O sacerdócio universal dos crentes : A trajetória de evangélicos não institucionalizados no Brasil. 1 Douglas Alessandro Souza Santos - UNESP/SP Palavras-chave: Desinstitucionalização evangélica; desigrejados ; 1 Introdução O presente texto se apresenta como um fragmento de uma pesquisa de mestrado ainda em andamento. Talvez por conta disso o presente leitor deva concluí-lo com o veredito: interessante, mas incompleto. Entretanto, dentre todos os caminhos a serem percorridos em sua execução, aqui encontram-se algumas análises extraídas de alguns já traçados no intervalo de tempo de um pouco menos do que um ano. De início creio ser necessário apontar para as razões que me levaram à temática. Enquanto expressões religiosas tradicionais perdem, dia a dia, espaço no campo religioso brasileiro, novos segmentos têm ganhado cada vez mais força. Dentre as mais diversas e significativas mudanças dos últimos anos, apontadas pelos mais recentes levantamentos, destaca-se a desinstitucionalização cristã, sobretudo evangélica. Os desigrejados, termo que usarei para os que se encontram dentro deste processo, estão inseridos numa variável crescente. Definido por este projeto como um caso de reconfiguração religiosa de características próprias, escolhi estuda-lo para entender um pouco mais os processos de reinvenção e rearticulação de parte da esfera religiosa brasileira. 2 Os desigrejados De todas as mudanças observadas no cenário religioso brasileiro nos últimos anos, chama à atenção, entre as confissões cristãs evangélicas, o crescimento da categoria dos desigrejados. Certamente não é algo que se possa ignorar, tampouco classificar como um fenômeno social isolado. Num primeiro momento, dada a possível confusão em torno 1 Trabalho apresentado na 30ª Reunião Brasileira de Antropologia, realizada entre os dias 03 e 06 de agosto de 2016, João Pessoa/PB. 1
do termo por causa de sua recente utilização, deve-se deixar claro o significado de tal designação. Talvez devêssemos começar por dizer que o termo desigrejado não diz respeito a um apóstata ou a um desviado (nomenclatura interna usada para com quem se desvia da denominação e confissão cristã evangélica) 2. Em outras palavras, o desigrejado é aquele que deixa a igreja evangélica institucional sem deixar de exercer a fé religiosa nela praticada, alguém que se aparta das alternativas de congregação oferecidas, tradicionais ou não, mas ainda se identifica como cristão e participa assiduamente dos rituais ligados à identidade em pequenas reuniões em lares, espaços públicos etc. Não há dúvida de que, ultimamente, as discussões sobre este grupo heterodoxo 3 estão no centro de praticamente todos os redutos científicos que tratam sobre o tema, além é claro, de ser uma das muitas preocupações contemporâneas encaradas pela própria igreja cristã tradicional, institucional e organizada. Quando, em 2010, o IBGE divulgou os resultados da pesquisa de orçamentos familiares (POF), chamava à atenção o fato de que, nos dados referentes ao cenário da religiosidade brasileira, a categoria denominada sem religião tenha sido a de maior índice de crescimento em números proporcionais. Em um país de pluralidade cristã (SOUZA, 2012), de hegemonia católica romana histórica, tais números assustavam a camada tradicional e corroboravam análises precedentes. A destradicionalização, pluralização e concorrência religiosa (MARIANO, 2013), acompanhadas da desinstitucionalização, inseridas numa gama de aspectos que eram observados desde sua gênese, nos meados dos anos 80 do século XX, avançavam, tomando forma numericamente. Inegavelmente, a configuração do cristianismo brasileiro mostrava-se palco de significativas mudanças. Entretanto, é certo que citemos que tais mudanças no padrão de comportamento de uma parcela cada vez maior dos cristãos brasileiros estavam inseridas em transformações perpassadas por uma mudança ainda maior, referente a toda configuração religiosa brasileira, como descreve Mariano se reportando aos números do Censo do mesmo ano 2 Apesar da comum similaridade entre os termos apóstata e desviado, vale ressaltar uma diferença: O apóstata se afasta da antiga confissão e doutrinação de forma definitiva e, na maioria das vezes, destaca-se por combatê-la. O desviado, apesar de afastado da prática religiosa, continua a se identificar como pertencente a confissão, mesmo que a não pratique. 3 Sendo a heterodoxia carregada de características próprias, como o fazer de releituras, adaptações e reformas, o grupo dos desigrejados pode certamente ser classificado como tal. A atitude do heterodoxo é geralmente eclética, não-dogmática, não-sectária e, as vezes, sincrética e ecumênica. 2
Os dados do Censo 2010 sobre religião confirmam as tendências de transformação de todo campo religioso brasileiro, mutação que se acelerou a partir da década de 1980, caracterizando-se, principalmente, pelo recrudescimento da queda numérica do catolicismo e pela vertiginosa expansão dos pentecostais e dos sem religião. (MARIANO, 2013, p. 1). De acordo com os dados, os evangélicos brasileiros somavam 42.275.440 de pessoas, cerca de 22,16% de toda população do país. Entre eles, o crescimento dos que se declaravam sem vínculo denominacional pela categoria evangélico não determinado se ressaltava: Entre os dez anos de separação entre os censos de 2000 e 2010, o número de evangélicos assim declarados partiu de pouco mais de 1.000.000 de pessoas para 9.218.129 de fiéis brasileiros. Natural e obviamente, a categoria evangélico não determinado não incluía somente os desigrejados, objeto de estudo desta pesquisa. Há de se ressaltar que, nesta categoria, também poderiam ser inclusos os evangélicos nominais (pessoas que se declararam evangélicas por tradição familiar, identificação social etc., sem de fato comungar com os ritos da religião cristã institucional ou não, bem como os desviados ), os evangélicos que transitam por diversas denominações, e possivelmente aqueles que não quiseram ou não souberam informar seu vínculo denominacional. Porém, dadas as devidas ressalvas em relação às categorias do IBGE, é possível estabelecer que o subgrupo dos desigrejados, parte integrante junto a todas as citadas, por mais conservadora que seja sua estimativa de participação no número da população em geral, estão inseridos num conjunto de números que são absolutamente relevantes quando o objetivo é tratar do perfil da religiosidade brasileira. Como escreve Mariano O crescimento do número de evangélicos não determinados, friso, se deve também à expansão da desvinculação desses religiosos de suas igrejas, situação em que o crente (nascido ou não em família evangélica) mantém a identidade e parte das crenças e práticas religiosas, mas opta por fazê-lo fora de qualquer instituição. (MARIANO, 2013, p.10) Sendo assim, no que diz respeito a este grupo em específico, algumas perguntas se levantaram como problemas propostos a ser tratados por este trabalho: O que tem desencadeado esse processo? Quais as razões que têm levado a desinstitucionalização do 3
evangelicalismo 4 brasileiro? O que de fato explica o crescimento dos desigrejados no país e qual é o seu perfil e trajetória? Dentro do campo das hipóteses, as respostas tornaram-se nítidas quando consideramos que dentro desta lógica de reconfiguração estão reverberadas diversas características da modernidade, além da frustração com a teologia da prosperidade, marca das igrejas ditas neo-pentecostais, na questão das características que marcam o perfil deste grupo. 3 A religião e a modernidade ocidental Dentro disso, vale discorrer sobre o porquê de apontar a modernidade ocidental como causa de reconfiguração religiosa e não de sua extinção. De fato, muitos cientistas sociais acreditavam que com a modernidade e o avanço da ciência e da técnica, a dimensão religiosa seria suprimida, superada e esquecida. O projeto da modernidade previa o fim do religioso, a ser percebido posteriormente como uma sombra, um resquício de tempos antigos e longínquos. Esse tipo de postura parecia tendência nas mais variadas correntes de pensamento, além das Ciências Sociais. Em A Gaia Ciência, por exemplo, o filósofo alemão Friedrich Nietzsche apontava para o que chamava de libertação de Deus De fato, nós filósofos, espíritos livres, sabendo que o antigo Deus está morto, sentimo-nos iluminados como por uma nova aurora; o nosso coração transborda de gratidão, de espanto, de pressentimento e de expectativa... eis que enfim, mesmo se não está claro, o horizonte de novo parece livre (...) talvez jamais tenha existido tanto mar aberto (NIETZSCHE, 2006, p.343). Indiscutivelmente, a crença na aniquilação da experiência religiosa era maciça. Mas o que se viu e o que se percebe hodiernamente é que, apesar de cada vez mais os comportamentos e atitudes e mesmo as instituições sociais serem pinceladas por normas seculares, a permanência do religioso é incontestável. 4 O termo evangelicalismo é usado, aqui, para se referir ao conjunto das igrejas chamadas evangélicas no Brasil, e não precisamente ao movimento cristão surgido no século XVII marcado pelo aparecimento de metodistas, puritanos e pietistas. Dentro dessa designação, incluo as vertentes do protestantismo histórico (também chamado de protestantismo de missão ), e pentecostal em suas três ondas (FRESTON, 1994). 4
Não se pode negar, é claro, que a relação da modernidade com o religioso é caracterizada pelo conflito entre a percepção religiosa de mundo, carregada de símbolos e liturgias sacras, com as múltiplas esferas sociais, regidas por normas e princípios seculares, também chamadas de esferas profanas (WEBER, 2002). As instituições e as diversas áreas que conformam as sociedades ditas modernas, aos poucos se autonomizam do religioso, caminhando à secularização. Mas, ao mesmo tempo, é a partir de então, em uma espécie de movimento contrário, que os grupos religiosos tradicionais com suas visões de mundo encantadas se levantam contra determinados valores da modernidade, e, concebendo a sociedade moderna como dessacralizadora e diabólica (na visão cristã evangélica), se reorganizam em torno de uma nova forma de experiência religiosa. Certamente, o equilíbrio de tal tensão é o que não leva à extinção da religião, assim, a constatação de que a mesma tenha se tornado irrelevante e sem importância no mundo moderno é jogada por terra nos meandros desta balança. É exatamente sobre esta questão que Hervieu-Leger (2008) discorre ao apontar que as sociedades modernas são marcadas por um paradoxo no campo religioso. A modernidade, ao mesmo tempo em que seculariza a religião, tirando seu prestígio e o status de controladora das coisas mundanas - como era feito nos séculos anteriores -, cria determinadas vias de acesso para que essa mesma religião recrie novas formas de religiosidade. Portanto, ao contrário do que afirmava a teoria da secularização, até então muito creditada, a religião continua acalorada na modernidade, porém, em novas formas de organização, em casos de x. Seria um erro apontar para a extinção do religioso, uma vez que o religioso tem a capacidade de se transformar, se deslocar e se reconfigurar (SANCHIS, 2001). Como aponta Renato Ortiz, secularização não implicaria necessariamente o desaparecimento da experiência religiosa, como pontua [...] o advento da sociedade industrial não implica o desaparecimento da religião, mas o declínio de sua centralidade enquanto forma e instrumento hegemônicos de organização social. Ou seja, o processo de secularização confina a esfera de sua atuação, a limites mais estreitos, mas não a apaga enquanto fenômeno social. [...] Na verdade, a modernidade desloca, sem eliminá-lo, o lugar que ocupava nas sociedades passadas (ORTIZ, 2001, p.62). 5
Mas ao passo em que a discussão avança, outra questão passar a existir: Como se dá, então, tal reconfiguração? Como escreveu Flávio Antônio Pierucci (2004, p.19), sabese que na mesma proporção em que este processo de reconfiguração caminha, aspectos da modernidade, como a questão do individualismo, passam a marcar, nesse jogo de tensão, o modus operandi religioso. Embora o referido autor seja defensor ferrenho da tese de secularização, defendida em obras como Secularização em Max Weber. Da contemporânea serventia de voltarmos a acessar aquele velho sentido, Pierucci ajudanos a compreender como tais características modernas influenciam a experiência religiosa, com ecos na desinstitucionalização, como, por exemplo, na exclusão do caráter igreja, objeto da presente pesquisa. Aqui é necessário reafirmar que grupos como o dos desigrejados não possuem uma hierarquia rígida e sacerdotes especializados responsáveis pela liderança dos cultos e rituais. Muito se deve também, como a presente pesquisa pretende mostrar, a frustração de boa parte dos indivíduos componentes dessas comunidades com a teologia da prosperidade, vivenciada em momentos passados. A crença religiosa, neste caso cristã, agora, é exercida sem ligações institucionais, em uma espécie de crença sem pertencimento religioso. As reuniões acontecem nos lares, e em pequenos grupos (HERVIEU-LÉGER, 1999). Além disso, o evangelicalismo tradicional, com forte caráter moralizante e rígidos códigos de conduta, passa a ser fortemente contestado. Temas recorrentes, como o aborto, homossexualidade, uso de métodos contraceptivos e divórcio; considerados práticas pecaminosas pela esfera tradicional, passam a ser vistos com maior normalidade, um nítido exemplo de perda de influência da religião no campo da moral privada e sexual (BAUBÉROT, 2007). O que ainda chama à atenção é que, segundo levantamentos iniciais, tal grupo se destaca, do ponto de vista cognitivo de outras representações religiosas, como na questão de interpretação escriturística, por uma maior aproximação com a postura tradicional protestante matriz da fé evangélica 5. Claramente, a metamorfose da experiência religiosa é, agora, caracterizada por pinceladas dos aspectos da própria modernidade, mas que, ao mesmo tempo, não levam 5 Segundo pesquisa do Bureau de Pesquisa e Estatística Cristã, o grupo se destaca como a camada cristã que mais consome literatura evangélica: 45% a mais que a média dos evangélicos nacionais. Além de uma maior participação em eventos como congressos e jornadas, o que revela um maior interesse pelo conhecimento escriturístico, marca do protestantismo. 6
ao sumiço da experiência religiosa, mas a um processo de reconfiguração. Como aponta Giddens (2005), pelo fato da sociedade da alta modernidade ser totalmente pluralista e diversificada, e seu histórico ser formado não pelos pareceres de coisas antigas, e sim pelo seu próprio desenvolvimento, unido às características e oportunidades que são oferecidas, há uma ruptura com a tradição, e, após isso, a própria modernidade recria canais de formação de novas crenças, e é esse o cenário do avanço das experiências religiosas contemporâneas, como no caso dos desigrejados. Espera-se destacar no decorrer da dissertação as características modernas da crise de pertencimento, o pluralismo, o individualismo e o relativismo na formação de tal experiência. 4 O Caminho da Graça Buscando entender de forma aprofundada tal processo aliado a tais características, o projeto propõe-se a investigar, por fim, como universo de campo, o grupo cristão não institucionalizado Caminho da Graça, formado majoritariamente por evangélicos anteriormente vinculados a igrejas institucionais, para buscar sanar o outro tipo de inquietação levantada pela pesquisa, a saber, o perfil e a trajetória de tais indivíduos. Algumas particularidades definiram a escolha do grupo. Em primeiro lugar, a figura de seu representante maior, Caio Fábio d Araújo Filho. Há quem considere que, em meados dos anos 90, Caio Fábio fosse a voz mais expressiva do evangelicalismo tradicional brasileiro, ao ponto de se tornar presidente da AEVB Associação Evangélica Brasileira. Ex-pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil, sua figura ganhou destaque após envolvimento em alguns escândalos públicos e privados. Em segundo lugar, o alto destaque da comunidade entre os desigrejados, como sua forte presença na internet e o número elevado de grupos formados em todas as regiões do país. Em entrevista concedida aos repórteres da revista Cristianismo Hoje, Caio declarara que mais de três milhões de pessoas, desigrejadas em sua maioria, alimentam-se de tudo o que é produzido em seu ministério, defendido como alternativa de comunhão cristã não institucional. Pelo fato de, como já escrito anteriormente, a pesquisa estar em fase inicial, nenhum contato direto com a comunidade foi estabelecido a fim de recolhimento de dados que sejam pertinentes à pesquisa. Todavia, já há uma construção de arcabouço de caminhos que tal contato deve seguir, além de levantamento sistemático nos trabalhos e pesquisas científicas, veículos de comunicação etc. que tenham versado sobre o caso. 7
Considerações Finais Espera-se, no final da pesquisa, confirmar as duas hipóteses levantadas desde o início do projeto: a de que o aumento de evangélicos não institucionalizados no Brasil é reverberado por diversas caraterísticas próprias do processo modernidade vivenciado no ocidente e a de que a frustração para com a teologia da prosperidade manifesta-se como principal origem daqueles que entram nesta trajetória. A primeira, no andar das análises, já tem feito muito sentido ao olhar para o fenômeno tendo como óculos cientistas sociais como Danièle Hervieu-Lèger (1997, 1999 e 2008), Thomas Luckmann (1978) etc. A segunda, espero, deverá seguir para a mesma direção à medida em que os dados da pesquisa empírica forem coletados e sistematizados. Referências Bibliográficas BAUBÉROT, Jean. La laïcite, deux ou trois choses que je sais d elle. 2007. GIDDENS, Anthony. Sociologia. 4. Ed. Porto Alegre: Artmed, 2005. HERVIEU-LÉGER, Daniéle. Lê pèlerin et lê converti: La religion en mouvement. Paris: Flammarion, 1999.. Representam os surtos emocionais contemporâneos o fim da secularização ou o fim da religião? Revista Religião e Sociedade, Rio de Janeiro, v.1, n. 18, p. 31-47, 1997.. A religião despedaçada: reflexões prévias sobre a modernidade religiosa. In: Idem. O peregrino e o convertido. A religião em movimento. Petrópolis: Vozes, p.31-56, 2008. LUCKMANN, Thomas. Social Reconstruction of Transcendece, Secularization and Religion: The Persisting Tension. Lausanne, 1987. MARIANO, Ricardo. Mudanças no campo religioso brasileiro no censo 2010. Debates do NER. Porto Alegre, ano 14, n. 24, p. 119-137, 2013. 8
NIETZSCHE, Friedrich. A gaia ciência. São Paulo: Martin Claret, 2006. ORTIZ, Renato. Anotações sobre Religião e Globalização. Revista Brasileira de Ciências Sociais. São Paulo, v.16, n. 47, p.59-74, out. 2001. PIERUCCI, Antônio Flávio. Bye bye, Brasil - o declínio das religiões tradicionais no Censo 2000. Revista de Estudos Avançados. São Paulo, v.18, n.52, p.17-28, dez. 2004. SANCHIS, Pierre. Desencanto e formas contemporâneas do religioso. Revista Ciências Sociais e Religião, Porto Alegre, v. 3, n.3, p.27-43, out. 2001. SOUZA, André Ricardo. O pluralismo cristão brasileiro. Caminhos, Goiânia, v. 10, nº1, 2012, pp. 129-14. 2012. WEBER, Max. Ensaios de Sociologia. Rio de Janeiro: LTC, 2002. 9