Relatório Técnico de Vistoria Nº 601/ 2013 - NAT / AMBIENTAL



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Transcrição:

Relatório Técnico de Vistoria Nº 601/ 2013 - NAT / AMBIENTAL INTERESSADO: PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE SABOEIRO OBJETO DA VISTORIA: SANEAMENTO BÁSICO MUNICÍPIO: SABOEIRO OFÍCIO Nº: 245/2013/CAOMACE/PGJ/CE DATA DA VISTORIA: 04/09/2013 DATA DO RELATÓRIO: 16/09/2013 1 DA SOLICITAÇÃO Em atendimento à solicitação do Centro de Apoio Operacional do Meio Ambiente CAOMACE, face às deliberações oriundas do encontro de Coordenadores Regionais de Promotorias de Justiça das Bacias Hidrográficas, bem como dos encaminhamentos da Reunião de Coordenadoria Regional da Bacia do Alto Jaguaribe, este Núcleo de Apoio Técnico - NAT realizou vistoria técnica no município de SABOEIRO, para fins de verificar - com base em dados secundários, entrevistas qualificadas, e inspeção local - o atendimento dos aspectos que abrangem o SANEAMENTO AMBIENTAL municipal: abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos e drenagem e manejo das águas pluviais urbanas. 2 DA BACIA HIDROGRÁFICA DO ALTO JAGUARIBE A sub-bacia do Alto do Jaguaribe localiza-se na porção sudoeste do Estado do Ceará, limita-se a oeste com o Estado do Piauí e ao Sul com o Estado de Pernambuco. Das cinco subbacias que compõem a bacia do Rio Jaguaribe (Alto, Médio e Baixo Jaguaribe, Banabuiú e Salgado) é a que possui maior região hidrográfica, sendo também, a maior do Estado. Esta sub-bacia inicia-se nas nascentes do Rio Jaguaribe e percorre uma extensão de aproximadamente 325 Km até alcançar o açude Orós, principal reservatório desta sub-bacia, 1

localizado próximo à sua foz. Drena uma área de 24.538 Km², o equivalente a 16% do território cearense. Percentual da área da sub-bacia do Alto Jaguaribe em relação ao Estado do Ceará Municípios da sub-bacia do Alto Jaguaribe Os principais afluentes do Rio Jaguaribe, neste trecho, são os rios: Carrapateiras, Trici, Puiú, Jucás, Condado, Cariús, Trussu e o riacho Conceição. Dos 27 (vinte e sete) municípios pertencentes a esta sub-bacia, 23 estão integralmente dentro dela: Acopiara, Aiuaba, Altaneira, Antonina do Norte, Araripe, Arneiroz, Assaré, Catarina, Campos Sales, Cariús, Farias Brito, Iguatu, Jucás, Nova Olinda, Orós, Parambu, Potengi, Quixelô, Saboeiro, Salitre, Santana do Cariri, Tarrafas, Tauá; e quatro parcialmente: Caririaçu (9,90%), Crato (18,31%), Icó (1,61%), Várzea Alegre (18,57%). 3 DOS SERVIÇOS PÚBLICOS DE SANEAMENTO BÁSICO Em 2007 é publicada a Lei Federal Nº 11.445/071, que estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico - como o conjunto de serviços, infraestruturas e instalações de 1 Decreto de Regulamentação nº 7.217, de 21 de junho de 2010 2

abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos e drenagem de águas pluviais urbanas - e institui a política nacional para o saneamento. Com a publicação da Lei todas as prefeituras têm obrigação de elaborar seu Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB). O PMSB é um dos instrumentos da Política de Saneamento Básico do município. Essa Política deve ordenar os serviços públicos de saneamento considerando as funções de gestão para a prestação dos serviços, a regulação e fiscalização, o controle social, o sistema de informações, conforme o Decreto 7.217/2010. Sem o PMSB, a partir de 2014, a Prefeitura não poderá receber recursos federais para projetos de saneamento básico. O documento, após aprovado, torna-se instrumento estratégico de planejamento e de gestão participativa, passando a ser a referência de desenvolvimento de cada município, estabelecidas as diretrizes para o saneamento básico e fixadas as metas de cobertura e atendimento com os serviços de água; coleta e tratamento do esgoto doméstico, limpeza urbana, coleta e destinação adequada do lixo urbano e drenagem e destino adequado das águas de chuva. A lei 11.445/07 restabelece o papel do poder público local na participação do planejamento do setor, na tentativa de reduzir o distanciamento dos municípios em relação aos problemas de saneamento, delegados em sua maioria às empresas estaduais. Ao mesmo tempo, a Lei oferece alternativas de regionalização ou formação de consórcios públicos. Dos quatro eixos do saneamento básico: (a) abastecimento de água potável: constituído pelas atividades, infra-estruturas e instalações necessárias ao abastecimento público de água potável, desde a captação até as ligações prediais e respectivos instrumentos de medição; (b) esgotamento sanitário: constituído pelas atividades, infra-estruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, tratamento e disposição final adequados dos esgotos sanitários, desde as ligações prediais até o seu lançamento final no meio ambiente; (c) limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos: conjunto de atividades, infra-estruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destino final do lixo doméstico e do lixo originário da varrição e limpeza de logradouros e vias públicas; (d) drenagem e manejo das águas pluviais urbanas: conjunto de atividades, infra-estruturas e instalações operacionais de drenagem urbana de águas pluviais, de transporte, detenção ou retenção para o amortecimento de vazões de cheias, tratamento e disposição final das águas pluviais drenadas nas áreas urbanas. 3

3.1 - ABASTECIMENTO DE ÁGUA POTÁVEL A água constitui-se em elemento essencial à vida. O acesso à água de boa qualidade e em quantidade adequada está diretamente ligado à saúde da população, contribuindo para reduzir a ocorrência de diversas doenças. O serviço de abastecimento de água através de rede geral caracteriza-se pela retirada da água bruta da natureza, adequação de sua qualidade, transporte e fornecimento à população através de rede geral de distribuição. Há de se considerar, ainda, formas alternativas de abastecimento das populações (água proveniente de chafarizes, bicas, minas, poços particulares, carros-pipas, cisternas, etc.). 4

MUNICÍPIO DE SABOEIRO - ABASTECIMENTO DE ÁGUA POTÁVEL Constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações necessárias ao abastecimento público de água potável, desde a captação até as ligações prediais e respectivos instrumentos de medição Órgão gestor: CAGECE - Escritório: Rua Amélia Lima Braga, s/n Bairro São Francisco ETA: Dispõe de uma Estação de Tratamento de Água. A ETA apresenta unidade de filtração, casa de química e laboratório Etapas de Tratamento: Cloração, PAC (solução com teor de Al2O3 na faixa de 10% a 18% para clarificação da água), Polímero e Fluoretação. A lavagem dos filtros é realizada diariamente e as águas residuárias oriundas da lavagem do filtro são canalizadas e lançadas em um córrego Licença Ambiental: No momento da vistoria, a placa indicativa da licença ambiental apontava que esta encontrava-se vencida. A gerência informou do pedido de renovação junto à SEMACE, no entanto não foi apresentado protocolo da solicitação junto ao referido órgão ambiental Testes Físico-químicos (Cloro Residual Livre, Turbidez, Cor e ph) e Testes Microbiológicos (Coliformes): Segundo o responsável pela CAGECE em Saboeiro, os referidos testes são realizados em laboratório da capital. No momento da vistoria, o escritório da CAGECE local não possuía cópia de resultados recentes das análises para a devida publicidade e acompanhamento, não sendo possível afirmar acerca da qualidade da água distribuída à população da sede municipal. Segue anexo Relatório Mensal de Qualidade da Água, referente a Julho/13. Número de ligações e percentual: Ligações reais e ativas - 2.004 e 1.915, respectivamente (dados referentes à 2010). No momento da vistoria, a CAGECE local não dispunha dessa informação atualizada, bem como não a repassou posteriormente a este NAT, conforme acordado Manancial de Captação: Barragem Caldeirões (recurso hídrico barrado: Rio Jaguaribe), há 4 km da sede Informações Complementares: A CAGECE é responsável apenas pelo abastecimento da sede municipal. O índice de cobertura de água do sistema é de 99,13%. Alguns distritos são atualmente abastecidos por carros-pipas ( Operação Carro-pipa ), através de força-tarefa coordenada pelo Exército (Comando Militar do Nordeste), atendendo cerca de 500 famílias/mês. O SISAR (Projeto São José) abastece os distritos/localidades de Palestina, Barra, Juazeirinho, São José e Saco dos Antunes 5

Figuras 01-06 (01, 02) cisternas de polietileno instaladas em residências localizadas em distritos do município de Saboeiro; (03-06) ETA Saboeiro. Fonte: Dados de vistoria NAT. Figura 01 Figura 02 Figura 03 Figura 04 Figura 05 Figura 06 6

Figura 07 Figura 08 Figura 09 Figura 10 Figura 11 Figura 12 Figuras 07-12 (07-09) ETA Saboeiro: casa de química e laboratório; (10) Estação Elevatória; (11) Manancial de captação em 2009. Fonte: Dados de vistoria NAT. 7

Figura 13 Figura 13 Placa indicativa da instalação de cisternas de polietileno em distritos e localidades do Município de Saboeiro. Fonte: Dados de vistoria NAT. 3.2 - ESGOTAMENTO SANITÁRIO Da água distribuída pelo sistema de abastecimento público e efetivamente utilizada nas atividades humanas, 80%, em média, é transformada em esgoto, o qual deve ser coletado e tratado antes de ser lançado no solo ou em corpos d água. As características físicas e químicas do esgoto sanitário variam em função dos usos da água e podem apresentar em sua composição, além de grande quantidade de matéria orgânica, microrganismos patogênicos e substâncias químicas tóxicas. Estes componentes precisam, portanto, ser coletados e tratados adequadamente, de forma que seja evitada a transmissão de doenças ao homem e minimizados os seus impactos sobre o meio ambiente. O tratamento de esgoto adotado pode ser individual ou coletivo. Nas aglomerações urbanas é recomendável que exista um sistema coletivo de esgotamento, composto de rede de coleta e estação de tratamento para as águas residuárias. As soluções individuais são indicadas para o meio rural ou para áreas de baixa densidade habitacional. Em ambas as situações, a adoção do esgotamento sanitário poderá causar novos danos ao homem e ao meio ambiente, caso não seja planejado e implantado de acordo com as recomendações técnicas pertinentes. Os projetos de esgotamento sanitário, quando corretamente executados, têm a finalidade de minimizar os efeitos do lançamento do esgoto in natura sobre o ambiente, caracterizando-se, assim, como um impacto positivo, possibilitando a redução dos índices de 8

doenças e de perigo à saúde da população, a melhoria de qualidade das águas e o aumento dos benefícios dessas águas para os diversos usos. Toda construção permanente urbana com condições de habitabilidade situada em via pública, beneficiada com redes públicas de abastecimento de água e/ou de esgotamento sanitário deverá, obrigatoriamente, conectar-se a rede pública, de acordo com o disposto no art. 45 da Lei Federal no 11.445, de 5 de janeiro de 2007, respeitadas as exigências técnicas do prestador de serviços. MUNICÍPIO DE SABOEIRO - ESGOTAMENTO SANITÁRIO Constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, tratamento e disposição final adequados dos esgotos sanitários, desde as ligações prediais até o seu lançamento final no meio ambiente Órgão gestor: CAGECE Licença Ambiental: A gerência informou do pedido de renovação junto à SEMACE, no entanto não foi apresentado protocolo da solicitação junto ao referido órgão ambiental ETE, EEE: Possui uma Estação de Tratamento de Esgoto Tipos de ETE: ETE do tipo compacta, onde se realiza o tratamento biológico e químico do esgoto bruto através de dois tanques sépticos seguidos por filtro anaeróbio (remoção e sedimentação de sólidos suspensos, caracterizada pela ação de microorganismos que transformam substâncias complexas em compostos mais simples como sais minerais e gás carbônico), bem como a aplicação de pastilhas de cloro (cloradores) Tipos de Esgotos Recebidos e Tratados: Domésticos Número de Ligações Prediais: 90 Monitoramento de Efluentes tratados: Segundo o responsável pela CAGECE em Saboeiro, os referidos testes são realizados em laboratório da capital. No momento da vistoria, o escritório da CAGECE local não possuía cópia de resultados recentes das análises para a devida publicidade e acompanhamento, não sendo possível afirmar acerca da qualidade do efluente tratado, antes do seu lançamento no respectivo corpo receptor Corpo Receptor: Rio Jaguaribe Informações Complementares: O Sistema de Esgotamento Sanitário (SES) do Município de Saboeiro atende apenas o Bairro São José, no total de 90 clientes. As demais residências utilizam soluções individuais (fossa, sumidouro) para o esgoto bruto, e lançam no escoadouro (sarjeta) das vias as demais águas residuárias (águas provenientes de cozinha, lavanderia e banho) 9

Figura 14 Figura 15 Figura 16 Figura 17 Figura 18 Figura 14-18 (14-17) instalação de um sistema de coleta de esgoto no bairro COHAB, sem a devida interligação a uma estação de tratamento. A Figura 16 evidencia que o lançamento do esgoto bruto se dará no sangradouro de açude situado nas proximidades. Fonte: Dados de vistoria NAT. 10

Figura 19 Figura 19 Esgoto bruto corre a céu aberto e acaba por desaguar em córregos e riachos do município. Fonte: Dados de vistoria NAT. 3.3 - LIMPEZA URBANA E MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS No estado do Ceará as desigualdades ficam por demais visíveis quando se analisam os serviços básicos de saneamento, sendo o tratamento dos resíduos sólidos um dos mais importantes, não só pela coleta, mas também, pelo destino dos mesmos. No interior do Estado, principalmente, o lixo quando coletado não passa por nenhum processo seletivo, à exceção de oito municípios 2. Parte desses detritos é depositada a pouca distância de locais com atividades agropecuárias, fora do perímetro urbano, ou próximo a rios, lagoas, poços ou nas proximidades de áreas de proteção ambiental. Em alguns municípios o lixo é queimado, o que também contribui para a degradação dos corpos hídricos e para a poluição ambiental. Esta grave situação, não ocorre somente no Ceará ou no Nordeste, mas em todo o território nacional, possuindo uma magnitude alarmante. Mais de 80% dos municípios 2 Caucaia,Maracanaú,Pacatuba, Horizonte,Sobral, Nova Jaguaribara, Aquiraz e Camocim 11

brasileiros vazam seus resíduos em locais a céu aberto, em cursos d água ou em áreas ambientalmente protegidas, a maioria com a presença de catadores, entre eles crianças, explicitando os problemas sociais que a má gestão do lixo acarreta. A degradação resultante da utilização dos lixões nesses municípios, a escassez de recursos financeiros e a necessidade premente de investimentos no setor, sugere a implantação de infraestrutura e um Sistema de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos capaz de atender a demanda, de forma permanente e sustentável. O grande desafio é a estruturação da Política de Saneamento Básico, no seu integral conceito, buscando a universalização do acesso com qualidade. O desafio a ser enfrentado para atender às demandas deste programa, é a implantação do aterro sanitário para todos os municípios do Ceará, visando dar destinação adequada aos resíduos sólidos das cidades e da população difusa no meio rural. A limpeza urbana e o manejo de resíduos sólidos considerados na Lei 11.445/07 são compostos pelas atividades de: coleta, transbordo e transporte dos resíduos; triagem para fins de reuso ou reciclagem; tratamento, incluindo compostagem, e disposição final dos resíduos. Refere-se também ao lixo originário da varrição, capina e poda de árvores em vias e logradouros públicos e outros serviços de limpeza pública urbana, relacionados no art. 3o da Lei. MUNICÍPIO DE SABOEIRO - LIMPEZA URBANA E MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS Conjunto de atividades, infraestruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destino final do lixo doméstico e do lixo originário da varrição e limpeza de logradouros e vias públicas Destino final: O município dispõe seus resíduos a céu aberto ("lixão"), em terreno não licenciado pelo órgão ambiental competente, sem o devido manejo e controle ambiental da área Tipos de resíduos: doméstico e hospitalar Tratamento do Lixo Hospitalar: Na área do "lixão" escavou-se uma vala mantida isolada dos demais resíduos, recebendo esta, periodicamente, uma cobertura de solo. A referida vala não está devidamente revestida por material impermeável Coleta Seletiva: Possui uma associação de catadores ("Associação dos Catadores de Materiais Reaproveitáveis e Recicláveis de Saboeiro") conveniada à Prefeitura Municipal, realizando a coleta, seleção, armazenamento e venda de materiais passíveis de reaproveitamento (plástico, alumínio, papel branco e vidro). São cinco catadores que trabalham diretamente no "lixão" Reciclagem: Possui um Galpão de Reciclagem Informações Complementares: A coleta do lixo acontece diariamente na sede municipal e distritos. O município está inserido em consórcio público para a instalação de um aterro 12

sanitário em parceria com municípios da região, sendo a área de implantação do empreendimento localizada no município de Assaré Figura 20 Figura 21 Figura 22 Figura 23 Figura 24 Figura 20-24 (20) Galpão de reciclagem; (21-24) Área do lixão. Fonte: Dados de vistoria NAT. 13

3.4 - DRENAGEM E MANEJO DAS ÁGUAS PLUVIAIS URBANAS No processo de assentamento dos agrupamentos populacionais, o sistema de drenagem se sobressai como um dos mais sensíveis dos problemas causados pela urbanização, tanto em razão das dificuldades de esgotamento das águas pluviais quanto em razão da interferência com os demais sistemas de infraestrutura, além de que, com retenção da água na qualidade de vida desta população. O sistema de drenagem de um núcleo habitacional é o mais destacado no processo de expansão urbana, ou seja, o que mais facilmente comprova a sua ineficiência, imediatamente após as precipitações significativas, trazendo transtornos à população quando causa inundações e alagamentos. Além desses problemas gerados, também propicia o aparecimento de doenças como a leptospirose, diarreias, febre tifóide e a proliferação dos mosquitos anofelinos, que podem disseminar a malária. E, para isso tudo, essas águas deverão ser drenadas e como medida preventiva adotar-se um sistema de escoamento eficaz que possa sofrer adaptações, para atender a evolução urbanística, que aparece no decorrer do tempo. Sob o ponto de vista sanitário, a drenagem visa principalmente: desobstruir os cursos d água dos igarapés e riachos, para eliminação dos criadouros (formação de lagoas) combatendo, por exemplo, a malária; e a não propagação de algumas doenças de veiculação hídrica. A microdrenagem urbana é definida pelo sistema de condutos pluviais a nível de loteamento ou de rede primária urbana, que propicia a ocupação do espaço urbano ou periurbano por uma forma artificial de assentamento, adaptando-se ao sistema de circulação viária. É formada de: boca de lobo: dispositivos para captação de águas pluviais, localizados nas sarjetas; sarjetas: elemento de drenagem das vias públicas. A calha formada é a receptora das águas pluviais que incidem sobre as vias públicas e que para elas escoam; poço de visita: dispositivos localizados em pontos convenientes do sistema de galerias para permitirem mudança de direção, mudança de declividade, mudança de diâmetro e limpeza das canalizações; tubo de ligações: são ligações destinadas a conduzir as águas pluviais captadas nas bocas de lobo para a galeria ou para os poços de visita; e condutos: obras destinadas à condução das águas superficiais coletadas. A macrodrenagem é um conjunto de obras que visam melhorar as condições de escoamento de forma a atenuar os problemas de erosões, assoreamento e inundações ao longo dos principais talvegues (fundo do vale). Ela é responsável pelo escoamento final das águas, a qual pode ser formada por canais naturais ou artificiais, galerias de grandes dimensões e estruturas auxiliares. A macrodrenagem de uma zona urbana corresponde à rede de drenagem natural preexistente nos terrenos antes da ocupação, sendo constituída pelos igarapés, 14

córregos, riachos e rios localizados nos talvegues e valas. As consistem em: obras de macrodrenagem retificação e/ou ampliação das seções de cursos naturais; construção de canais artificiais ou galerias de grandes dimensões; estruturas auxiliares para proteção contra erosões e assoreamento, travessias (obras de arte) e estações de bombeamento. MUNICÍPIO DE SABOEIRO -DRENAGEM E MANEJO DAS ÁGUAS PLUVIAIS URBANAS Conjunto de atividades, infraestruturas e instalações operacionais de drenagem urbana de águas pluviais, de transporte, detenção ou retenção para o amortecimento de vazões de cheias, tratamento e disposição final das águas pluviais drenadas nas áreas urbanas Disposição final: Não possui sistema de drenagem Pavimentação / Pontos de Alagamento e/ou Inundações: Foram constatadas obras de pavimentação de vias, financiadas pelo Ministério do Turismo. A prefeitura informa não haver registros de alagamentos e inundações no município. No entanto, no ano de 2011, Saboeiro enfrentou um período chuvoso e, segundo dados da Defesa Civil, o município teve 360 pessoas afetadas por uma enxurrada, com 3 (três) residências danificadas ou destruídas e 7(sete) desalojadas Figura 25 Figura 26 Figura 25 e 26 Placas indicativas da obra de pavimentação de uma via no bairro COHAB. Fonte: Dados de vistoria NAT. 15

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Apesar da expansão dos serviços de abastecimento de água no centro urbano de Saboeiro, a universalização das demais atividades de saneamento básico, seja esgotamento sanitário ou manejo de resíduos sólidos e drenagem urbana, permanecem em níveis incipientes. O município já elaborou seu Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB) 3 abrangendo os serviços de abastecimento de água, de esgotamento sanitário, de manejo de resíduos sólidos, de limpeza urbana e de manejo de águas pluviais. Encaminhe-se o presente Relatório Técnico de Vistoria à Promotoria de Justiça da Comarca de Saboeiro para os devidos fins. 5 - ANEXOS 01 PORTAL DA TRANSPARÊNCIA 02 LEI QUE INSTITUI O PMSB DE SABOEIRO 03 LEI QUE INSERE SABOEIRO EM CONSÓRCIO PARA A IMPLANTAÇÃO DE ATERRO SANITÁRIO 04 LOCALIDADES ATENDIDAS PELA OPERAÇÃO CARRO-PIPA 05 RELATÓRIO CAGECE DE QUALIDADE DA ÁGUA DISTRIBUÍDA Fortaleza, 16 de setembro de 2013. Rafaela Sousa Oliveira Técnica Ministerial Tecnóloga em Gestão de Turismo Núcleo de Apoio Técnico NAT 3 Maria Aurelice Matos Borges Técnica Ministerial Engª Química CRQ-X/CE nº 60.241 Núcleo de Apoio Técnico NAT Disponível em: http://www.arce.ce.gov.br/index.php/planos-municipais-de-saneamento/category/283-saboeiro 16