2. METODOLOGIA - Como foi procurada a resposta para a pergunta anterior.



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NÚMERO 01 Junho 2011 Estudos sobre cadeirinhas para crianças em carros O que dizem a este respeito? AAP (EUA) 2 ANEC (internacional) 2 CAM (Espanha) 3 CHOP (EUA) 4 DGT (Espanha) 4 DfT (Reino Unido) 5 DvR (Alemanha) 5 ECSA (internacional) 5 ETSC (internacional) 6 NHTSA (EUA) 6 OCDE (internacional) 7 ROSPA (Reino Unido) 7 SNRA (Suécia) 7 TC (Canadá) 8 UVA (EUA) 9 Volvo (internacional) 10 VTI (Suécia)? 11 Artigos técnicos 11 Por que viradas para trás é melhor? 12 Recomendações finais 15 Nota final 15 Tema deste número 1. A PERGUNTA - Até quando as crianças devem viajar viradas para trás? Enquanto na Suécia as crianças viajam em suas cadeirinhas viradas para trás até completarem três ou quatro anos, o mais comum na maioria dos países é colocá-las viradas para a frente quando completam 1 ano de idade ou quando pesam mais de 9 ou 10 quilos. O que é mais seguro? Até quando as crianças devem viajar com suas cadeirinhas viradas para trás? Por quê? 2. METODOLOGIA - Como foi procurada a resposta para a pergunta anterior. Viradas para trás Para responder a esta questão, foram consultados dois tipos de fontes principais. Primeiro, avaliou-se as recomendações de cerca de vinte entidades de renome nacional e internacional. Depois, foram consultadas revistas científicas e conferências de destaque no campo da segurança viária infantil e selecionados os artigos mais relevantes entre os mais de 4.000 inicialmente identificados. Este boletim traz um resumo das recomendações e conclusões mais importantes. 3. A RESPOSTA - Sem dúvida, durante todo o tempo que seja possível; até os três, quatro anos. Viajar virado para trás é mais seguro do que virado para a frente. Esta é uma afirmação que vale para adultos e crianças, e que foi comprovada tanto em acidentes com batidas frontais como em batidas laterais (surpreendentemente, com destaque para estas últimas). Página 1 Muitas das lesões mais graves que as crianças cujas cadeirinhas estão viradas para a frente sofrem poderiam ser evitadas se as cadeirinhas estivessem viradas para trás. Há vinte anos se sabe que, embora as cadeirinhas viradas para a frente previnam, no

melhor dos casos, 75% das lesões, nas opções viradas para trás esse índice é de 95%, segundo estudos europeus. Portanto, as crianças devem viajar viradas para trás pelo máximo de tempo possível, o problema é que somente no mercado europeu existem cadeirinhas que permitem fazê-lo até os três ou quatro anos. A seção final deste boletim resume as principais recomendações e conselhos sobre o tema. No Brasil, pela Resolução 277/2008 do Conselho Nacional de Trânsito, é obrigatório o uso da cadeirinha do tipo bebê conforto ou conversível de costas para o movimento até um ano de idade, conforme peso limite recomendado pelo fabricante. O que diz a AAP (EUA)? A Associação Americana de Pediatria dos EUA (American Association of Pediatrics - AAP) indica que os bebês sempre devem ir em suas cadeiras de segurança no banco traseiro e virados para trás até que pesem pelo menos 20 libras (nove quilos) e tenham ao menos um ano de idade. A Academia Americana de Pediatria recomenda ainda que as crianças permaneçam nessa posição até que alcancem o peso e altura máximos permitidos pelo fabricante da cadeirinha. Segundo a AAP, quando as crianças alcançam o peso ou a altura máximos permitidos pelo fabricante de sua cadeira, elas deveriam continuar viradas para trás em um assento maior (1, 2). Esta associação explicou, em um boletim de 2009, que pesquisas recentes indicam que as crianças pequenas, até que completem dois anos de idade, viajam cinco vezes mais seguras em assentos virados para trás do que em assentos virados para a frente (3). Consequentemente, a AAP recomenda em seu boletim que as crianças viajem viradas para trás, pelo menos até que tenham completado dois anos. 1. http://www.healthychildren.org/english/safety-prevention/on-the-go/pages/seguridad-asociada-a-la-bolsa-de-aire.aspx (acessado em 30/12/2010) 2. Folheto Car Safety Seats: a guide for families 2010. 3. O Keefe, L. What to consider when positioning car seats for toddlers. AAP News 2009; 30; 12. O que diz a ANEC (internacional)? A ANEC é uma associação cujo objetivo é representar os consumidores europeus nos processos de elaboração de padrões técnicos, especialmente aqueles desenvolvidos para apoiar a implementação da legislação ou das políticas públicas europeias. A principal fonte de financiamento da ANEC é a própria União Europeia. O sócio espanhol da ANEC, por exemplo, é a Confederação de Consumidores e Usuários (CECU www.cecu.es). A ANEC publicou, em 2008, um estudo elaborado pela empresa britânica Vehicle Safety Consultancy Ltd., que concluiu que as cadeirinhas infantis viradas para trás oferecem às crianças de até quatro anos de idade um nível de segurança maior que as cadeirinhas viradas para a frente. Foi constatado que algumas crianças sentadas em cadeirinhas viradas para a frente sofreram lesões na cabeça, no pescoço, no peito e no abdômen em circunstâncias em que, se estivessem viradas para trás, teriam uma proteção muito maior. Página 2

O relatório citado, intitulado Um estudo de acidentes sobre o desempenho dos sistemas de retenção usados por crianças de três anos e menos (An Accident Study on the Performance of Restraints Used by Children Aged Three Years and Under), é provavelmente um dos mais completos realizados sobre este tema específico nas últimas décadas na Europa. O estudo investigou acidentes reais que aconteceram no Reino Unido, na Suécia e nos Estados Unidos em que as crianças que usavam sistemas de retenção sofreram lesões graves ou fatais. A pesquisa identificou várias lesões graves sofridas por crianças que viajavam em cadeirinhas viradas para a frente e que poderiam ter sido evitadas caso estivessem as crianças estivessem viradas para trás. Além disso, os dados de acidentes na Suécia permitiram concluir que não existem desvantagens, do ponto de vista da segurança, na utilização das cadeirinhas viradas para trás. A associação mostra ainda que atualmente, os sistemas de retenção infantil virados para trás são utilizados nos países nórdicos até os três ou quatro anos, embora no restante da Europa as crianças viajem viradas para a frente logo depois de completar um ano, ou ainda antes, uma vez que é permitido pelas normas europeias, que sugerem que é seguro a uma criança viajar virada para a frente a partir do momento em que pese 9 kg. No Brasil, as normas técnicas (NBR 14.400 para desenvolvimento, teste e certificação de cadeirinhas), também permitem que as crianças com 9 kg ou mais sejam transportadas de frente para o movimento. A ANEC exige que os legisladores revisem a lei sobre sistemas de retenção infantis e pede aos fabricantes destes sistemas e aos fabricantes de automóveis que colaborem voluntariamente para fazer com que a prática escandinava de levar as crianças viradas para trás até os quatro anos de idade seja estendida por toda a Europa. De fato, a ANEC mostra que, com a atual classificação das cadeirinhas por peso, os consumidores não estão recebendo o melhor conselho técnico para suas crianças: o mais indicado é que estas viajem em cadeirinhas viradas para trás durante o maior tempo possível. Em seu estudo de 2008, a ANEC pede aos fabricantes para simplificar a instalação das cadeirinhas viradas para trás bem como melhorar a capacidade de absorção de energia da área situada perto da cabeça das crianças. Por último, esta associação de consumidores também adverte que os novos designs de veículos, com o objetivo de passar nos testes cada vez mais exigentes de batidas, são mais rígidos e resistentes que os antigos e que, embora os passageiros adultos se beneficiem de número um cada vez maior de sistemas de segurança (airbags, pré-tensores e limitadores de força no cinto de segurança, por exemplo), a melhor estratégia para proteger adequadamente as crianças menores é continuar usando cadeirinhas viradas para trás durante o tempo que for possível. 1. ETSC - Road Safety Performance Index Reducing Child Deaths on European Roads Flash 12. 2. An Accident Study on the Performance of Restraints Used by Children Aged Three Years and Under Final report with sensitive material removed. A study commissioned by ANEC. Authors: Dr. Peter Gloyns, James Roberts Vehicle Safety Consultancy Ltd. O que diz a CAM (Espanha)? Em fevereiro de 2011, a Comunidade de Madrid (CAM), por meio de seus departamentos de Transportes e Infraestrutura e Saúde, lançou uma campanha de conscientização sobre a necessidade do uso correto dos sistemas de retenção infantil. O folheto que fazia parte da campanha, intitulado Depende de você. Sempre Página 3

protegidos, mostrava que as cadeirinhas do grupo I (de 0 a 18 kg) devem ser colocadas viradas para trás, mas também é possível colocá-las viradas para a frente. O press release da campanha também mostrava que existem cinco tipos de cadeirinhas: até 10 kg, que sempre devem ser colocadas viradas para trás; até 13 kg, também viradas para trás; de 9 a 18 kg, colocadas viradas para trás; e de 15 a 25 kg e de 22 a 36 kg, colocadas viradas para a frente. Press release da Comunidade de Madrid La Comunidad informa a los madrileños sobre el correcto uso en los coches de los sistemas de sujeción para niños, de 25/2/2011, e folheto Depende de ti. Siempre protegidos (folheto disponibilizado no dia 4/3/2011 em www.madrid.org/cs/satellite?blobcol=urldata&blobheader=application%2fpdf&blobheadername1=contentdisp osition&blobheadervalue1=filename%3dfolleto+sillitas.pdf&blobkey=id&blobtable=mungoblobs&blobwhere=1271923713073 &ssbinary=true). O que diz o CHOP (EUA)? O Hospital Infantil da Filadélfia nos EUA (Children s Hospital of Philadelphia - CHOP) é atualmente uma das entidades mais respeitáveis em nível mundial sobre pesquisas de acidentes de tráfego na infância. Perguntados sobre quando deveria começar o uso da cadeirinha virada para a frente, os pesquisadores deste hospital responderam que é necessário manter a criança virada para trás até que ela alcance o peso máximo permitido pela cadeirinha ou até que a cabeça sobressaia por cima da parte superior do suporte do assento. Se estava sendo utilizado um bebê conforto para bebês, então é preciso adquirir uma nova cadeirinha; se estava sendo utilizada uma cadeirinha conversível, então é necessário girá-la e colocá-la virada para a frente. http://www.research.chop.edu/programs/carseat/toddler.php (site consultado em 15/02/2011). O que diz a DGT (Espanha)? Apesar das normas vigentes não indicarem se as crianças devem viajar viradas para a frente ou para trás e da única referência neste sentido ser a proibição de instalar uma cadeirinha orientada para trás no lugar do passageiro dianteiro (caso exista um airbag e o mesmo não tenha sido desativado), segundo um press release da agência de notícias Europa Press, a Direção Geral de Tráfico (DGT) espanhola está estudando a possibilidade de obrigar por lei que os sistemas de retenção infantis para crianças menores de dois anos sejam colocados nas cadeirinhas, obrigatoriamente viradas para trás, tal como aconselham diversos estudos, para aumentar assim a eficiência destes sistemas. O projeto, segundo a agência citada, é parte do Plano Estratégico de Segurança Rodoviária para a década de 2011-2020, e a DGT pretende promovê-lo com o apoio do Ministério da Saúde, Política Social e Igualdade e do Ministério da Indústria, Turismo e Comércio. Por outro lado, o site da Direção Geral de Tráfico, que apresenta conteúdos informativos sobre segurança infantil, afirma que as crianças menores de quatro anos devem, ou ao menos deveriam, usar dispositivos costas para a frente, isto é, virados para trás. Por último, em seu folheto de 2008 intitulado A criança também viaja segura, a DGT recorda que as cadeirinhas viradas para trás oferecem maior proteção para a cabeça, pescoço e coluna Página 4

do bebê do que as cadeirinhas viradas para a frente. Só coloque o seu bebê em um cadeirinha virada para a frente quando ele ultrapassar o peso máximo recomendado ou a cabeça da criança passar acima do encosto. 1. Rascunho do Plano Estratégico de Segurança Rodoviária de fevereiro de 2010 (segundo press release da agência Europa Press de novembro de 2010). 2. http://www.dgt.es/was6/portal/contenidos/documentos/formacion_educacion/consejos/infantil.swf. 3. Folheto A criança também viaja segura, 2008, Nipo: 128-08-202-X (disponível em 4/3/2011 em http://www.dgt.es/educacionvial/recursos/folleto_seguridad_ninios.pdf). O que diz a DfT (Reino Unido)? O Ministério de Transportes do Reino Unido (Department for Transport - DfT) afirma que os bebês deveriam viajar em cadeirinhas viradas para trás e continuar assim, sem passar a usar uma cadeirinha virada para a frente, até que pesem pelo menos 9 kg e possam se sentar eretos sozinhos, embora seja conveniente mantê-los virados para trás por todo o tempo possível. http://www.childcarseats.org.uk/choosing/index.htm (página da web consultada em 2/3/2011). O que diz o DvR (Alemanha)? O Conselho Alemão de Segurança Rodoviária (Deutscher Verkehrssicherheitsrat - DvR) é uma associação sem fins lucrativos fundada em 1969. Seu objetivo é o estudo de medidas que melhorem a segurança viária dos usuários das vias de circulação. O conselho apoia a coordenação das atividades de seus membros e a troca de conhecimento entre eles. O DvR é um dos principais agentes na Alemanha no âmbito da prevenção de acidentes de trânsito. O DvR recomenda levar os bebês virados para trás durante todo o tempo possível; normalmente até que a criança pese 13 kg (quando, geralmente, tem por volta de 15 meses). Nas cadeirinhas em que a criança viaja virada para trás, sua cabeça está mais protegida. Inclusive, quando os pés sobressaem da cadeirinha, segundo o conselho alemão, deve-se continuar usando-a virada para trás, já que o importante é a proteção da cabeça. Comunicação pessoal com o DvR, em fevereiro de 2011. O que diz a ECSA (internacional)? A Aliança Europeia para a Segurança Infantil (European Child Safety Alliance - ECSA) é um programa da EuroSafe, a Associação Europeia para a Prevenção de Lesões e Promoção da Segurança, e foi apoiada pelo Instituto de Segurança do Consumidor dos Países Baixos. O objetivo da ECSA é tornar a vida das crianças mais segura. A ECSA recomenda aumentar o número de países que disponham de legislação que exija que as crianças utilizem as Página 5

cadeirinhas traseiras até dois anos e que permaneçam em cadeirinhas viradas para trás até os quatro anos de idade (1). A ECSA e a Eurosafe recomendam que as crianças viajem viradas para trás durante todo o tempo possível, já que as crianças que viajam em cadeirinhas viradas para trás até os três anos se beneficiam de cinco vezes mais proteção do que aquelas que usam cadeirinhas viradas para a frente (2,3). A ECSA e a Eurosafe também recomendam que se melhore muito o conhecimento dos pais sobre a tecnologia dos sistemas de retenção infantil, de modo que as crianças viajem viradas para trás por mais tempo. 1. ETSC - Road Safety Performance Index. Reducing Child Deaths on European Roads. Fevereiro de 2009. 2. Fact Sheet Child Road Safety - European Child Safety Alliance. http://www.eurosafe.eu.com/csi/eurosafe2006.nsf/wwwwcontent/l3publicationsresources.htm (site consultado em 1 de março de 2011). 3. MacKay, M. and Vicenten, J. Child Safety Report Cars 2009 Spain. Amsterdam: European Child Safety Alliance, Eurosafe; 2009. O que diz o ETSC (internacional)? O Conselho Europeu de Segurança no Transporte (European Transport Safety Council - ETSC) é uma das entidades independentes de maior prestígio na Europa e sugere que é necessário deixar de usar em toda a Europa, o quanto antes, as cadeirinhas viradas para a frente e substituí-las pelas cadeirinhas viradas para trás, que já estão disponíveis no mercado. O ETSC propõe tornar obrigatórios as cadeirinhas viradas para trás para crianças de até quatro anos de idade. Avenoso, A., Townsend, E. Future Road Safety in the EU At Stake? ETSC Response to the EC Communication Towards a European Road Safety Area: Policy Orientations on Road Safety 2011 2020. Septiembre de 2010. O que diz a NHTSA (EUA)? A Administração Nacional de Segurança do Tráfego Rodoviário dos EUA (National Highway Traffic Safety Administration - NHTSA) recomenda que a criança viaje virada para trás durante todo o tempo possível e enquanto não ultrapassar o limite de peso e a altura máxima permitidos pela cadeirinha. Nota informativa TIP #2: TRAVELING SAFELY WITH INFANTS, TODDLERS, AND PRESCHOOLERS (www.nhtsa.gov/people/injury/ childps/newtips/images/pdfs/cpsafetutip2.pdf - página web consultada no dia 20 de fevereiro de 2011). Página 6

O que diz a OCDE (internacional)? A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), em um relatório de 2004, indicava que a vantagem dos sistemas infantis de retenção virados para trás é que, em caso de colisão frontal (que é o tipo de acidente mais frequente e grave), tanto o corpo como a cabeça da criança são jogados contra a cadeirinha, fazendo com que o pescoço, no pior dos casos, só sofra esforços menores. A OCDE recorda que nos países nórdicos, as crianças continuam sendo levadas viradas para trás até os três ou quatro anos, em cadeirinhas aptas para crianças maiores e que, normalmente, são desenhadas para serem apoiadas no painel. Estas cadeirinhas também podem ser utilizadas no banco traseiro com ou sem pés de apoio, conforme seu design. As principais contribuições de segurança destes equipamentos foram demonstradas por análises de testes dinâmicos dos sistemas de retenção infantis, por relatórios suecos de acidentes e pela base de dados de acidentes e de seguros do fabricante de automóveis Volvo. Porém, apesar dos sistemas de retenção infantil orientados para trás oferecerem às crianças maiores uma excelente proteção, normalmente eles só podem ser instalados em veículos grandes e, por isso, nem todos os consumidores podem utilizá-los. Keeping children safe in traffic ISBN 92 64 10629 4 OECD 2004. O que diz a ROSPA (Reino Unido)? A Sociedade Real para a Prevenção de Acidentes do Reino Unido (Royal Society for the Prevention of Accidents - ROSPA), uma das entidades de maior prestígio no país na área de prevenção de lesões, também reconhece que as evidências mostram que é mais seguro para as crianças viajar viradas para trás durante todo o tempo possível, mas isto não significa que viajar em cadeirinhas viradas para a frente seja perigoso. A ROSPA indica que para os pais que levam seus bebês virados para trás em um assento do grupo 0+, e que estejam se perguntando qual é o próximo passo, o conselho é que mantenham as crianças em tais cadeirinhas até que alcancem o limite superior de peso permitido pelo assento (13 kg), a menos que a cadeirinha tenha se tornado pequena para a altura da criança. Por outro lado, é muito importante que as lojas do Reino Unido aumentem a oferta de cadeirinhas sem que as crianças viajem viradas para trás, de modo que os pais não tenham de comprar tais cadeirinhas pela Internet, sem saber se vão conseguir instalá-las corretamente em seu carro ou sem ter a oportunidade de buscar o conselho de especialistas. Artigo Car seats facing rear safest for all children, publicado pelo Herald Scotland em 10/02/2011. O que diz a SNRA (Suécia)? A Administração Nacional Sueca de Estradas (Swedish National Road Administration - SNRA) é muito clara e afirma que viajar virado para trás é o melhor. Até aproximadamente os quatro anos de idade, as crianças viajam mais seguras viradas para trás. Uma cadeirinha de segurança virada para trás absorve as forças violentas Página 7

e protege a cabeça e o pescoço da criança, que são zonas do corpo ainda muito sensíveis. As crianças pequenas que viajam em cadeirinhas de segurança viradas para a frente correm um risco cinco vezes maior de morrer ou de sofrer lesões graves em comparação com as que viajam viradas para trás. Por isso, não se deve virar a cadeirinha de uma criança para a frente muito cedo. A recomendação da SNRA é que as crianças permaneçam viradas para trás pelo maior tempo possível, geralmente até que tenham por volta de quatro anos. Enfaticamente, esta administração pública insiste com os pais: Não se deve deixar a criança sentada de frente para o para-brisas prematuramente! Deixe-a viajar de costas para o para-brisas até a maior idade possível, preferivelmente até os quatro anos de idade, mais ou menos!. E, à pergunta quando a criança pode começar a viajar virada para a frente?, a SNRA responde: Deixe que a criança viaje virada para trás o maior tempo possível (de preferência, até aproximadamente os quatro anos de idade). A cabeça da criança é grande e pesada com relação ao corpo e o pescoço é frágil. Quando um automóvel bate, a cabeça da criança se lança para a frente e para trás com uma força enorme. Viajar virada para trás proporciona maior proteção em caso de colisão. Folheto Vägverket Crianças no automóvel Como proteger seus filhos pequenos. Novembro de 2009. O que diz o TC (Canadá)? O Ministério de Transportes do Canadá (Transport Canadá - TC) responde à pergunta de quando se deveria trocar uma cadeirinha virada para trás por outra virada para a frente da seguinte maneira: Não é preciso ter pressa e é necessário manter as crianças em cadeirinhas viradas para trás até que estas tenham se tornado pequenas. O guia de uso da cadeirinha mostra o peso e a altura máximos para cada modelo. Se a criança cresce e a cadeirinha virada para trás se torna pequena, é possível que haja outro modelo também virado para trás que a criança possa usar. Algumas cadeirinhas viradas para trás podem acomodar crianças de até 20 kg. O ministério canadense também afirma que não há nenhum problema se as pernas da criança tocarem o assento do veículo, sempre e quando o peso e a altura da criança não ultrapassarem os valores máximos apresentados pelo fabricante da cadeirinha. O TC continua declarando que mesmo que a criança já pese 10 kg, seja capaz de andar sozinha e a legislação local diga que já é possível usar uma cadeirinha virada para a frente, viajar virado para trás continua sendo mais seguro. Portanto, enquanto a criança não ultrapassar os valores máximos de peso e altura permitidos por sua cadeirinha virada para trás, ela deve continuar a usar tal dispositivo durante todo o tempo possível. www.tc.gc.ca/eng/roadsafety/safedrivers childsafety car time stage1 1084.htm (visitado em 1/3/11) Página 8

O que diz a UVA (EUA)? Uma pesquisa de 2006 da Universidade de Virginia (UVA), nos EUA, levantou a seguinte pergunta: quando deveria ocorrer a transição de uma cadeirinha virada para trás para uma virada para a frente? A pesquisa se baseou na análise epidemiológica das lesões infantis, na realização de testes em laboratório, na simulação por computador e, por último, no debate de um grupo assessor. A análise de lesões concluiu que as crianças que viajam em cadeirinhas viradas para a frente sofrem mais lesões graves do que as que viajam viradas para trás. Os testes em laboratório mostraram que o risco de lesão no pescoço é muito menor nas cadeirinhas viradas para trás e, no geral, o risco de lesão é menor em muitas áreas do corpo (1). Posteriormente, em outro artigo do ano 2007, a mesma universidade agora em colaboração com outros pesquisadores de Indiana, Califórnia e Filadélfia chegou à conclusão de que as crianças menores de dois anos têm uma probabilidade 75% menor de sofrer uma lesão grave ou mortal se viajarem em cadeirinhas viradas para trás. Provavelmente, a conclusão mais surpreendente do artigo é que como o risco de lesão em crianças de até 12 meses que viajam viradas para a frente é duas vezes superior ao risco a que estão expostas as crianças que viajam viradas para trás, no caso de crianças de 12 a 23 meses esse risco é cinco vezes maior, ou seja, viajar virada para trás é muito mais eficiente no caso de crianças entre um e dois anos do que no caso de crianças com menos de um ano (2). Outra conclusão surpreendente do estudo é que os maiores benefícios são obtidos em colisões laterais (com uma relação de probabilidades de 5,53), e não em colisões frontais (com uma relação de probabilidades de 1,23). Também no ano de 2007, outro estudo da mesma universidade realizado a partir de testes de colisão simulados em laboratório (provas em trilho) concluiu que as cadeirinhas europeias viradas para trás, cujo design normalmente inclui um pé de apoio, oferecem a melhor proteção contra lesões, já que conseguem reduzir em 50% os valores biomecânicos em cabeça e pescoço, em oposição às cadeirinhas viradas para a frente (3). Outra das conclusões recentes mais relevantes desta universidade (depois da constatação de que 85% das lesões das crianças que viajam em cadeirinhas viradas para trás acontecem na cabeça) é que os fabricantes que oferecem cadeirinhas viradas para trás deveriam focar seus esforços em melhorar a capacidade de absorção de energia de suas cadeirinhas na região da cabeça das crianças (4). 1. Sherwood, C., Abdelilah, Y., Crandall, J. Benefits of Rear Facing Restraints for Older Children. Protection of Children in Cars Conference, Munich (Germany), 2006. 2. Henary, B., Sherwood, CP., Crandall, JR., Kent, R.W., Vaca, FE., Arbogast, KB., Bull MJ. Car safety seats for children: rear facing for best protection. Injury Prevention 2007;13:398 402. doi: 10.1136/ip.2006.015115. 3. Reference: Sherwood, CP, Crandall, JR. Frontal Sled Tests Comparing Rear and Forward Facing Child Restraints with 1 3 Year Old Dummies. Proceedings of the 51st Annual AAAM Conference, 2007. 4. Kendall, R.G., Sherwook, P., Crandall, J.R. A Computational Study of Rear Facing and Forward Facing Child Restraints. Paper 2008 01 1233. SAE World Congress & Exhibition, April 2008. Página 9

O que diz a Volvo (internacional)? Este fabricante sueco de veículos, de consolidada reputação no campo da segurança, é também muito contundente e fornece uma quantidade impressionante de informações em seus guias e páginas da Internet, as quais que se resumem a seguir. Para começar, a Volvo reconhece que todos os pais querem fazer tudo o que está a seu alcance para evitar danos a seus filhos, inclusive quando viajam com eles no carro. Porém, algumas crianças sofrem lesões, ou até morrem, porque suas cadeirinhas de segurança não foram instaladas corretamente ou porque simplesmente foi utilizado um dispositivo errado para a altura e o peso da criança. Ou, ainda pior, porque as crianças nem ao menos afivelaram seus cintos de segurança. Em última análise, a causa é simples e, frequentemente, falta informação ou conhecimento: seja porque os pais achavam que a cadeirinha havia sido instalada corretamente ou porque acreditavam que a criança já podia passar de uma cadeirinha virada para trás para uma cadeirinha virada para frente quando ela tinha apenas dois ou três anos; ou porque consideravam que sabiam como ajustar o cinto da criança. De acordo com a Volvo, um estudo sueco realizado sobre pais de crianças de três anos de idade revelou que apenas um em cada quatro continuava usando uma cadeirinha virada para trás, quando, na verdade, todas as crianças de três anos deveriam utilizar cadeirinhas viradas para a parte traseira do veículo. Por outro lado, à pergunta sobre quanto tempo se deve usar o bebê conforto (cadeirinha especial para bebês), a Volvo respondeu que o quanto for possível. Quando a cabeça do bebê chegar à parte superior da cadeirinha ou quando seu peso alcançar o valor máximo apresentado pelo fabricante, chegou a hora de trocar a cadeirinha por outra maior também virada para trás. É recomendado que as crianças usem cadeirinhas viradas para trás até que tenham três anos, mas, se possível, durante mais tempo. Mesmo que a criança não possa se sentar nas cadeirinhas com as pernas totalmente esticadas, sua segurança não vai ser afetada. E viajar virada para trás é importante, continua explicando a Volvo, porque o pescoço das crianças pequenas não é suficientemente forte para suportar os esforços que são necessários quando a cabeça se movimenta para a frente numa colisão frontal. Se a criança estiver viajando em uma cadeirinha virada para a frente, neste caso o pescoço teria de suportar uma força considerável. Quando se usa uma cadeirinha virada para trás, as costas da criança, em contato com a cadeirinha, absorvem a maior parte da força do impacto, já que a cabeça não se desloca para a frente nem o pescoço se estica como consequência, tal como acontece nos cadeirinhas viradas para a frente. É importante recordar que 20 anos atrás a Volvo já mostrava com clareza que a eficácia na redução de lesões dos sistemas de retenção infantil virados para trás era de 80-90%, enquanto no caso de cadeirinhas viradas para a frente tal eficácia era de 30-60% (3). Além disso, continua o estudo da Volvo do ano 1991, durante os 20 anos em que se vêm utilizando cadeirinhas viradas para trás na Suécia só morreram três crianças neste tipo de cadeirinha e em acidentes de tráfego. Estas mortes ocorreram em acidentes de extrema violência. 1. Guia Volvo for life - A Safety Manual Children in Cars de 2004. 2. www.volvocars.com/uk/sales-services/sales/volvo-accessories/child-safety/pages/faq.aspx (15/2/2011). 3. Carlsson, D, Norin, H, Ysander, L. Rearward facing child seat the safety car restraint for children? Accid. Anal. Prev. 1991 Apr-Jun;23(2-3):175-82. Página 10

O que diz o VTI (Suécia)? O Instituto Nacional Sueco para a Pesquisa em Estradas e Transportes (Statens väg-och transportforskningsinstitut - VTI) é um dos mais importantes em seu campo em nível internacional. O VTI também é um dos centros pioneiros na realização de pesquisa sobre sistemas de retenção virados para trás e, como fruto desta experiência, indicou recentemente: Recomendamos o modelo sueco e não só insistimos que as crianças viajem viradas para trás, mas também vamos desenvolver uma prova de laboratório (um teste ou ensaio) que o comprove. As cadeirinhas que passarem no teste voluntário poderão exibir uma etiqueta especial mostrando isso. Revista Nordic nº 2, 2008, p. 19. Artigo The «Swedish Model» is recommended. O que dizem os artigos técnicos mais relevantes? Nesta seção, estão resumidas as conclusões de outros artigos e estudos mais recentes ou relevantes sobre o tema deste boletim e que foram identificados depois de examinadas mais de 4.000 referências técnicas. a) Artigo de Claes Tingvall - 1987 A conclusão final deste estudo, um dos mais citados internacionalmente, é que o uso de sistemas de retenção infantil é eficaz na hora de prevenir lesões nas crianças, especialmente o uso de sistemas de retenção virados para trás. Tingvall, C. Children in cars. Some aspects of the safety of children as car passengers in road traffic accidents. Acta Paediatr. Scand. Suppl 1987;339:1.35. b) Artigo de Stiftung Warentest - 2007 Em um artigo técnico de 2007, a organização alemã Stiftung Warentest recomendava que é necessário incentivar que as crianças viajem viradas para trás até pelo menos os três anos de idade. A Stitfung Warentest é uma fundação alemã independente, criada em 1964 e financiada pelo governo federal alemão, que tem por objetivo oferecer conselhos aos consumidores sobre como economizar e comprar produtos seguros, íntegros e respeitosos ao meio ambiente. Entre as centenas de testes e relatórios que publica todo ano, a Stiftung Warentest analisa, desde 2002, a segurança das cadeirinhas com exigentes testes de batida e facilidade de uso. Görlitz, H. Rearward Facing Child Restraints for Toddlers a Consumer View. Protection of Children in Cars Conference, Munich (Germany), 2007. Página 11

c) Artigo de Watson e Monteiro - 2009 Este artigo dirigido principalmente a profissionais da medicina realiza uma interessante revisão da literatura técnica mais recente e oferece um breve resumo dos avanços já conquistados. O artigo mostra, por exemplo, que se a criança sofre uma colisão frontal e viaja em uma cadeirinha virada para a frente, o peso relativamente grande da cabeça das crianças pequenas e as diferenças na anatomia de sua coluna cervical podem produzir alongamentos excessivos, ou até mesmo separação completa da medula espinhal. Quanto menor a criança, menor a força necessária para causar uma lesão medular. Nos cadeirinhas viradas para trás, a cabeça, o pescoço e a coluna vertebral se mantêm perfeitamente alinhados e as forças de colisão se distribuem sobre todas essas partes do corpo. As cadeirinhas viradas para trás são mais seguras para as crianças com menos de quatro anos de idade. Deve-se aconselhar pais e responsáveis que mantenham as crianças pequenas em cadeirinhas viradas para trás durante todo o tempo que for possível. Watson, E.A., Monteiro, M.J. Advise use of rear facing child car seats for children under 4 years old. BMJ 2009; 338:b1994. Por que viradas para trás é melhor? nesta seção, explicamos porque é tão importante que as crianças viajem viradas para trás durante o maior tempo possível e avaliamos a eficácia deste tipo de cadeirinha na prevenção de lesões graves ou mortais. a) Um pescoço pequeno (e muito frágil) para uma cabeça muito grande Um guia sobre segurança de crianças no automóvel elaborado por um fabricante de veículos em 2004 explica, de modo muito didático, porque é tão importante que as crianças viajem no automóvel viradas para trás. Segundo o guia, a maneira mais segura de viajar em um automóvel é virado para trás. Na verdade, o melhor seria que todos nós viajássemos deste modo, virados para trás; porém, levando em conta o design dos nossos veículos, isso não é possível para os passageiros adultos. Mas as crianças pequenas podem, e devem, viajar viradas para trás durante todo o tempo possível. Como continua o guia, em uma colisão frontal, o tórax é firmemente detido pelo cinto de segurança, porém a cabeça de um ocupante que viaje virado para a frente é lançada para a frente com uma força considerável. A inércia faz com que a cabeça continue se movendo para a frente e para baixo até que o queixo golpeie o esterno e, depois, ricocheteie para cima e para trás. O pescoço de um ocupante adulto consegue suportar estes esforços relativamente bem, mas o pescoço de uma criança pequena não consegue. Além disso, enquanto a cabeça de um adulto representa aproximadamente 6% do peso total de seu corpo, no caso das crianças pequenas a cabeça constitui até 25% do peso total. Além disso, os músculos e os ligamentos do pescoço da criança ainda não finalizaram seu desenvolvimento e, portanto, são mais frágeis do que o dos adultos. Também em caso de colisão lateral, a cabeça das crianças que viajam em cadeirinhas viradas para a frente está menos protegida do que se viajassem em cadeirinhas viradas para trás. Quando se viaja virado para a frente é Página 12

mais fácil que a cabeça se mova para a frente no início da colisão já que o habitual é que o veículo que sofre o impacto esteja se movendo nessa direção no momento do choque, saia para fora dos limites ou proteções laterais da cadeirinha e fique exposta a impactos contra outros ocupantes, contra as estruturas do veículo ou também contra objetos do exterior, como árvores e outros veículos. Em caso de batida traseira, e pelas mesmas razões expostas até o momento, é possível que uma cadeirinha virada para a frente proteja melhor seu ocupante do que uma virada para trás. Contudo, as batidas traseiras são normalmente acidentes menos violentos do que as colisões frontais. Na verdade, é muito menor o número de passageiros que ficam grave ou mortalmente feridos em batidas traseiras do que os passageiros lesionados em colisões frontais. E, finalmente, convém recordar o estudo da ANEC de 2008, citado em uma das seções anteriores, que não constatou nenhum tipo de desvantagem dos cadeirinhas viradas para trás nos acidentes reais analisados. A ideia de transportar bebês e crianças virados para trás no veículo é de origem sueca e surgiu na década de 1960. Foi proposta pelo professor Bertil Aldman, da Universidade de Chalmers, em Gotemburgo (2). O professor Aldman se inspirou nos assentos da missão espacial Gemini, utilizados pelos astronautas na decolagem e aterrissagem. Estes assentos estavam especialmente instalados para distribuir as forças nestas fases do voo espacial sobre toda as costas. Em 1964, Aldman já havia desenhado uma cadeirinha virada para trás e, em 1969, existia um modelo deste tipo à venda na Suécia. Pouco depois, em 1970, a General Motors apresentava nos Estados Unidos seu bebê conforto de segurança ou, em inglês, Infant Safety Carrier (3). Desde que Aldman apresentou seu dispositivo, as cadeirinhas viradas para trás se popularizaram na Suécia muito antes que nos outros países. Porém, para fazer justiça, é preciso reconhecer que a ideia de Aldman no caso das crianças provavelmente se baseou nos experimentos realizados duas décadas antes, por outro pioneiro da segurança, no fim das contas, também viária: o coronel norte-americano das forças aéreas, John Paul Stapp. Em 1948, o coronel Stapp havia se submetido, sentado em um assento virado para trás, a 16 testes de brusca desaceleração similar ao que se pensava que experimentariam os pilotos de aviões de combate em caso de acidente, chegando a experimentar em seu organismo forças 35 vezes superiores à força da gravidade. Forças que duplicavam em relação àquelas que até então eram consideradas o limite tolerável pelo ser humano. Estas experiências demonstraram, no caso dos adultos, que os assentos virados para trás proporcionavam aos passageiros de aeronaves a melhor proteção possível (http://www.stapp.org/stapp.shtml). Resumindo, o princípio subjacente nas cadeirinhas viradas para trás é muito simples: caso ocorra uma colisão frontal, são as costas inteiras da criança que suportam as forças produzidas pelo impacto e não o seu pescoço, que é muito mais vulnerável. De fato, o movimento relativo entre a cabeça, o pescoço, a coluna vertebral, a medula espinhal e o tórax é muito mais reduzido do que em cadeirinhas viradas para a frente. Nas cadeirinhas viradas para trás, é todo o apoio da cadeirinha que vai segurar a criança (tanto suas costas como sua cabeça) durante uma colisão frontal, e não somente os cintos de segurança, cuja superfície é mais estreita e, como foi demonstrado, não são capazes de controlar de modo eficaz o movimento da cabeça da criança. Página 13

b) Uma eficácia muito maior Segundo a Administração Nacional Sueca de Estradas (Swedish National Road Administration - SNRA), as crianças pequenas que viajam em cadeirinhas viradas para a frente correm um risco cinco vezes maior de morrer ou de sofrer lesões graves do que as crianças que viajam em cadeirinhas viradas para trás (4). O referido guia de um fabricante de automóveis também cita o mesmo valor de eficiência (1). Já em 1991 foi estimado que, embora os assentos de elevação previnam entre 30% e 60% das lesões infantis graves ou fatais, as cadeirinhas viradas para trás evitam entre 80% e 90% de tais lesões (5). Seis anos mais tarde, em 1997, foi relatado, neste caso a partir de dados de acidentes ocorridos na Suécia no período de 1976 a 1996, que, enquanto a eficácia dos assentos de elevação virados para a frente era de 77%, a das cadeirinhas viradas para trás alcançava 96%. Por último, a eficiência dos cintos de segurança de adultos nas crianças de mais idade só alcançava, segundo o estudo sueco, 59% (6). Oito anos mais tarde, e sobre outra mostra de crianças que sofreram acidentes entre 1987 e 2004 (em outras palavras, ocorridos aproximadamente 10 anos depois que no estudo anterior), foi estimada uma eficácia de 90% na redução de lesões no caso dos cadeirinhas viradas para trás e usadas por crianças de três e quatro anos, e de 77% no caso dos assentos de elevação usados por crianças de quatro a 10 anos (7). Por outro lado, o manual norueguês de medidas de segurança rodoviária, referência em nível mundial, mostra que até os quatro anos de idade, as cadeirinhas viradas para trás são mais seguras do que as viradas para frente: enquanto as primeiras previnem 80% das lesões, as viradas para a frente evitam apenas 50% (8). Finalmente, um estudo de 2007 da Universidade de Virgínia, da Universidade de Indiana e do Hospital Infantil da Filadélfia nos EUA realizado a partir de dados de acidentes ocorridos entre 1988 a 2003 nos Estados Unidos mostra que embora a eficácia das cadeirinhas viradas para a frente seja de 78%, as cadeirinhas viradas para trás têm uma eficiência superior, de 93% (9). É muito interessante a coincidência considerável dos valores de eficácia anteriores com os descobertos 10 anos atrás na Suécia: tal como foi mostrado, a partir de dados de acidentes ocorridos no país nórdico, no período de 1976 a 1996, determinou uma eficiência dos assentos de elevação virados para a frente de 77% e uma eficiência das cadeirinhas viradas para trás, de 96% (6). 1. Guia Volvo for life - A Safety Manual Children in Cars de 2004. 2. Aldman, B. A protective seat for children. Experiments with a safety seat for children between one and six. 8th Stapp car crash and field demonstration conference, Detroit, 1966, pp. 320 328. 3. Feles, N. Design and Development of the General Motors Infant Safety Carrier. Paper 700042. SAE, 1970. 4. Folheto Vägverket Crianças no automóvel Como proteger seus filhos pequenos. Novembro de 2009. 5. Carlsson, D, Norin, H, Ysander, L. Rearward facing child seat the safety car restraint for children? Accid. Anal. Prev. 1991 Apr Jun;23(2-3):175 82. 6. Isaksson Hellman I, Jakobsson L, Gustafsson C, Norin H. Trends and effects of child restraint systems based on Volvo s Swedish accident database. Report No SAE 973299. 7. Jakobsson, L., Isaksson Hellman, I., Lundell, B. SAFETY FOR THE GROWING CHILD EXPERIENCES FROM SWEDISH ACCIDENT DATA. Paper Number 05 0330. ESV Conference 2005. 8. Rune Elvik, Truls Vaa (editors). The Handbook of Road Safety Measures. Elsevier, 2004. Amsterdam, The Netherlands. ISBN: 0080440916. 9. Henary, B., Sherwood, CP., Crandall, JR., Kent, R.W., Vaca, FE., Arbogast, KB., Bull MJ. Car safety seats for children: rear facing for best protection. Injury Prevention 2007;13:398 402. Página 14

Recomendações finais A recomendação final para os pais é que as crianças devem viajar viradas para trás durante todo o tempo possível. Isso evitaria lesões que podem acontecer com a utilização de cadeirinhas viradas para a frente e que poderiam ser prevenidas praticamente em sua totalidade com cadeirinhas viradas para trás. As cadeirinhas viradas para trás são muito mais seguras do que as cadeirinhas viradas para a frente. Quando um bebê cresce e seu bebê conforto se torna pequeno, é preciso trocar por uma cadeirinha maior, mas que permita que ele continue viajando virado para trás. As crianças deveriam viajar viradas para trás, seguindo a prática nórdica que se demonstrou muito eficiente, até os três ou quatro anos de idade. Outras recomendações adicionais são: Seria necessário realizar uma ampla campanha de conscientização. Além das cadeirinhas para até 13 kg, todos os fabricantes deveriam oferecer cadeirinhas para crianças entre 9 e 18 kg em que elas possam viajar viradas para trás. Os fabricantes de cadeirinhas, por outro lado, também deveriam simplificar ao máximo a instalação deste tipo de equipamento. Em terceiro lugar, os fabricantes deveriam concentrar seus esforços em melhorar a capacidade de absorção de energia de suas cadeirinhas na área da cabeça das crianças. Os fabricantes de veículos, por sua vez, deveriam considerar em seus desenhos as cadeirinhas para crianças de três ou quatro anos viradas para trás, além de maior espaço disponível para sua instalação na cabine de passageiros. A Comissão Brasileira de Segurança Veicular, responsável pelas normas atuais de aprovação de sistemas infantis de retenção no Brasil, deveria revisar a classificação, a definição e o rótulo dos diferentes grupos de peso ou tipos de dispositivos de retenção infantil, de modo a evitar a transmissão da mensagem que as crianças já devem viajar em cadeirinhas viradas para a frente a partir dos 9 kg. Nota final: Este documento não insiste, embora o faça agora, que NUNCA se deve instalar diante de um airbag frontal um bebê conforto ou cadeirinhas para o transporte de crianças VIRADAS PARA TRÁS, a menos que o airbag tenha sido manual ou automaticamente desativado. O perigo neste caso é MORTAL e muito conhecido. Página 15 www.seguridadvialinfantil.org