Estratégia Nacional de Conservação da Natureza e Biodiversidade ENCNB 2025

Documentos relacionados
Avaliação Ambiental Estratégica Relatório Ambiental. PGRH-Açores Anexo I

SISTEMA DE INCENTIVOS À I&DT

Na União Europeia e países europeus (I):

PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS. Proposta de Lei n.º 18/XII. Exposição de Motivos

Adaptação com Base na Comunidade Lista de Controlo do Plano de Implementação do Projecto

Programa Operacional Regional Alentejo 2014/2020

Data: 06 a 10 de Junho de 2016 Local: Rio de Janeiro

A LEI DE BASES DA ECONOMIA SOCIAL (LBES) PALAVRAS-CHAVE: Lei de Bases Economia Social Princípios estruturantes - CRP Princípios orientadores - LBES

Cluster Habitat Sustentável

Critérios e Normas Técnicas para a Elaboração de Planos de Emergência de Protecção Civil

Balcão Único de Atendimento

ACORDO DE PARCERIA PORTUGAL 2020

CMY. Calçada de SantʼAna, Lisboa tel fax:

APRESENTAÇÃO DO PROGRAMA

Avaliação Ambiental Estratégica o que investigam as nossas Universidades? André Mascarenhas

Manuel António Paulo 18 de Outubro de 2013 ESTRATÉGIA PARA A FORMAÇÃO MARÍTIMO-PORTUÁRIA NO ESPAÇO APLOP

AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE PÓVOA DE LANHOSO

Decreto Regulamentar n. º 10/2009, de 29 de Maio

PORTARIA N o 51, DE 7 DE OUTUBRO DE (publicada no DOU de 8/10/2008, seção I, página 57)

CONSULTORIA PARA AUSCULTAÇÃO SOBRE A FORMALIZAÇÃO DO ROSC E ELABORAÇÃO DO PLANO ESTRATÉGICO DO ROSC PARA O PERÍODO TERMOS DE REFERÊNCIA

Reunião do Steering Committee

WLADIMIR AUGUSTO CORREIA BRITO PROFESSOR DA ESCOLA DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DO MINHO

Curso on-line Sistema integral e integrado de atenção social e sanitária a dependência de drogas desde a atenção primária.

Plano Concelhio Para a Integração de Pessoas Sem Abrigo (Plano)

POLÍTICA DE RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL - PRSA

Conselho Municipal de Meio Ambiente CONSEMAC Câmara Setorial Permanente de Educação Ambiental CSPEA Parecer 03/2013 Março 2013

Turismo de Natureza no Alto Minho:

CARTA DA PLENÁRIA ESTADUAL DE ECONOMIA POPULAR SOLIDÁRIA DE PERNAMBUCO AO MOVIMENTO DE ECONOMIA SOLIDÁRIA, AOS MOVIMENTOS SOCIAIS E À SOCIEDADE

Seduc debate reestruturação curricular do Ensino Médio

A Agenda de Desenvolvimento pós-2015 e os desafios para os Governos Locais. Belo Horizonte 26 de Agosto de 2015

Perfil Profissional de Treinador

REALIZAR MAIS Sustentabilidade

(RSCECE e RCCTE) e a posição ocupada por Portugal no ranking do potencial de crescimento do mercado das energias renováveis

O Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP) : Benefícios para os doentes, para a ciência e para o crescimento económico

Plano de Articulação Curricular

Minuta Circular Normativa

Projecto de Voluntariado do CSPA

EDITAL DE LANÇAMENTO E SELEÇÃO DE ALUNOS PESQUISADORES PARA O PROJETO DE PESQUISA

Carlos Nascimento Lisboa 16 de Fevereiro de 2012

Certificação de Sistemas (Seminário Lipor)

CERTIFICAÇÃO. Sistema de Gestão

ZA5223. Flash Eurobarometer 290 (Attitudes of Europeans Towards the Issue of Biodiversity, wave 2) Country Specific Questionnaire Portugal

FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE TÉNIS DE MESA

A Pegada de Carbono do Vinho Alentejano:

O programa da disciplina em causa preconiza atividades linguísticas, estratégias e tarefas reportadas a usos comunicativos da língua.

PROJECTO FUNDAMENTAÇÃO

PROGRAMA ACOMPANHAMENTO. Jardins de Infância da Rede Privada Instituições Particulares de Solidariedade Social RELATÓRIO DO JARDIM DE INFÂNCIA

Comissão avalia o impacto do financiamento para as regiões e lança um debate sobre a próxima ronda da política de coesão

PESQUISA OPERACIONAL -PROGRAMAÇÃO LINEAR. Prof. Angelo Augusto Frozza, M.Sc.

PACTO DE AUTARCAS. Anexo à carta CdR 29/2008 EN-CP/MS/EP/if/gc.../...

Estatuto dos Beneficios Fiscais

REGULAMENTO INTERNO DO GABINETE DE IMAGEM E COMUNICAÇÃO DO INSTITUTO POLITÉCNICO DE SETÚBAL (GI.COM-IPS)

Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas (IRC)

Introdução. Destinatários. Condições de Acesso

Hot topics fiscais Maria Antónia Torres

S enado Federal S ubsecretaria de I nfor mações DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Processo de planejamento participativo do Plano Diretor Aspectos metodológicos

RELATÓRIO FINAL - INDICADORES - DOCENTES ENGENHARIA AMBIENTAL EAD

O Estudo do Impacto à Saúde Humana na Avaliação de Impacto Ambiental

Memórias do trabalho

Land Tenure Regularization in Urban Protected Areas. Preliminary considerations from ongoing experience

Fundamentos de Teste de Software

Construindo a Sustentabilidade: Lições na gestão do Programa Piloto e desafios para o futuro

PROGRAMA TALENTOS DA EDUCAÇÃO 2016

Bélgica-Bruxelas: Programa de informação e empresarial da UE em Hong Kong e Macau 2014/S Anúncio de concurso. Serviços

FAÇA UMA GESTÃO SIMPLES E EFICAZ DO SEU NEGÓCIO!

Gestão da Qualidade. Aula 13. Prof. Pablo

Insolvência de Edigaia - Imobiliária, S.A. Tribunal do Comércio de Vila Nova de Gaia - 2.º Juízo. Processo 635/10.3TYVNG

INSTITUTO PRESBITERIANO MACKENZIE

Manual do Revisor Oficial de Contas. Recomendação Técnica n.º 5

Helena A Wada Watanabe 2012

A8-0215/1 ALTERAÇÕES DO PARLAMENTO EUROPEU * à proposta da Comissão

SUBSISTEMA DE INFORMAÇÃO DE PESSOAL (SIP) INTRODUÇÃO

Acordo entre o Ministério da Saúde e a Associação Nacional das Farmácias sobre a implementação de programas de Saúde Pública

Cidades Analíticas. das Cidades Inteligentes em Portugal

Informação Prova de Equivalência à Frequência Agrupamento de Escolas de ANTÓNIO NOBRE. DISCIPLINA: Inglês CÓDIGO DA PROVA: 358

Plano Estratégico Sectorial de Energias Renováveis

Licenciatura em Serviço Social. Intervenção Social na Infância, Adolescência e Velhice. Ano letivo 2014/2015

Unidade: 10 CANOAS - GRADUAÇÃO Curso: CIENCIAS BIOLOGICAS - BACHARELADO Habilitação: BACHAREL(A) EM CIENCIAS: BIOLOGIA.

GESTÃO E SEGURANÇA DE OBRAS E ESTALEIROS

Educação financeira no contexto escolar

Case study. Mais-valias para clientes através de serviços ambientais RECOLHA DE ÓLEOS ALIMENTARES USADOS EMPRESA ENVOLVIMENTO

Capítulo I Disposições Gerais

CONTRIBUTO E PROPOSTAS DE ALTERAÇÃO À LEI DO CINEMA PELA ASSOCIAÇÃO DE PRODUTORES DE CINEMA

Receitas Próprias

Escola Básica Integrada 1,2,3 / JI Vasco da Gama

UNIVERSIDADE PAULISTA CURSOS

Carta de Direitos e Deveres do Cliente do Centro de Actividades Ocupacionais

BARÓMETRO DE OPINIÃO PÚBLICA: Atitudes dos portugueses perante Leitura e o Plano Nacional de Leitura

Matriz estratégica do PEE

PORTARIA N o 44, DE 4 DE OUTUBRO DE (publicada no DOU de 05/10/2007, seção I, página 155)

Eficiência Energética e Certificação de Edifícios

Edital do Processo de Seleção. Mestrado - Edital 2016/2018

PROGRAMA DE PO S-GRADUAÇA O EM PROMOÇA O DA SAU DE

REGIME DE RESPONSABILIDADE AMBIENTAL, SINERGIAS COM A PÓS AVALIAÇÃO

Transcrição:

Estratégia Nacional de Conservação da Natureza e Biodiversidade ENCNB 2025 Posição sobre o documento em consulta pública

1. Parecer do CNADS A Ordem dos Biólogos subscreve o parecer do CNADS, nomeadamente no respeitante aos seguintes aspectos principais da proposta de ENCNB 2025 em apreço: Solidez técnica Realismo, tendo em conta o objectivo abrangente de Alcançar o bom estado de conservação do património natural até 2050 Identificação coerente de 3 eixos estratégicos: Melhoria do estado de conservação do património natural; Promoção do reconhecimento do seu valor; Fomento da apropriação dos valores naturais e da biodiversidade. Lacunas sensíveis a nível de: Identificação e concretização dos recursos financeiros necessários à sua implementação; Barreiras e constrangimentos, no quadro do regime vigente de ordenamento territorial; Conhecimento científico; Identificação, visibilidade, apropriação, valoração e valorização do património natural em jogo.

2. Reconhecimento do carácter fulcral do Património Natural Science Division Património Natural (Natural Heritage) As componentes (elementos) da Biodiversidade - Fauna, Flora, Ecossistemas - em conjunto com as estruturas geológicas e formações associadas (Geodiversidade) Património Natural (Natural Patrimony) A totalidade dos bens naturais, incluindo os de valor histórico ou cultural Património Natural (Natural Estate) Componentes do ambiente cultural e natural com grande valor nacional e que devem ser preservadas para o bem da comunidade. São componentes que possuem valor estético, histórico, científico, social, cultural, ecológico ou outro

O Património Natural na ENCNB 2025 (e questões em aberto) 4.1 - Espécies e Habitats 4.2 - Ecossistemas 4.3 - Património Geológico 4.4 - Rede Fundamental de Conservação da Natureza 4.5 - Monitorização e vigilância sistemática do património natural Avaliação de eficácia e eficiência? 4.6 - Uso, ocupação e ordenamento do território Articulação das políticas de ordenamento territorial? 4.7 - Educação e Ensino Integração e articulação de conteúdos programáticos?

Património Natural e Identidade Nacional Dia mundial do Ambiente 2017 Enquanto país anfitrião, o Canadá elegeu o tema Connecting people to nature

Património Natural e Identidade Nacional em Portugal O Património Natural Português possui necessariamente um valor intrínseco: por um lado, ao marcar e identificar Portugal de uma forma única por outro, enquanto alicerce para qualquer política de Conservação da Natureza e Biodiversidade Ao mesmo tempo, pretende-se, com a proposta de ENCNB 2025, projectar esse Património Natural como activo estratégico do país Assim, a proposta de ENCNB 2025 reconhece, de forma explícita, o carácter fulcral deste Património Natural para o nosso desenvolvimento sustentável, enquadrado, nomeadamente, no âmbito da Agenda para o Desenvolvimento Sustentável até 2030 das Nações Unidas

Património Natural e Biodiversidade Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável enfatizam o papel da Biodiversidade ODS 14 aumentar a contribuição da biodiversidade marinha para o desenvolvimento ODS 15 TRAVAR A PERDA DE BIODIVERSIDADE Integração dos 3 níveis/leituras de Biodiversidade Genética Específica Ecossistémica

3. Um quadro legal específico para o Património Natural e Biodiversidade A implementação da ENCNB 2015 e a prossecução dos seus objectivos requer um quadro legal específico/dedicado Património Natural e Biodiversidade constituem o elemento basilar da proposta de ENCNB 2025 e são nela reconhecidos como tal O presente quadro legal nacional integra exemplos/antecedentes de abordagens transversais que mereceram (e continuam a merecer) consensos legislativos alargados

O exemplo do Ordenamento do Espaço Marítimo Nacional (OEMN) Estratégia Nacional para o Mar 2013 2020 RCM 12/2014, 12 de Fevereiro Reconhece os 5 domínios estratégicos de intervenção preferencial do Crescimento Azul Lei de Bases da Política de Ordenamento e de Gestão do Espaço Marítimo Nacional - LBOGEM Lei n.º 17/2014, de 10 de Abril Legislação complementar da LBOGEM Decreto-Lei n.º 38/2015, de 12 de Março Desenvolve os regimes jurídico e económico e financeiro da LBOGEM e transpõe a Diretiva Europeia do OEM

4. Uma Lei de Bases do Património Natural e Biodiversidade O caso de sucesso do OEMN sugere o interesse e a eficácia de uma abordagem transversal abrangente - de facto, trans-sectorial - passível de aplicação a toda a gama de situações, actividades ou utilizações/agentes que possam estar relacionadas com determinado hypercluster, enquanto sector funcional estruturante (não de actividade ou económico) A levada à prática da Estratégia Nacional para a Conservação da Natureza e Biodiversidade 2025 implicará garantir o papel do Património Natural e Biodiversidade enquanto factor estruturante, das correspondentes políticas e do próprio território nacional, e enquanto suporte dos objectivos almejados de Desenvolvimento Sustentável e Qualidade de Vida

4. Uma Lei de Bases do Património Natural e Biodiversidade A criação de uma Lei de Bases do Património Natural e Biodiversidade permitirá implementar, de forma integrada e articulada, e responder aos desígnios decorrentes dos 3 vértices estratégicos que a ENCNB 2015 identifica: melhoria do estado de conservação de habitats e espécies apropriação dos valores naturais e da biodiversidade pela sociedade reconhecimento do valor do património natural A Lei de Bases do Património Natural e Biodiversidade permitirá também ordenar critérios e processos de valoração e de valorização desse património e da correspondente apropriação Finalmente, uma Lei de Bases do Património Natural e Biodiversidade representará uma base coerente para a gestão e ordenamento integrados do território, permitindo o saneamento da presente situação, de indefinições e interpretações dúbias.

Gratos pela V. atenção ENCNB 2025 Posição da Ordem dos Biólogos