REPRESENTAÇÃO E DIFERENCIAÇÃO DE CUSTOS FIXOS E CUSTOS VARIÁVEIS

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Transcrição:

REPRESENTAÇÃO E DIFERENCIAÇÃO DE CUSTOS FIXOS E CUSTOS VARIÁVEIS

2 REPRESENTAÇÃO E DIFERENCIAÇÃO DE CUSTOS FIXOS E CUSTOS VARIÁVEIS Definição de custos Os custos são gastos efetuados pela empresa na formação ou produção de um ou mais produtos. Estão relacionados com a geração de produtos, isto é, ligados à área industrial da empresa. A determinação dos custos de uma empresa dependerá das características de que ela possuir, podendo ser divididos como fixos ou variáveis. Através destes, obtemos a evolução de como tais gastos acontecem em alguma relação com os dados físicos de produção, venda ou outra atividade (Padoveze, 2). Classificação e diferenciação dos custos Para a elaboração de um determinado produto em empresas industriais ou de venda, ou revenda, ocorrem obrigatoriamente certos custos que podem, de um modo geral, ser classificados como custos fixos e custos variáveis (Viceconti e Machado, 1978). Há ainda, os custos semifixos ou semivariáveis, comportando-se em certos momentos como fixos, e em outros momentos como variáveis. Para o planejamento dos volumes de produção tem-se que determinar os custos fixos e variáveis de fabricação. Custos fixos Os custos e despesas fixos são aqueles que não variam, independentemente do nível de atividade da empresa, ou seja, produzindo-se ou vendendo-se em qualquer quantidade, estes existirão e serão os mesmos. Embora considerados fixos, tais custos podem aumentar ou diminuir em função da capacidade ou do intervalo de produção. Assim, os custos e despesas são fixos dentro de um intervalo relevante de produção ou venda, e podem variar se os aumentos ou diminuições de volume forem significativos (Padoveze, 2): Os custos só são Fixos dentro de uma determinada faixa ou escala de produção, após a qual são necessários, por exemplo, novos aluguéis de prédios, novas máquinas que se traduzem em novas despesas de depreciação e manutenção; mais pessoal indireto (administração, vendas, produção etc.) e assim por diante (Simonsen e Flanzer, 198, p. 228).

3 Já por um outro lado, são vistos como custos estruturais, pois são necessários para o funcionamento normal do empreendimento (Viceconti e Machado, 1978). De acordo com a estrutura de custos, os custos e despesas fixos podem ser classificados da seguinte forma: aluguéis; seguros; despesas administrativas (pessoal de escritório, honorários de diretoria etc.); verba de propaganda; impostos fixos; mão-de-obra não variável; depreciação de máquinas, equipamentos, instalações e prédios; manutenção: prédios, veículos, equipamentos; prestadores de serviços: contadores, advogados e assessores; tarifas públicas/energia: energia elétrica, telefone, água, gás, combustíveis, etc.; viagens, estadias, associações de classes; juros, multas, leasing, e franquias. Essa classificação não é absolutamente rígida, podendo alguns dos itens mencionados variarem de acordo com o tipo e porte da empresa que os utiliza. Custos variáveis Os custos e despesas variáveis são aqueles que variam proporcionalmente às vendas realizadas ou nível de produção industrial. Em outras palavras, são os custos proporcionais à quantidade produzida e compõem-se principalmente de materiais e mão-de-obra. São assim chamados os custos e despesas em que as unidades monetárias modificam na proporção direta das variações do nível de atividades, isto é, acompanham a proporção da atividade em que estão relacionados. Caso não haja produção e venda de uma determinada unidade ou produto, a empresa não terá que se preocupar com estes respectivos custos e despesas. Da mesma forma que os custos e despesas fixos, os custos e despesas variáveis podem ser classificados em: matéria-prima do produto, insumos diretos;

4 material secundário; outros insumos; utilidades (energia, força, água); combustível; fretes e carretos; manutenção e conservação; impostos diretos (circulação de mercadorias sobre produtos industrializados); despesas de vendas (comissão de vendedores, descontos bancários e outras); mão-de-obra industrial (contratada exclusivamente para aquele serviço ou perfeitamente caracterizada como associada à produção do bem); embalagem e expedição; desconto bancário, administração de cartão de crédito. O caráter variável dos custos e despesas não é rígido dependendo do produto que a empresa fabrica. Custos semivariáveis ou semifixos Alguns autores pesquisados como Padoveze (2), Viceconti e Machado (1978), definem que os custos de estrutura da empresa são os custos fixos e os custos de atividade são os custos variáveis. Essa afirmação nem sempre é exata, pois alguns custos, tanto fixos como variáveis, dependem ao mesmo tempo da estrutura da empresa e de sua atividade, sendo chamados de semivariáveis ou semifixos. Estes custos quando identificados, e classificados como de estrutura, ou de atividade, passam a ser fixos ou variáveis. Como exemplo destes custos tem-se (Simonsen e Flanzer, 198): materiais secundários; materiais de consumo; ferramentas; peças de reposição; pessoal de manutenção e de vigilância;

5 serviços indispensáveis à empresa, para que sua atividade possa ser desempenhada normalmente. Um exemplo muito comum de custo semivariável seria o consumo de energia, pois este comporta-se hora como custo fixo, hora como custo variável. O consumo industrial varia com a quantidade fabricada. Quanto mais produz, mais energia é consumida. Por outro lado, a energia gasta para iluminar não está condicionada à quantidade. Ela existe, independentemente de se produzir muito ou pouco:... os gastos com energia elétrica, cujos valores pagos pela manutenção da demanda são fixos dentro do período, e os valores pagos pelo consumo de quilowatts consumidos são variáveis em relação à utilização do parque industrial (Padoveze, 2, p. 24). A remuneração dos vendedores pode ser considerada como um outro exemplo. Ela tem uma parte fixa, independente da quantidade vendida, e uma parte variável, comissão, que varia com o montante comercializado. Finalmente, como já foi mencionado, o plano de custo da empresa direciona os custos semifixos ou semivariáveis para serem agregados aos custos fixos ou variáveis, dependendo da classificação atribuída a cada um (Tófoli, 26). Através da classificação dos custos fixos e variáveis, semifixos ou semivariáveis obtem-se os custos totais. Custo total e custo médio Quando junta-se os custos fixos (CF) e os custos variáveis (CV) de uma determinada organização têm-se os custos totais (CT): O custo total de produção e venda de uma empresa, relativamente ao período arbitrado, será a soma do custo fixo e do custo variável correspondente àquele período (Viceconti e Machado, 1978, p. 315). O custo médio de produção de certo bem ou produto é definido como a relação entre o custo total (CT) da empresa e o número de unidades produzidas (q).

6 Representação geométrica dos custos Representação gráfica dos custos a) - Custos fixos: $ Valor CF Quantidade Gráfico 1: Custos fixos independentes do nível de produção q $ Valor CF3 CF2 CF1 Quantidade q1 q2 q3 q Gráfico 2: Custos fixos em relação a capacidade de produção Conforme Simonsen e Flanzer (198), no Gráfico 1 nota-se que independentemente da quantidade produzida os custos fixos se mantém. Já no Gráfico 2 é demonstrada a variação dos custos fixos em relação a capacidade de produção da empresa.

7 b) - Custos variáveis: $ Valor CV v3 v2 v1 Quantidade q1 q2 q3 q Gráfico 3: Custos variáveis c) - Custos semivariáveis ou semifixos: $ Valor CT CV Parte Variável Quantidade Gráfico 4: Custos semivariáveis ou semifixos q CF Parte Fixa Conforme Simonsen e Flanzer (198), o Gráfico 3 mostra a variação dos custos variáveis em relação a quantidade produzida. Com relação ao Gráfico 4, notase a distribuição dos custos semivariáveis, apresentando uma parte fixa e outra variável.

8 d) - Custos totais: $ Valor CT CV CT CF Quantidade q Gráfico 5: Custos totais Conforme Tófoli (26), o Gráfico 5 representa os custos totais através da soma dos custos fixos com os custos variáveis. Representação matemática dos custos Sendo os custos fixos representados por (CF), os custos variáveis por (CV), os custos variáveis unitários por (CVu), a quantidade (número de unidades produzidas) por (q), o custo total (CT) e o custo médio (CM), tem-se as seguintes expressões (Viceconti e Machado, 1978): CVu x q = CV, CT = CF + CVu x q ou CT = CF + CV, CM = CT = CF + CVu x q = CF + CVu. q q q Escolha da unidade definidora da atividade da empresa A distribuição entre custos de estrutura (fixos) e custos de atividade (variáveis) não será suficiente para as pesquisas de melhoria a serem implantadas nas operações. Os custos de atividade tem vários fatores que intervêm, como o volume de produção, natureza e variedade dos produtos fabricados, tamanho dos lotes de fabricação, tipos de materiais utilizados etc.

9 De acordo com os fatores apresentados, fica difícil determinar a formação dos custos, tendo-se a necessidade de examinar cada uma das causas isoladamente e recorrer a recursos estatísticos e matemáticos. Para se determinar a variabilidade dos custos é necessária a escolha da unidade que mede da melhor maneira tal atividade. Quando a fabricação for baseada em apenas um único produto, a unidade de medida será a unidade do produto fabricado. Se diversificada, ou seja, fabricação de vários produtos, fica mais difícil de ser encontrada uma medida, tendo-se a necessidade de levar a escolha aos seguintes fatores (Simonsen e Flanzer, 198): característica física do produto: peso, superfície, espessura e volume; se o custo relativo ao trabalho for o mais importante, o número de horas de mão-de-obra deverá ser levado em consideração; se o custo do trabalho das máquinas for o fator de maior ponderação dos custos, deve-se levar como unidade de medida o número de horas de trabalho que estas executam durante o dia de atividade. Assim: A unidade escolhida deve ser simples de maneira a ser rapidamente percebida entre as informações disponíveis, e ter um emprego cômodo por todos aqueles que irão utilizá-las. Se for necessário recorrer a ponderações ou a equivalências, dever-se-á definir com precisão os critérios adotados e os limites de sua validade (Simonsen e Flanzer, 198, p. 224). A determinação dos custos estruturais, dos custos de atividade e a variabilidade de cada um vão orientar as ações corretivas para melhorar a eficiência da operação das atividades da empresa.

1 PREÇO DE VENDA E RECEITA Determinação do preço de venda e da receita O preço de venda de um produto ou serviço é estabelecido dentro do ambiente interno da empresa, visando identificar o quanto será necessário, em termos monetários, para cobrir os custos e obter lucro. Conhecer os preços cobrados pelos concorrentes é um outro fator que a organização deve estar sempre levando em consideração para a tomada de decisões:... é necessário um cálculo em cima dos custos, tendo em vista que, através dele, podemos pelo menos ter um parâmetro inicial ou padrão de referência para análises comparativas (Padoveze, 2, p. 39). Para garantir que as receitas (preço de venda multiplicado pela quantidade produzida ou vendida) cubram os custos totais, as organizações estipulam o preço de venda acima dos custos de produção e de comercialização. Para isto, muitas empresas utilizam-se de um markup, definido como uma porcentagem a ser aplicada sobre o custo para se chegar ao preço de venda ao cliente. O markup é determinado da seguinte forma (Kotler e Armstrong, 25, p. 273): CF unitário = CF, unidades vendidas Custo unitário = CV unitário + CF unitário, Preço de Markup = Custo unitário (1 - taxa de retorno desejado sobre vendas). Conforme Kotler e Armstrong (25), o método de markup representado pela expressão anterior, divide o custo unitário pela diferença de 1, que representa 1%, e a taxa de retorno desejado sobre as vendas, obtendo-se assim o preço. Em outras situações, a empresa utiliza outros métodos para estabelecer o preço de venda, não usando o markup.

11 Determinado o preço unitário de venda, tem-se que verificar se ele vai modificar em relação ao volume de produção. Apesar de, na maioria das vezes, não se modificar com o volume de produção, nem sempre isto se verifica na prática: Costuma acontecer que, para volumes maiores de produção ou de venda, o preço unitário diminui. Isso se deve à Lei da Oferta e da Procura. Para que a empresa possa atingir novos mercados consumidores do seu produto, além daqueles já abastecidos, tornar-se-á necessário reduzir o preço unitário de venda (Simonsen e Flanzer, 198, p. 233). Representação geométrica da receita Representação gráfica da receita $ Valor R v2 v1 Quantidade q1 q2 q Gráfico 6: Receita total com o preço não modificando com o volume de produção $ Valor R Quantidade q Gráfico 7: Receita total com o preço diminuindo com o volume de produção Segundo Simonsen e Franzer (198), se o preço unitário diminuir em relação a volumes maiores de produção ou de venda, a curva representativa da receita total deixará de ser uma reta, passando a ser uma curva, porém com inflexão para baixo, como são mostrados nos gráficos 6 e 7, respectivamente.

12 Representação matemática da receita Chamando de (RT) a receita total e de (p) o preço de venda unitário e (q) a quantidade, tem-se a seguinte expressão (SIMONSEN e FLANZER, 198): RT = p x q, onde: RT = Receita total; p = Preço de venda unitário; q = Quantidade. A expressão apresentada mostra que o preço unitário de venda multiplicado pela quantidade em relação ao volume de produção ou de venda forma a receita total. MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO E DETERMINAÇÃO DO LUCRO UNITÁRIO Definição da margem de contribuição gerencial: A margem de contribuição tem extrema importância para a tomada de decisão Defini-se a margem de contribuição como o excesso das receitas de uma atividade sobre os seus custos relevantes que está disponível para cobrir os custos fixos e contribuir para formação do lucro. O lucro, naturalmente, não aparecerá até que os custos fixos sejam cobertos, mas em certas circunstâncias a expectativa de uma margem de contribuição será suficiente para justificar uma decisão particular (Figueiredo e Caggiano, 1997, p. 188). A partir do que foi demonstrado anteriormente, pode-se notar que a margem de contribuição é a diferença entre a receita e os custos variáveis. Pode-se representá-la da seguinte maneira: MC = R CV, onde: MC = Margem de contribuição, R = Receita, CV = Custos variáveis.

13 Para análise do ponto de equilíbrio, que será discutido mais adiante, a margem de contribuição deve ser unitária, sendo representada da seguinte forma: MCu = p CVu, onde: MCu = Margem de contribuição unitária. p = Preço de venda unitário. CVu = Custo variável unitário. A margem de contribuição pode ser calculada em termos de unidades medidas, ou em termos de margem de contribuição total, com base na receita total menos os custos variáveis totais para certo número de unidades vendidas: Margem de contribuição é a margem bruta obtida pela venda de um produto que excede seus custos variáveis unitários. Em outras palavras, a margem de contribuição é o mesmo que o lucro variável unitário, ou seja, preço de venda unitário do produto deduzido dos custos e despesas variáveis necessários para produzir e vender o produto (Padoveze, 2, p. 27). Margem de contribuição unitária e determinação do lucro unitário. A margem de contribuição unitária permite avaliar a margem de lucro unitário, sem levar em conta o custo fixo. Isso possibilita identificar os produtos mais lucrativos no processo e faz a empresa dirigir seus esforços de produção e venda de forma a maximizar a comercialização desses itens (Tófoli, 26). A maior vantagem de se fazer uma avaliação da margem de contribuição está em estabelecer um comparativo dos preços dos concorrentes em relação aos preços praticados pela empresa. Uma vez identificado, a empresa poderá verificar qual a capacidade dos seus produtos para gerar lucro, já que conhece os limites dos seus custos variáveis. É, portanto, uma informação relevante para a administração de marketing (Análises, 25).

14 PONTO DE EQUILÍBRIO O ponto de equilíbrio ( Break Even Point ) O ponto de equilíbrio (também denominado Ponto de Ruptura Break Even Point, Ponto de Nivelamento, Ponto de Igualdade, Análise das Relações Custo/Volume/Lucro ) é o ponto em que a receita total é igual ao custo total, correspondendo a um determinado nível de produção, ou volume de operações (Martins, 2): Uma empresa é dita nivelada quando sua receita é igual ao total de custos, relativamente a um determinado período. Define-se, então, como ponto de nivelamento ou break even point da produção de uma certa empresa, a quantidade do produto que torna a receita igual à despesa. O break even point é, assim, a produção mínima, de modo que os recursos originados da venda do produto cubram os custos de produção e comercialização (Viceconti e Machado, 1978, p. 326).... ponto de equilíbrio calcula os parâmetros que mostram a capacidade mínima em que a empresa deve operar para não ter prejuízo, mesmo que ao custo de um lucro zero. (Padoveze, 2, p. 281). O ponto de nivelamento permite compreender como o lucro pode ser afetado pelas variações nos elementos que integram as receitas de vendas e os custos e as despesas totais, correspondendo a um certo nível de atividades onde o lucro será nulo. Simplificando, é o ponto onde as receitas e os custos se igualam não havendo tanto lucro como prejuízo. É um indicador de controle que tem como finalidade mostrar de forma simples e direta qual o objetivo a ser atingido para que a organização se torne viável. O Break Even Point auxilia a gestão de curto prazo da empresa, pois não se pode pensar em um planejamento de longo prazo que não dê resultado positivo e não remunere os detentores de suas fontes de recursos (Padoveze, 2). Determinação do ponto de equilíbrio Para a determinação do ponto de equilíbrio em quantidade, tem-se a necessidade de utilizar os custos fixos, o custo variável unitário e o preço de um produto, para determinar o mínimo de vendas necessárias para as receitas se igualarem aos custos (Montana e Charnov, 1998).

15 Desta forma tem-se: RT = CT, como: RT = p x q, CT = CF + CVu x q, fica: p x q = CF + CVu x q. Partindo das expressões anteriores, a fórmula do ponto de equilíbrio em quantidade é a seguinte: QPE = CF ou QPE = CF, p CVu MCu onde: QPE = Quantidade do ponto de equilíbrio; CF = Custo fixo; p = Preço de venda unitário; CVu = Custo variável unitário; MCu = Margem de contribuição unitária. Assim o preço unitário de um produto menos seu custo variável unitário mostra a margem de contribuição unitária, isto é, para se chegar a quantidade do ponto de equilíbrio (QPE), basta dividir o custo fixo pela margem de contribuição (Montana e Charnov, 1998).

16 Análise gráfica do ponto de equilíbrio Os dados que formam o ponto de equilíbrio devem ser colocados num gráfico para uma melhor análise e entendimento. No eixo x são colocados os dados de volume e no eixo y os dados de valor (Padoveze, 2), conforme Gráfico 8. Valor $ PE RT v Área de Prejuízo CT Área de Lucro CF QPE Gráfico 8: Ponto de equilíbrio Quantidade q Segundo (Padoveze, 2), o Gráfico 8 do ponto de equilíbrio deve ser construído da seguinte forma: a) faça a linha paralela ao eixo x do volume (quantidade) com o valor dos custos fixos totais; b) pegue um volume de vendas e encontre o total de custos fixos mais custos variáveis para essa quantidade e trace a reta, partindo da intersecção da reta paralela ao eixo y, conseguida no item a (o ponto onde a reta dos custos fixos se encontra com o eixo y); c) trace a reta de vendas totais, partindo do ponto (zero), até um volume em valor multiplicando a quantidade pelo preço de venda. Assim: Com isso, na intersecção da reta dos custos totais com a reta das vendas totais, teremos graficamente representado o ponto de equilíbrio. Abaixo do ponto de equilíbrio encontrá-se a área de prejuízo e acima dele a área de lucros. (Padoveze, 2, p. 287). De acordo com esse autor, a medida que o volume de operações se deslocar acima do ponto de equilíbrio surgirão lucros crescentes; abaixo desse ponto ocorrerão prejuízos cada vez maiores. Do ponto de vista contábil, distinguem-se dois pontos de equilíbrio: um relacionado com o lucro operacional e outro com o lucro líquido.

17 O ponto de equilíbrio ignora aspectos relevantes relacionados com a formação de estoques, pressupondo que toda a produção seja vendida instantaneamente. Calculo do lucro projetado. Com os mesmos elementos da QPE, é possível calcular o lucro projetado. O lucro é o total de receitas menos o total de custos (Montana e Charnov, 1998). Lucro = RT CT, Lucro = (p x q) [(CVu x q) + CF], Lucro = p x q CVu x q CF, Lucro = q x (p CVu) CF. Através desta expressão é possível tomar decisões no que diz respeito à compra de novos equipamentos. Como exemplo (Montana e Charnov, 1998): CF = $ 1.. CVu = $ 5/unidade. p = $ 1/unidade. q = 3 unidades vendidas. De acordo com a fórmula de lucro tem-se: Lucro = q x (p CVu) CF, Lucro = 3. (1 5 ) $ 1., Lucro = $ 5.. De acordo com esse exemplo, a administração está confrontando se deve comprar uma nova máquina para a fábrica. A máquina adicionará $ 5. aos custos fixos, aumentará a produção em 1% e vai reduzir os custos variáveis unitários em $1. O lucro projetado dado a compra da máquina nova é de: Lucro projetado = q x (p CVu) CF, Lucro projetado = 3.3 (1 4) 15., Lucro projetado = $ 4.8. Com o lucro projetado da compra da máquina sendo de $ 4.8, isto é, menor que $ 5., a compra da máquina não é recomendada. A técnica do lucro projetado é utilizada quando se tem que tomar uma decisão onde só existam duas possibilidades, comprar ou não comprar.