- Observatório de Política Externa Brasileira - Nº 70 23/09/05 a 29/09/05 Brasil poderá retaliar comercialmente os Estados Unidos O Brasil solicitará à Organização Mundial do Comércio (OMC) o direito de retaliar os Estados Unidos por causa dos subsídios pagos a seus produtores de algodão. Esta prática já foi julgada ilegal pela Organização e Washington teve seis meses para se adequar às regras do comércio internacional. Contudo, passado o prazo, não houve nenhuma manifestação concreta por parte dos americanos indicando o que fariam. O ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, disse que como forma de retaliação, poderão ser negociados com a Casa Branca eventuais benefícios comerciais para o Brasil, como a facilitação do acesso de produtos de interesse nacional no mercado norte-americano. (Folha de S. Paulo - Dinheiro - 23/09/05; O Estado de S. Paulo Economia 23/09/05). Principais atores da OMC reuniram-se na embaixada brasileira em Paris Representantes da Índia, Brasil, Estados Unidos e União Européia (UE) se reuniram na embaixada brasileira em Paris para tentar retomar as negociações da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC). "Discutimos a fundo a questão agrícola e outras e tentamos ver onde estão nossas divergências. Falta um longo caminho a percorrer mas essa reunião foi útil para compreender onde estão os problemas", avaliou o chanceler brasileiro Celso Amorim. O Brasil tem insistido na flexibilização das posições dos europeus e norte-americanos nas negociações agrícolas para que a reunião ministerial que ocorrerá em Hong Kong, em dezembro, não seja mal sucedida. (Folha de S. Paulo Dinheiro 23/09/05; O Estado de S. Paulo Economia 23/09/05; O Estado de S. Paulo Economia 24/09/05). Brasil insistirá na criação de uma linha emergencial de crédito no FMI O Brasil defenderá mais uma vez, na reunião anual do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial (Bird), a criação de uma linha de crédito emergencial para socorrer países com boa conduta fiscal para os momentos de crise. O secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Luiz Pereira, acredita fortemente que o relatório final que será apresentado pelo diretor-gerente do FMI, Rodrigo Rato, incluirá o tema pela primeira vez. A proposta já obteve apoio do Japão e do Reino Unido. Os representantes brasileiros também defendem a redistribuição de cotas do Fundo para aumentar a representatividade das economias emergentes. Contudo, ambas propostas encontram resistência dos
Estados Unidos. (Folha de S. Paulo Dinheiro 23/09/05; Folha de S. Paulo Dinheiro 24/09/05; O Estado de S. Paulo Economia 23/09/05). Lula assinou decreto que reconhece a China como membro da OMC O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou o decreto que reconhece a China como membro da Organização Mundial do Comércio (OMC). A partir do reconhecimento, o Brasil pode adotar legalmente medidas de contenção da importação de produtos chineses que estejam ameaçando a produção nacional. Contudo, Brasília prefere adotar uma posição conciliadora com os chineses através da negociação de reduções voluntárias das exportações chinesas para o mercado brasileiro. O Itamaraty considera o país asiático um importante aliado nas diversas negociações multilaterais. Por isso, quer evitar um confronto com Pequim. O ministro brasileiro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, viajou à Pequim, no dia 29 de setembro, para negociar com o ministro chinês do Comércio, Bo Xilai, uma autolimitação na venda de produtos chineses para o mercado brasileiro.(folha de S. Paulo Dinheiro 23/09/05; Folha de S. Paulo Dinheiro 28/09/05; O Estado de S. Paulo Economia 28/09/05; O Globo Economia 27/09/05; O Globo Economia 29/09/05). Lula participou da 2ª Conferência Mundial do Café O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou, no dia 24 de setembro, da abertura da 2ª Conferência Mundial do Café, em Salvador, Bahia. Segundo o ministério da Agricultura, a Organização Mundial do Café (OIC) escolheu o Brasil para sediar o evento porque este país é o maior produtor e exportador mundial de café, além de ocupar o segundo lugar no mercado consumidor. (Folha de S. Paulo Brasil 24/09/05). Amorim visitou Estados Unidos O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, pela primeira vez desde o início do governo Lula, visitou os Estados Unidos. Além de encontrar-se com a Secretária de Estado americano, Condoleeza Rice, para acertar os detalhes da viagem do presidente George W. Bush ao Brasil - que acontecerá no dia 06 de novembro, quando passará algumas horas em Brasília - Amorim reuniu-se com o subsecretário de Estado, Nicholas Burns, e com o vice-secretário de Estado Robert Zoellick. A agenda do brasileiro abrangeu todo o leque de temas bilaterais. Os principais pontos de destaque foram o comércio, a próxima reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC) em Hong Kong e a Área de Livre Comércio das Américas (ALCA). Outro tema relevante foi a continuação da liderança militar brasileira na força de estabilização da Organização das Nações Unidas (ONU) no Haiti, que recebeu elogios por parte dos americanos. Amorim
tratou, ainda, com Rice e seus outros interlocutores, dos preparativos da Quarta Cúpula das Américas, marcada para o início de novembro, em Mar del Plata. Na falta de temas substantivos, os americanos temem que o evento se transforme em palco para o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, armar uma confrontação com o presidente estadunidense George W. Bush. Antes de retornar ao país, o chanceler participou de uma conferência do Conselho Empresarial Brasil-Estados Unidos. (Folha de S. Paulo Brasil 26/09/05; O Estado de S. Paulo Nacional 27/09/05; Folha de S. Paulo Mundo 27/09/05; O Estado de S. Paulo Nacional 27/09/05; O Globo O País 27//09/05). Celso Amorim defendeu a permanecia brasileira no Haiti O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, defendeu a permanecia das Tropas de Estabilização da Paz da Organização das Nações Unidas (ONU) no Haiti nos meses após o processo eleitoral pelo qual passará o país da América Central. A proposta de Amorim recebeu apoio da Secretária de Estado dos Estados Unidos, Condoleezza Rice, que pediu rapidez no processo eleitoral. Amorim esteve no país caribenho antes de encontrar-se com Rice nos EUA. O governo brasileiro enviou técnicos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para auxiliar nas eleições, entretanto, o uso de urnas eletrônicas foi descartado pela instabilidade no fornecimento de energia naquele país. (Folha de S. Paulo Mundo 27/09/05; Folha de S. Paulo Mundo 28/09/05). G-7 poderá ser ampliado e contar com a presença do Brasil O secretário do Tesouro dos EUA, John Snow, declarou que o G-7 Grupo dos Setes países mais industrializados do mundo estará arriscando a sua relevância caso não expanda a ponto de refletir melhor a economia mundial. Outro funcionário do Tesouro americano, Fred Bergsten, disse que o grupo poderá ser ampliado no período de um ano. A proposta encontra apoio também do ministro da Fazenda Francês. Brasil e Rússia são países de reconhecida influência no comércio mundial e nos mercados financeiros, o que viabilizaria a inclusão brasileirano grupo. (Folha de S. Paulo Dinheiro 27/09/05). Brasil sediou a primeira reunião da Comunidade Sul-Americana de Nações Nos dias 29 e 30 de setembro, Brasília sediou a primeira reunião da Comunidade Sul-Americana de Nações (CASA), projeto de integração física, energética e política entre os países da América do Sul. Os presidentes de metade dos 12 países integrantes da Comunidade ausentaram-se da reunião, entre os quais o presidente da Argentina, Néstor Kirchner. (Folha de S. Paulo Dinheiro 27/09/05; Folha de S. Paulo Brasil 29/09/05; O Estado de S. Paulo Economia 27/09/05; O Estado de S. Paulo Nacional 28/09/05).
Parlamento do Mercosul poderá ser lançado em 2007 O presidente da Comissão Parlamentar Conjunta do Mercosul, o deputado uruguaio Roberto Conde, defendeu o lançamento do parlamento do Mercosul em 1º de janeiro de 2007. Segundo Conde, as diplomacias dos países que integram o grupo já discutem essa possibilidade. O parlamento do Mercosul constituir-se-á como uma instituição transnacional com competência apenas para intervir em questões relativas à integração e todas as decisões deverão ser ratificadas pelos legislativos locais. Caso haja acordo entre os parlamentares que integram a comissão conjunta a proposta será levada à apreciação das chancelarias. Entretanto, o deputado brasileiro Julio Redeced, declarou acreditar que dificilmente a proposta será consolidada a tempo. (Folha de S. Paulo Dinheiro 27/09/05). Brasil voltou à OMC para pedir prazo para que UE suspenda subsídios O Brasil voltou à Organização Mundial do Comércio (OMC), em 28 de setembro, para pedir que o órgão estipule um prazo para que os europeus reformem sua prática de subsídios ao açúcar. A UE pode exportar até 1,3 milhão de toneladas subsidiadas do produto por ano, mas tem exportado até 4 milhões. Em abril, a OMC condenou a prática européia, mas Bruxelas não suspendeu os subsídios condenados. Agora, o bloco europeu quer transformar 1,9 milhão de toneladas de açúcar destinadas ao mercado doméstico em produto de exportação até 2007, para evitar queda no preço interno. Por isso, o Brasil, juntamente com Austrália e Tailândia, pediu na organização que os países do bloco congelem seus subsídios até a reunião ministerial da entidade em Hong Kong, em dezembro. Os europeus, no entanto, anunciaram que não irão modificar seu sistema de subsídios até que a OMC determine um prazo. A UE quer que o governo espere até janeiro de 2007 para cumprir a decisão da organização; o Itamaraty sugere como prazo o fim de 2005. (Folha de S. Paulo Dinheiro 27/09/05; Folha de S. Paulo Dinheiro 28/09/05; O Estado de S. Paulo Economia 27/09/05; O Estado de S. Paulo Economia 28/09/05; O Globo Economia 29/09/05). OMS autorizou Brasil a fabricar vacina contra a gripe aviária A Organização Mundial da Saúde (OMS) autorizou o recebimento da cepa de um subtipo do vírus da gripe aviária pelo Brasil para que vacinas contra a doença sejam fabricadas. A vacina será produzida pelo Instituto Butantã, em São Paulo, que está desenvolvendo maneiras de melhorar a eficácia do produto. Com isso, o Brasil passou a integrar uma força-tarefa mundial contra a doença no caso de uma eventual epidemia, alertada pela organização. (O Estado de S. Paulo Vida& 27/09/05).
Secretário do Tesouro americano elogiou a política econômica brasileira O secretário do Tesouro americano, John Snow, elogiou abertamente a política econômica brasileira, em evento promovido pela Câmara Brasil-EUA, em Washington, no dia 26 de setembro. Snow citou algumas praticas do Brasil que foram por ele classificadas como maravilhosas, como o crescimento econômico pelo qual o país vem passando e a criação de empregos. (O Estado de S. Paulo Economia 27/09/05; O Globo Economia 27/09/05). Argentinos pediram compreensão aos calçadistas brasileiros A Confederação Geral Econômica (CGE) da Argentina, pediu que os exportadores de calçados do Brasil compreendessem que os argentinos precisam das atuais restrições aplicadas à entrada de sapatos brasileiros em seu país. Os empresários gaúchos haviam solicitado que o governo Lula intercedesse para que as barreiras à entrada de 700 mil pares de calçados provenientes do Brasil que estão retidos nas alfândegas argentinas fossem suspensas. Há poucas semanas, o presidente da Argentina, Nestor Kirchner, aplicou o sistema de licenças não-automáticas para a importação de calçados brasileiros, que atrasam a liberação dos carregamentos em até 60 dias, desestimulando as importações. Segundo o presidente da CGE, Marcelo Fernández, se esse sistema não fosse adotado, com a invasão do produto brasileiro, cerca de 600 argentinos do setor calçadista ficariam desempregados. O presidente Lula deverá discutir com Kirchner o caso dos calçados no encontro que terão no dia 30 de novembro, em comemoração dos 20 anos do encontro entre os presidentes José Sarney e Raúl Alfonsín, o primeiro passo para a posterior criação do Mercosul. (O Estado de S. Paulo Economia 28/09/05). Brasil limitou participação nas decisões sobre a gestão da internet Nos debates da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o futuro da gestão da internet, em Genebra, o Brasil foi acusado por Organizações Não- Governamentais (ONGs) de limitar a participação da sociedade civil. O governo brasileiro, que defende a democratização e transparência na gestão da rede mundial de computadores, hoje nas mãos dos Estados Unidos, declarou que essa limitação pretendeu evitar que empresas influenciassem no processo, e que esta é uma forma de participação regulamentada pela ONU. Entretanto, para as ONGs e para alguns diplomatas europeus, a posição assumida pelo Itamaraty causou desconforto nas reuniões. As negociações em Genebra, que devem ser concluídas até o fim da semana, originarão o documento que será encaminhado à Cúpula da Sociedade da Informação, prevista para novembro na Tunísia. (Estado de S. Paulo Economia 28/09/05).
Comércio dentro do Mercosul diminuiu após TEC Pesquisas indicam que, atualmente, há menos intercâmbio comercial entre Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai em comparação ao total comercializado pelo bloco antes da implementação da TEC (Tarifa Externa Comum), em 1995. A participação das importações do Brasil dentro do bloco estão caindo em virtude da mudança brasileira de compras e da substituição de certos produtos argentinos por produtos de outros países. A diminuição também foi atribuída ao fato dos membros do bloco exportarem commodities, produtos pouco demandados pelos países do bloco. (Folha de S. Paulo Dinheiro 29/09/05). Acordo entre Brasil e Argentina visa combater produto falso Brasil e Argentina assinaram um acordo que prevê que os dois países passem a trocar informações sobre produtos falsificados. A finalidade do documento é promover ações preventivas de educação e proteção ao consumidor através do intercâmbio de informações entre os organismos a respeito da comercialização de produtos falsificados que possam representar um risco para a saúde e segurança dos consumidores. (Folha de S. Paulo Dinheiro 29/09/05).