UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO A VEZ DO MESTRE FACTORING



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Transcrição:

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO A VEZ DO MESTRE FACTORING ROSA CRISTINA GUIMARÃES FIGUEIRA ORIENTADOR Prof. MARCO ANTÔNIO CHAVES DE ALMEIDA Rio de Janeiro, RJ, setembro/2002

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO A VEZ DO MESTRE FACTORING ROSA CRISTINA GUIMARÃES FIGUEIRA Talho monográfico apresentado como requisito parcial para obtenção do Grau de Especialista em Finanças e Gestão Corporativa. Rio de Janeiro, RJ, setembro/2002

Agradeço a todos que direta e indiretamente contribuíram para a execução desta pesquisa.

Dedico este trabalho de pesquisa a todos aqueles que estão envolvidos nos ideais da educação.

A beleza é a única coisa preciosa na vida. É difícil encontrá-la mas, quem consegue, descobre tudo. Charles Spencer Chaplin

INTRODUÇÃO Em resumo, uma crise energética como a que estamos enfrentando produz uma redução imediata de investimentos com conseqüentes reduções de quadro desaquecimento de demanda, cancelamento ou adiamento de pedidos, encalhe de produtos, diminuição da liquidez e no fim da linha um aumento da inadimplência. Ou seja, no operacional de uma factoring é essencial a análise inicial do crédito que virá a ser comprado, visto que a empresa de factoring passará a ser a detentora destes direitos e também poderá sofrer com a inadimplência dos mesmos, a ponto de talvez fazer com que uma análise equivocada dos créditos possa vir a tornar a margem operacional dos processos negativa, inviabilizando os resultados projetados para as compras dos créditos, que é a atividade fim da empresa de factoring. Detalhadamente O momento no cenário econômico nacional recomenda o máximo de cautela possível para nossas análises creditícias, uma vez que as regras pouco claras quanto à forma de enfrentar a crise energética por parte do governo e as conseqüências da crise em todos os setores da economia são de difícil previsão, comprometendo sobremaneira todas as análises já feitas ao longo do 1º semestre. Estivemos convivendo com uma perspectiva favorável de crescimento para a economia do Rio de Janeiro, cujos indicadores apontavam crescimento no volume de operações em função de uma demanda por recursos impulsionada principalmente pela expansão dos negócios relacionados aos setores petrolífero, telecomunicações e indústria naval. Uma crise energética como a que estamos enfrentando produz uma redução imediata de investimentos com conseqüentes reduções de quadro desaquecimento de demanda, cancelamento ou adiamento de pedidos, encalhe de produtos, diminuição da liquidez e no fim da linha um aumento da inadimplência. Também é verdade que em momentos assim, surgem também boas oportunidades de negócios, propiciadas pela redução da liquidez, haja vista que o crédito passa a ser

mais selecionado, conduzindo empresas a se utilizar outras formas de gerir seu fluxo de caixa, que normalmente, até por falta de informação, não utilizam. Neste momento é que nós empresários de Fomento Mercantil temos um importante desafio, apresentando-nos como uma verdadeira e moderna alternativa para apoiar as empresas a atravessar com o mínimo de problemas possíveis os efeitos da retração dos negócios, permitindo ao empresário, dedicação maior ao dia-a-dia de sua empresa. Como justificativa, identificamos que a profissionalização dos serviços contábeis na área de factoring vem passando por uma completa mudança nos últimos tempos. No final da década de 80 era comum encontrar contadores que encaravam as operações de factoring como se fossem de uma empresa mercantil qualquer, não se importando com as diferenças entre as duas atividades. Houve época em que estas empresas tiveram, para alguns, o entendimento de meramente prestadoras de serviços. O começo foi difícil, pois os trabalhos publicados sobre a atividade eram escassos e até as normas de tributação por parte da Fazenda eram totalmente inexistentes. Nesta época usava-se o método pró-rata da receita decorrente do fator de compra, até que em outubro de 1994 a Receita Federal determinou que as operações tivessem as suas receita determinada pelo valor integral apurado no mês. Logo depois se passou a tributar a diferença entre o valor nominal dos títulos e o seu valor liberado, até chegar à retenção do IOF sobre as operações de factoring. Com tantas mudanças, os contadores tiveram que se atualizar e conhecer as operações mais a fundo, não somente nos aspectos contábeis e fiscais, mais também na sua parte operacional. No passado levava-se um grande tempo para se gerar os balancetes, pois além das dificuldades de documentação, havia, em muitos casos, o desconhecimento das operações. Hoje em dia, o grande objetivo passa a ser a integração total entre as operações de factoring e a contabilidade, já que os melhores sistemas de informática que atuam neste seguimento estão com uma visão bastante voltada para a parte gerencial. Devido a este interesse, nada melhor que a contabilidade para dar este suporte gerencial, que com a conseqüente integração, vai transformar em tempo real o que no passado se levava meses para ser concluída.

Como hipótese, observamos que a atividade de fomento mercantil desempenha um papel fundamental no fortalecimento da economia nacional, especialmente no apoio à pequena e média empresa, que são as que mais empregos geram neste país e que, muitas vezes, não conseguem apoio das instituições financeiras, sobretudo em épocas de aperto como as atuais. O fomento mercantil se desenvolve pela compra (pela empresa de factoring) de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços, conjugado com assessoria creditícia, de seleção de riscos e de administração de contas a pagar, prestando às pequenas e médias empresas um serviço fundamental para que possam se dedicar à sua atividade fim. A Operação de Factoring é Complexa. O ciclo operacional do FACTORING inicia-se com a prestação de serviços, os mais variados e abrangentes, e se completa com a compra dos créditos (direitos) gerados pelas vendas mercantis que são efetuadas por suas empresas-clientes. 1º - Os serviços de suporte às suas empresas clientes constituem-se o pressuposto básico da operação de FACTORING. Serviços que normalmente presta uma empresa de FACTORING à sua clientela-alvo, a pequena e média empresa, notadamente do setor produtivo: ajuda a comprar matéria-prima, a organizar a contabilidade, a controlar o fluxo de caixa, a acompanhar suas contas a receber e a pagar, a fazer o orçamento de custos, a buscar novos clientes, a melhorar o padrão de seus produtos e a expandir as vendas. O Agente de Fomento Mercantil tem de ser o parceiro de suas empresas-clientes com elas mantendo estreito, e até diário, contato. É um profissional polivalente que deve estar preparado para dar ampla assistência às suas empresas-clientes, possibilitando-lhes alcançar o equilíbrio financeiro e permitir uma expansão segurados seus negócios Também é verdade que em momentos assim, surgem também boas oportunidades de negócios, propiciadas pela redução da liquidez, haja vista que o crédito passa a ser mais selecionado, conduzindo empresas a se utilizar outras formas de gerir seu fluxo de caixa, que normalmente, até por falta de informação, não utilizam. Neste momento é que nós empresários de Fomento Mercantil temos um importante desafio, apresentando-nos

como uma verdadeira e moderna alternativa para apoiar as empresas a atravessar com o mínimo de problemas possíveis os efeitos da retração dos negócios, permitindo ao empresário, dedicação maior ao dia-a-dia de sua empresa. O objetivo deste trabalho é mostrar que a essência do Factoring é o fomento mercantil, Fomentar, assessorar, ajudar o pequeno e médio empresário a solucionar todos os problemas do dia a dia de suas empresas. Com o factoring, a empresa obtém mais capital de giro porque recebe a vista o que vende a prazo e ajuda a reduzir custos e aumentar lucros através da otimização de seus setores de compra e venda. Factoring não se confunde com a atividade dos bancos e instituições financeiras. Não efetua débitos na conta-corrente dos seus clientes, tampouco exige reciprocidade, seja em depósitos, seja na compra de seguros ou outros produtos. Significa a compra de créditos (recebíveis) e a prestação dos mais variados serviços, visando: a expansão dos ativos dos seus clientes; o aumento das vendas; o incremento da produtividade; a redução de custos e do endividamento; a transformação do faturamento a prazo em à vista, propiciando recursos para o giro dos negócios. Como delimitação ao trabalho de uma factoring, constatamos que este é destinado exclusivamente às Pessoas Jurídicas, principalmente as pequenas e médias empresas.

SUMÁRIO Resumo 1 Capítulo I Detalhamento 2 à 4 Capítulo II Vantagens da parceria com uma factoring 5 à 7 Conclusão 8 Referências Bibliográficas 9 à 10

1 RESUMO Factoring é a prestação contínua e cumulativa de assessoria mercadológica e creditícia (seleção de riscos, gestão de créditos, acompanhamento de contas a receber e de outros serviços), conjugada com a aquisição de créditos resultantes das vendas mercantis ou prestação de serviços realizados a prazo. Em todos os aspectos o serviço de factoring é muito diferente do desconto bancário até agora disponível, sendo a solução definitiva dos problemas administrativos, financeiros e mercadológicos de numerosas e valiosas empresas de pequeno e médio porte que representam a maior parcela geradora da riqueza de nosso país. Estas empresas devem e merecem receber amplo apoio e acompanhamento desde a compra de matériaprima até a venda de seus produtos ou serviços. A empresa de factoring não faz empréstimos, ela realmente compra os títulos de créditos originários de vendas mercantis e por eles se responsabiliza.

2 Capítulo I DETALHAMENTO Relação jurídica entre duas empresas, em que uma delas entrega à outra um título de crédito, recebendo, como contraprestação, o valor constante do título, do qual se desconta certa quantia, considerada a remuneração pela transação. Uma empresa faz a venda de seus produtos a outra. O pagamento não se concretiza a vista, postergando-se para um prazo em geral de trinta ou sessenta dias. A empresa vendedora emite uma duplicata contra o comprador, que é o titulo representativo do valor devido. Em seguida a mesma empresa vendedora transfere o título a outra empresa, que é a de factoring. Além de receber de imediato o seu crédito, se libera das custas que teria se mantivesse os serviços de cobrança. Contrata-se pois com outra empresa a compra e vendo do crédito. Esse contrato tem, normalmente, a duração de um ano e contém cláusula de renovação automática. Uma vez realizado o contrato, remete-se à empresa de factoring todos os títulos que recebe pelas vendas que efetuou, podendo alguns ou todos serem recusados. Existem algumas conceituações para factoring, tais como: "O contrato de faturização ou factoring é aquele que um comerciante cede a outro os créditos, na totalidade ou em parte, de suas vendas a terceiros, recebendo o primeiro do segundo o montante desses créditos, mediante o pagamento de uma remuneração". "Pelo factoring ou faturização, uma pessoa (factor ou faturizador) recebe de outra (faturizado) a cessão de créditos oriundos de operações de compra e venda e outras de natureza comercial, assumindo o risco de sua liquidação. Incumbe-se de sua cobrança e recebimento..." Cumpre, porém, assinalar que, em havendo a cessão de títulos, mediante um valor aproximado ao que está constando nos títulos, aparece a semelhança com o desconto bancário.

3 Quanto a isto, devemos enfatizar que a pessoa que pratica o factoring, que podemos chamar de factor, proporciona uma série de serviços administrativos e financeiros a quem solicita, que podemos chamar de cliente, aceitando aquele a cessão que este lhe faz dos créditos comerciais que possui, mediante a cobrança de uma comissão. Leite, Luis Lemos (1998), a maior autoridade brasileira sobre o assunto diz que: " O factoring é uma atividade de fomento mercantil, que se destina a ajudar, sobretudo o segmento das pequenas e médias indústrias a expandir seus ativos, a aumentar suas vendas, sem fazer dívidas... Factoring é uma atividade complexa, cujo fundamento é a prestação de serviço, ampla e abrangente, que pressupõe sólidos conhecimentos de mercado, de gerência financeira, de matemática e de estratégia empresarial, para exercer suas funções de parceiros dos clientes. O sentido da parceria é essencial ao exercício efetivo do Factoring". O fomento mercantil (factoring) é um conjunto de serviços que deve ser prestado por empresa profissionalmente habilitada, especializada em praticá-lo e destina-se a ajudar pequenas e médias empresas, o seu mercado-alvo. Essas empresas costumam apresentar dificuldades para identificar e dimensionar as suas deficiências, principalmente no que tange ao acompanhamento de suas contas a receber e a pagar, controle de estoques, formação de custo e preço de seus produtos, conhecimento do mercado em que atua, atividades que, por acarretar um custo elevado, normalmente são negligenciadas, até porque, por ser pequena, a empresa não tem condições financeiras de contratar um profissional para cuidar do seu departamento administrativo e financeiro (Leite, Luis Lemos,1998). Não podemos definir como factoring qualquer tipo de operação que consista apenas na cessão ou compra de créditos senão aquela que reúna uma série de requisitos e funções a saber: relação entre a sociedade do fomento mercantil e sua empresa cliente deve ser continuada e regulada pela celebração de contrato de fomento mercantil;

4 estreitamento das relações entre a empresa vendedora (cliente) e seus compradores; aceitação do produto da empresa vendedora (cliente) no mercado e seu potencial de crescimento; acompanhamento permanente de todas as atividades de sua empresa cliente; transformação de vendas a prazo em vendas à vista com a negociação dos créditos com origem mercantil, ou seja: derivados das vendas mercantis efetuadas entre a empresa vendedora(cliente) e os seus compradores e, como conseqüência, a compra de créditos deve ser de curto prazo e com a data de vencimento conhecida.

5 Capítulo II VANTAGENS DA PARCERIA COM UMA FACTORING O fomento mercantil, praticado dentro da legalidade, pode oferecer inúmeros benefícios para a empresa cliente, cabendo destacar os seguintes A empresa recebe à vista suas vendas feitas à prazo, melhorando o fluxo de caixa para movimentar os negócios; Assessoria administrativa; Cobrança de títulos ou direitos de créditos; Agilidade e rapidez nas decisões; Intermediação entre a empresa e seu fornecedor. O Factoring possibilita a compra de matéria-prima à vista, gerando vantagens e competitividade; Análise de risco e assessoria na concessão de créditos a clientes; parceira: aconselhamento ao empresário em suas decisões importantes e estratégicas, além do apoio às suas atividades rotineiras; eliminação de seu endividamento; melhora da competitividade no ramo de negócio e racionalização dos custos, permitindo-lhe aprimorar a produção e as vendas. No plano cambiário, não se constituindo instituição financeira, a sociedade de fomento mercantil, como compradora, deve fazer a aquisição definitiva dos créditos que foram gerados pelas vendas mercantis de suas empresas clientes, sendo-lhe vedado "descontar títulos", bem como captar recursos do público e fazer intermediação de títulos públicos ou privados no mercado, atividades que são legalmente privativas de instituição financeira, autorizada a funcionar pelo Banco Central. Banco não compra créditos, ou seja, direitos oriundos de vendas mercantis nem presta os serviços não-creditícios inerentes ao fomento mercantil. Banco capta recursos do público e os empresta.

6 A sociedade de fomento mercantil presta serviços, os mais variados e abrangentes, à sua clientela - pequenas e médias empresas - e compra créditos (direitos resultantes de vendas mercantis) com recursos não coletados da poupança pública, não colocando, portanto, em risco recursos de terceiros. A cessão, a alienação ou a venda de créditos mercantis, mediante endosso pleno em preto, entre duas empresas tipifica uma autêntica venda mercantil regulada pelo Artigo 191 do Código Comercial, em que a empresa-cliente, vendendo à vista, recebe "caixa" o valor que julga ter os seus créditos, que é o preço de compra pago, à vista, pela sociedade de fomento mercantil e livremente pactuado entre as partes. Em conseqüência, a sociedade de fomento mercantil passa a ser a única e legítima credora titular desses direitos, representados pelos títulos negociados. A empresa-cliente não é mais a devedora, mas o sacado, aquele que compra produtos e mercadorias que foram vendidos pela empresa-cliente. Daí porque cessão de crédito não é operação de crédito nem assimilável ao desconto bancário. Já nas operações de crédito bancário - empréstimo ou desconto - abrigadas no direito de regresso, subsiste o vínculo da obrigação que deu origem ao crédito permitindo ao banco voltar-se contra o devedor endossante. Os bancos e as sociedades de fomento mercantil têm suas áreas de atuação delimitadas por normas legais e administrativas, com sua clientela ocupando nichos próprios do mercado que não se confundem. Entretanto, pessoas desavisadas, que ignoram os fundamentos do fomento mercantil, julgam-no concorrentes dos bancos. Na verdade, são atividades que se completam ou se complementam. Os bancos inteligentes já entenderam o que é fomento mercantil e elegeram as sociedades filiadas à ANFAC como importante filão a explorar para obter redução dos seus custos, para operar com riscos praticamente inexistentes e para alcançar excelente rentabilidade.

7 Esta é uma constatação só aferível por pessoas que efetivamente tenham vivência do mundo dos negócios e do factoring hoje praticado em 50 países. O fomento mercantil é uma atividade cujos fundamentos são regidos, basicamente, pelos princípios do direito mercantil. As 700 sociedades de fomento mercantil filiadas à ANFAC são sociedades legalmente constituídas, com sua atividade econômica definida no seu objeto social, e registradas nas Juntas Comerciais; que firmam um termo de compromisso de praticar o factoring como factoring, dentro da legalidade; que contabilizam todas as suas operações (hoje da ordem de R$1 bilhão mensal) realizadas com base no contrato de fomento mercantil celebrado com suas 50 mil empresas clientes (exclusivamente pessoas jurídicas); que pagam regularmente todos os seus impostos (IR, CSLL, COFINS, PIS, INSS, CPMF e ISS); que contribuem para o incremento das atividades produtivas; que concorrem para melhorar a liquidez do sistema econômico e que inibem a desintermediação financeira. O fomento mercantil deve ser encarado como mecanismo de suporte ao segmento da pequena e média empresa e não como alternativa para mascarar negócios legalmente privativos de instituição financeira ou para justificar sofisticados planejamentos tributários ou outros tipos de negócios pouco lícitos acobertados com a "placa" de factoring.

8 CONCLUSÃO É claro observar que na definição legal de factoring, dada pela lei tributária 8981/95, art.28, parágrafo 1, alínea c.4, em nenhum momento inclui ela, entre as atividades legalmente possíveis de serem exercidas pela empresa mercantil de factoring, o empréstimo. E como bem diz a lei, incorrerá em ilícito administrativo e criminal aquela empresa que não observar o disposto na referida lei. De nenhuma forma, também, vale o argumento de que o financiamento ( adiantamento) feito pela faturizadora se confunde com um empréstimo de dinheiro. Na realidade o que a faturizadora tem direito a fazer é, como a própria lei tributária diz, realizar um ato de compra de direitos creditórios, em que comprará do faturizado, crédito previamente constituído contra terceiro. Não há, aí, direito de realizar um empréstimo, mas, exclusivamente, de compra de direitos creditórios. Vale ressaltar que tal limitação de atividades, feita pela lei, se dirige apenas àquelas empresas de factoring que não são instituições bancárias, pois estas, pela sua própria natureza, têm a plena liberdade de, além de realizar a atividade faturizadora, realizar todas as demais atividades que lhe são privativas, entre elas o empréstimo de dinheiro, de acordo com a Lei Federal n. 4595/64, artigo 17. A Empresa de Factoring não é uma instituição bancária ou financeira, mas simplesmente uma empresa mercantil voltada para o fim da faturização. Como é empresa de natureza não bancária, deve se ater aos limites legais, impostos pela lei tributária 8981/95, o que significa dizer que poderá realizar, legalmente, apenas aquelas atividades inseridas na conceituação legal de factoring, onde, dentre elas, não figura o empréstimo de dinheiro.

9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS: CIRCULAR BC 1.359/88 ART 26 1?, ALINEA C 4 LEI 6.981/95, RATIFICADA PELA RES.CMN2.144/95, PELO ART. 15 DA LEI 9.249/95, PELO ART. 58 DA LEI 9.430/96 E PELO ART. 58 DA LEI 9.532/97 PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS/ ART.1.215-C.CIVIL COMPRA E VENDA MERCANTIL-ART. 191 A 220 C. COMERCIAL CESSÃO DE DIREITOS 1.065 A 1.079 C. CIVIL VENDAS MERCANTIS LEI 5.474/68 E DL.167/67 DECRETO Nº 57.663, DE 24.01.1966 ATO DECLARATÓRIO SRF 51/94 CIRCULAR BC 2.715/96 LEI 4.595/64 DEC. 22.626/33 ARTS. 17,18 E 44 CP ART. 160 LEI 7.492/86 LEI 1.521/51 MP 1.820/99 CÓDIGO CIVIL - ARTIGO 1.216 - CÓDIGO COMERCIAL- ARTIGOS 191 A 220 ARTIGOS 1.065 A 1.078 DO CÓDIGO CIVIL DECRETO 57.663/66

10 LEI 5.474/68 ATO DECLARATÓRIO Nº 51, DE 28.09.94, DA RECEITA FEDERAL CIRCULAR- BC Nº 2.715, DE 28.08.96 RESOLUÇÃO- CMN Nº 2.118/94 E CIRCULAR BC- Nº 2511/9