O ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM GEOGRAFIA: POSSIBILIDADE DA APRENDIZAGEM DA PROFISSÃO DOCENTE

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Transcrição:

O ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM GEOGRAFIA: POSSIBILIDADE DA APRENDIZAGEM DA PROFISSÃO DOCENTE Alisson Rodrigues da Costa Universidade Federal do Ceará Rodrigues.a1993@gmail.com INTRODUÇÃO Os cursos de licenciatura plena no Brasil desde meados da década de 1990 vêm sofrendo modificações positivas no processo de formação dos seus alunos e não diferentemente está acontecendo com o curso de licenciatura em Geografia da Universidade Federal do Ceará (UFC). Com o pensamento vanguardista de professor reflexivo e de professor pesquisador é que o Estágio Curricular Supervisionado em Geografia I foi concebido no presente trabalho. Neste trabalho, apresento a experiência com o Estágio Curricular Supervisionado em Geografia I, realizado em uma escola da rede pública de ensino no Município de Fortaleza-CE. À luz de uma perspectiva crítica e reflexiva, desenvolvi o Estágio com e como pesquisa na intenção de contribuir qualitativamente com a formação do professor de Geografia e o ensino e a aprendizagem da disciplina escolar. Como objetivo dessa experiência, busquei analisar os diversos fatores que influenciam o ensino e a aprendizagem na Geografia mediante o estudo do ambiente escolar; diagnosticar as dificuldades para se efetivar tal ensino; analisar os recursos didáticos que este ensino; e, compreender o contexto em que a escola estudada está inserida espacialmente. METODOLOGIA Para o desenvolvimento do Estágio, realizei estudo bibliográfico tendo como referência autores que discutem o estágio e a profissão docente, dentre estes Pimenta e Lima (2009), Lima (2012) e Pontuschka, Paganelli & Cacete (2007). Na sequência, elaborei o projeto de estágio tendo uma escola da rede pública de ensino no Município de Fortaleza-CE como lócus da pesquisa. Realizei

análise do espaço escolar, observação sistemática de sala de aula, entrevistas com os professores de Geografia e demais sujeitos escolares, e fiz registros fotográficos. Parto do pressuposto que a pesquisa é momento de emancipação do sujeito, do desenvolvimento da criatividade do aluno no processo de formação docente. Concebido o estágio de tal maneira, com e como pesquisa, é como procurei proceder no período curto, mas único, meu estágio sobre o ensino de Geografia. Com efeito, uma visão excessivamente acadêmica sobre essa atividade tem impedido concebê-la como dimensão privilegiada da relação entre teoria e prática, sendo, portanto, necessário redimensionar seu papel na formação de professores. (PONTUSCHKA, PAGANELLI & CACETE, 2007, p. 94-95). O estágio, com e como pesquisa, possibilita o contato efetivo com os membros da comunidade escolar, sentir o chão da escola é necessário e singular para quem ousa ensinar. Outro ponto importante na perspectiva de estágio aqui realizada e defendida é o desenvolvimento das competências docentes e das competências de pesquisador, para além do simples preenchimento, da hora da prática, do currículo acadêmico. Portanto, O estágio, então, deixa de ser considerado apenas um dos componentes e mesmo um apêndice do currículo e passa a integrar o corpo de conhecimentos do curso de formação de professores. Poderá permear todas as suas disciplinas, além de seu espaço específico de análise e síntese ao final do curso. Cabe-lhe desenvolver atividades que possibilitem o conhecimento, a análise, a reflexão do trabalho docente, das ações docentes, nas instituições, a fim de compreendê-las em sua historicidade, identificar seus resultados, os impasses que apresenta, as dificuldades. (PIMENTA e LIMA, 2009, p. 55). Foram realizados momentos de observação em sala de aula juntamente com o professor da disciplina de Geografia no Ensino Fundamental II, atentava-me para as dificuldades que tinha o professor para poder ministrar aula, os diálogos dos alunos com o professor e alguns pensamentos pessoais a respeito do ambiente escolar, do ensino de Geografia e da condição do professor na rede de ensino público no Município de Fortaleza. Foram realizadas entrevistas com o professor da disciplina, a coordenadora pedagógica e um aluno de cada turma observada. Dispus do recurso fotográfico para efetivar a pesquisa. Também foi realizado um levantamento do material didático pertinente à Geografia e por fim uma análise dos livros didáticos

trabalhados em sala de aula. Infelizmente não tive a oportunidade de analisar o Projeto Político Pedagógico da escola. RESULTADOS E DISCUSSÃO A escola é o lugar do trabalho docente, e é para a proximidade com esse lugar que também se dá o estágio supervisionado. Voltar à escola de outra posição não foi fácil, voltar enquanto licenciando em Geografia foi um desafio e um momento de decisão, para minha vida tanto acadêmica quanto pessoal. A escola é um ambiente variado de significados e quando você participa dela como professor ou em processo de formação, você consegue senti-los e identificá-los. Ela, como acentua Tardif (2011), é uma organização separada dos outros espaços sociais, e tais espaços são os mais variados possíveis que podemos imaginar. Nela podemos vislumbrar como o espaço de transformação da vida das pessoas, e o ensino de Geografia tem que proceder de tal maneira, seja para abalar estruturas ou até mesmo romper com elas. Barreiras essas que se materializam nas condições precárias de ação da profissão docente, na desvalorização do profissional, nos problemas sociais, principalmente o de segregação socioespacial, que a dinâmica neoliberal acentua e alimenta. Na escola em questão, pude notar as barreiras como a falta de estrutura física, ou seja, salas com problemas de infiltrações, salas sem portas, problemas de ventilação, iluminação e de acessibilidade, tais aspectos dificultam o professor exercer sua profissão. Também constatei a falta de professores na área de Geografia, pois, o professor que me acolheu na escola é licenciado em História. Em relação ao ensino de Geografia, a dependência do livro didático e a própria limitação pela formação do professor são pontos que dificultam o processo de ensino e aprendizagem, é necessário que aconteça uma releitura sobre a composição do livro didático, pois de certa forma, da maneira que são elaborados pré-estabelecendo respostas, fomentam a acomodação e limitação, no caso, do saber geográfico, de professores e alunos. Sendo assim, o ensino de Geografia não pode somente resumir-se a transmissão simples e despolitizado dos conteúdos. Não. Não podemos concordar. Independente de qual seja a tendência teórico-metodológica o discurso de um

professor de Geografia não pode limitar-se a tal maneira. O leque de possibilidades que a ciência geográfica dispõe é tamanho que é pensar de forma limitadora e reduzir a ciência como instrumento de manutenção de um status quo, apenas para serviço de uma elite classista e injusta. O verdadeiro professor de Geografia não se adapta a tal posição, o verdadeiro professor, sobretudo o de Geografia, busca uma práxis transformadora que consegue aliar a teoria à prática, sem um discurso limitante de somente prática, ou de somente teoria, o professor tem que refletir a sua ação e prática docente. O verdadeiro professor de Geografia torna a sala de aula, seja dentro de quatro paredes ou não, um espaço de emancipação pessoal dele e do seu aluno, busca construir o conhecimento, incentiva descobertas e inquietações. A aula é um ato político, social e de práxis transformadora. A aula, toda ela, todas elas, deve ser um ato de amor, uma dança, um orgasmo múltiplo, um gozo ensurdecedor, uma festa, um ato político, uma manifestação de indignação contra injustiças. Aqueles que não veem isso em uma aula, aqueles que jamais se arrepiaram com a descoberta de um dos seus alunos, aqueles que jamais souberam o que é velar à noite as palavras do dia seguinte, jamais saberão, jamais sentirão o prazer que a profissão de professor pode proporcionar. (SOUSA NETO, 2008, p.31). Portanto, o ensino de Geografia tem que revelar caminhos para o saber, possibilitar descobertas que contribuam de forma positiva na vida dos alunos, e o professor tem que ter essa responsabilidade social e política, de aliar o conteúdo da disciplina com o cotidiano dos seus discentes, fomentando assim, a busca do saber. CONCLUSÃO Acredito que de alguma forma contribuí para aqueles que ousam ensinar, e esta foi a intenção, a de contribuir para a formação dos licenciandos do curso de Geografia, contribuir de alguma maneira para o professor que me acolheu na instituição de ensino, se consegui isso me faz satisfeito. Quanto ao estágio creio que possibilita uma experiência singular e elementar na formação docente, o contato efetivo na escola, poder senti-la, poder discutir em sala de aula sobre a profissão, mediar experiências vividas em sala de aula, proporcionar o diálogo da escola com a universidade, foram e são momentos significativos para o licenciando em Geografia.

Bem como a proposta de revelar e debater a respeito do ensino de Geografia, suas dificuldades, suas incoerências, seu momento atual no cenário nacional, para que e para quem serve o ensino de Geografia, os discursos no livro didático, todo o imaginário, os desafios do professor em face dessa sociedade capitalista, são expoentes no amadurecimento científico, social e pessoal. Faz-se mister dar relevo a oportunidade de trabalhar com pesquisa no processo de formação docente, o estágio se propôs e foi concebido de tal maneira, que buscasse sempre a reflexão da prática docente sempre a luz de teorias, filiar tais pilares do princípio científico e educativo na pesquisa foram elementares. Portanto, conclui-se que a profissão docente é mais que um desafio, é uma responsabilidade social e política, e o ensino de Geografia tem que ser ferramenta efetiva dessas responsabilidades, a busca da autonomia do professor tem que ser sempre um horizonte a ser alcançado, o professor precisa pesquisar e refletir a sua prática. Um ato político, um ato de luta, um ato progressista, um ato reflexivo, um ato de amor é isso que é ser professor. REFERÊNCIAS PIMENTA, S. G; LIMA. M. S. L. Estágio: diferentes concepções. In:. Estágio e docência. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2009. p. 33-57. PONTUSCHKA, N.; PAGANELLI, T.; CACETE, N. A formação docente e o ensino superior. In:. Para aprender e ensinar geografia. São Paulo: Cortez, 2007. p. 87-104. TARDIF, M.; LESSARD, C. A escola como organização docente. In:. O trabalho docente: elementos para uma tória da docência como profissão de interações humana. 6. ed. Petrópolis: Vozes, 2011. p. 55-80. SOUSA NETO, Manoel Fernandes de. Aula de geografia e algumas crônicas. 2. ed. Campina Grande: Bagagem, 2008.