Nota Técnica de pesquisa. Por Dra. Annete Bonnet, Dr. Gustavo Ribas Curcio, Dr. Alexandre Uhlmann

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Transcrição:

Avaliação do desenvolvimento de espécies arbóreas nativas da Mata Atlântica Nota Técnica de pesquisa Por Dra. Annete Bonnet, Dr. Gustavo Ribas Curcio, Dr. Alexandre Uhlmann Nas datas de 7 a 9 de maio de 2014, no município de Sooretama ES, fazenda São Marcos, sede do Projeto Biomas Mata Atlântica, foi avaliado o desenvolvimento de diversas espécies arbóreas nativas. Os indivíduos mensurados estão com seis meses de idade e pertencem a um subprojeto de pesquisa feito especificamente para reconstituição de Área de Reserva Legal para as propriedades rurais da região. A pesquisa envolve o uso de 16 espécies, das quais duas fruteiras Eugenia brasiliensis (grumixama-da-mata), Eugenia uniflora (pitanga); duas para lenha Protium heptaphyllum (breu-vermelho) e Tapirira guianensis (cupuba); duas para mourão Handroanthus heptaphyllus (ipê-roxo) e Andira fraxinifolia (angelim-coco), bem como uma espécie para produção de pimenta-rosa (Schinus terebinthifolius). A parte central do experimento, em coerência ao endereçamento para Reserva Legal, foi concebida para reconstruir espaço de floresta nativa e se utiliza das seguintes espécies: Jacaranda puberula (caroba), Byrsonima sericea (murici-do-brejo), Pseudobombax grandiflorum (paineira-rosa), Simarouba amara (caxeta), Cecropia pachystachya (embaúba), Myrsine guianensis (chumbito), Guapira opposita (joão-mole), Inga laurina (ingá-amarelo) e Gomidesia martiana (baringa-da-mussunga). Neste experimento, com o objetivo de determinar para os produtores rurais os melhores rendimentos sociais e econômicos, as espécies foram plantadas com diferentes espaçamentos e distintos níveis de adubação. Deve ser ressaltado que, por tratar-se de um modelo indicado para reconstrução de Reserva Legal, várias destas espécies cumprem um papel ambiental. As espécies encontram-se plantadas em solo de textura arenosa, altamente permeável e com pequeno potencial filtro, ou seja, baixo potencial para produção intensiva.

Espodossolo Humilúvico Órtico dúrico Durante a avaliação do experimento, de forma preliminar, foi possível observar alguns fatos importantes que merecem ser repassados aos produtores e técnicos, antes mesmo de análise mais acurada dos registros. As taxas de mortalidade do breu vermelho (espécie plantada para lenha) foram muito baixas, inferiores às de sua parceira cupuba. Protium heptaphyllum

Deve-se ter em conta que logo após o plantio (outubro de 2013) o solo atingiu elevado grau de saturação hídrica, permanecendo por longos períodos de tempo. Vale ressaltar que o horizonte B espódico na área experimental encontra-se, em média, a 50-60 cm de profundidade, facilitando a presença da lâmina de água na superfície do solo. Quanto às espécies plantadas para madeira roliça (ipê roxo e angelim-coco), ambas obtiveram baixas taxas de mortalidade, denotando alguma tolerância à saturação hídrica. Handroanthus heptaphyllu Andira fraxinifolia

De modo geral, pode-se afirmar que o crescimento das quatro espécies citadas foi bom, tendo em conta o elevado grau de dessaturação por bases do Espodossolo, sobretudo, o longo período de saturação hídrica logo após o plantio. A aroeira, por sua vez, apresentou médio desenvolvimento, fato já esperado para Espodossolo. Schinus terebinthifolius Em outros experimentos, nesta mesma fazenda, porém em solos de textura média e argilosa (Argissolo e Latossolo Amarelo), foi possível visualizar taxas de desenvolvimento bem mais elevadas. No entanto, a espécie apresentou pequeno grau de mortalidade. Para as fruteiras, registaram-se baixas taxas de desenvolvimento, conforme esperado, pois ambas pertencem à família Myrtaceae. Eugenia uniflora

Eugenia brasiliensis Para as espécies plantadas para recomposição da vegetação nativa (Mussununga), serão necessárias análises mais acuradas e um período maior de tempo para que se possa melhor visualizar os distintos comportamentos.