PROGRAMA DE REFLORESTAMENTO Lagoa Misteriosa Samuel Duleba CRBio - 34.623-03D Jardim - Mato Grosso do Sul - Brasil 2009
Introdução Com o objetivo de recuperar áreas que já sofreram algum tipo de interferência antrópica na área que abrange a Lagoa Misteriosa bem como implantar corredores ecológicos entre os fragmentos de mata, implantou-se um programa de reflorestamento com mudas nativas do cerrado e mata ciliar. O programa de reflorestamento visa também restaurar os processos ecológicos através do resgate da diversidade vegetal e da busca da autoperpetuação dessas áreas no tempo. O plantio das mudas ocorreu no dia 31 de dezembro de 2008 após um acúmulo pluviométrico de 70mm, deixando o solo com um grau de umidade elevado, propiciando melhores condições para o plantio das mudas. A experiência prática tem mostrado que todas as categorias de plantas (pioneiras, secundarias, clímaxes) podem ser implantadas numa única etapa (Lorenzi, 1992), sendo as espécies utilizadas no presente reflorestamento listadas abaixo: Cumbaru (Dipteryx alata) Altura de 15 25m, com tronco de 40-70cm de diâmetro. Planta característica de terrenos secos do cerrado. O desenvolvimento das plantas o campo é moderado (Lorenzi, 1992). Embaúba (Cecropia sp.)- Altura de 4 7m, com tronco de 15 25cm de diâmetro. Pioneira característica de solos úmidos em beiras de matas e em suas clareiras. Prefere matas secundárias, sendo rara no interior de mata primária densas. Seus frutos são avidamente consumidos por muitas espécies de pássaros, por essa razão e pela rapidez de crescimento, é indispensável nos reflorestamentos heterogêneos de áreas degradadas de preservação permanente. Angico-vermelho (Adenanthera peregrina) Altura de 14-22m, dotada de copa frondosa e aberta. Troco de 40 80cm de diâmetro. Planta pioneira característica de matas semideciduais. Ocorre preferencialmente em formações primárias e secundárias, sobre terrenos arenosos e argilosos, porém bem drenados. As flores são apícolas. O desenvolvimento das plantas no campo é considerado rápido, geralmente ultrapassando 2,5m em dois anos.
Manduvi (Sterculia apetala) Altura de 10 24m, dotada de copa globosa. Planta secundária ocorre geralmente no interior de matas primárias e secundárias, porém é capaz de regenerar com facilidade em áreas abertas e capoeiras. Árvore indicada para reflorestamentos, seus frutos são consumido por aves, macacos e roedores. O desenvolvimento da planta no campo é rápido (Lorenzi, 1992). Ximbuva (Enterolobium contortisiliquum) Altura de 20 35m, com tronco de 80 160cm de diâmetro. É ótima para reflorestamentos de áreas degradadas de preservação permanente em plantios mistos, principalmente por seu rápido crescimento inicial. Planta pioneira com desenvolvimento no campo extremamente rápido (Lorenzi, 1992). Piúva (Tabebuia impetiginosa) Altura de 8 12m (20 30m no interior da floresta), com tronco de 60 90cm de diâmetro. Planta característica das florestas semideciduas e pluvial. Ocorre tanto no interior da floresta primária densa, como ns florestas abertas e secundárias. É ótima para compor reflorestamentos destinados a recomposição vegetal de áreas degradadas de preservação permanente (Lorenzi, 1992). Aroeirinha (Lithraea molleioides) Altura de 6 12m, com tronco de 30 a 40cm de diâmetro. Planta pioneira, característica da floresta situada em regiões de altitude, tanto em terrenos secos quanto úmidos. Sua produção e sementes é abundante todos os anos. Ocorre principalmente em formações secundárias. O desenvolvimento das plantas no campo é rápido, podendo atingir facilmente 3m de altura em 2 anos (Lorenzi,1992). Aroeira (Myracrodruon urundeuva) Altura de 6 14m no cerrado, até 20 25m em solos mais férteis da floresta latifoliada semidecidua. Planta característica de terrenos secos e rochosos. O desenvolvimento da mudas no campo é médio (Lorenzi,1992). Gonçalo (Astronium sp.) - Altura de 5 20m, com troco liso de 40-60cm de diâmetro. Planta decídua, que ocorre geralmente em agrupamentos descontínuos em terrenos rochosos e secos. O desenvolvimento das plantas no local definitivo é moderado, atingindo 2-3. aos 2 anos (Lorenzi, 1992)
Pororoca (Rapanea ferruginea) Altura de 6 12m, com tronco de 30 4cm de diâmetro. Seus frutos são avidamente consumidos por várias espécies de pássaros, o eu a torna útil para plantios mistos em áreas degradadas de preservação permanente. Plana pioneira, característica de formações secundárias como capoeiras e capoeirões. O desenvolvimento das plantas no campo é rápido, podendo atingir 3 4maos 2 anos (Lorenzi, 1992). Ipê-amarelo (Tabebuia sp.) Altura de 15 25m, com tronco de 40 70cm de diâmetro. Planta adaptada a terrenos secos, é útil para plantios em áreas degradadas de preservação permanente. Característica do cerrado situado em terrenos bem drenados. O desenvolvimento das plantas no campo é apenas moderado, alcançando 2,5m aos 2 anos (Lorenzi, 1992). Ximbuva (Enterolobium contortisiliquum) Altura de 20 35m, com tronco de 80 160cm de diâmetro. É ótima para reflorestamentos de áreas degradadas de preservação permanente em plantios mistos, principalmente por seu rápido crescimento inicial. O desenvolvimento das plantas no campo é extremamente rápido (Lorenzi, 1992). Mamica-de-porca (Zanthoxyllum riedelianum) Planta aculeada de 8-18m de altura, com tronco de 40 60cm de diâmetro. Planta pioneira e rústica, é indispensável nos reflorestamentos mistos destinados a recomposição de áreas degradadas de preservação permanente. O desenvolvimento das plantas no campo é considerado rápido (Lorenzi, 1992). Mangaba (Hancornia speciosa) Com 7m de altura e 20-30cm de diâmetro. Ocorre preferencialmente em terrenos arenosos e de baixa fertilidade. Os frutos são comidos por algumas espécies de animais silvestres. O desenvolvimento das mudas no campo é lento (Lorenzi, 1992). Mutambo (Guazuma ulmiflora) Altura de 8 16m, com tronco de 30 50cm de diâmetro. Seus frutos são muito apreciados por macacos e outros animais; por essa qualidade e pelo rápido crescimento, é planta indispensável nos reflorestamentos heterogêneos destinados a
recomposição de áreas degradadas de preservação permanente. O desenvolvimento das plantas no campo é bastante rápido (Lorenzi, 1992). Mandiocão (Didymopanax morototonii) Altura de 20 30m, com tronco retilíneo de 60 90cm de diâmetro. Como planta secundária de rápido crescimento e produtora de frutos avidamente consumidos pela fauna, é recomendável para adensamentos de matas degradadas e recuperação de áreas de preservação permanente.. O desenvolvimento das plantas no campo é considerado rápido, podendo atingir facilmente 3 4m em 2 anos (Lorenzi, 1992). Para-tudo (Tabebuia caraíba) Altura de 12 20m (4 6m no cerrado), com tronco tortuoso revestido por casca grossa, de 30 40cm de diâmetro. È útil para reflorestamentos mistos de áreas degradadas destinadas a recomposição da vegetação. O desenvolvimento das mudas no campo é lento. (Lorenzi, 1992). Metodologia O programa de reflorestamento utilizado foi o plantio heterogêneo, o qual consiste no plantio conjunto de diferentes espécies numa mesma área, recriando condições mais próximas das florestas naturais. È indicado para enriquecimento de matas e na recuperação das florestas nas margens de rios. Foram selecionadas 140 mudas sadias de 17 espécies nativas do cerrado produzidas no viveiro de mudas do Recanto Ecológico Rio da Prata. Todas as mudas foram geradas a partir de sementes coletadas de árvores adultas na Fazenda Cabeceira do Prata e entorno. Abaixo segue a lista de espécies utilizadas no reflorestamento. ESPÉCIES QTDE. ESPÉCIES QTDE. CUMBARU 18 PIÚVA 3 AROEIRA 18 MANDUVI 10 POROROCA 17 ANGICO-VERMELHO 9 EMBAÚBA 18 MAMICA-DE-PORCA 5 MANDIOCÃO 8 XIMBUVA 3 AROEIRINHA 7 MANGABA 2 PARA-TUDO 5 GONÇALO 3 IPÊ-AMARELO 5 JATOBÁ-DO-CERRADO 5 MUTAMBO 4 TOTAL 140
Área utilizada para o reflorestamento: A área escolhida localiza-se na porção oeste da Lagoa Misteriosa, ao lado da borda de floresta estacional semidecidual e savana arborizada. O ambiente caracterizase por possuir grande concentração de capim humidícola com altura de aproximadamente 50cm. Algumas árvores em fase de crescimento avançado, Imagem extraída do Google Earth evidenciando a área da tais como: Araticum Lagoa Misteriosa bem como o local onde foi realizado o (Annona crassiflora), reflorestamento. Para-tudo (Tabebuia caraiba), Mandiocão (Didymopanax morototonii) e Aroeirinha (Lithraea molleioides). Sistema do plantio Utilizado uma trena de 30m, determinou-se local e espaçamento entre as mudas, sendo 3m a distância mínima entre as mesmas. O arranjo espacial no campo foi aleatório. Antes do plantio da muda, fez-se a preparação do terreno através da marcação do local com estaca de 1m de comprimento com a extremidade pintada com tinta de cor branca e numerada com Foto 01 Muda após o plantio.
tinta spray e coroamento (capinar a área do plantio da muda) com aproximadamente 1m de diâmetro, deixando a terra exposta. Cavou-se um buraco de 20cm de profundidade para o plantio da muda. Com o capim extraído do coroamento, cobriu-se o solo onde foi plantada a muda (foto 01). Tal procedimento é muito importante, uma vez que o capim atuará como um retentor de umidade, bem como proteção da muda por camuflagem contra possíveis predadores. Monitoramento das mudas Após plantio as mudas foram vistoriadas com o intuito de verificar se as mesmas suportaram o período de transplante dos tubetes para o local definitivo, sendo que monitoramento das mudas será realizado mensalmente através da coleta de dados da altura, diâmetro e danos sofridos. Tabela 01- Espécies utilizadas no reflorestamento. 1 Mamica-de-porca 36 Mandiocão 71 Ipê-amarelo 106 Pororoca 2 Pororoca 37 Jatobá-do-cerrado 72 Pororoca 107 Aroeira 3 Aroeirinha 38 Angico-vermelho 73 Aroeira 108 Embaúba 4 Pororoca 39 Cumbaru 74 Jatobá-do-cerrado 109 Aroeirinha 5 Pororoca 40 Aroeira 75 Manduvi 110 Angico-vermelho 6 Embaúba 41 Cumbaru 76 Ximbuva 111 Ipê-amarelo 7 Manduvi 42 Mutambo 77 Para-tudo 112 Manduvi 8 Pororoca 43 Manduvi 78 Gonçalo 113 Pororoca 9 Embaúba 44 Cumbaru 79 Embaúba 114 Cumbaru 10 Angico-vermelho 45 Cumbaru 80 Mandiocão 115 Embaúba 11 Cumbaru 46 Jatobá-do-cerrado 81 Jatobá-do-cerrado 116 Embaúba 12 Pororoca 47 Aroeira 82 Aroeira 117 Manduvi 13 Aroeirinha 48 Aroeirinha 83 Aroeira 118 Embaúba 14 Mamica-de-porca 49 Aroeira 84 Cumbaru 119 Aroeira 15 Embaúba 50 Mamica-de-porca 85 Pororoca 120 Embaúba 16 Cumbaru 51 Para-tudo 86 Angico-vermelho 121 Cumbaru 17 Cumbaru 52 Embaúba 87 Aroeirinha 122 Ipê-amarelo 18 Aroeira 53 Mandiocão 88 Cumbaru 123 Mamica-de-porca 19 Pororoca 54 Mamica-de-porca 89 Angico-vermelho 124 Gonçalo 20 Embaúba 55 Aroeirinha 90 Aroeira 125 Manduvi 21 Pororoca 56 Mandiocão 91 Mandiocão 126 Embaúba 22 Pororoca 57 Angico-vermelho 92 Pororoca 127 Embaúba 23 Para-tudo 58 Aroeira 93 Manduvi 128 Mangaba 24 Embaúba 59 Angico-vermelho 94 Manduvi 129 Piúva 25 Mandiocão 60 Para-tudo 95 Pororoca 130 Manduvi 26 Aroeira 61 Aroeira 96 Aroeira 131 Mangaba 27 Ipê-amarelo 62 Cumbaru 97 Angico-vermelho 132 Mandiocão 28 Embaúba 63 Aroeira 98 Pororoca 133 Embaúba 29 Aroeira 64 Pororoca 99 Manduvi 134 Ximbuva
30 Para-tudo 65 Jatobá-do-cerrado 100 Pororoca 135 Piúva 31 Cumbaru 66 Aroeirinha 101 Ximbuva 136 Ipê-amarelo 32 Cumbaru 67 Angico-vermelho 102 Gonçalo 137 Mandiocão 33 Cumbaru 68 Cumbaru 103 Cumbaru 138 Pororoca 34 Aroeira 69 Mandiocão 104 Embaúba 139 Mutambo 35 Mutambo 70 Aroeira 105 Cumbaru 140 Piúva Referências Bibliográficas Lorenzi, H (1992) Árvores Brasileiras Manual de identificação e Cultivo de Plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa/SP. Carvalho, P. E. R (2003) Espécies Arbóreas Brasileiras Vol. 01. EMBRAPA Florestas Colombo/PR. Primack, R. B.;Rodrigues, E. (2002) Biologia da Conservação. Londrina/PR. Plano de Manejo RPPN Cabeceira do Prata (2006). Jardim/MS.