Bioestratigrafia e Eventos Paleoclimáticos do Talude Continental Inferior Localizado em Frente à Praia do Forte, Bahia, Brasil

Documentos relacionados
ANÁLISE MULTIVARIADA DE FORAMINÍFEROS NA SUBSUPERFICIE DO TALUDE CONTINENTAL INFERIOR DO ESTADO DA BAHIA

TAFONOMIA DE FORAMINÍFEROS NA SUBSUPERFICIE DO TALUDE CONTINENTAL INFERIOR DO ESTADO DA BAHIA Tânia Maria Fonseca Araújo 1 ; Bruno Ribeiro Pianna 2

CORRELAÇÃO BIOESTRATIGRÁFICA DE DOIS TESTEMUNHOS A PISTÃO DO TALUDE CONTINENTAL DA BACIA DE CAMPOS, RJ: RESULTADOS PRELIMINARES

O LIMITE PLEISTOCENO/HOLOCENO NO CAMPO MARLIM LESTE DA BACIA DE CAMPOS-RJ, COM BASE NA BIOESTRATIGRAFIA DE FORAMINÍFEROS PLANCTÔNICOS

BIOESTRATIGRAFIA DO INTERVALO PLEISTOCENO FINAL HOLOCENO NA PORÇÃO SUL DA BACIA DE SANTOS, COM BASE EM FORAMINÍFEROS PLANCTÔNICOS

BIOESTRATIGRAFIA BASEADA EM FORAMINÍFEROS DO SOPÉ CONTINENTAL DO LITORAL NORTE DO ESTADO DA BAHIA, BRASIL RESUMO

Araújo T.M.F. 1 & Machado A.J. 1 RESUMO

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FORAMINÍFEROS PLANCTÔNICOS E SEDIMENTOLOGIA DE CABO FRIO-RJ NOS ÚLTIMOS 13

ZONEAMENTO PALEOCLIMÁTICO DO QUATERNÁRIO DA BACIA DE SANTOS COM BASE EM FORAMINÍFEROS PLANCTÔNICOS

ZONEAMENTO BIOESTRATIGRÁFICO E

Fundação Ceciliano Abel de Almeida 2 PETROBRAS

ALTERAÇÕES NA DIREÇÃO DE ENROLAMENTO DE GLOBIGERINA BULLOIDES DURANTE O HOLOCENO NA REGIÃO DE CABO FRIO-RJ

RESPOSTA DAS ASSOCIAÇÕES DE FORAMINÍFEROS PLANCTÔNICOS ÀS VARIAÇÕES NA CIRCULAÇÃO OCEÂNICA, NO EMBAIAMENTO DE SÃO PAULO, ATLÂNTICO SUDOESTE.

RESUMO. Palavras-chave: Foraminíferos; Plataforma; Talude; Bacia de Pelotas. ABSTRACT

RODRIGO DA COSTA PORTILHO RAMOS

2. MATERIAL E MÉTODOS

Análise de agrupamento dos dados sedimentológicos da plataforma e talude continentais da Bahia

VARIABILIDADE DA RESSURGÊNCIA DE CABO FRIO AO LONGO DO HOLOCENO COM BASE NAS ASSOCIAÇÕES DE FORAMINÍFEROS PLANCTÔNICOS

RELAÇÃO ENTRE ALTERAÇÕES NA HIDRODINÂMICA E A MICROFAUNA DE FORAMINÍFEROS DO ESTUÁRIO DO RIO CARAVELAS, BAHIA.

A SEQÜÊNCIA HOLOCÊNICA DA PLATAFORMA CONTINENTAL CENTRAL DO ESTADO DA BAHIA (COSTA DO CACAU)

Gelo e Mudanças. Aluna: Luciane Sato

Universidade Guarulhos- Laboratório de Palinologia e Paleobotânica. Mestrado em Análise Geoambiental. Guarulhos, SP, Brasil.

Foraminíferos. Rua Caetano Moura, 123, , Salvador, Bahia.

GEOMORFOLOGIA DO QUATERNÁRIO

Depto.Oceanografia Física, Química e Geológica, Instituto Oceanográfico-IOUSP 2

ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO VERTICAL DE FORAMINÍFEROS E SEDIMENTOS DA PLATAFORMA CONTINENTAL AO SUL DO PARCEL DAS PAREDES, BAHIA, BRASIL.

45 mm SEDIMENTOS BIODETRITICOS DA PLATAFORMA CONTINENTAL SUL DE ALAGOAS

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE FURG INSTITUTO DE OCEANOGRAFIA PROGRAMA

3. Área de Estudo Localização da Área de Estudo

OCORRÊNCIA DE FORAMINIFERA (PROTOCTISTA, GRANULORETICULOSA) NA PRAIA DE ITAGUÁ, UBATUBA, SP. Ana Paula Barros de Jesus, Paulo Sergio de Sena

Isabella Lopes Antunes

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL INTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

1. INTRODUÇÃO 1.1 Considerações Iniciais

BIOCENOSE E TAFOCENOSE DE FORAMINÍFEROS BENTÔNICOS NA BAÍA DE GUANABARA - RJ.

Importância dos oceanos

DISTRIBUIÇÃO DO CAMPO DE TEMPERATURA DO AR SOBRE O OCEANO ATLÂNTICO ADJACENTE À COSTA SUDESTE DO BRASIL

Caracterização paleoceanográfica de um testemunho da Bacia de Santos com base em foraminíferos planctônicos durante o Holoceno

Fernanda de Assis Peixoto

SEDIMENTOS MARINHOS TERRÍGENOS BIOGÊNICOS AUTIGÊNICOS COSMOGÊNICOS VULCANOGÊNICOS

Dedico as minhas orientadoras Tânia e Altair, aos meus pais Edison e Dolores e ao meu marido Guilherme pelo apoio em todos os aspectos ao longo deste

Palavras-chave: hidrodinâmica de fundo; oscilações da AMOC; deposição de sedimentos; sortable silt

Rua Agostinho Barbalho, nº 77, ap 503, bl 2, Madureira, Rio de Janeiro RJ. cep

Geologia para Ciências Biológicas

GEOLOGIA GERAL CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

Geo Paleontologia II Revisão Área 1 Micropaleontologia

OSCILAÇÕES DE TEMPERATURA DO ATLÂNTICO TROPICAL OESTE PARA OS ÚLTIMOS ANOS COM BASE NA TÉCNICA DO ANÁLOGO MODERNO

PALEOTEMPERATURA E PALEOSSALINIDADE NO OESTE DO ATLÂNTICO SUL SUBTROPICAL DURANTE OS ÚLTIMOS 53KA

INFLUÊNCIA DE ANO DE LA NINÃ (1996), EL NINÕ (1997) EM COMPARAÇÃO COM A PRECIPITAÇÃO NA MUDANÇA DE PRESSÃO ATMOSFÉRICA NO MUNICIPIO DE TERESINA PIAUÍ

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS

INFORMATIVO CLIMÁTICO

Escopo do Grupo de Trabalho 1 Base Científica das Mudanças Climáticas

CONHECIMENTO DA MICROBIOTA BENTÔNICA PRESENTE NOS SEDIMENTOS DE FUNDO NA LAGOA RODRIGO DE FREITAS, RJ

PROCESSOS OCEÂNICOS E A FISIOGRAFIA DOS FUNDOS MARINHOS

RELAÇÃO DA TEMPERATURA DA SUPERFÍCIE DOS OCEANOS PACÍFICO E ATLANTICO TROPICAIS E A PRECIPITAÇÃO NA MICRORREGIÃO DE PETROLINA (SERTÃO PERNAMBUCANO)

3 Caracterização do Sítio Experimental

EL NIÑO E LA NIÑA. Prof. Maicon Fiegenbaum

FISB24 Introdução à Oceanografia Física Descritiva. Mauro Cirano

XIX CONGRESSO DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UFLA 27 de setembro a 01 de outubro de 2010

RELAÇÃO DA ZONA DE CONVERGÊNCIA SECUNDÁRIA DO ATLÂNTICO SUL SOBRE A OCORRÊNCIA DE SISTEMAS FRONTAIS AUSTRAIS ATUANTES NO BRASIL

Análise do aquecimento anômalo sobre a América do sul no verão 2009/2010

45 mm PALEOQUEIMADAS NO HOLOCENO DA REGIÃO DE CABO FRIO, RJ

Anuário do Instituto de Geociências - UFRJ

45 mm ESTIMATIVAS DE TEMPERATURA E SALINIDADE DA SUPERFÍCIE DO MAR PARA OS ÚLTIMOS ANOS NA MARGEM CONTINENTAL NORDESTE DO BRASIL

Estudos Ecológicos Comparativos de Foraminíferos Bentônicos Provenientes de Cinco Testemunhos da Baía de Guanabara, RJ.

MODELO DE IDADE COM 230 Th E 234 U E INFLUÊNCIA DE CICLOS ORBITAIS EM UM TESTEMUNHO MARINHO QUATERNÁRIO

Rampa. Plataforma protegida. (In Törnqvist, 2006) Ambientes Sedimenatres, A. Azerêdo, FCUL

PROCESSOS DE MISTURA NA REGIÃO COSTEIRA

1. Considere os climogramas e o mapa a seguir.

Variações Granulométricas durante a Progradação da Barreira Costeira Holocênica no Trecho Atlântida Sul Rondinha Nova, RS

é a herança para os nossos filhos e netos com a sua atmosfera rica em oxigénio, permite-nos respirar com a camada de ozono, protege-nos das radiações

SER340 - Sensoriamento Remoto dos Oceanos Ensaio Teórico: Dinâmica dos Oceanos

VARIABILIDADE CLIMÁTICA DA TEMPERATURA NO ESTADO DE SÃO PAULO. Amanda Sabatini Dufek 1 & Tércio Ambrizzi 2

PALEOCLIMATOLOGIA DA AMÉRICA DO SUL E REGIÃO OCEÂNICA ADJACENTE DURANTE O MÉDIO HOLOCENO

OSTRACODES NEOQUATERNÁRIOS BATIAIS DA BACIA DE SANTOS: TAXONOMIA, PALEOECOLOGIA, ELEMENTOS TRAÇO E ISÓTOPOS ESTÁVEIS

RELAÇÃO DA TEMPERATURA DA SUPERFÍCIE DOS OCEANOS PACÍFICO E ATLANTICO TROPICAIS E A PRECIPITAÇÃO NA MICRORREGIÃO DE ARARIPINA (SERTÃO PERNAMBUCANO)

A INFLUÊNCIA DE ALGUMAS VARIÁVEIS ATMOSFÉRICAS A EXTREMOS DE PRODUTIVIDADE DE TRIGO NO RIO GRANDE DO SUL.

SÍNTESE DA EVOLUÇÃO GEOLÓGICA CENOZÓICA DA BAÍA DE SEPETIBA E RESTINGA DE MARAMBAIA, SUL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

GEOLOGIA COSTEIRA DA ILHA DE SÃO FRANCISCO DO SUL/SC COASTAL GEOLOGY OF THE SÃO FRANCISCO DO SUL/SC ISLAND.

SUMÁRIO CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO CAPÍTULO 2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA... 27

CEC- Centro Educacional Cianorte ELEMENTOS CLIMÁTICOS

6º CONGRESSO BRASILEIRO DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO EM PETRÓLEO E GÁS

Evidências da ocorrência da Água Central do Atlântico Sul na Baía de. Relação do fenômeno com a ressurgência de Cabo Frio

é a herança para os nossos filhos e netos com a sua atmosfera rica em oxigénio, permite-nos respirar com a camada de ozono, protege-nos das radiações

DETERMINAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO GEOQUÍMICA DE ELEMENTOS EM ROCHAS DA BACIA SEDIMENTAR DO GANDARELA

RELAÇÕES ESPACIAIS E MORFOSSEDIMENTARES DOS FORAMINÍFEROS NO SUBSISTEMA SUL DA LAGOA DA CONCEIÇÃO, FLORIANÓPOLIS-SC.

ESTUDO OBSERVACIONAL DA VARIABILIDADE DA TEMPERATURA MÁXIMA DO AR EM CARUARU-PE.

Rua São Francisco Xavier, 524, Sala 4001-A, Maracanã, Rio de Janeiro, CEP Telefax: (0xx21)

ISÓTOPOS DE OXIGÊNIO EM FORAMINÍFEROS BENTÔNICOS: CRITÉRIOS PARA SELEÇÃO DAS AMOSTRAS DO HOLOCENO E DO ÚLTIMO MÁXIMO GLACIAL

CARACTERÍSTICAS, FORMAÇÃO, ENRIQUECIMENTO METÁLICO E OCORRÊNCIA

Determinação das Propriedades Geotécnicas dos Sedimentos Eólicos da Cidade de Natal-RN

INFORMATIVO CLIMÁTICO

HORTÊNCIA ALMEIDA PIRES

II ESTRATIFICAÇÃO TÉRMICA EM LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO: INFLUÊNCIA DA SAZONALIDADE NO FENÔMENO

Dinâmica Atmosférica

Relação entre a precipitação pluvial no Rio Grande do Sul e a Temperatura da Superfície do Mar do Oceano Atlântico

LISTA DE FIGURAS Figura 1. Área de estudo constituída pelo lago Jaitêua e sua réplica, o lago São Lourenço, Manacapuru, Amazonas, Brasil...

DISTRIBUIÇÃO GRANULOMÉTRICA AO LONGO DO RIO CACERIBU, ITABORAÍ/RJ

INFORMATIVO CLIMÁTICO

Transcrição:

ISSN 1678-5975 Dezembro - 2011 V. 9 nº 1 25-40 Porto Alegre Bioestratigrafia e Eventos Paleoclimáticos do Talude Continental Inferior Localizado em Frente à Praia do Forte, Bahia, Brasil Pianna, B.R. 1 ; Araújo, T.M.F. 1 & Machado, A.J. 1 1 Universidade Federal da Bahia, Instituto de Geociências, Grupo de Estudo de Foraminíferos. Rua Caetano Moura, 123, 40210-340, Salvador, Bahia (pianna.oceano@gmail.com). RESUMO Este trabalho tem o objetivo de expandir o conhecimento científico sobre os eventos paleoecológicos e paleoclimáticos ocorridos na margem continental do Estado da Bahia, durante o período Quaternário, baseado nos estudos dos foraminíferos planctônicos. A microfauna de foraminíferos planctônicos foi analisada em treze amostras de sedimentos retiradas de um testemunho, com 1,40 m de comprimento, coletado no talude continental. Foram isoladas 3.900 espécimes, pertencentes a 31 taxa, representadas principalmente pelas espécies: Globigerinoides trilobus, Globigerinoides ruber, Globigerinoides elongatus e Globigerina bulloides. Os índices de diversidade e riqueza encontrados foram igualmente altos. O padrão de distribuição e as variações na abundância da espécie Groborotalia truncatulinoides e do plexo G. menardii ao longo do testemunho determina conotações bioestratigráficas, possivelmente correspondentes a biozonas internacionais do Quaternário, sugerindo variações eustáticas do nível relativo do mar, que é relacionado a eventos climáticos globais durante este Período. Dessa forma, o intervalo sedimentar relativo ao estágio interglacial (Holoceno), mostra maior abundância de formas características de águas quentes (plexo G. menardii), enquanto o intervalo relacionado ao estágio glacial (Pleistoceno) apresenta maior abundância de formas características de águas frias (G. truncatulinoides). ABSTRACT This work has the objective of expand the scientific knowledge about the paleoecological and paleoclimatic events occurred in the continental margin of Bahia, during the Quaternary Period, based on studies about planktonic foraminifers. The planktonic foraminifers microfauna was analysed in 13 samples of sediment core, with 1,40 m length, collected in the continental slope. 3.900 specimens from 31 taxa were isolated, represented mainly by the species: Globigerinoides trilobus, Globigerinoides ruber, Globigerinoides elongatus e Globigerina bulloides. Diversity, richness and evenness indices were high. Distribution patterns and abundance variations from the specie Globorotalia truncatulinoides, from G. menardii complex along the core assigned biostratigraphic connotations, possibly corresponding to international biozones from Quaternary, suggesting eustatic variations from the relative level of the sea, wich is related to the global climatic events during this Period. Thus, the sedimental interval related to interglacial stage (Holocene), showed greater abundance of particulars forms from hot waters (G. menardii complex), while the interval related to glacial stage (Pleistocene) presented greater abundance of particulars forms from cold waters (G. truncatulinoides). Palavras chave: Foraminíferos planctônicos, Bioestratigrafia, Quaternário.

26 Bioestratigrafia e Eventos Paleoclimáticos do Talude Continental Inferior Localizado em Frente a Praia do Forte, Bahia, Brasil INTRODUÇÃO Foraminíferos são organismos unicelulares classificados sistematicamente como Reino Protoctista, Filo Granuloreticulosa, Classe Foraminiferida (Sen Gupta, 1999). Apresentam testas de composição orgânica, calcária, silicosa ou aglutinante cujo formato varia de acordo com o seu hábito (Corliss & Fois, 1990; Boltovskoy et al., 1991). São utilizados para análises oceanográficas, bioestratigráficas e interpretações ambientais e paleoambientais, devido à abundância nos sedimentos, excepcional forma de preservação, ampla distribuição geográfica e batimétrica, alta diversidade e principalmente sensibilidade às variações das condições ambientais (temperatura, profundidade, salinidade, caráter do fundo, luminosidade, turbidez da água, ph, e outros). Os fatores ecológicos além de influenciarem na distribuição geográfica dos foraminíferos também influenciam na morfologia e na mudança do tamanho e espessura das suas testas (Loeblich & Tappan, 1988; Jorissen, 1999; Samir & El-Din, 2001). As espécies planctônicas são especialmente eficientes na determinação de idade e na correlação de estratos, sendo aplicáveis em amplas distâncias e permitindo correlações em escala intercontinental (Bolli & Saunders, 1985). Estudos com base em foraminíferos planctônicos resultam na obtenção de dados a respeito das variações do nível médio do mar, que ocorreram em períodos glaciais e interglaciais. Assim, são comuns trabalhos que utilizam esses organismos para realização de subzoneamento do Quaternário (2,588 milhões de anos) (Vicalvi, 1997). A aplicação bem sucedida dos foraminíferos planctônicos à análise bioestratigráfica se deve ao seu rápido desenvolvimento evolutivo, que torna possível a separação de estratos com duração de menos de um milhão de anos, e de poucos centímetros de espessura (Boltovskoy, 1973). No intervalo Pleistoceno-Holoceno o biozoneamento reflete oscilações climáticas considerando flutuações regionais de taxa altamente sensíveis às variações ambientais, principalmente à temperatura das águas superficiais. Ericson & Wollin (1968), propõem uma subdivisão para o período Quaternário, em Zona Z e Zona Y referentes aos intervalos pósglacial pertencente ao Holoceno, e glacial pertencente ao Pleistoceno, respectivamente, com base nas variações de ausência e presença do plexo Globorotalia menardii e da espécie Globorotalia trucatulinoides. Vilcalvi (1999) propõe maior subdivisão das Zonas Z e Y através de registros de periódicos desaparecimentos e reaparecimentos do plexo Pulleniatina, do plexo Globorotalia menardii e da espécie Globorotalia inflata, estabelecendo assim 18 subzonas (Z1, Z2, Y1 a Y5 e X1 a X11). Através do biozoneamento das espécies de foraminíferos planctônicas indicadora de águas quentes e frias é possível estimar a idade relativa dos principais eventos climáticos nos últimos 150.000 anos, aprimorar a correlação de camadas entre testemunhos e calcular taxa de sedimentação mais precisa. Assim, esse trabalho tem como objetivo reconhecer a distribuição de foraminíferos planctônicos na subsuperfície do talude continental defronte da Praia do Forte visando analisar a bioestratigrafia, determinar o intervalo Pleistoceno-Holoceno e fornecer dados para a reconstituição dos eventos paleoclimáticos que ocorreram durante o Quaternário no Estado da Bahia. ÁREA DE ESTUDO O testemunho SIS-288 foi coletado no talude continental da costa norte do Estado da Bahia, a 26 km da linha de costa, em profundidade de 1500 m e coordenadas geográficas 12º41 27 S e 37º51 57 W, (Fig. 1). A plataforma continental ao norte do Estado da Bahia apresenta aproximadamente 20 km de largura. A borda da plataforma está localizada entre as isóbatas de 60 e 80 m a uma distância de aproximadamente 18 km da linha de costa. O talude continental apresenta largura média entre 80 e 100 km com declive variando entre 1º e 28º. A parte superior do talude mostra forte declividade no intervalo de 400 a 800 m (Leão & Brichta, 1996).

Pianna et al. 27 Figura 1. Mapa de localização da área de estudo e da estação de coleta do testemunho SIS-288. METODOLOGIA O testemunho SIS-288 foi coletado para Agência Nacional do Petróleo (ANP) através de testemunhador a pistão Câmara. O tubo de PVC contendo o testemunho de sedimentos, com 1,40 m de comprimento e 7 cm de diâmetro, foi cortado verticalmente, em dois semi-cilindros, sem atingir o sedimento. Foi realizada a descrição macroscópica do sedimento levando-se em consideração as estruturas sedimentares e as variações de granulometria e coloração. Para determinar a cor do sedimento utilizou-se a Rock-Color Chart da Geological Society of America. O sedimento contido no testemunho foi seccionado transversalmente, com uma lâmina, em intervalos de 10 cm para retirada de treze amostras de 2 cm 3. As amostras foram pesadas, lavadas em água corrente em peneira com espaçamento de malha 0,062 mm, para não ocorrer perdas de testas. Posteriormente as amostras foram secadas em estufa à temperatura máxima de 45ºC e pesadas novamente para calcular a fração de silte e argila. As amostras secas foram quarteadas, em 1 cm 3, e foram triadas as trezentas primeiras testas inteiras de foraminíferos planctônicos de cada amostra para a identificação das espécies. A classificação sistemática genérica dos planctônicos foi baseada em Loeblich & Tappan (1988), a específica de acordo Sen Gupta (1999) e com diversas publicações recentes. Dentre as referências utilizadas podem ser citadas: Murray (1995), Vilela (1993), Andrade (1997), Bonetti (2000), Barbosa (2002), Nascimento (2003), Araújo (2004) e Moraes (2006). Foram calculados através do software Past, versão 1.91 (Hammer et al., 2001) os seguintes índices estatísticos: Índice de Riqueza de espécies (R): onde foi utilizado o índice de Margalef (1958); Diversidade de Shannon Wiener (Shannon, 1948) (H ); Índice de Equitatividade (J): onde foi utilizado o índice de Pielou (1969); Frequência de Ocorrência (FO%): segundo Ab Saber et al. (1997) e Abundância relativa (AR%). RESULTADOS O testemunho SIS-288 apresenta em toda sua extensão composição predominantemente lamosa, variando de 99,1% (amostra 10) a 94,7% (amostra 3). Ao longo do testemunho não foram observadas estruturas sedimentares visíveis macroscopicamente. Da base até 1,05 m o sedimento apresenta cor cinza esverdeada (5G4/1) e a partir de 1,05 m até 0,75 m ocorre a cor cinza esverdeada escura (5GY4/1). Entre 0,75 e 0,68 m observa-se a cor cinza esverdeada (5G6/1) com estruturas irregulares cinza oliva claro (5Y6/1) passando entre 0,68 m e 0,40 m para cinza oliva (5Y4/1). A partir de 0,40 m até o topo o sedimento apresenta as cores cinza oliva (5Y4/1) e amarelo fosco (5Y6/4) em cada metade longitudinal do testemunho (Fig. 2).

28 Bioestratigrafia e Eventos Paleoclimáticos do Talude Continental Inferior Localizado em Frente a Praia do Forte, Bahia, Brasil Figura 2. Coloração do sedimento ao longo do testemunho SIS-288. Nas 13 amostras do testemunho, foram selecionadas 3.900 testas de foraminíferos planctônicos. Segundo os cálculos da frequência de ocorrência, 22 espécies (70,97%) estão presentes em mais de 50% das amostras e são classificadas como constantes, 2 espécies (6,45%) aparecem entre 25 a 50% das amostras, sendo classificados como acessórias e 7 espécies (22,58%) ocorrem em menos de 25% das amostras e são classificados como acidentais. A partir das 31 espécies identificadas foi calculada a abundância relativa, onde 4 espécies foram classificadas como principais (12,90%): Globigerinoides trilobus (37,46%), Globigerinoides ruber (15%), Globigerinoides elongatus (13,51%) e Globigerina bulloides (10,62%) (Fig. 3); oito espécies como acessórias (25,81%): Globorotalia truncatulinoides (4,49%), Globigerinoides saculifer (2,26%), Globigerinoides conglobatus (2,08%), Globorotalia menardii (2,08%), Globigerinella aequilateralis (1,79%), Globigerinoides ruber f. pyramidalis (1,38%), Candeina nitida (1,31%) e Globigerina dutertrei (1,26%) (Fig. 4); e 19 espécies como traços (61,29%) (Tabela I).

Pianna et al. 29 Figura 3. Abundância relativa das espécies principais ao longo do testemunho SIS-288. Figura 4. Abundância relativa das espécies acessórias ao longo do testemunho SIS-288. Observa-se o maior número de espécies na amostra 1 (0,10 m) com 25 espécies e o menor número de espécies nas amostras 7 (0,70 m), 8 (0,80 m) e 12 (1,20 m) com 17 espécies. A distribuição completa encontra-se na Tabela I.

30 Bioestratigrafia e Eventos Paleoclimáticos do Talude Continental Inferior Localizado em Frente a Praia do Forte, Bahia, Brasil Tabela I: Abundância relativa das espécies de foraminíferos ao longo do testemunho SIS-288. Prof. Am = Profundidade da amostra na seção do testemunho, AR = Abundância relativa.

Pianna et al. 31 O índice de riqueza varia da seguinte forma: o maior valor foi verificado na amostra 1 (0,10 m) com R=4,21 e o menor valor nas amostras 7 (0,70 m), 8 (0,80 m) e 12 (1,20 m) com R=2,81. A amostra 1 (0,10 m) também foi a que apresentou o maior índice de diversidade H=2,36 e o menor índice foi observado na amostra 7 (0,70 m) com H=1,73. O índice de equitatividade apresenta o maior valor nas amostras 2 (0,20 m) e 3 (0,30 m) com J=0,74 e o menor valor na amostra 7 (0,70 m) com J=0,61. A relação completa destes índices encontra-se na Figura 5 e na Tabela II. Tabela II: Dados sobre número de espécies (NE), Índices de Diversidade (H ), riqueza (R) e equitatividade (J) ao longo de testemunho SIS-288. Prof. Am = Profundidade da amostra na seção do testemunho. Figura 5. Índice de Diversidade (H ), riqueza (R) e equitatividade (J) ao longo de testemunho SIS-288.

32 Bioestratigrafia e Eventos Paleoclimáticos do Talude Continental Inferior Localizado em Frente a Praia do Forte, Bahia, Brasil Espécies pertencentes ao Holoceno e Pleistoceno, utilizadas no zoneamento bioestratigráfico realizado por Vicalvi (1999) e por Ericson & Wollin (1968), foram encontradas no testemunho SIS-288. A espécie Globigerinoides ruber é indicadora de massas de águas quentes, sendo característica da Corrente do Brasil (Boltovskoy, 1959). As amostras que apresentam maior abundância desta espécie são: amostra 2 (20,67%); amostras 3 e 4 (21,67%). As espécies Globorotalia menardii, Globorotalia menardii f. fimbriata, Globorotalia menardii f. tumida e Globorotalia menardii f. ungulata, individualmente, são menos abundantes nas amostras analisadas. Por isso, para confecção de tabelas e gráficos, optou-se pela reunião de todas as formas no plexo Globorotalia menardii de acordo com a metodologia utilizada por Vicalvi (1997). Essas espécies são indicadoras de massas de águas quentes (Ericson & Wollin, 1968; Vicalvi & Palma, 1980), características da Corrente do Brasil (Boltovskoy, 1959). O plexo Globorotalia menardii apresenta a seguinte abundância relativa ao longo do testemunho SIS-288, em ordem decrescente: amostra 1 (15,00%); amostra 2 (13,00%); amostra 3 (5,33%); amostra 6 (3,00%); amostra 7 (2,33); amostra 4 (2,00%); amostra 5 (1,33%); amostra 11 (0,67%); amostras 13, 12, 10 (0,33%) e na amostra 9 está ausente (Fig. 6 A). O aumento da abundância do plexo G. menardii e da espécie G. ruber representa o intervalo de tempo interglacial (Holoceno) (Ericson & Wollin, 1968). A Globigerina bulloides é indicadora de ressurgência ou de águas frias e ricas em nutrientes, sendo característica da Corrente das Malvinas (Murray, 1995; Debenay & Redois, 1997). As amostras 3 (17,00%), 5 (16,67%) e 7 (18%) apresentam os maiores valores de abundância relativa. Contudo, a partir da amostra 8 há um decréscimo acentuado da abundância dessa espécie até a base do testemunho (7 a 6,33%). Ao longo do testemunho observa-se abundância relativa maior que a espécie G. ruber apenas nas amostras 5 (16,67%) e amostra 7 (18%). A espécie Globorotalia truncatulinoides quando apresenta alta abundância indica águas frias (Vicalvi & Palma, 1980), caracteriza a massa de água da Corrente das Malvinas, e quando apresente aumento na frequência de formas com enrolamento sinistral indica clima frio (Ericsson & Wollin, 1968). Globorotalia truncatulinoides apresenta a seguinte distribuição ao longo do testemunho, em ordem decrescente: amostra 11 (9,67%); amostra 4 (9,00%); amostra 10 (8,67%); amostra 9 (7,00%); amostra 8 (5,00%); amostra 12 (4,33%); amostra 3 (4,00%); amostras 6 e 5 (3,00%); amostra 7 (1,00%); amostra 1 (0,33%) e na amostra 2 está ausente (Fig. 6 A). O aumento na abundância das espécies Globigerina bulloides e Globorotalia truncatulinoides em intervalos deposicionais no testemunho denotam características glaciais do Pleistoceno (Ericson & Wollin, 1968). O significado paleoambiental dessas espécies bioindicadoras está sintetizado na Tabela III. Tabela III: Espécies planctônicas bioindicadoras utilizadas nas interpretações ambientais.

Pianna et al. 33 Os gráficos com as curvas geradas a partir dos valores de abundância relativa dos foraminíferos planctônicos encontrados na área de estudo demonstram que a espécie Globigerina bulloides e a Globorotalia truncatulinoides apresentam maior abundância da base até 0,40 cm de profundidade do testemunho (amostra 4). Contudo, a espécie Globigerinoides ruber e as espécies pertencentes ao plexo Globorotalia menardii mostram maior abundância a partir de 0,40 cm até o topo (Fig. 6 A e B). Figura 6. A: Abundância relativa da espécie Globorotaria truncatulinoides e do plexo G. menardii. B: Abundância relativa das espécies Globigerinoides ruber e Globorotalia bulloides. Assim, de acordo com as flutuações na abundância relativa do plexo Globorotalia menardii e das espécies Globigerinoides ruber, Globorotalia truncatulinoides e Globigerina bulloides foi possível inferir os intervalos correspondentes a Zona Z pertencente ao Holoceno e Zona Y pertencente ao Pleistoceno. Dessa forma, o limite Holoceno/Pleistoceno está situado a 0,40 cm do testemunho. O intervalo entre 0,40 e 0,20 cm corresponde a subzona Z2 devido ao aumento da abundância do plexo G. menardii (2 a 13%) e simultânea diminuição da abundância da G. truncatulinoides (9 a 0%). O intervalo entre 0,20 cm até o topo (0,10 cm) corresponde a subzona Z1 devido a baixa abundância da G. truncatulinoides (0 e 0,33%) e concomitante aumento acentuado da abundância do plexo G. menardii (13 a15%) (Figs. 6 A e B e Fig. 7). De acordo com os resultados bioestratigráficos encontrados, onde o limite Holoceno/Pleistoceno está situado a 0,40 cm do testemunho foi possível inferir a taxa de sedimentação, para o Holoceno (11.000 anos), de aproximadamente 3,63 cm/ka.

34 Bioestratigrafia e Eventos Paleoclimáticos do Talude Continental Inferior Localizado em Frente a Praia do Forte, Bahia, Brasil Figura 7. Diagrama ilustrativo das biozonas interpretadas, a partir da distribuição das espécies de foraminíferos planctônicos bioindicadores, ao longo do testemunho SIS-288. Z = Zona Z, corresponde à época Holoceno, que se estende desde 11.000 anos até o Recente; Y = Zona Y, corresponde à época Pleistoceno, que se estende de 84.000 anos (Damuth, 1973; 1975; Prell, 1974 apud Araújo 2004) até 11.000 anos (Broecker & Van Dock, 1970 apud Araújo 2004). DISCUSSÃO Neste trabalho foram identificadas e analisadas as espécies de foraminíferos planctônicos cuja distribuição é influenciada pelos seguintes fatores: abundância de alimento, temperatura, salinidade da água e teor de sedimentos em suspensão (Sanches, 1992; Loubere et al., 1995; Debenay et al., 1998). São encontrados em abundância em águas salinas normais (35 PSU), limpas, sem material em suspensão e em regiões mais profundas (Kennett, 1982; Carvalho, 2000). As espécies de foraminíferos planctônicos mais abundantes no sedimento do testemunho SIS-288, coletado a 1.500 m de profundidade foram: Globigerinoides trilobus (37,46%), Globigerinoides ruber (15%), Globigerinoides elongatus (13,51%) e Globigerina bulloides (10,62%). Globigerinoides ruber e Globigerina bulloides foram as espécies mais abundantes em quatro testemunhos estudados por Araújo & Machado (2008 a,c) no talude continental superior (profundidade máxima de 790 m) do litoral norte da Bahia. Passos et al. (2001) estudaram um testemunho coletado em

Pianna et al. 35 Abrolhos, a 1.225 m de profundidade, onde Globigerinoides ruber e G. trilobus foram as espécies mais abundantes. Nos intervalos de deposições dos testemunhos, correspondentes ao estádio pósglacial foram encontrados valores mais altos dos índices estatísticos (número de espécies, riqueza, equitatividade e diversidade) do que nos intervalos de deposição dos estádios glaciais. O maior número de espécies de foraminíferos planctônicos foi encontrado na amostra 1 (0,10 m) com 25 espécies e o menor nas amostra 7, 8 e 12 com 17 espécies. Consequentemente, a riqueza também apresenta o maior valor na amostra 1 (0,10 m) com R=4,21 (estágio pósglacial) e os menores valores nas amostras 7 (0,70 m), 8 (0,80 m) e 12 (1,20 m) com R=2,81 (estágio glacial). Esses resultados são semelhantes aos encontrados por Barbosa (2002) que constatou nas bacias de Campos e Santos, o aumento da diversidade local nos intervalos corresponde aos estádios interglacias, e o contrário aos estádios glaciais. Porém, Araújo (2004) encontrou índices de riqueza, diversidade de espécies e equitatividade elevados ao longo de três testemunhos coletados no talude superior do litoral norte da Bahia, não observando grandes variações. Os estudos que reportam as variações climáticas no planeta indicaram que o aumento do volume de gelo global alterou o padrão atmosférico durante o Pleistoceno (Kim & Schneider, 2003; CLIMAP, 1981). Estas condições elevariam a velocidade dos ventos, que aumentaram cerca de 20 50%, exercendo um grande efeito na circulação oceânica superficial (Costa, 2000). No oceano Atlântico tropical oeste também foi reportado condições atmosféricas mais intensas durante o Pleistoceno. Durante este período os ventos Alísios de SE eram mais intensos, induzindo variações na camada de mistura, aumentado a turbulência da coluna de água, diminuindo a estratificação vertical, fazendo proliferar espécies características de águas mais frias e mais profundas (Hilbrecht, 1996). Dentre estas espécies, os foraminíferos planctônicos G. truncatulinoides e G. bulloides foram favorecidos por esta situação, o que pode ser observado ao longo do testemunho SIS-288, onde as maiores abundâncias dessas espécies são encontradas no intervalo correspondente ao Pleistoceno. Globorotalia truncatulinoides é uma espécie subtropical que ocorre sob amplas condições de temperatura e salinidade superficiais. A característica mais notável desta espécie é a baixa tolerância pelos fortes gradientes verticais de temperatura e densidade durante o verão. Sua preferência pelos baixos gradientes verticais que ocorrem durante o inverno confirma a sua relação com o seu conhecido ciclo ontogenético anual (Hilbrecht, 1996). Segundo Toledo (2000) a espécie G. truncatulinoides, nos trópicos, começa a calcificar a sua testa abaixo da camada de mistura, em profundidades próximas a 200 m. Este estudo observou que as espécies do plexo G. menardii exibiram os maiores valores de sua abundância relativa no Holoceno, amostras 1, 2 e 3. O desaparecimento ou o decréscimo das abundâncias relativas da espécie G. truncatulinoides, na camada sedimentar correspondente ao Holoceno, é explicada pelo reestabelecimento de condições mais estáveis deste período. No Holoceno são observadas maiores temperaturas e menores salinidades superficiais, que reduzem a densidade superficial marinha restabelecendo a estratificação da camada de mistura, inibindo a proliferação de espécies de maior profundidade de habitat (Toledo et al., 2007). O resultado obtido no testemunho SIS-288 está dentro da média estipulada por Vicalvi (1999) que descreve o limite Pleistoceno/ Holoceno no talude da Bacia de Campos entre 9 a 45 cm e por Araújo (2004) e Araújo & Machado (2008 a,b) que descreve o mesmo limite em quatro testemunhos entre 40 e 60 cm no talude continental do litoral norte do Estado da Bahia. A transição do Pleistoceno para o Holoceno é diagnosticada pelo aumento na abundância do plexo G. menardii e concomitante diminuição da abundância de G. truncatulinoides. Este antagonismo na frequência dessas bioindicadoras é indicativo também do início do Holoceno (biozona Z, de Ericson & Wollin, 1968). Este fenômeno reflete o aquecimento gradual das águas oceânicas do Atlântico após o Último Máximo Glacial (Vicalvi, 1999), tendo sido registrado no depósito sedimentar pelas espécies de foraminíferos bioindicadoras (Passos et al., 2001; Araújo & Machado, 2008a). Variações percentuais do plexo menardiforme em relação à fauna total de foraminíferos planctônicos foram consideradas por Vicalvi

36 Bioestratigrafia e Eventos Paleoclimáticos do Talude Continental Inferior Localizado em Frente a Praia do Forte, Bahia, Brasil (1999) para a subdivisão da biozona Z. Dessa maneira, a subzona Z2, encontrada a partir de 0,40 a 0,20 m é caracterizada pelo aumento expressivo do plexo G. menardii e a subzona Z1 pelo desaparecimento ou acentuado decréscimo da abundância relativa da espécie G. truncatulinoides e alta abundância das espécies do plexo G. menardii. O estudo da presença ou ausência e da abundância relativa do plexo G. menardii, das espécies Globigerinoides ruber, G. trilobus e G. sacculifer em relação às espécies Globorotaria truncatulinoides, Globigerina bulloides e Globigerinita glutinata é utilizado como método mais rápido para marcar limites Pleistoceno/ Holoceno (Vicalvi, 1997) e tem sido confirmada por numerosos trabalhos (Sanjinés et al., 2003; Araújo, 2004; Araújo & Machado, 2008a; Vicalvi, 1999; Drefahl, 2011). Porém, não é apenas o critério presença/ ausência do plexo G. menardii que funciona como marcador de limites zonais. Há algo mais quantitativo que orienta o procedimento, reflexo dos diferentes percentuais de menardiformes nas amostras (Vicalvi, 1997). Por esta razão, usa-se um limite percentual, algo flexível de menardiformes, complementado por observações do restante da fauna, particularmente, G. truncatulinoides, G. bulloides e G. ruber. Segundo Kennett & Huddlestun (1972), as taxas de sedimentação globais no Pleistoceno/ Holoceno oscilam entre 20 e 10 cm/ka. Comparando-se os valores da taxa de sedimentação encontrados nesse estudo para o Holoceno (3,63 cm/ka) aos encontrados na bacia de Campos por Vicalvi (1997) e Sanjinés (2006); no talude superior do litoral norte do Estado da Bahia por Drefahl (2011); aos encontrados em Abrolhos por Araújo (2009) na plataforma continental e por Toledo et al. (2007) no talude continental, conclui-se que a taxa de sedimentação encontrada é relativamente baixa (Tabela IV). Esse resultado pode ser justificado devido ao tamanho reduzido das bacias hidrográficas encontradas nesta região (Dominguez et al., 1996). De acordo com Sanjinés et al. (2005), baixas taxas de sedimentação são explicadas por uma maior distância da costa e um menor aporte de sedimentos terrígenos. Tabela IV. Dados sobre taxas de sedimentação. Referência Taxa de sedimentação Local Kennett & Huddlestun (1972) 10 e 20 cm/ka Globalmente Vicalvi (1997) 2,49 a 3,2 cm/ka Bacia de Campos Sanjinés (2006) 6,75 a 11,84 cm/ka Bacia de Campos Drefahl (2011) 2,81 a 15,68 cm/ka Talude superior do litoral norte do Estado Bahia Araújo (2009) 1,68 à 6,68 cm/ka Plataforma continental de Abrolhos Toledo et al. (2007) 6,5 cm/ka Talude continental de Abrolhos CONCLUSÕES Através do estudo do testemunho SIS-288, amostrado no talude continental do litoral norte da Bahia foi possível analisar 3.900 espécimes e identificar 31 espécies de foraminíferos planctônicos, distribuídas em 9 gêneros. Ao longo do testemunho a microfauna de foraminíferos mostrou elevados índices de diversidade específica e de riqueza. Os foraminíferos são representados principalmente pelas espécies: Globigerinoides trilobus, Globigerinoides ruber, Globigerinoides elongatus e Globigerina bulloides. As análises dos padrões de distribuição e frequência das espécies de foraminíferos planctônicos forneceram a caracterização de biofácies de conotação paleoceanográfica, possivelmente correspondente às biozonas internacionais do período Quaternário: Zona Z (Holoceno interglacial) e Zona Y (Pleistoceno glacial). O limite entre as Zonas Z e Y pode ser encontrado a 0,40 m no testemunho, sendo o intervalo entre 0,40 e 0,20 m correspondente a

Pianna et al. 37 subzona Z2 e o intervalo entre 0,20 m até o topo (0,10 m) correspondente a subzona Z1. O intervalo de deposição relacionado ao estádio interglacial (Holoceno) apresenta maior frequência das formas características de águas quentes (plexo Globorotalia menardii, Globigerinoides ruber, G. trilobus) e sugere clima quente. Enquanto o intervalo relacionado ao estádio glacial (Pleistoceno) é dominado, ou apresenta maior abundância, de formas características de águas frias (Globorotalia truncatulinoides, Globigerina bulloides) sugerindo clima frio. A taxa de sedimentação de 3,63 cm/ka é relativamente baixa, provavelmente devido às pequenas dimensões das bacias hidrográficas presentes na região. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AB SABER, A.N.; TUNDISI, J.G.; FORNERIS, L.; MARINO, M.C.; ROCHA, O.; TUNDISI, T.; SCHAEFFER-NOVELLI, Y.;VOUNO, Y.S. & WATANABE, S. 1997. Glossário de ecologia. 2ª Ed. São Paulo, Aciesp, 352p. (Publ. 103). ANDRADE, E.J. 1997. Distribuição dos Foraminíferos Recentes na Transição Carbonatos/Siliciclástos na Região de Praia do Forte, Litoral Norte do Estado da Bahia. Salvador. 111p., 11est. Dissertação de Mestrado em Geologia Costeira, Instituto de Geociências, Universidade Federal da Bahia. ARAÚJO, T.M.F. 2004. Estudo da Microfauna de Foraminíferos do Sedimento da Superfície e da Subsuperfície da Plataforma e do Talude Continentais da Região Norte do Estado da Bahia (Salvador à Barra do Itariri). Salvador. 527p., 29 est. Tese de Doutorado em Geologia Costeira Sedimentar, Instituto de Geociências, Universidade Federal da Bahia. ARAÚJO, T.M.F. & MACHADO, A.J. 2008a. Eventos bioestratigráficos, paleoclimáticos e paleobatimétricos do talude continental superior da Bahia, evidenciados através do estudo da fauna de foraminíferos. Gravel, 6(1): 27-45. ARAÚJO, T.M.F. & MACHADO, A.J. 2008b. Foraminíferos da subsuperfície do talude continental superior do norte da Bahia, Brasil. Revista de Geologia, 21(1): 49-77. ARAÚJO, T.M.F. & MACHADO, A.J. 2008c. Análise Sedimentar e Micropaleontológica (Foraminíferos) de Seções Quaternárias do Talude Continental Superior do Norte da Bahia, Brasil. Pesquisas em Geociências, 35(2): 97-113. ARAÚJO, H.A.B. 2009. Assembléias de Foraminíferos Indicadoras de Mudanças Ambientais no Complexo Recifal de Abrolhos, Bahia. Salvador. 236p.,7 est. Tese de Doutorado em Geologia Marinha Costeira, Instituto de Geociências, Universidade Federal da Bahia. BARBOSA, V.P. 2002. Sistemática, Bioestratigrafia e Paleoceanografia de Foraminíferos do Quaternário do Talude Continental das Bacias de Santos e Campos. Rio de Janeiro. 455p. Tese de Doutorado em Geologia, Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio de Janeiro. BÉ, A.W.H.; DAMUTH, L.E.; LOTT, L. & FREE, R. 1976. Late Quaternary climatic record in Western Equatorial Atlantic sediments. In: INVESTIGATIONS OF LATE QUATERNARY PALEOCEANOGRAPHY AND PALEOCLIMATOLOGY. Boulder, Geological Society of America, p. 162-200 (GSA-Memoir, 145). BOLLI, H.M. & SAUNDERS, J.B. 1985. Oligocene to Holocene low latitude planktic foraminifera. In: Bolli, H.M.; Saunders, J.B. & Perch-Nielsen, K. 1985. Plankton Stratigraphy. Cambridge University Press. p. 155-262. BOLTOVSKOY, E. 1959. Foraminifera as biological indicator in the study of ocean currents. Departamento de oceanografia Servicio de Hidrografia Naval Buenos Aires, Argentina. Micropaleontology, 5 (4): 473-481, fig.1, pls.1-3. BOLTOVSKOY, E. 1973. Estudio de Testigos Submarinos del Atlántico Sudoccidental. Buenos Aires, Argentina, Revista del Museo Argentino de Ciencias Naturales Bernardino Rivadavia, 7(4): 215-340. BOLTOVSKOY, E.; SCOTT, D.B. & MEDIOLI, 1991. Morfological variations of benthic. foraminiferal tests in response to changes in ecological parameters: a review. Journal of Paleontology, 65: 175-185.

38 Bioestratigrafia e Eventos Paleoclimáticos do Talude Continental Inferior Localizado em Frente a Praia do Forte, Bahia, Brasil CARVALHO, I.S. 2000. Paleontologia. Editora Interciência Ltda. Rio de Janeiro. 628p. BONETTI, C. 2000. Foraminíferos como Bioindicadores do Gradiente de Estresse Ecológico em Ambientes Costeiros Poluídos. Porto Alegre. 229 p., 5 est. Dissertação de Doutorado em Oceanografia Biológica, Instituto Oceanográfico, Universidade de São Paulo Université D Angers, UFR Sciences. CLIMAP, 1981. Seasonal Reconstructions of the Earth's Surface at the Last Glacial Maximum. Geological Society of America Map and Chart Series, MC-36, 1-18. CORLISS, B.H. & FOIS, E. 1990. Morphotype analysis of deep-sea benthic Foraminífera from the Northwest Gulf of Mexico. Palaios, 5:589-605. COSTA, K.B. 2000. Variações Paleoceanográficas na Porção Oeste do Atlântico Sul entre o Último Máximo Glacial e o Holoceno: Isótopos Estáveis do Oxigênio e Carbono e Razão Cd/Ca em Foraminíferos Bentônicos. Porto Alegre. 250 p. Tese de Doutorado em Geociências, Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. DEBENAY, J.P.; BÉNÉTEAU, E.; ZHANG, J.; STOUFF, V.; GESLIN, E.; REDOIS, F. & GOZALEZ, M.F. 1998. Ammonia beccarii and Ammonia tepida (Foraminifera): morphofunctional arguments for their distinction. Marine Micropaleontology, 34, p.235-244. DEBENAY, J.P. & REDOIS, F. 1997. Recent foraminifera of the northern continental shelf of Senegal. Revue de Miceopaléontologir, 1, p. 15-38. DOMINGUEZ, J.M.L.; LEÃO, Z.M.A.N. & LYRIO, R.S. 1996. Roteiro da excursão E-4 - litoral norte do Estado da Bahia, In: Congresso Brasileiro de Geologia, Salvador. DREFAHL, M. 2011. Evidências de mudanças paleoclimáticas e paleoceanográficas na costa norte do Estado da Bahia durante os últimos 25 mil anos. Salvador. 141p. Dissertação de Mestrado em Geologia, Instituto de Geociências, Universidade Federal da Bahia. ERICSON, D.B. & WOLLIN, G. 1968. Pleistocene climates and chronology in deepsea sediments. Science, 162(3859):1227-1234. HAMMER, O.; HARPER, D.A.T. & RYAN, P.D. 2001. Past: Paleontological Statistics software package for education and data analysis. Paleontologia electronica 4(1): 9p. HILBRECHT, H. 1996. Extant planktic foraminifera and the physical environment in the Atlantic and Indian Oceans. Mitteilungen aus dem Geologisschen Institut der Eidgen. Technischen Hochschule und der Universität Zürich, Neue Folge. No. 3000, 93 pp. Zürich. JORISSEN, F.J. 1999. Benthic foraminiferal successions across Late Quaternary Mediterranean sapropels. Marine Geology, 153:91-101. KENNETT, J.P. 1982. Prentice-Hall Inc. 813p. KENNETT, J.P. & HUDDLESTUN, P. 1972. Late Pleistocene paleoclimatology foraminiferal biostratigraphy, and tephrochronology, western Gulf of Mexico. Quaternary Research, New York, 2: 38-69. KIM, J.H. & SCHNEIDER, R.R. 2003. Lowlatitude control of interhemisferic seasurface temperature contrast in the tropical Atlantic over the past 21 kyears: the possible role of SE trade winds. Climate Dynamics, 21, 337-347. LEÃO, Z.M.A.N. & BRICHTA, A. 1996. Plataforma Continental. In: BARBOSA, J.S.F. & DOMINGUEZ, J.M.L. (eds.), Geologia da Bahia: texto explicativo para o mapa geológico ao milionésimo. Salvador, SICM/SGM, 400p. ilust. LOEBLICH, A.R. Jr. & TAPPAN, H. 1988. Foraminiferal genera and their classification. Van Nostrand Reinhold Ed., New York. 970p. 847 est. LOUBERE, P.; MEYERS, P. & GARY, A. 1995. Benthic foraminiferal microhabitat selection, carbon isotope value, and association with larger animals: a test with Uvigerina peregrina. Journal Foraminiferal Research, 25(1): 83-95. MARGALEF, R. 1958. Perspectivas de la Teoria Ecológica. Editora Blume, Barcelona, 110p. MARTIN, R.E.; JOHNSON, G.W.; NEFF, E.D. & KRANTZ, D.W. 1990. Quaternary planktonic foraminiferal assemblages zones of the northeast Gulf of Mexico, Colombia basin (Caribbean Sea), and tropical Atlantic

Pianna et al. 39 Ocean: Graphic correlation of microfossil and oxygen isotope datums. Paleocanography, 5 (4): 531-555. MORAES, S.S. 2006. Distribuição espacial e tafonomia de foraminíferos na plataforma continental da região norte da costa do dendê (foz do rio Jequiriçá à ponta dos castelhanos), Estado da Bahia. Salvador. 176 p. Tese de doutorado em Geologia Sedimentar, Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia. MURRAY, J.W. 1995. Microfossil indicators of ocean water masses, circulation and climate. In: Bosence, D.W.J. & ALLISON, P.A. (eds.), Marine Paleoenvironmental Analysis from Fossils. 245-264 (Geol. Soc. London Spec. Publ. n. 83). NASCIMENTO, H.A. 2003. Análise da Fauna de Foraminíferos Associada aos Recifes do Extremo Sul do Estado da Bahia (Corumbau a Nova Viçosa). Salvador. 145 p. 7 estampas. Dissertação de Mestrado em Geologia Costeira e Sedimentar, Instituto de Geociências, Universidade Federal da Bahia. PASSOS. R.F.; SOUSA, S.H.M. & MAHIQUES, M.M. 2001. Mudanças Ambientais Ocorridas entre Abrolhos (BA) e Cabo Frio (RJ) ao Longo do Holoceno, e sua Resposta nas Associações de Foraminíferos. Pesquisas em Geociências, 28(2): 223-231. PIELOU, E.C. 1969. An Introduction to Mathematical Ecology. New York, Wiley- Interscience. 365 p. REISS, Z.; MERLING-REISS, P. & MOSHKOVITZ, S. 1971. Quaternary planctonic foraminiferida and nannoplankton from the Mediterranean Continental Slope of Israel. Israel Journal of Earth- Sciences, 20, 141-177. SAMIR, A.M. & EL-DIN, A.B. 2001. Benthic foraminiferal assemblages and morphological anormalities as pollution proxies in two Egyptian bays. Mar. Micropaleontology, 41:193-227. SANCHES, T.M. 1992. Distribuição de Foraminíferos Recentes na Região de Ubatuba, São Paulo. 110 p. Dissertação de Mestrado em Oceanografia, Instituto Oceanográfico, Universidade de São Paulo. SANJINÉS, A.E.S.; STROHSCHOEN, O. Jr. & VILELA, C.G. 2003. Bioestratigrafia de testemunhos a pistão do talude da Bacia de Campos, RJ, com base em foraminíferos planctônicos. In: IX CONGRESSO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS DO QUATERNÁRIO, II CONGRESSO DO QUATERNÁRIO DE PAÍSES DE LÍNGUAS IBÉRICAS E II CONGRESSO SOBRE PLANEJAMENTO E GESTÃO DA ZONA COSTEIRA DOS PAÍSES DE EXPRESSÃO PORTUGUESA, Recife. Livro de Resumos p.158. SANJINÉS, A.E.S.; STROHSEHOEN, O. Jr. & VILELA, C.G. 2005. Bioestratigrafia de testemunhos a pistão do Talude da Bacia de Campos, RJ, cm base em Foraminíferos Planctônicos. In: X CONGRESSO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS DO QUATERNÁRIO, Guarapari. CD-Rom. SANJINÉS A.E.S. 2006. Biocronoestratigrafia de foraminíferos em três testemunhos do Pleistoceno-Holoceno do talude continental da Bacia de Campos, Rio de Janeiro, Brasil. Rio de Janeiro. 119p. Dissertação de Mestrado em Geologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro. SEN GUPTA, B.K. 1999. Systematics of Modern Foraminifera. In: B.K. Sen Gupta, B.K (ed.). 1999. Modern Foraminifera. Kluwer Academic Publishers, p. 7-36. SETO, K. 1995. Carbon and oxygen isotopic paleoceanography of the Indian and South Atlantic Oceans Paleoclimatic and paleoocean circulation. Journal Science of Hiroshima University, Ser. C, 10 (3): 393-485. SHANNON, C.E. 1948. A matematical theory of communication. Bolletim Systematical. Technologycal Journal, 27: 379-423. TOLEDO, F.A.L. 2000. Variações Paleoceanográficas nos últimos 30.000 anos no oeste do Atlântico Sul: Isótopos de Oxigênio, Assembléia de Foraminíferos Planctônicos e Nanofósseis Calcários. Porto Alegre. 245p. Tese de Doutorado em Geociências, Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. TOLEDO, F.A.L.; COSTA, K.B. & PIVEL, M.A.G. 2007. Salinity changes in the western tropical South Atlantic during the last 30 kyr. Global and Planetary Change, 57.

40 Bioestratigrafia e Eventos Paleoclimáticos do Talude Continental Inferior Localizado em Frente a Praia do Forte, Bahia, Brasil VICALVI, M.A. 1977. Sedimentos quaternários da plataforma continental e talude do sul do Brasil: estratigrafia e curvas paleoclimáticas. In: Evolução sedimentar holocênica da plataforma continental e do talude sul do Brasil. Rio de Janeiro, PETROBRAS, CENPES / DINTEP, p. 27-76, (Série Projeto REMAC, 2). VICALVI, M.A. & PALMA, J.J.C. 1980. Bioestratigrafia e Taxas de Acumulação dos Sedimentos Quaternários do Talude e Sopé Continental entre a Foz do Rio Gurupi (MA) e Fortaleza (CE). Boletim Técnico da PETROBRAS, Rio de Janeiro, 23 (1): 3-11. VICALVI, M.A. 1997. Zoneamento bioestratigráfico e paleoclimático dos sedimentos do Quaternário Superior do talude da Bacia de Campos, RJ, Brasil. Boletim de Geociências da Petrobrás, 11(1/2): 132-165. VICALVI, M.A. 1999. Zoneamento bioestratigráfico e paleoclimático do Quaternário Superior do talude da Bacia de Campos e Platô de São Paulo adjacente, com base em foraminíferos planctônicos. Rio de Janeiro. 183p. Tese de doutorado em Geologia, Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio de Janeiro. VILELA, C.G. 1993. Sistemática e ecologia dos foraminíferos bentônicos do Quaternário do delta do rio Amazonas, Brasil. Rio de Janeiro, 217 p., 18 est. Dissertação de Mestrado, Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio de Janeiro. MELO, U.; SUMMERHAYES, C.P. & ELLIS, J.P. 1975. Continental margin sedimentation of Brazil. Part IV, Salvador to Vitoria, Southeastern Brazil. Contrib. Sedimentol., 4, p. 78-116. MULLER, P.H. 1974. Sediment production and population biology of the benthic foraminifer Amphistegina madagascariensis. Limnology and Oceanography, 19(5): 802-809. NIMER, E. 1989. Climatologia do Brasil. Rio de Janeiro, IBGE. 422p. PHLEGER, F.B. 1960. Ecology and Distribution of Recent Foraminifera. Baltimore, The Johns Hopkins Press. 270p. SEI. 1998. Análise dos atributos Climáticos do Estado da Bahia. Salvador, Superintedência de estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), 85p. (Série Estudos e Pesquisas, 38).