 395 7 022 933 17.4 7 926 205 12.9 10 480 635 32.2 12 271 470 17.1 105.1 15 - Subsídios 377 800 422 679 11.9 437 520 3.5 5 259 101 1 102.0 5 573 580 6.0 1 375.3 16 - Outras Despesas Correntes 1 665 492 1 330 006-20.1 2 162 124 62.6 2 540 522 17.5 3 969 041 56.2 138.3 17 - Exercícios Findos 11 600 12 036 3.8 288-97.6 12 000 4 070.9 46 385 286.5 299.9 2 - Despesas de Capital 5 973 092 7 406 537 24.0 7 139 012-3.6 5 184 144-27.4 7 082 098 36.6 18.6 21 - Bens de Capital 203 192 386 086 90.0 444 354 15.1 538 122 21.1 387 767-27.9 90.8 22 - Operações Financeiras 5 769 900 7 020 451 21.7 6 694 658-4.6 4 646 022-30.6 6 694 331 44.1 16.0 Activas 4 573 286 5 156 998 12.8 5 033 367-2.4 2 795 236-44.5 4 455 843 59.4-2.6 Passivas 1 196 614 1 863 453 55.7 1 661 291-10.8 1 850 786 11.4 2 238 488 20.9 87.1 Total do Funcionamento 37 943 443 45 101 102 18.9 50 689 476 12.4 66 559 605 31.3 81 663 204 22.7 115.2 Fonte: Mapa III da CGE (2007-2011). Como ilustra o quadro supra, registou-se, em 2011, com referência a 2007, um crescimento de 115,2% nas despesas da Componente Funcionamento, resultante do aumento de 133,3% nas Despesas Correntes e de 18,6%, nas de Capital. Dentro das Despesas Correntes, destacam-se os aumentos observados nos Subsídios, Exercícios Findos e Encargos da Dívida, que foram de 1.375,3%, 299,9% e 164%, respectivamente. 4.4.2 Componente Investimento A evolução das dotações finais da Componente Investimento do Orçamento, no quinquénio 2007-2011, é apresentada no quadro que se segue. Quadro n.º IV.7 Evolução das Dotações Finais da Despesa de Investimento Natureza da Fonte 2007 2008 2009 2010 2011 (Em mil Meticais) 11-07 Interna 9.248.757 26,4 11.603.227 25,5 26,4 13.446.575 15,9 28,3 21.219.220 57,8 37,7 22.254.545 4,9 33,5 140,6 Externa 25.722.962 73,6 32.298.314 25,6 73,6 34.006.038 5,3 71,7 35.014.459 3,0 62,3 44.169.984 26,1 66,5 71,7 Total 34.971.719 100,0 43.901.541 25,5 100,0 47.452.613 8,1 100,0 56.233.679 18,5 100,0 66.424.529 18,1 100,0 89,9 Fonte: Mapa IV da CGE (2007-2011). Resulta, do quadro supra que, à semelhança do ocorrido com a Componente Funcionamento, também as dotações finais para as Despesas de Investimento apresentaram, também, uma tendência crescente no quinquénio em apreço. No ano de 2011, as dotações finais do orçamento de investimento cresceram 18,1% face ao ano anterior, sendo de 26,1% o crescimento das despesas financiadas pela componente externa e 4,9% nas financiadas pela componente interna. Por outro lado, os recursos previstos para o financiamento dos investimentos são maioritariamente de origem externa, tendo, esta fonte, uma expressão que oscilou entre 73,6%, em 2007, e 66,5%, em 2011.

No exercício em apreço, o financiamento externo (44.169.984 milhões de Meticais) representou 66,5% da previsão total das despesas de investimento, contra 33,5% do financiamento interno (22.254.545 milhões de Meticais). 4.5 Análise Sectorial da Dotação da Despesa O Plano de Acção para Redução da Pobreza (PARP) 2011-2014 é a estratégia de médio prazo do Governo de Moçambique que operacionaliza o Programa Quinquenal do Governo (2010-2014), focado no objectivo de combate à pobreza. O PARP 2011-2014 dá continuidade ao PARPA II, cuja implementação cobriu o horizonte temporal de 2006 a 2009, estendido até 2010, e tem como meta principal reduzir o índice de incidência da pobreza alimentar de 54,7%, em 2008/9, para 42%, em 2014. No Orçamento do Estado para 2011, a dotação total das despesas dos sectores que integram o PARP atingiu o montante de 69.824 milhões de Meticais, o que corresponde a 47,2% da dotação total das despesas (148.088 milhões de Meticais), cabendo aos restantes sectores, 68.068 milhões de Meticais (46%). Aos Encargos da Dívida foram alocados 3.501 milhões de Meticais (2,4%) e às Operações Financeiras, 6.694 milhões de Meticais (4,5%). Conforme se mostra no Gráfico n.º IV.8 e Quadro n.º IV.8, a seguir, as maiores dotações da despesa inscritas no Orçamento couberam aos sectores de Infra-estruturas, Educação, Boa Governação e Saúde, com 23.110, 18.243, 10.697 e 9.909 milhões de Meticais, respectivamente, correspondentes aos pesos de 15,6%, 12,3%, 7,2% e 6,7%, na mesma ordem. Dentro destes 4 sectores, destacam-se as Estradas, Ensino Geral, Sistema de Saúde, Águas, Ensino Superior e Segurança/Ordem Pública. Gráfico n.º IV.8 Repartição Percentual da Dotação da Despesa por Sectores Encargos da Dívida 2,4% Operações Financeiras 4,5% Educação 12,3% Saúde 6,7% Infraestruturas 15,6% Restantes Sectores 46,0% Programa Contas Desafios do Milénio 0% Trabalho e Emprego 0,2% Acção Social 1,1% Boa Governação 7,2% Agricultura e Desenvolvimento Rural 3,8% Fonte: Quadro 18 da CGE-2011. IV-12

Quadro n.º IV.8 Dotação da Despesa dos Sectores Prioritários do PARP Sectores / Instituições Prioritários Integrantes do PARP Orçamento do Estado de 2010 (Em milhões de Meticais) Orçamento do Estado de 2011 Educação 22.177 18,1 18.243 12,3-17,7 Ensino Geral 18.040 14,7 13.238 8,9-26,6 Ensino Superior 4.137 3,4 5.005 3,4 21,0 Saúde 9.894 8,1 9.910 6,7 0,2 Sistema de Saúde 9.429 7,7 9.700 6,6 2,9 HIV/SIDA 465 0,4 210 0,1-54,8 Infra-estruturas 18.026 14,7 23.110 15,6 28,2 Energia/Recursos Minerais 1.388 1,1 1.850 1,2 33,2 Estradas 10.228 8,3 13.621 9,2 33,2 Águas 5.530 4,5 6.548 4,4 18,4 Obras Públicas 879 0,7 1.091 0,7 24,1 Programa Contas Desafios do Milénio 348 0,3 332 0,2-4,7 MCA Programa Contas Desafios do Milénio 348 0,3 332 0,2-4,7 Agricultura e Desenvolvimento Rural 4.662 3,8 5.615 3,8 20,4 Boa Governação 9.310 7,6 10.697 7,2 14,9 Segurança/Ordem Pública 4.205 3,4 4.904 3,3 16,6 Administração Pública 2.476 2,0 3.023 2,0 22,1 Sistema Judicial 2.629 2,1 2.769 1,9 5,3 Outros Sectores Prioritários 1.415 1,2 1.920 1,3 35,7 Acção Social 1.109 0,9 1.588 1,1 43,2 Trabalho e Emprego 306 0,2 332 0,2 8,6 Total Sectores Prioritários 65.832 53,6 69.824 47,2 6,1 Restantes Sectores 49.642 40,4 68.068 46,0 37,1 Despesa Total (s/ Encargos, O. Financ. e Combust.) 115.474 94,0 137.892 93,1 19,4 Encargos da Dívida 2.673 2,2 3.501 2,4 31,0 Operações Financeiras 4.646 3,8 6.694 4,5 44,1 Total da Despesa 122.793 100,0 148.088 100,0 20,6 Fonte: Quadro 18 da CGE-2011. Para além dos sectores atrás referidos, couberam aos da Agricultura e Desenvolvimento Rural e ao Programa Contas Desafios do Milénio as dotações de 5.615 e 332 milhões de Meticais, correspondentes a 3,8% e 0,2%, respectivamente, da dotação total do Orçamento do Estado. Aos Outros Sectores Prioritários, de que fazem parte a Acção Social e Trabalho e Emprego, foram destinados 1.920 milhões de Meticais (1,3%). As despesas totais orçamentadas, excluíndo os Encargos da Dívida e Operações Financeiras, foram de 137.892 milhões de Meticais, montante que representa 93,1% do total das despesas inscritas no Orçamento do Estado de 2011. Em termos de variação, relativamente ao ano transacto, registou-se um crescimento de 6,1% das dotações dos sectores prioritários. Destacam-se as dotações dos Outros Sectores Prioritários, que cresceram 35,7%, seguidas das Infra-estruturas, com 28,2%, Agricultura e Desenvolvimento Rural, com 20,4%, e Boa Governação, com 14,9%. Dentro dos sub-grupos dos sectores prioritários, os que registaram maiores taxas de crescimento foram a Acção Social (43,2%), Energia/Recursos Minerais (33,2%), Estradas (33,2%), Obras Públicas (24,1%), Administração Pública (22,1%) e Ensino Superior (21%). Importa realçar a redução da dotação do sector da Educação, em 17,7%, que se prende com a diminuição da dotação do Ensino Geral, em 26,6%. %, 11/10 IV-13

A dotação para o sector de HIV/SIDA, no sector da Saúde, foi a que registou a maior queda, ao passar de 465 milhões de Meticais, em 2010, para 210 milhões de Meticais, em 2011, representando uma taxa de redução de 54,8%. Aos 4 sectores prioritários integrantes do PARP (Infra-estruturas, Educação, Boa Governação e Saúde) foram outorgados recursos financeiros que totalizam 61.960 milhões de Meticais, representando 41,8% do total das despesas do Orçamento. 4.6 Análise das Dotações por Âmbito Territorial No tocante à distribuição da despesa orçamentada por âmbito territorial, há a referir, conforme se observa do Gráfico nº IV.9, abaixo, que os órgãos e instituições de Âmbito Central absorveram 102.313 milhões de Meticais, o equivalente a 69,1% do valor total orçamentado (148.088 milhões de Meticais), cabendo ao Âmbito Provincial 26.427 milhões de Meticais (17,8%). As dotações dos Âmbito Distrital e Autárquico foram de 17.751 milhões de Meticais e 1.598 milhões de Meticais, correspondentes a 12% e 1,1%, respectivamente, do total orçamentado. Gráfico n.º IV.9 - Distribuição das Dotações por Âmbito Territorial 120.000 102.313 100.000 Milhões de Meticais 80.000 60.000 40.000 26.427 17.751 20.000 1.598 0 Central Provincial Distrital Autárquico Fonte: Quadros 12, 15 e 16 da CGE-2011. O Quadro n.º IV.9, a seguir, apresenta a distribuição das dotações orçamentais por âmbito territorial, de uma forma mais detalhada, com a discriminação das correspondentes às dotações atribuídas ao Funcionamento, ao Investimento e às Operações Financeiras. IV-14

Quadro n.º IV.9 - Distribuição das Dotações por Âmbito Territorial Dotações Orçamentais (Em milhões de Meticais) Classificação Territorial Investimento Operações Funcionamento Total Interno Externo Financeiras Âmbito Central 40.738 17.141 37.739 6.694 102.313 69,1 Âmbito Provincial 18.952 2.412 5.062 0 26.427 17,8 Niassa 1.351 71 405 0 1.827 1,2 Cabo Delgado 2.672 200 571 0 3.444 2,3 Nampula 2.777 378 690 0 3.845 2,6 Zambézia 1.486 353 591 0 2.431 1,6 Tete 1.400 185 450 0 2.035 1,4 Manica 1.548 178 337 0 2.063 1,4 Sofala 2.242 353 684 0 3.279 2,2 Inhambane 965 107 472 0 1.543 1,0 Gaza 1.017 329 362 0 1.707 1,2 Maputo 1.435 168 310 0 1.913 1,3 Cidade de Maputo 2.059 90 191 0 2.341 1,6 Âmbito Distrital 14.277 2.106 1.368 0 17.751 12,0 Distritos da Província de Niassa 813 187 26 0 1.026 0,7 Distritos da Província de Cabo Delgado 1.232 226 25 0 1.483 1,0 Distritos da Província de Nampula 3.025 316 35 0 3.376 2,3 Distritos da Província da Zambézia 2.250 417 1.073 0 3.740 2,5 Distritos da Província de Tete 1.213 191 78 0 1.481 1,0 Distritos da Província de Manica 978 127 16 0 1.121 0,8 Distritos da Província de Sofala 1.213 160 56 0 1.428 1,0 Distritos da Província de Inhambane 1.319 227 18 0 1.564 1,1 Distritos da Província de Gaza 1.186 158 30 0 1.375 0,9 Distritos da Província de Maputo 1.048 97 12 0 1.157 0,8 Âmbito Autárquico 1.002 596 0 0 1.598 1,1 Total de Despesas 74.969 22.255 44.170 6.694 148.088 100,0 Fonte: Quadros 12, 15 e 16 da CGE-2011. Observa-se no quadro, que no Âmbito Provincial, as Províncias de Nampula (3.845 milhões de Meticais), Cabo Delgado (3.444 milhões de Meticais) e Sofala (3.279 milhões de Meticais) foram as que tiveram maiores dotações. 4.7 Análise da Evolução do Défice Previsto no Orçamento A expressão do défice orçamental previsto no quinquénio 2007-2011, bem como a sua evolução no mesmo período, é espelhada no quadro e gráfico a seguir. Quadro n.º IV. 10 Evolução do Défice Previsto no Orçamento Componente 2007 2008 08/07 Receitas do Estado 32.461 38.816 19,6 46.216 19,1 57.432 24,3 79.158 37,8 143,9 Despesas do Estado 70.897 89.003 25,5 98.142 10,3 117.977 20,2 141.757 20,2 99,9 Défice Orçamental 38.436 50.187 30,6 51.926 3,5 60.545 16,6 62.599 3,4 62,9 Taxa Média de Inflação 10,25% 3,25% 12,7% 10,35% PIB 201.437 239.775 269.346 312.752 371.315 Défice Orçamental (Em percentagem do PIB) 19,1 20,9 19,3 19,4 16,9 Fonte: Conta Geral do Estado (2007-2011). 2009 09/08 (Em milhões de Meticais) 11/10 11/07 IV-15 2010 10/09 2011

Gráfico n.º IV.10 - Receitas, Despesas e Défice Orçamental Previstos no Quinquénio Fonte: Conta Geral do Estado (2007-2011). Ao longo do quinquénio 2007-2011, verificou-se, em termos nominais, um constante aumento, tanto das receitas e despesas orçamentadas, como da previsão do défice orçamental. O défice orçamental atingiu, em termos nominais, a variação mais elevada em 2008, com 30,6%, seguida da de 2010, com 16,6%. Contrariamente aos elevados níveis de crescimento registados em 2008 e 2010, em 2009 e 2011, o mesmo alcançou os mais baixos níveis de variação, tendo-se situado em 3,5% e 3,4%, respectivamente. O facto de, nos últimos três anos do quinquénio, as receitas previstas terem crescido a taxas superiores às das despesas contribuiu, decisivamente, para o abrandamento do crescimento do défice orçamental previsto. No exercício em apreço, a variação do défice previsto no orçamento foi de 3,4%, reflectindo taxas de crescimento das receitas e despesas de 37,8% e 20,2%, respectivamente. Considerando a inflação acumulada no período, de 41,6% 4, resulta uma taxa de crescimento real para o défice previsto de 45,7% 5. Como se ilustra no gráfico seguinte, o défice orçamental previsto, que representava 19,1% do PIB, em 2007, cresceu até 2008, ano em que atingiu 20,9% do PIB, passando, a partir daí, a apresentar uma tendência regressiva, situando-se, essa previsão, em 16,9% do PIB, em 2011. Gráfico n.º IV.11 Evolução do Défice Orçamental (em Percentagem do PIB) 25,0 20,0 19,1 20,9 19,3 19,4 16,9 Percentagem 15,0 10,0 5,0 0,0 2007 2008 2009 2010 2011 Fonte: Conta Geral do Estado (2007-2011). 4 Taxa média de inflação acumulada entre 2007 a 2011: [1,103 * 1,0325 * 1,127 * 1,1035 ) - 1] * 100 = 41,6% 5 Taxa de crescimento real do Défice Orçamental no quinquénio (2,0629 / 1,416) - 1= 0,457 * 100 = 45,7% IV-16

4.8 - Resultados das Auditorias No âmbito da análise da Conta Geral do Estado de 2011, o Tribunal Administrativo realizou auditorias a instituições de níveis Central, Provincial e Distrital, tendo constatado, nas efectuadas às entidades indicadas no Quadro n.º IV.11, que as alterações feitas às dotações da Lei n.º 9/2011, de 13 de Junho, não foram solicitadas por elas e nem lhes foram comunicadas. Nos termos do artigo 14, Título III do Manual de Administração Financeira e Procedimentos Contabilísticos, as alterações autorizadas por delegação de competência devem ser comunicadas ao Ministério das Finanças (DNO ou DPPF s, consoante o caso), logo após a aprovação, acompanhadas do respectivo despacho e do número do expediente. Após o registo, a DNO ou DPPF deverá, obrigatoriamente, informar/responder ao órgão interessado sobre o êxito ou não da operação. Face ao exposto, o Governo afirmou, em sede do contraditório, que as alterações efectuadas ocorreram no âmbito da delegação de competências no Ministro das Finanças, estabelecidas nas alíneas b) e c) do n.º 1 do artigo 3 do Decreto n.º 4/2011, de 1 de Abril, para proceder à transferência de dotações para as instituições que delas careçam e entre órgãos ou instituições de quaisquer níveis, quando não se verifique a utilização, total ou parcial, da dotação orçamental prevista por um órgão ou instituição do estado e entre órgãos ou instituições de quaisquer níveis. Porém, a questão levantada pelo Tribunal Administrativo prende-se com a falta de comunicação das alterações ocorridas nas dotações orçamentais das respectivas entidades, facto que tem dificultado o funcionamento normal das mesmas, pois, a dado momento, vêem as suas dotações retiradas ou acrescidas, sem qualquer informação ou comunicação. Quadro n.º IV.11 Dotações e Alterações Orçamentais de Algumas Entidades Instituição Classificação Funcional Lei n.º 9/2011, de 13 de Junho Alteração Orçamental Dotação Actualizada (Em Meticais) Funcionamento 426.209.770,00 2.096.375,00 428.306.145,00 19,1 6,3 Ministério da Defesa Nacional Investimento 304.991.390,00 19.014.290,46 324.005.680,46 6,2 4,7 Ministério do Interior Funcionamento 3.349.664.870,00 639.753.586,39 3.989.418.456,39 11,5 58,3 Funcionamento 71.612.760,00 8.233.060,00 79.845.820,00 11,5 1,2 Ministério da Mulher e da Acção Social Investimento 151.771.650,00 82.411.060,00 234.182.710,00 54,3 3,4 Direcção Provincial da Indústria e Funcionamento 6.561.280,00-1.195.014,42 5.366.265,58-18,2 0,1 Comércio da Zambézia Direcção Provincial da Agricultura da Zambézia Direcção Provincial da Saúde da Zambézia Funcionamento 37.071.330,00-7.965.621,92 29.105.708,08-21,5 0,4 Investimento 51.206.770,00 20.187.587,27 71.394.357,27 39,4 1,0 Funcionamento 277.206.210,00-169.703.397,62 107.502.812,38-61,2 1,6 Investimento 107.457.400,00 116.180.250,35 223.637.650,35 108,1 3,3 Direcção Nacional de Identificação Civil Funcionamento 20.837.910,00-11.502.747,63 9.335.162,37-55,2 0,1 Instituto de Bolsas de Estudo Funcionamento 153.239.480,00-789.216,98 152.450.263,02-0,5 2,2 Fundo de Apoio à Reabilitação da Funcionamento 7.398.360,00-5.882.825,50 1.515.534,50-79,5 0,0 Economia Investimento 627.400.630,00-17.516.120,80 609.884.509,20-2,8 8,9 Secretaria Distrital de Gúruè Funcionamento 166.729.340,00 27.313.376,52 194.042.716,52 16,4 2,8 Secretaria Distrital de Mocuba Funcionamento 202.961.160,00 55.845.312,96 258.806.472,96 27,5 3,8 Secretaria Distrital de Namacurra Funcionamento 84.807.020,00 44.521.017,65 129.328.037,65 52,5 1,9 Total 6.047.127.330,00 801.000.971,73 6.848.128.301,73 13,2 100,0 Fonte: Lei n.º 9/2011, de 13 de Junho, e e-sistafe. No quadro acima, observa-se que o valor de 6.047.127.330,00 Meticais fixado pela lei para o orçamento destas entidades foi alterado para 6.848.128.301,73 Meticais, representando, em IV-17

termos gerais, um aumento de 13,2%. Nestas variações destaca-se a ocorrida na Componente Funcionamento, da Direcção Provincial da Saúde da Zambézia, com 108,1%. Para além dos aumentos, verificam-se diminuições nas dotações orçamentais, com destaque para a Componente Funcionamento do Fundo de Apoio à Reabilitação da Economia e da Direcção Provincial da Saúde da Zambézia, com reduções de 79,5% e 61,2%, respectivamente. Quanto aos factos referidos anteriormente, as entidades visados por estas alterações não disponibilizaram qualquer documento legal que autorize as referidas alterações. Segundo os respectivos gestores, não receberam qualquer informação do Ministério das Finanças sobre estas alterações, nem tão pouco as solicitaram. A falta de comunicação, pela DNO ou pelas DPPF s, das alterações orçamentais feitas às dotações das entidades, consubstancia um incumprimento da obrigatoriedade que lhes é imposta pelo disposto no artigo 14, Título III do Manual de Administração Financeira e Procedimentos Contabilísticos, atrás citado. IV-18