ANO 4 NÚMERO 33 DEZEMBRO DE 2014 PROFESSORES RESPONSÁVEIS: FLÁVIO RIANI & RICARDO RABELO

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Transcrição:

ANO 4 NÚMERO 33 DEZEMBRO DE 2014 PROFESSORES RESPONSÁVEIS: FLÁVIO RIANI & RICARDO RABELO 1- CONSIDERAÇÕES INICIAIS Inicialmente essa Carta faz uma reflexão e considerações sobre a forma como a indústria vem sendo analisada nesses últimos tempos. O fato dela ter apresentado resultados opostos quase que mensalmente tem levado a análises incompletas sobre o assunto. Em relação a isso esse boletim destaca dois pontos importantes acerca da análise do setor industrial no Brasil referentes à forma como o empresário nacional percebe sua atividade e às análises feitas sobre a diminuição do peso da indústria no PIB nacional. Analisamos também nesta Carta os dados divulgados recentemente sobre o PIB do 3º. Trimestre de 2014. Esses dados mostram taxas de crescimento muito baixas em relação à necessidade de crescimento do país, face à sua mudança populacional, tanto quantitativa quanto qualitativa e também em função da elevação da capacidade de consumo ocorrida nos últimos anos. Mostramos que, no entanto, recuperou-se a capacidade de crescimento, ainda muito reduzida, mas já distante da recessão técnica que caracterizou o 1º. Semestre. 2 AS ANÁLISES EQUIVOCADAS SOBRE A INDÚSTRIA BRASILEIRA Prof. Flávio Riani Dados recentes sobre o comportamento do setor industrial no Brasil têm dificultado a análise desse segmento na medida em que as variações nas suas taxas de crescimento têm se alternado sistematicamente, quase todos os meses, entre valores positivos e negativos entre um período e outro. Tal performance impossibilita uma análise adequada do setor sobretudo no que se refere a possíveis expectativas quanto a seus resultados futuros. Apesar disso, existe no Brasil uma percepção equivocada sobre a questão industrial tanto pelo empresariado nacional quanto pelos analistas, sobretudo políticos e econômicos, sobre o que está efetivamente ocorrendo com esse segmento, extraindo conclusões, na maioria das vezes, equivocadas sobre o assunto. O primeiro equívoco refere-se à visão da maioria do empresariado brasileiro na forma como analisam o papel das atividades econômicas em geral e mais especificamente no Brasil. A percepção deles é a de quererem atuar num sistema capitalista, porém sem riscos. Isto é, quando as atividades estão desenvolvendo-se num período de crescimento e de obtenção de lucros, muitas vezes abusivos, eles esquecem os problemas sociais que temos e dos diversos benefícios que muitos setores industriais recebem do governo, através de incentivos, créditos subsidiados, etc. Na bonanza muitos sonegam o pagamento de tributos, não lembram que o governo existe e poucos investem seus lucros na busca de melhorias nas suas eficiências produtivas. EXPEDIENTE Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais: Grão-Chanceler Dom Walmor Oliveira de Azevedo Reitor Professor Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães Vice-Reitora Professora Patrícia Bernardes Assessor Especial da Reitoria Professor José Tarcísio Amorim Chefe de Gabinete do Reitor Professor Paulo Roberto Souza Chefia do Departamento de Economia Professora Ana Maria Botelho Coordenação do Curso de Ciências Econômicas Professora Ana Maria Botelho Coordenação Geral Professor Flávio Riani e Professor Ricardo F. Rabelo Instituto de Ciências Econômicas e Gerenciais: Prédio 14, sala 103 Avenida Dom José Gaspar, 500 Bairro Coração Eucarístico CEP: 30535-901 Tel: 3319.4309 www.pucminas.br/iceg/conjuntura icegdigital@pucminas.br

Porém, quando a situação se inverte, eles recorrem ao governo e jogam sobre ele a responsabilidade dos desequilíbrios produtivos e da falta de competitividades com o mercado internacional.querem redução da carga tributária sobre seus produtos, mas não querem que ela se eleve sobre seus lucros e sobre suas retiradas através do imposto de renda, etc. Ou seja, o governo é que deve resolver os problemas da indústria pois, na visão deles, o governo é o culpado. Deixando de lado qualquer relação político partidária, inegavelmente o governo brasileiro fez uma série de concessões ao setor empresarial do país nos últimos anos através dos mecanismos tributários (isenções e reduções), creditícias (diretamente para o setor e indiretamente através do incentivo ao consumo), simplificação tributária, redução de encargos trabalhistas, etc. Enquanto o setor produtivo se beneficiou disso não houve reclamação e a maioria não pensou em investir parte de seus lucros em eficiência e busca de melhoria na competividade. Na hora em que há um arrefecimento das suas atividades e quando percebem que não conseguem competir como o mercado externo, voltam novamente a jogar o problema e a responsabilidade em cima do governo. Isto é, querem conviver num sistema capitalista sem se modernizarem na hora que podem e sem riscos. Quando surgem as dificuldades culpam e recorrem ao governo. Outro equívoco que se comete nas análises sobre o segmento industrial brasileiro refere-se à evolução\diminuição do peso do setor industrial no PIB brasileiro nos últimos tempos. Historicamente a composição dos PIBs nacionais vem sofrendo mudanças significativas nos seus elementos em função das modificações nas estruturas produtivas dos países. Enquanto as economias nacionais tinham suas bases produtivas nas atividades agrícolas esse era o setor que predominava na composição do seu produto interno. Tal composição mudou posteriormente com a revolução industrial cuja predominância produtiva manufatureira se tornava no mais importante componente do PIB. Atualmente o setor de serviços tem avançado de forma significativa elevando cada vez mais sua participação no PIB dos países. De forma natural esse segmento passou a ser o mais relevante componente dos produtos nacionais. Assim, o declínio observado na participação industrial no PIB brasileiro não é um privilégio só nosso, mas vem ocorrendo na grande maioria dos países, sobretudo os mais desenvolvidos (ainda que por motivos um pouco diversos dos nossos). Como exemplos, entre 1970 e 2010, o PIB industrial diminuiu sua participação no PIB de 35% para 20% na Alemanha, de 24% para 17% nos Estados Unidos e de 27% para 18% na média mundial. A movimentação da participação do setor industrial no PIB desses e outros países pode ser visualizada através do gráfico 1. Gráfico 1 7

Dados referentes à participação do segmento industrial no PIB do Chile, Brasil e de alguns outros países podem ser também observados através da tabela 1 a seguir. Tabela 1 Dados da tabela 1 mostram que o Brasil está numa situação média no que se refere à participação do segmento industrial no Produto Interno Bruto. Tais informações são importantes para mostrar que o comportamento recente da participação da indústria no PIB nacional não é muito diferente do que vem acontecendo em nível mundial. Entretanto isso não que não quer dizer que nossa indústria não precise tornar-se mais eficiente e competitiva. Porém, os industriais precisam entender o princípio do sistema capitalista que, ao mesmo tempo em que gera altas taxas de retorno, exige também atividades de risco. Além disso, é relevante perceberem a importância de investirem, nos momentos de bonanza, na modernização de seus equipamentos e não apenas usufruírem das benesses financeiras.

3 - PIB DO 3º. TRIMESTRE: A ECONOMIA EM LENTA RECUPERAÇÃO Prof. Ricardo F. Rabelo Os dados divulgados pelo IBGE relativos ao PIB do 3º. Trimestre de 2014 revelam indícios de recuperação da atividade econômica, pois o crescimento em algumas bases de comparação foi positivo. Mas, por outro lado, mostram também as fortes limitações que a economia brasileira encontra para voltar a crescer, pelo menos, acima do crescimento vegetativo da população, que foi de 0,9% entre 2012 e 2013. 3.1 - O CRESCIMENTO EM RELAÇÃO AO TRIMESTRE ANTERIOR Nessa base de comparação temos o retrato instantâneo do começo de uma recuperação ainda muito estreita, mas significativa. Embora o crescimento detectado seja ínfimo, ganha significado especial porque significa a não continuidade da recessão técnica registrada nos dois primeiros trimestres de 2014. O Produto Interno Bruto (PIB), ao crescer 0,1% na comparação do terceiro trimestre com o segundo trimestre do ano indicou que, embora ainda não tenhamos uma recuperação efetiva, já não estamos mais vivendo a negatividade ampla da recessão técnica. Nas outras bases de comparação há resultados piores como quando se compara com o 3º. Trimestre de 2013, quando houve variação negativa do PIB de 0,2%. Mas há também resultados mais positivos seja no acumulado dos quatro trimestres que terminam no terceiro trimestre de 2014, em que o PIB acusou crescimento de 0,7% comparativamente com os quatro trimestres imediatamente anteriores. Finalmente, no resultado acumulado do ano até o mês de setembro, o PIB apresentou cresceu 0,2% relativamente ao mesmo período de 2013. Gráfico 2 : Variação do PIB contra Trimestre anterior (%) 0,60 0,40 0,20 0,10 % 0,00 0,20 0,20 0,40 0,60 0,60 3o. 2013 4o. 2013 1o. 2014 2o. 2014 3o. 2014 Fonte: IBGE Trimestres Ao contrário do 2º trimestre, em que apresentou crescimento de 0,2% em relação ao trimestre anterior, o grande fator de baixo crescimento da economia no 3º. Trimestre se deve à

agropecuária, que recuou 1,9%. A indústria mostrou um processo importante de recuperação do crescimento com índice positivo de 1,7%. Além disso, todos seus subsetores mostraram também crescimento, inclusive a indústria de transformação que teve resultado positivo de 0,7%. O setor com melhor desempenho, no entanto, foi a Indústria Extrativa Mineral, que teve crescimento de 2,2% e a Indústria de Construção Civil com resultado positivo de 1,3%. O setor de Serviços mostrou novamente seu dinamismo com expansão de 0,5% e com grande relevo do subsetor de Transporte, armazenagem e correio (1,4%) e também da Intermediação Financeira e seguros (0,6%). Já o comércio mostrou grande recuperação em relação ao 2º. Trimestre, (quando teve queda de 2,2%) com índice positivo de 0,4%. As outras atividades componentes do setor de serviços também tiveram crescimento relativamente ao trimestre imediatamente anterior: Atividades imobiliárias e aluguel (0,5), Administração, saúde e educação pública (0,4%), Outros serviços (0,3%) e Serviços de informação (0,1%). Gráfico 3: Variação do PIB por setor (%) 4,00 3,20 3,00 2,00 1,70 % 1,00 0,00 1,00 2,00 0,10 0,10 0,40 0,90 0,00 2,00 0,40 1,90 Indústria Agropecuária Serviços 3,00 4,00 4,20 5,00 3o. 2013 4o. 2013 1o. 2014 2o. 2014 3o. 2014 Fonte: IBGE Trimestres Analisando o PIB pela ótica da demanda detectamos também um outro fator da letargia da economia: a queda de 0,3% da Despesa de Consumo das Famílias na comparação com o trimestre anterior. Esta queda explica, por sua vez o recuo do comércio e significa a repetição de uma situação que só tivemos equivalente em 2008, no auge da crise, quando a queda foi de -2%. O grande fator positivo nesta ótica é o crescimento de 1,3% da Formação Bruta de Capital fixo. Demonstra que, ao contrário do que afirmam alguns analistas, a economia mantém o Investimento como variável importante. Outro fator importante é a Despesa de Consumo da Administração Pública que igualmente cresceu 1,3% em relação ao segundo trimestre do ano. Repetindo situações anteriores, a contribuição do Setor externo foi negativa, com as Exportações crescendo apenas 1,0% e as Importações 2,4% em relação ao trimestre imediatamente anterior.

3.2 - O DESEMPENHO DO PIB NO ACUMULADO DO ANO Nossa análise pretende indicar os fatores dinâmicos da economia ao longo deste ano.de acordo com o IBGE, o PIB no acumulado do ano até o terceiro trimestre de 2014 registrou crescimento de 0,2% em relação a igual período de 2013. O que muda, nesta base de comparação, é o papel relativo da Indústria e da Agropecuária. Temos, então, um crescimento expressivo de 0,9% da Agropecuária. Em contrapartida a Indústria sofreu queda de 1,4%. Esse indicador é resultado da queda de atividades fundamentais como Construção civil (-5,1%) e Indústria de transformação (-3,3%) em contraponto com o crescimento da Indústria Extrativa mineral (7,3%) e Eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana (2,2%). No setor de Serviços, que também cresceu 0,9%, este desempenho adveio dos subsetores de Serviços de informação (3,1%) de Intermediação financeira e seguros (2,7%) e do Transporte, armazenagem e correio (2,2%). O mais importante crescimento negativo foi do Comércio (-0,7%) juntamente com Outros serviços (-0,6%). Já Serviços imobiliários e aluguel (1,9%) e Administração, educação e saúde pública (1,4%). também registraram expansão. Quando se parte para a análise da demanda interna, na mesma base de comparação, revela-se o mau desempenho, com a queda de 7,4%, da Formação Bruta de Capital Fixo. Já a despesa de consumo das Famílias (1,2%) e a Despesa de Consumo da Administração Pública (2,0%) apresentaram crescimento no período. Analisando-se o setor externo, há surpresas: as Importações de Bens e Serviços apresentaram uma variação negativa de 0,2%, enquanto que as Exportações cresceram 2,8% resultando em contribuição positiva para o PIB. No quadro geral do PIB, a economia brasileira apresenta, portanto, indicadores positivos, com uma evolução positiva da Indústria e da Formação Bruta de Capital fixo neste 3º. Trimestre, em termos estritos. Como vimos, o quadro não é tão positivo quando incluímos o 1º. Semestre no acumulado do ano. Trata-se, no entanto, de uma tênue indicação de recuperação que necessita de estímulo e de uma política econômica que efetivamente sustente o crescimento tanto da oferta como da demanda. Infelizmente, não é esse o horizonte que se vislumbra quando se vê que se caminha para uma estratégia de ajuste fiscal e elevação expressiva da taxa básica de juros, além da retirada de estímulos ao setor industrial, Os seus resultados já se pode prever tomando como base o que tem ocorrido com a aplicação de política semelhante em paises da Zona do Euro, que possuem estrutura industrial e financeira muito mais maduras que a da economia brasileira.