PODER JUDICIÁRIO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO

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Transcrição:

PODER JUDICIÁRIO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO TERMO Nr: 6201002193/2015 SENTENÇA TIPO: A PROCESSO Nr: 0003783-79.2012.4.03.6201 AUTUADO EM 23/10/2012 ASSUNTO: 021001 - DANO MORAL E/OU MATERIAL - RESPONSABILIDADE CIVIL CLASSE: 1 - PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL AUTOR: LUCINEIDE PEREIRA BENTO ADVOGADO(A)/DEFENSOR(A) PÚBLICO(A): MS013035 - LEANDRO AMARAL PROVENZANO RÉU: CAIXA ECONÔMICA FEDERAL PROCURADOR(A)/REPRESENTANTE: DISTRIBUIÇÃO ORDINÁRIA POR SORTEIO ELETRÔNICO EM 24/10/2012 17:13:20 SENTENÇA DATA: 26/02/2015 LOCAL: Juizado Especial Federal Cível Campo Grande, SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE CAMPO GRANDE-MS, à Rua 14 de Julho, 356, Campo Grande/MS. I - Trata-se de ação proposta por LUCINEIDE PEREIRA BENTO em face da CAIXA ECONÔMICA FEDERAL (CEF), pela qual pleiteia a condenação da parte ré no pagamento de indenização por danos morais no montante de R$ 15.000,00 em decorrência de tempo em excesso na fila por atendimento bancário. Dispensado o relatório na forma da lei. II - Fundamentação O cerne da questão cinge-se em analisar eventual responsabilidade da parte ré por tempo excedente na fila por atendimento bancário. Sustenta a autora que chegou à agência bancária da ré, na avenida Bandeirantes, nesta capital, no dia 17/9/2012, às 12:38 e somente foi atendida às 15:21, conforme consta no documento juntado à p. 13 docs.inicial.pdf. Fundamenta seu pedido na Lei municipal nº 4.303/05, a qual estabelece limites, mínimo de 15 minutos, e máximo de 25, para espera em fila.

Da aplicabilidade do Código de Defesa do consumidor aos bancos Vale mencionar que a aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor às instituições financeiras já foi reconhecida pelo E. Supremo Tribunal Federal, no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 2591/DF. Assim, as disposições do CDC são perfeitamente aplicáveis ao caso em tela, em que o titular de contrato bancário (consumidor) insurge-se contra os serviços prestados pela instituição financeira (fornecedor). Fixada esta premissa, passo à analise da questão. O art. 14 do Código de Defesa do Consumidor expressamente prevê que a responsabilidade do fornecedor se dá independentemente da existência de culpa (objetivamente), apenas havendo exclusão se o mesmo provar ausência do defeito na prestação do serviço ou culpa exclusiva do consumidor ou terceiro. Do dever de indenizar Para a configuração da responsabilidade civil são imprescindíveis: a conduta comissiva ou omissiva, presença de culpa ou dolo (que não precisa ser comprovada na objetiva), relação de causalidade entre a conduta e o resultado e a prova da ocorrência do dano. O artigo 186 do Código Civil preceitua que aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Nos dizeres de Sergio Cavalieri Filho, (...) não basta que o agente tenha praticado uma conduta ilícita; tampouco que a vítima tenha sofrido um dano. É preciso que esse dano tenha sido causado pela conduta ilícita do agente, que exista entre ambos uma necessária relação de causa e efeito. (...) O conceito de nexo causal não é jurídico; decorre das leis naturais. É o vínculo, a ligação ou relação de causa e efeito entre a conduta e o resultado. (grifo nosso) Salienta-se, assim, que o nexo de causalidade é elemento indispensável em qualquer espécie de responsabilidade civil. O nexo causal é um

elemento referencial entre a conduta e o resultado. Através dele, podemos concluir quem foi o causador do dano e, consequentemente, quem terá o dever de repará-lo, pois ninguém deve responder por aquilo a que não tiver dado causa, segundo fundamental princípio do Direito. In casu, conforme se vê do comprovante de atendimento juntado à p. 13 docs.inicial.pdf, a autora ficou na fila de espera por mais de duas horas, aguardando atendimento. Sustenta a ré que a previsão legal citada pela autora não se aplica ao caso em questão, uma vez que o atendimento perquirido por ela referia-se a empréstimo/aplicações pessoa física, para o qual não era realizado por meio de guichês, como consta na lei em apreço; o atendimento é especial com atendimento personalizado e mais demorado, levando em conta as peculiaridades de cada caso nessa situação, mormente no caso da autora que estava com restrição cadastral. O dano moral, nesses casos, não é configurado in re ipsa, isto é, não basta ter extrapolado o tempo de tolerância em fila para que se configure o dano moral; ele precisa ser evidenciado, demonstrando a parte quais foram os dissabores resultantes daquela espera. Nesse sentido vem entendendo o Superior Tribunal de Justiça: AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. ESPERA EM FILA DE BANCO POR MAIS DE UMA HORA. TEMPO SUPERIOR AO FIXADO POR LEGISLAÇÃO LOCAL. INSUFICIÊNCIA DA SÓ INVOCAÇÃO LEGISLATIVA ALUDIDA. PADECIMENTO MORAL, CONTUDO, EXPRESSAMENTE ASSINALADO PELA SENTENÇA E PELO ACÓRDÃO, CONSTITUINDO FUNDAMENTO FÁTICO INALTERÁVEL POR ESTA CORTE (SÚMULA 7/STJ). INDENIZAÇÃO DE R$ 3.000,00, CORRIGIDA DESDE A DATA DO ATO DANOSO (SÚMULA 54/STJ). 1.- A espera por atendimento em fila de banco quando excessiva ou associada a outros constrangimentos, e reconhecida faticamente como provocadora de sofrimento moral, enseja condenação por dano moral. 2.- A só invocação de legislação municipal ou estadual que estabelece tempo máximo de espera em fila de banco não é suficiente para desejar o direito à indenização, pois dirige a sanções administrativas, que podem ser provocadas pelo usuário. 3.- Reconhecidas, pela sentença e pelo Acórdão, as circunstâncias fáticas do padecimento moral, prevalece o julgamento da origem (Súmula 7/STJ). 4.- Mantém-se, por razoável, o valor de 3.000,00, para desestímulo à conduta, corrigido monetariamente desde a data do evento danoso (Súmula 54/STJ), ante as forças econômicas do banco responsável e, inclusive, para desestímulo à recorribilidade, de menor monta, ante aludidas forças econômicas. 5.- Recurso Especial improvido. (Grifei) (REsp n. 1.218.497/MT, Relator Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em 11/9/2012, DJe 17/9/2012.)

Ocorre que, no caso dos autos, a situação não se amolda ao paradigma indicado pelo sodalício Tribunal. Isso porque não se trata de mero extrapolamento do horário definido pela legislação local, mas, sim, de verdadeiro abuso de tolerância do consumidor, que o obriga a ficar na agência por quase três horas para receber atendimento. Digo o obriga, porque o consumidor precisa do serviço bancário, seja ele de atendimento de caixa ou qualquer outro serviço. Assim, independe se a legislação local refere-se a determinado atendimento ou não; a Instituição bancária deve se organizar para que os consumidores sejam atendidos de forma eficiente, eficaz e satisfatória. Como coadunar com tal comportamento que faz com que o consumidor utilize seu precioso tempo (no mais das vezes em horário de trabalho) para unicamente ficar esperando uma prestação de serviço de orientação bancária ou qualquer outro? As Instituições Financeiras têm plenas condições de oferecer aludido serviço de forma a atender o tripé básico dos serviços públicos: eficiência, eficácia e satisfatoriedade. Verifico, pois, a ocorrência de dano provocado pela conduta da ré. Enfim, provada a responsabilidade da ré e a lesão moral da autora, bem como o nexo de causalidade entre ambos, há que se indenizar o dano moral sofrido. No que diz respeito ao quantum indenizatório da reparação por dano extrapatrimonial, a indenização deve ser suficiente para compensar a vítima pelo dano sofrido e, concomitantemente, sancionar o causador do prejuízo de modo a evitar futuros desvios, respeitado o binômio proporcionalidade/razoabilidade. É o caráter punitivoreparador que encerra esse modelo indenizatório (punitive damages). No caso dos autos, fixam-se os seguintes parâmetros para a quantificação do montante indenizatório: a) demonstração da abusividade do ato praticado pelo banco requerido; b) caráter coercitivo e pedagógico da indenização; c) respeito aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade; d) configuração de dano moral puro; e) a reparação não pode servir de causa a enriquecimento injustificado; f) a conduta reiterada dos autores em adimplir as parcelas do contrato com atraso; g) tempo transcorrido entre o ilícito e o arbitramento da indenização; h) comportamento do consumidor na execução dos deveres contratuais. Tendo em conta esses parâmetros, impõe-se a fixação do montante indenizatório em R$ 5.000,00 (cinco mil reais), ressaltando que o tempo entre o ilícito e o arbitramento da indenização foi considerado na fixação do valor da condenação.

Em relação aos consectários legais (juros e correção), considerando que o tempo para o julgamento do processo foi levado em consideração no momento de fixação do quantum indenizatório, os juros e a correção monetária devem incidir a contar a partir da presente data (publicação da sentença). Neste sentido já decidiu o Superior Tribunal de Justiça: RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. INFECÇÃO HOSPITALAR. SEQUELAS IRREVERSÍVEIS. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. CULPA CONTRATUAL. SÚMULA 7. DENUNCIAÇÃO DA LIDE. DANO MORAL. REVISÃO DO VALOR. JUROS DE MORA. CORREÇÃO MONETÁRIA. TERMO INICIAL. DATA DO ARBITRAMENTO. REDUÇÃO DA CAPACIDADE PARA O TRABALHO. PENSÃO MENSAL DEVIDA. ( ) 8. A indenização por dano moral puro (prejuízo, por definição, extrapatrimonial) somente passa a ter expressão em dinheiro a partir da decisão judicial que a arbitrou. O pedido do autor é considerado, pela jurisprudência do STJ, mera estimativa, que não lhe acarretará ônus de sucumbência, caso o valor da indenização seja bastante inferior ao pedido (Súmula 326). Assim, a ausência de seu pagamento desde a data do ilícito não pode ser considerada como omissão imputável ao devedor, para o efeito de tê-lo em mora, pois, mesmo que o quisesse, não teria como satisfazer obrigação decorrente de dano moral, sem base de cálculo, não traduzida em dinheiro por sentença judicial, arbitramento ou acordo (CC/1916, art. 1064). Os juros moratórios devem, pois, fluir, no caso de indenização por dano moral, assim como a correção monetária, a partir da data do julgamento em que foi arbitrada a indenização, tendo presente o magistrado, no momento da mensuração do valor, também o período, maior ou menor, decorrido desde o fato causador do sofrimento infligido ao autor e as consequências, em seu estado emocional, desta demora. ( ) (REsp 903.258/RS, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em 21/06/2011, DJe 17/11/2011) Portanto, fixo a indenização a título de danos morais no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), acrescidos de juros e correção monetária a contar da publicação da presente. Ressalto que a fixação do quantum indenizatório a título de danos morais em valor inferior àquele pleiteado na inicial não implica em sucumbência recíproca (súmula 326 do STJ). <#III. Dispositivo Diante do exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido formulado na inicial, resolvendo o mérito nos termos do artigo 269, inciso I, do Código de Processo Civil, para condenar a Caixa Econômica Federal (CEF) no pagamento de indenização por danos morais no montante de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), cujo montante deverá ser acrescido de juros de mora e correção a partir da publicação da sentença. Sem custas e sem honorários nesta instância judicial, nos termos do art. 55 da Lei 9.099/95. Defiro o pedido de justiça gratuita.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.#> CLORISVALDO RODRIGUES DOS SANTOS Juiz(a) Federal