AS NOVAS TECNOLOGIAS COMO PARCEIRAS NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM DE LÍNGUA INGLESA. MORAES, Camilla Santos 1 Palavras-chave: ensino-aprendizagem de inglês, novas tecnologias, ensino mediado pelo computador. Introdução O ensino de línguas estrangeiras, especificamente da língua inglesa, vem sofrendo grandes transformações com o passar dos anos. Vários métodos e abordagens foram desenvolvidos, então, para que o processo de ensino e aprendizagem se tornasse cada vez melhor e eficaz (RICHARDS AND RODGERS, 2001). Como afirmado por Warschauer e Meskill (2000), cada método ou abordagem de ensino de línguas contou com o apoio de tecnologia própria. Desde métodos mais tradicionais como o Método da Gramática e Tradução, uma série de novos recursos instrucionais foram sendo incorporados aos materiais de ensino de línguas devido às inovações tecnológicas que aconteceram no último século (OLIVEIRA, no prelo). As tecnologias têm desempenhado um papel de extrema relevância no mundo atual e, também, no campo da educação de forma geral e no ensino de línguas estrangeiras mais especificamente. Oliveira (no prelo) afirma que, além do quadro de giz, o meio oral representado pela fala do professor contou com várias outras tecnologias: passou pelo ensino mediado pela caneta ou pelo livro, o ensino mediado pelo computador e, mais recentemente, pelo TELL (Technology-Enhanced Language Learning) ou, em português, Aprendizagem de Língua Ampliada pela Tecnologia. O computador e, sobretudo, a internet, são utilizados com frequência por pessoas que buscam se informar, se divertir, trabalhar, e, também, estudar. Na área educacional, essas tecnologias representam uma alternativa no desenvolvimento de novas técnicas e recursos para o ensino de línguas estrangeiras (PAIVA, 2001). Resumo revisado por: Antón Corbacho Quintela. Centro de Línguas da Faculdade de Letras da UFG; FL 113. 1 Universidade Federal de Goiás - e-mail: camillasantosmoraes@yahoo.com.br
O computador começa a fazer parte desse cenário a partir de meados da década de 1950, e seu uso, desde então, é dividido em três fases distintas por Warschauer e Healey (1998). Inicialmente, a Fase Behaviorista concebia a língua de forma estrutural, e via o computador como um tutor e os exercícios eram voltados para a repetição de palavras e estruturas. A segunda fase descrita pelos autores tem como base a Abordagem Comunicativa de ensino de línguas, e por isso foi denominada Fase Comunicativa. O computador passa a ser um incentivador de atividades comunicativas, e tem como foco a forma em que os estudantes utilizam a língua. Por fim, é na Fase Integrativa que vemos a inserção da internet e das multimídias ao uso do computador. (WARSCHAUER, 2004). É importante mencionar que essas três fases coexistem em níveis variados. De acordo com Richards e Renandya (2002), a internet possui diversas características que são favoráveis para aumentar a proficiência dos alunos de uma segunda língua. Ela oferece uma vasta quantidade de materiais autênticos, e situações de interatividade, além de proporcionar o contato com a língua via sons, vídeos, imagens, textos. Morin (2001, p. 1) afirma que com a internet estamos começando a ter que modificar a forma de ensinar e aprender. O momento de estudo que tradicionalmente era visto como sendo somente presencial, atualmente assume características diferentes devido ao advento das novas tecnologias, possibilitando ao aluno a ampliação de seu tempo e espaço e consequentemente, das suas oportunidades de contato com a língua alvo. Tendo em vista esse novo panorama educacional, e a problemática dos alunos que frequentam as aulas de idiomas somente uma vez por semana, diminuindo assim seu contato com a língua, o Centro de Línguas (CL) e a Faculdade de Letras (FL) da Universidade Federal de Goiás (UFG) desenvolveram um projeto de ação cujo objetivo maior é aumentar as possibilidades desses alunos. De acordo com a proposta apresentada, o aluno teria a ampliação do contato com a língua estrangeira por meio de um professor-monitor-online, cuja função é esclarecer dúvidas e estimular a prática de conteúdos estudados pelos alunos em ambiente virtual. Outra maneira encontrada para maximizar a prática extraclasse dos alunos foi a seleção e inserção de uma lista de exercícios disponíveis em diversos websites na página
do Centro de Línguas (http://www.letras.ufg.br/centrodelinguas/index.php). Porém, para que tal ação fosse implementada, fizemos inicialmente um levantamento sobre o perfil dos alunos e sua utilização de recursos tecnológicos para se estudar a língua inglesa. Em resumo, tivemos como objetivo oferecer auxílio virtual os alunos de língua inglesa do CL, a fim de solucionar eventuais dúvidas acerca dos conteúdos estudados em sala de aula, mapear a utilização de recursos tecnológicos por parte dos estudantes, e disponibilizar sites com conteúdos específicos na página do CL para ampliar o contato dos discentes com a língua alvo. Todas essas ações visam criar uma cultura de aprender na qual o aluno se torne mais autônomo e responsável pelo seu próprio processo de aprendizagem da língua estrangeira. Metodologia A primeira ação tomada foi a elaboração e a aplicação do questionário que teve como objetivo fazer o levantamento da utilização de recursos tecnológicos por parte dos alunos de inglês em seus diversos níveis. O questionário contempla uma mistura de perguntas de múltipla escolha, bem como perguntas discursivas, onde os alunos precisariam discorrer acerca do tópico fornecendo, assim, mais detalhes à pesquisadora. Além disso, o questionário contava com campos de informações pessoais, tais como nome, idade, e e-mail, por exemplo. Esse questionário foi aplicado em diversas turmas do Centro de Línguas em agosto de 2011, pela pesquisadora, bem como por alguns funcionários do CL, auxiliando-a, assim, naqueles momentos que sua presença não era possível. A leitura e a posterior análise dos dados contidos nas respostas dadas foram feitas no decorrer do segundo semestre de 2011. A segunda e a terceira ações aconteceram de forma concomitante. Em outras palavras, ao mesmo tempo em que a monitoria on-line acontecia, os sites contendo os conteúdos estudados pelos alunos eram selecionados para serem disponibilizados na página do Centro de Línguas. Resultados e discussão Com base nos dados analisados, é possível perceber que a grande
maioria dos alunos possui acesso à ferramenta computador no seu dia-a-dia, porém o lugar que esse acesso acontece pode variar. Aproximadamente 90% dos discentes mencionaram que acessam o computador de sua própria residência e do trabalho, enquanto somente 10% relataram que vão a lan houses, ou fazem uso do computador no ambiente acadêmico, seja na biblioteca, ou nos laboratórios de informática de suas instituições. Mesmo não tendo acesso em casa, somente 10% das pessoas disse não possuir acesso à internet, o que corrobora a ideia inicialmente apresentada, ou seja, o acesso ao mundo virtual via computadores tem se tornado um fato cada vez mais comum em nosso cotidiano. A finalidade do uso do computador é que varia muito, se levarmos em consideração diversos fatores, tais como a idade, a escolaridade e o trabalho que a pessoa possui, por exemplo. O que se pode constatar a partir dos questionários, justamente por esse ter sido respondido por uma grande quantidade de jovens (15-20 anos) é que a pesquisa e o entretenimento são os fatores que mais motivam essas pessoas a fazerem o uso do computador. A comunicação vem logo em seguida. Para aqueles que já se encontram inseridos no mercado de trabalho (20 anos em diante), o trabalho é o grande foco do uso dessa ferramenta, seguido do fator informação. A quantidade de horas em frente a um computador varia muito de questionário para questionário, porém o que chamou atenção é o fato de muitos terem selecionado a opção Outro e completando, logo em seguida, com a palavra depende. Fato esse que nos leva a perceber que a utilização do computador, e da internet consequentemente, depende de diversos fatores, como a finalidade desse uso, a complexidade da tarefa que deverá ser executada, entre tantos outros. Apesar de muitos discentes utilizarem o computador, poucos fazem esse uso para praticar e estudar a língua inglesa. Quando o fazem, os alunos mencionam que acessam sites diversos para ouvir a pronúncia das palavras, estudar gramática, traduzir sentenças com o auxílio de tradutores on-line, ouvir músicas e acompanhar a sua letra/tradução. Outros mencionam o uso do site youtube.com para ver vídeos, seriados com o intuito de buscar uma referência correta de pronúncia, e também as redes sociais como forma de interação e
aproximação com a língua estudada. Conclusões É importante frisar que os resultados apresentados ainda são dados preliminares, visto que duas das ações descritas, principalmente a monitoria on-line, ainda estão em andamento. A inserção dos exercícios disponibilizados em variados sites na página oficial do Centro de Línguas da Universidade Federal de Goiás está em processo de andamento, e depende das partes competentes, ou seja, do setor de informática da unidade, para que seja concluído. A monitoria, por sua vez, está acontecendo via e-mail, porém poucos alunos a procuram. Já os dados coletados nos questionários nos permitem concluir que as novas tecnologias nos dias atuais desempenham um papel de extrema importância em diversos contextos, fato esse que populariza o seu uso na sociedade. O computador, juntamente com a internet, são as ferramentas mais utilizadas para fins diversos, tais como para o trabalho, o lazer e, também, para os estudos. O estudo da língua inglesa, por sua vez, não possui muitos adeptos; contudo, aqueles que utilizam tais ferramentas para aprender uma segunda língua buscam desde tradutores on-line até vídeos com legendas para trabalhar aspectos gramaticais e de pronúncia. Dessa forma, vemos que há a necessidade de divulgar mais as diversas possibilidades que a web proporciona para seus usuários no que tange o ensino e a aprendizagem da língua inglesa. Referências MORAN, J. M. Mudar a forma de aprender e ensinar com a internet - transformar a aula em pesquisa e comunicação. In: BRASIL. Salto para o futuro: TV e informática na educação. Brasília: Ministério da Educação e do Desporto, SEED, 2001. p. 81-90. OLIVEIRA, E. C. Navegar é preciso! o uso de recursos tecnológicos para um ensino-aprendizagem significativo de línguas estrangeiras. In: PEREIRA. A. L.; GOTTHEIM, L. Materiais didáticos para o ensino de língua estrangeira: processos de criação e contextos de uso. (no prelo) PAIVA, V. L. M. O. A WWW e o ensino de inglês. Revista Brasileira de Linguística Aplicada, v.1, n.1, 2001. RICHARDS, J. C.; RENANDYA, W. A. Methodology in Language Teaching: An Anthology of Current Practice. Cambridge: Cambridge University Press, 2002. RICHARDS, J. C.; RODGERS, T. S. Approaches and Methods in Language Teaching, 2nd ed. Cambridge: Cambridge University Press, 2001.
WARSCHAUER, M. Technological change and the future of CALL. In S. Fotos & C. Brown (Eds.), New Perspectives on CALL for Second and Foreign Language Classrooms, Mahwah, NJ: Lawrence Erlbaum Associates, p.15-25, 2004. WARSCHAUER, M.; HEALEY, D. Computers and language learning: An overview. Language Teaching, v. 31, p. 57-71, 1998. WARSCHAUER, M.; MESKILL, C. Technology and second language learning. In: ROSENTHAL, J. (Ed.), Handbook of undergraduate second language education, Mahwah, New Jersey: Lawrence Erlbaum, 2000. p. 303-318.