Parecer nº 01/2016/Ibama-MG Belo Horizonte, 20 de maio de 2016 Assunto: Processos Administrativos COPAM nº 00295/1994/013/2010 e COPAM nº 00295/1994/016/2014. O presente parecer tem por objetivo ser um retorno ao pedido de vistas realizado na 66ª Reunião Ordinária da Câmara Temática de Proteção à Biodiversidade e de Áreas Protegidas CPB, na ocasião da apresentação dos Processos Administrativos COPAM nº 00295/1994/013/2010 e COPAM nº 00295/1994/016/2014 para julgamento acerca da compensação de Mata Atlântica. Cabe esclarecer que, tratando-se do bioma Mata Atlântica e a responsabilidade legal do Ibama nos casos em que este deve emitir anuência para a supressão da vegetação existente nesse bioma, é a praxe deste órgão, em sua condição de componente da CPB/COPAM, analisar todos os pedidos a serem apreciados por aquela câmara. Passando a análise, primeiramente vale destacar que todas as informações aqui apreciadas são oriundas dos supracitados processos, de acordo com os dados apresentados pelo próprio empreendedor junto à Regional Centro-Sul. Tratando-se das propostas de intervenção trazidas pelos processos, ao localizá-las espacialmente, constata-se que ambas estão contidas no polígono de domínio da Mata Atlântica, conforme Mapa de Aplicação da Lei 11.428/2006 do IBGE (Anexo I). Restando, portanto, a averiguação quanto à obrigatoriedade da solicitação de anuência para a supressão de Mata Atlântica. Ao observarmos o mapa contido no anexo II, é possível depreender que a proposta apresentada pelo processo administrativo COPAM 00295/1994/013/2010, ainda que se encontre inserido nos limites do bioma Mata Atlântica, localiza-se fora de região metropolitana e, devido às suas dimensões não há o que se falar em anuência, nos termos do Art. 19 do Decreto 6.660/08. Em relação ao processo administrativo COPAM 00295/1994/016/2014, diferentemente do processo anteriormente citado, além de estar inserido nos limites constitucionais da Mata Atlântica, traz também o acréscimo de estar contido no município de Itatiauçu e, por conseguinte, nos limites da chamada região metropolitana de Belo Horizonte (Figura 1).
Figura 1: Região Metropolitana de Belo Horizonte (fonte: IBGE) Desse modo, obedecendo-se à previsão legal contida no decreto nº 6.660/2008, em seu art. 19, torna-se necessária a anuência prévia do Ibama nos casos de supressão de vegetação primária ou secundária em estágio médio ou avançado de regeneração, quando essa ultrapassar: ( ) II três hectares por empreendimento, isolada ou cumulativamente, quando localizada em área urbana ou região metropolitana. Isto posto, e em virtude de sua localização espacial e dimensões (4,6 ha), o empreendimento é, portanto, passível de emissão de anuência por parte do Ibama, sendo necessária sua solicitação. Outro ponto a ser destacado, e visando dirimir quaisquer dúvidas acerca de tal necessidade legal, é quanto à tipologia a ser suprimida. Ainda que esteja classificada como cerrado, a tipologia vegetal objeto da supressão, bem como outros ecossistemas associados, está sob regime de proteção
e abrangência da Lei 11.428/06, uma vez que ocorrem no contexto da Mata Atlântica e sua área de domínio (vide anexo I). Neste sentido, a Nota Explicativa do Mapa de aplicação da Lei da Mata Atlântica, parte integrante da retrocitada Lei Federal, estende a aplicação da Lei 11.428/06 às disjunções vegetais existentes no Nordeste brasileiro ou em outras regiões, como é o caso da formação conhecida como savana (cerrado), quando localizada no Bioma Mata Atlântica. Dito isto, e em razão de não existir uma legislação específica visando determinar os estágios sucessionais de regeneração das fitofisionomias do cerrado, recomenda-se a aplicação da figura jurídica e técnica do princípio da precaução, onde se deve considerar a mais adequada expressão de preservação da vegetação que, no caso em tela, por tratar-se de vegetação secundária, envolve o estágio avançado de regeneração natural. Após tais considerações, retorno o pedido de vistas solicitando que o processo administrativo COPAM 00295/1994/016/2014 seja retirado da pauta de votações desta CPB e retorne à Supram-Central para que seja devidamente procedida a solicitação de anuência junto ao Ibama-MG. Nino Antonio Camini Analista Ambiental Mat.: 1422887 Ibama-MG
Anexo I
Anexo II