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EDITORIAL Escrever nada tem a ver com significar, mas com agrimensar, cartografar, mesmo que sejam regiões ainda por vir. (DELEUZE; GUATTARI, 1995, p.13) Este número temático da Revista Olhares & Trilhas é resultado das atividades organizadas pela Rede de Pesquisa Imagens, Geografias e Educação 1, que tem nas imagens a centralidade na construção do conhecimento, na formação de subjetividades e de multiplicidades nas abordagens do espaço. A proposta é tomar as imagens, no interior da cultura e as linguagens que lhes dão origem e sustentação, como foco de preocupação, partindo do princípio de que a dimensão pedagógica inerente a essas imagens atua nos processos de subjetivação e no pensamento acerca do espaço geográfico. Os textos aqui apresentados são fruto de trajetórias singulares e coletivas territorializadas em grupos de estudos e de pesquisa, desdobradas em discussões, análises e ações presentes em trabalhos de Graduação e de Pós-Graduação, os quais se plasmaram no IV Colóquio Internacional A educação pelas imagens e suas geografias 2. Os referenciais articuladores dessa diversidade de pensamentos/textos se colocam no perseguir novos caminhos educacionais, teóricos e temáticos no qual a linguagem imagética assume um papel destacado no processo de produção e reprodução do conhecimento científico e educacional. 1 A Rede de Pesquisas Imagens, Geografias e Educação <http://www.geoimagens.net/#!>agrega pesquisadores de diversas universidades brasileiras e do exterior aglutinados em pólos, a saber: Uberlândia (UFU); Campinas (UNICAMP); São Paulo (USP); Florianópolis (UFSC e UDESC); Dourados (UFGD); Presidente Prudente (UNESP-PP); Crato (URCA); Vitória (UFES); Tandil/Buenos Aires (UBA e UNICEN), Guimarães (UMINHO) e Montería (Universidad de Córdoba). 2 Realizado na Escola de Educação Básica da Universidade Federal de Uberlândia (ESEBA/UFU), no período de 02 a 05/12/2015, contado com apoio financeiro da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), do Conselho Nacional de Pesquisa Científica (CNPq), da Fundação de Amparo a Pesquisa de Minas Gerais (FAPEMIG) e da Direção da ESEBA/UFU.<https://4coloquioimagens.wordpress.com/> 4

Para a Educação Geográfica atual, é de fundamental importância tomar as imagens tradicionalmente consideradas como geográficas (mapas, fotografias aéreas, imagens orbitais e fotos panorâmicas) e aquelas menos comuns (desenhos, fotografias de detalhes, pintura, cinema, televisão) como potencialmente fundadoras de outras Geografias. Podemos dizer que as imagens são parte cada vez mais intensa da multiplicidade que compõe o espaço. Tal multiplicidade é que encontramos nos textos selecionados para compor esse número da Revista Olhares e Trilhas, os quais apresentam uma diversidade temática e de objetivos a serem trilhados, o que enriquece o mútuo atravessamento que ocorre entre eles a partir dos artigos que focam mais a problematização a partir do experienciar o trabalho com o ensino de Geografia, os quais reverberam nos artigos que priorizam mais o problematizar o pesquisar sobre essas novas experienciações com as imagens e a escola. Desta feita, encontramos o artigo de Cristiano Barbosa (DOCUMENTARISTA-CARTÓGRAFO: FILMAR O QUE SE PROCURA, NÃO O QUE SE SABE). A partir de sua pesquisa de Doutorado, de sua experiência como professor de geografia e o desejo de cinemar novas cartografias escolares, o autor instiga-nos a pensar novas possibilidades para as imagens cartográficas a partir do trabalho com a produção de documentários no território escolar. Esse artigo estabelece um diálogo enriquecedor com as experimentações e teorizações desenvolvidas por Laio G. Freitas e Flaviana G. Nunes no artigo CONSTRUINDO UMA CARTOGRAFIA SONORA DA PORÇÃO NORDESTE DA CIDADE DE DOURADOS (MS): MAPAS COTIDIANOS, fruto do projeto de iniciação científica que almeja provocar novas imagens cartográficas a partir da sonoridade vivenciada no cotidiano urbano. 5

Já o texto EXPERIENCIA(S) ESPACIALES EN IMÁGENES: LINEAS DE FUGA ENTRE PINTURAS, FOTOGRAFIAS Y VIDEO da geógrafa argentina Sandra Gomez, elaborado a partir de suas experiências e pesquisas tanto no ensino superior quanto no secundário, apresenta outras possibilidades de se pensar e desenvolver atividades de ensino sobre a questão ambiental a partir do encontro com várias linguagens imagéticas, de como elas tensionam e mutuamente enriquecem outros olhares e pensamentos espaciais. Ingrid R. Gonçalves e Valéria Cazetta, no artigo DUAS MIRADAS: O NAVEGANTE E O CONDUTOR DO NAVIO. REFLEXÕES SOBRE O WEBSITE DA REDE INTERNACIONAL DE PESQUISADOR E IMAGENS, GEOGRAFIAS E EDUCAÇÃO abordam o site da Rede a partir de uma perspectiva da filosofia da diferença e propõe novas possibilidades de como esse recurso imagético e comunicativo pode vir a ampliar suas potencialidades criativas, numa cartografia outra para o conjunto dos polos da Rede Imagens, Geografias e Educação. NÃO QUERO SABER COMO A ESCOLA É, MAS COMO ELA FICA QUANDO O CINEMA É INVENTADO DENTRO DELA é o instigante artigo de Eduardo O. Belleza a partir de suas reflexões como professor de geografia do ensino básico e que reverberam em seu trabalho de doutorado. A proposta é polemizar sobre o sentido do cinema como elemento imanente do agir educacional, ou seja, de não ter a imagem como o registro representacional do território, mas de experienciar o acontecimento escolar como vida. Algo muito próximo a essa proposta de imagem não como representação é que encontramos no texto de Gisele Girardi e Pedro Soares (CONSTRUÇÃO DE UM PROBLEMA DE PESQUISA SOBRE O MAPEAMENTO COMO DISPOSITIVO), o qual não problematiza necessariamente a escola, mas se dobra sobre a linguagem 6

cartográfica a partir de experiências com a mesma que os autores tiveram, de maneira que os limites representacionais fossem colocados em fuga na criação de imagens capazes de apontar outros sentidos cartográficos, mais voltados à perspectiva de dispositivos a expressarem outros olhares e pensamentos espaciais. Quando Jucimara P. Voltareli, em seu artigo A GEOGRAFIA E O CINEMA EM A HARD DAY S NIGHT : POSSIBILITANDO NOVOS ESPAÇOS, aponta para a necessidade de se pesquisar o cinema não como algo que ilustra um fenômeno a priori, entendido como geográfico, mas como algo que possa instaurar outras perspectivas para se criar pensamentos e imagens espaciais, ela traça um plano de referencial desafiante e necessário para o trabalho com a geografia, notadamente em suas possibilidades educacionais. É muito bom ver um trabalho de iniciação científica assumindo esses caminhos tão necessários para a linguagem cientifica da geografia. O texto escrito por Cláudio Benito O. Ferraz e Bianchi A. Gobbo, resultado do trabalho de Doutorado e das atividades de ensino, tanto no nível médio quanto superior, que acabaram agenciadas no artigo DOBRAS DO ESPAÇO: APONTAMENTOS SOBRE A ARTE, IMAGENS E SONS NO ENSINO DE GEOGRAFIA, apresenta conceitos da filosofia da diferença para pensar a linguagem geográfica como dobras e redobras extensivas por meio do encontro com as linguagens artísticas, notadamente as sonoras e as imagéticas. O plano de pensamento científico que aí reverbera é muito estimulante para se criar e experienciar outras geografias possíveis. Encontramos neste número, após os artigos, uma galeria de imagens produzidas pelos alunos do quinto ano da ESEBA. Tal galeria organizada pela professora dessa instituição, Mara Colli, visa expressar a potência do trabalho com o ensino de geografia na escola de ensino básico a partir das imagens que os alunos produzem. Dessa forma, muito do que está colocado ao longo dos vários artigos acaba 7

reverberando no trabalho desses alunos, de maneira a provocar em nós que as teorizações não são algo distante ou separado do fazer educacional, mas que só se territorializam quando intensivadas no contexto criativo da escola. Este número da Revista é completado com a entrevista com o Professor Doutor Wenceslao Machado de Oliveira Junior, que foi coordenador da Rede Imagens, Geografias e Educação, e também uma das referências sobre atividades e pesquisas sobre o encontro das imagens e o ensino de geografia. Apresenta um pouco de sua formação, do processo de criação e atividades atuais da Rede, assim como da importância do Colóquio Internacional A educação pelas imagens e suas geografias. Entretanto, a entrevista se destaca pela experimentação com as imagens que o professor coloca e nos leva a pensar sobre como estas influenciam nas formas como pensamos o sentido espacial dos fenômenos. O contato com as imagens permite que sensações e sentimentos sejam mobilizados; as imagens podem nos afetar e, individualmente, mobilizar olhares e pensamentos, os quais são descolados de nossas memórias e representações prévias, nos levando para outros caminhos e outros traços que criam e recriam outras imagens, sendo fundamentais no modo como pensamos e agimos no espaço. Desejamos que os textos possibilitem pensar com imagens, provocar questionamentos e, principalmente, mobilizar pensamentos para libertar o olhar. Prof. Dr. Claudio Benito Ferraz (CB) e Profa. Dra. Ínia Novaes 8