RESPOSTA AO FANTÁSTICO 09.01.11



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Transcrição:

RESPOSTA AO FANTÁSTICO 09.01.11 A Infraero esclarece que o Aeroporto de Juiz de Fora, onde foi encontrada a falha na revista da bagagem de mão, não está sob sua administração e sim da Prefeitura Municipal, e destaca que os seus aeroportos possuem raio-x para inspeção de bagagem de mão ou de porão, conforme legislação em vigor. Além disso, os 67 aeroportos da Rede Infraero passam, regularmente, por fiscalização de órgãos nacionais e internacionais da Aviação Civil. Assessoria de Imprensa Infraero imprensa@infraero.gov.br www.twitter.com/canalinfraero Leia abaixo as respostas enviadas às demandas do Fantástico: RESPOSTA AO FANTÁSTICO 06.01.11 Prezado Diego, Em relação a sua demanda, a Infraero esclarece: Como é feito o rastreamento das bagagens despachadas em vôos domésticos? De quem é a responsabilidade caso haja embarque de armas, drogas ou algo do tipo? 1 / 12

A responsabilidade sobre as bagagens, incluindo o rastreamento e a inspeção, compete às companhias aéreas a partir do momento em que o passageiro despacha seus pertences no check-in. Caso algum objeto suspeito seja localizado, a empresa deve acionar a Polícia Federal ou a Receita Federal. É importante ressaltar que a responsabilidade pelos objetos despachados é compartilhada, ou seja, tanto o passageiro (a quem pertence a bagagem) quanto a empresa aérea devem ter conhecimento dos itens que são proibidos para embarque. Essas obrigações constam do contrato de transporte aéreo, firmado entre o viajante e a companhia no momento da compra da passagem. Também vale destacar que as atividades de segurança da aviação civil são reguladas e fiscalizadas pela Agência Nacional de Aviação Civil com base nos padrões estabelecidos pela Organização da Aviação Civil Internacional (Oaci), cabendo à Infraero oferecer instalações e equipamentos e às empresas realizar a inspeção. Por outro lado, a Infraero ressalta que tem orientado os passageiros por meio da campanha Fique Por Dentro, por meio da distribuição de folhetos e veiculação de vídeos nos aeroportos sobre o que pode ou não ser transportado nas bagagens. O cuidado no rastreamento de bagagens despachadas em vôos domésticos é inferior, igual ou superior ao dos vôos internacionais? Por quê? A análise dessas bagagens é feita por amostragem? Por quê? Em voos domésticos, a inspeção de bagagens é feita de forma aleatória, sob coordenação da Polícia Federal, conforme as determinações do Programa Nacional de Segurança da Aviação Civil contra Atos de Interferência Ilícita (PNAVSEC), aprovado por meio do Decreto nº 7.168 de maio de 2010. Existem funcionários em número suficiente para fazer esse rastreamento? A quem cabe o treinamento deles? Como eles são treinados? 2 / 12

Quanto ao treinamento, existem empresas especializadas e homologadas pela Anac para capacitar esses profissionais e, após a realização do treinamento, a própria agência faz avaliação dos profissionais que fazem a inspeção de segurança da aviação. Quantos aeroportos têm máquinas de Raio-X? Quantos não têm? Todas as máquinas estão operando o tempo todo ou não? Por quê? Existem metas? Quais? A administração aeroportuária possui equipamentos de Raios X em todos os aeroportos que realizam voos regulares. Ao todo, são mais de 300 equipamentos em diversos aeroportos. A Infraero possui metas. A empresa está em processo de aquisição de novos equipamentos, visando modernizar o parque tecnológico e aumentar o quantitativo existente. Em julho de 1996, depois da explosão do avião da TWA nos EUA, o Fantástico conseguiu testar os quatro maiores aeroportos brasileiros. Viajamos com uma réplica de uma bomba acionada por detonador digital, sem explosivo. Ela não foi detectada em nenhum aeroporto. Na época, o então presidente da Infraero, Adir da Silva, disse que equipamentos estavam sendo comprados e que seria questão de tempo para a segurança ser oferecida aos passageiros. Um ano depois, o Fantástico refez o teste. Passou pelos mesmos aeroportos e o artefato não foi detectado. O que a atual administração da Infraero fez desde então para aumentar a segurança? O que pretende fazer para que os passageiros estejam seguros agora, na Copa do Mundo e nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro? As últimas gestões da Infraero têm investido na área de segurança da aviação civil em seus aeroportos e os empregados da empresa têm realizado treinamentos específicos para ampliar o nível de capacitação desses profissionais. Quanto aos investimentos na infraestrutura, a Infraero tem adquirido e modernizado os equipamentos de Raios X, detectores de metais (manual, pórtico), detectores de traços de explosivos, carros de resgate, dentre outros. Vale destacar que esses investimentos constam do Planejamento Quinquienal 2010-2014 para garantir o atendimento às normas de segurança em meio ao crescimento da demanda pelo transporte aéreo. 3 / 12

Que estatísticas existem sobre eventuais apreensões de armas, drogas, dinheiro não-declarado, tudo a partir de checagem de bagagem despachada? Essas informações devem ser obtidas junto à Polícia Federal e à Receita Federal. Atenciosamente, Assessoria de Imprensa Infraero imprensa@infraero.gov.br www.twitter.com/canalinfraero RESPOSTA AO FANTÁSTICO 06.01.11 Prezado Diego, Em relação a sua demanda, a Infraero esclarece: Em 1996 e 1997 despachamos bagagem com explosivo simulado sem carga, mas como mecanismo de detonação digital. Na época a Infraero prometeu investimentos. Agora, embarcamos nos aeroportos de Brasília, Cumbica, Congonhas, Santos Dumont, Galeão, Belo Horizonte, Fortaleza e Curitiba levando na bagagem despachada uma 4 / 12

réplica de fuzil, cem mil reais em notas cenográficas e um quilo de açúcar num saco transparente. Por que esses materiais não foram detectados e interceptados na hora de despachar as malas? Os aeroportos de Brasília, Guarulhos, Galeão, Belo Horizonte, Fortaleza e Curitiba são aeroportos internacionais e contam com equipamentos de raio-x de porão. Segundo normas da Organização de Aviação Civil Internacional (Oaci), apenas as bagagens despachadas de voos internacionais devem passar, em sua totalidade, por esses equipamentos de raio-x. Nos voos domésticos, a bagagem despachada é inspecionada por amostragem, o que pode explicar a não detecção dos materiais, necessitando, no entanto, de mais informações para averiguação completa do fato informado. Sobre a fiscalização das bagagens, o Plano Nacional de Aviação Civil determina que cabe à Infraero dotar os aeroportos sob sua administração de equipamentos para inspeção; às empresas aéreas cabe a realização dessa vistoria. Todos os esses procedimentos devem ser regulados pela Agência Nacional de Aviação Civil. Atenciosamente, Assessoria de Imprensa Infraero imprensa@infraero.gov.br www.twitter.com/canalinfraero FANTÁSTICO 09/01/2011 Fantástico embarca com fuzil em voos pelo país Clique aqui para ver a reportagem 5 / 12

Na bagagem, havia também açúcar simulando cocaína e R$ 100 mil em notas cenográficas. Eduardo Faustini passou por seis aeroportos internacionais nas cidades que vão sediar jogos da Copa do Mundo. Esta reportagem serve como um alerta importante para as autoridades: será que os aeroportos brasileiros são mesmo seguros? Será que os milhões de passageiros que circulam por nossos aeroportos podem viajar tranquilos? Em 1996, no Fantástico, o mesmo repórter Eduardo Faustini montou uma bomba sem material explosivo, mas com um detonador eletrônico ativado e despachou a mala com essa cópia perfeita de uma bomba nos aeroportos do Rio, São Paulo, Brasíla e Belo Horizonte. Em todos eles, o repórter embarcou sem problemas. Na época, o jornalista William Bonner entrevistou por telefone Adir da Silva, então presidente da Infraero, empresa do Governo Federal responsável pelos aeroportos mais importantes do país. O senhor teria, para dar ao público brasileiro, que pretende viajar nos próximos meses, um prazo para que os aeroportos brasileiros tenham um sistema de segurança que o senhor considere eficiente?, perguntou Bonner. Isso é uma questão de tempo, nós estamos comprando equipamentos. Qual a nossa tarefa atual? Nós estamos querendo passar todas as bagagens no raio X. Vamos fazer um tremendo investimento, estamos avançando, afirmou Adir. Um anos depois, em 1997, a jornalista Fátima Bernardes anunciava no Fantástico: Decidimos refazer o teste e embarcar com uma bomba na bagagem, sem explosivo, com o único objetivo de avaliar a segurança desses aeroportos. Mais uma vez, e nos mesmos aeroportos, a bomba passou na bagagem do repórter sem ser detectada. O Brasil vai receber visitantes do mundo todo para a Copa do Mundo de 2014 e a também para as Olimpíadas de 2016. Será que estamos preparados? O repórter Eduardo Faustini passou por seis aeroportos internacionais. Todos pertencem a 6 / 12

cidades que vão sediar jogos da Copa do Mundo: Brasília, Fortaleza, Belo Horizonte, Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro. Ele passou também pelo Santos Dumont, no Rio, e Congonhas, em São Paulo. Tudo isso entre o Natal e o Ano Novo, época de muito movimento nos aeroportos. Para o novo teste, o Fantástico encomendou a um escultor a réplica de aço de um fuzil AR-15, muito usado pelos traficantes no Rio de Janeiro e também pelas forças especiais dos Estados Unidos no Afeganistão. O AR-15 tem alto poder de destruição. Mas a nossa réplica não atira. Tomamos o cuidado de fazer com que ela não tenha qualquer mecanismo parecido com os do AR-15 de verdade. É só uma escultura. É totalmente uma obra de arte, porque ela só está conservando a silhueta original, mas o resto das partes está bem claro que tem as soldas bem em evidência para mostrar que não tem nada a ver com uma arma original. Procuramos também não deixar o furo, que uma coisa que identifica muito a arma é o furo do cano. Não tem furo, explicou o escultor Pedro Santos. Fizemos mais ainda: botamos também na mala um quilo de açúcar num saco transparente, para simular cocaína e pusemos R$ 100 mil em dinheiro cenográfico, aquele usado em novelas. Aeroporto Internacional de Guarulhos, estado de São Paulo. Antes de embarcar para Curitiba, o repórter coloca um lacre na mala que leva a réplica do fuzil, as notas e o açúcar. E lá vai a mala, pronta para ser colocada no porão do avião. No aeroporto de Curitiba, nosso repórter recolhe a mala normalmente. De Curitiba para Belo Horizonte, o repórter despacha a mala, que está pesada. A mala vai embora sem problemas. 7 / 12

Terceira etapa: estamos em Confins, o Aeroporto Internacional de Belo Horizonte. Do ônibus que leva o repórter Eduardo Faustini e o cinegrafista Luiz Paulo Mesquita até o avião, dá para ver as máquinas de raio X. Mas o uso delas é obrigatório apenas nos voos internacionais, como será explicado mais adiante. Chegamos a Fortaleza e retiramos a mala tranquilamente. A réplica do fuzil continua lá dentro. Agora deixamos Fortaleza e chegamos ao Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro. Do Rio vamos a Brasília e de volta pro Rio. Esta já é a sexta viagem e o conteúdo da mala não foi detectado em nenhum aeroporto. Do Rio voltamos a São Paulo. E do Aeroporto de Congonhas, fomos de ponte aérea para o Santos Dumont, de volta ao Rio. E lá estava ela, a nossa mala vermelha, saindo do avião e aparecendo na esteira de bagagens. Foram oito voos. Em todos eles passamos facilmente com a réplica do fuzil e mais o açúcar simulando cocaína e as notas de dinheiro de novela. A primeira parte do nosso teste está encerrada. Os nossos aeroportos estão com a segurança precária. Eu acredito que até a Copa do Mundo, se não houver uma modificação, e até as Olimpíadas, nós teremos um caos em termos de segurança, declarou Francisco Calixto, da Federação Nacional dos Policiais Federais. Depois de tanto vai e vem sem que o conteúdo da mala tenha sido detectado, fica a pergunta: por que conseguimos passar tão facilmente por todos esses aeroportos? Nos voos nacionais não existe fiscalização de bagagem, de porão. O tráfico de drogas, o tráfico de armas é feito praticamente à vontade, afirmou Calixto. Veja o que aconteceria se aparelhos de raio X fossem usados nos aeroportos por onde 8 / 12

passamos: botamos nossa mala na máquina de uma empresa especializada em segurança. A máquina dá o sinal: dentro da mala existe um objeto com bastante metal e ainda mostra perfeitamente a silhueta de um fuzil. O que é azul aqui é a parte metálica dos objetos que estão dentro da máquina. Então, tudo que é azul é metal. Então, a gente pode ver aqui bem nítido o contorno de uma arma, destacou o engenheiro Eduardo Brito. Além de dar ao operador a imagem completa do que há no interior da mala, a máquina tem um sistema de cores que avisa qual o tipo de material encontrado. Em laranja, o que aparece são objetos orgânicos. Então, quando tem uma grande concentração de laranja ou alaranjada, a gente pode considerar que é um objeto orgânico, uma densidade parecida com a de um objeto suspeito, parecido com pó, droga, alguma coisa assim; um pacote. E aqui embaixo, até pela quantidade de quadrados que a gente tem na imagem, a gente pode dizer que pode ser que tenha dinheiro, pode se considerar, explicou o engenheiro. Quando o material é orgânico, como a cocaína, a máquina tem mais um recurso: ela destaca o objeto para alertar o operador. Repórter: Teria possibilidade de uma mala dessa passar por uma máquina dessa, no raio X, sem ser detectada aí dentro? Engenheiro: Não, não. Hoje em dia é quase impossível uma mala com uma arma de tal tamanho passar numa inspeção de bagagem de porão não sendo percebida. Isso, nos Estados Unidos, nos países da Europa, por exemplo. E se constata que no Brasil realmente o desafio ainda está pela frente, disse o engenheiro François Peters. 9 / 12

Veja como é feita a segurança nos Estados Unidos. Toda a bagagem despachada pelo passageiro é vistoriada no raio X, inclusive nos voos domésticos. É uma obrigação prevista por lei. Mas essa é uma só uma das tecnologias usadas para que os Estados Unidos não sejam atacados novamente. O Fantástico entrou na área de segurança do Aeroporto de Newark, Nova Jersey, para acompanhar as buscas por armas, explosivos e drogas. A mala do passageiro é inspecionada sem a presença do dono, que não é autorizado a acompanhar a vistoria. De repente, acende uma luz vermelha. Isso indica a presença de um material suspeito. Pode ser um explosivo. A bagagem é então separada e passa por uma revista manual. Os agentes federais usam também um paninho. Se essa mala carrega ou carregou explosivos, eles conseguem recolher pedaços da substância impossíveis de serem vistos a olho nu. Em seguida, o pano é examinado por outra máquina. Sinais sonoros e visuais dão o alerta: será que a mala é de um terrorista? Ou é alarme falso? Depois de o primeiro teste apresentar alguma suspeita de material explosivo, os funcionários do aeroporto vão limpar a máquina para ver se o problema está no equipamento ou se realmente há algum material suspeito naquela bagagem. Eles passam o pano na mala novamente. Não é explosivo. Mesmo a alta tecnologia, às vezes, falha. Ou o problema estava na máquina, ou então, o primeiro alerta foi dado por causa de restos de cosméticos, que às vezes disparam o alarme. Enfim, sinal verde para seguir viagem, mas antes, os agentes colocam dentro da mala um aviso de que ela foi aberta. Por causa de toda essa segurança, cada vez menos as pessoas travam as malas na hora de viajar. Hoje aproximadamente 10% dos passageiros usam cadeados. O departamento de segurança do transporte aéreo dos Estados Unidos recomenda dez tipos de cadeados. São cadeados que eles têm a chave para abrir caso for necessário. Agora, se for algum tipo de cadeado diferente ele será arrombado. 10 / 12

Procedimentos assim levaram os agentes federais americanos a apreenderem 32 mil itens proibidos, só no ano passado. Entre eles, havia explosivos e armas de fogo. Depois de passar por oito dos principais aeroportos brasileiros com a réplica do fuzil na bagagem, o Fantástico resolveu fazer um teste ainda mais ousado. Seria possível viajar com o nosso fuzil dentro da cabine de um avião? Pusemos a suposta arma num compartimento normal de uma bolsa e fomos de carro até o aeroporto da cidade mineira de Juiz de Fora. De lá, nossa intenção era voar até o Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, o maior do Brasil. A réplica do fuzil estava dentro de uma bolsa e o teste final era passar pela segurança e entrar no avião sem que a réplica fosse descoberta. O repórter tem que passar pelo detector de metal. Mas a mala fica na bancada para ser revistada manualmente, porque no aeroporto de Juiz de Fora não existe máquina de raio X para bagagem de mão. O repórter do Fantástico é então revistado. Depois, a bolsa dele também é inspecionada, mas o nosso fuzil passa pela revista. Enquanto espera o momento de embarcar, numa área restrita, o repórter abre a bolsa e lá está o nosso fuzil. Ele embarca normalmente, sem ser incomodado por ninguém. Em pleno voo, o repórter abre a bolsa e exibe o que poderia ser perfeitamente uma arma de verdade. O repórter desembarca em Guarulhos. Aviões de todo o país e de várias partes do mundo estão naquela pista. Junto com os outros passageiros, o repórter pega o ônibus até a área de desembarque. Ele passa por toda a parte interna do aeroporto, com o nosso fuzil debaixo do braço. 11 / 12

De Guarulhos, ele segue para o Aeroporto de Congonhas. Embarca num voo para o Rio de Janeiro, agora, despachando a réplica na bagagem, que mais uma vez não é detectada. Foram quase 12 mil quilômetros de voos e nove aeroportos. É assustador. Procurada pelo Fantástico, a Anac, Agência Nacional de Aviação Civil, que regula o setor, afirmou, em nota, que segundo as normas internacionais não existe a obrigação de passar todas as bagagens pelo raio X quando o voo é doméstico, ou seja, dentro do país. A Anac informou também que vai fazer uma inspeção no aeroporto de Juiz de Fora, onde o repórter Eduardo Faustini embarcou no avião levando a réplica do fuzil na bagagem de mão. Também em nota, a Infraero, a empresa que cuida da infraestrutura dos principais aeroportos brasileiros, disse que apenas parte da bagagem despachada nos voos domésticos passa pelo raio X e acrescentou que vai comprar mais aparelhos. A Infraero disse também que a responsabilidade sobre a inspeção das bagagens é das companhias aéreas e que estas, se encontrarem algum objeto suspeito nas malas despachadas, devem acionar a Polícia Federal. Procurada pelo Fantástico, a Polícia Federal não quis comentar o assunto. E o representante do sindicato das empresas aéreas declarou o seguinte: Teríamos que colocar muito esforço para que possamos chegar em 2014 a 100% de inspeção de bagagens despachadas em todos os aeroportos brasileiros. Eu não digo todos, mas os principais terão, afirmou Rogério Benevides, do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias. 12 / 12