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Transcrição:

Maria João Carneiro mjcarneiro@ua.pt Diogo Soares da Silva diogo.silva@ua.pt Vítor Brandão vmbrandao@ua.pt Elisabete Figueiredo elisa@ua.pt Universidade de Aveiro, Portugal

Avaliar os discursos sobre o rural e a ruralidade nos Planos Nacionais de Turismo entre 1985 a 2011; Identificar as principais noções veiculadas naqueles planos sobre o rural, a ruralidade e o Turismo rural; Identificar as principais diferenças entre os PNT (1985-1989 e 1989-1993) e o PENT (2007-2010) e sua revisão (2011-2015)

O turismo rural surge com alguma expressão, enquanto modalidade regulamentada, na década de 80, alavancada por apoios financeiros diretos A adesão de Portugal à UE permitiu o acesso a novas fontes de financiamento para o turismo rural, que é alvo de um forte impulso, a partir desta data Em finais da década de 80 o TER adquire maior relevância no contexto do desenvolvimento rural e é encarado como uma mais-valia para o desenvolvimento económico das regiões A iniciativa Ano Europeu do Turismo (1990) originou a elaboração de um pacote de medidas comunitárias para o fomento do turismo rural, centrado na melhoria da oferta, na valorização, na promoção e na comercialização do TER A oferta de alojamentos turísticos em áreas rurais consolida-se na década de 90, graças ao aumento da procura, da diversidade de atividades desenvolvidas naquelas áreas e à contribuição de programas europeus (LEADER, RIME, SAJE) e nacionais (PPDR)

PNT: primeiro plano estratégico para o turismo em Portugal (1985-1988) Defendia uma mudança de estratégia, alargando a oferta turística e promovendo outros produtos que não os clássicos sol e mar Prioridades: ordenamento turístico do território, redução dos desequilíbrios regionais, preservação e valorização do património turístico Áreas-chave: termalismo, animação, estruturação administrativa, formação profissional, investimentos e promoção turística PNT do período 1989-1992 seguiu as linhas orientadoras do seu antecessor, enfatizando as mesmas necessidades e produtos

Preconiza a consolidação e desenvolvimento de 10 produtos turísticos estratégicos: Sol e Mar, Touring Cultural e Paisagístico, City Break, Turismo de Negócios, Turismo de Natureza, Turismo Náutico, Saúde e Bem-estar, Golfe, Resorts Integrados e Turismo Residencial, e Gastronomia e Vinhos Aposta na qualidade: formação, modernização empresarial e a melhoria da qualidade urbana, ambiental e paisagística Revisão do Plano para o horizonte 2015 reforça a importância da sustentabilidade

Foi efetuada uma análise de conteúdo qualitativa e quantitativa aos documentos relativos aos 4 PNT/PENT PNT 1985-1988 PNT 1989-1992 PENT 2007-2010 Revisão do PENT 2011-2015 A análise envolveu a criação de uma base no software NVivo10, na qual foram inseridos e classificados, segundo as suas características (tipo de documento, período e fonte), os documentos relativos ao turismo rural a examinar, assim como foram criadas categorias de análise (nodes) às quais foram associadas, após cuidada leitura, as noções veiculadas nos documentos, através da codificação de partes destes.

O rural no PNT (1985-1988) emerge essencialmente associado ao património natural e cultural É argumentado que os recursos oferecidos pelas zonas rurais (arquitetura tipicamente rural, clima, paisagens e modos de vida) possibilitam o desenvolvimento de diversas modalidades de TER O TER é visto como um manancial de oportunidades para o desenvolvimento do interior do país, que deveria passar por uma aposta nas acessibilidades, no desenvolvimento do termalismo, do turismo cinegético e pesca desportiva, do TER nas suas diferentes modalidades, no património cultural e ambiental, no campismo e caravanismo e nos grandes parques e reservas naturais O PNT procura fomentar o TER através da instalação de pequenas unidades de alojamento, aproveitando explorações agrícolas, recuperando montes alentejanos, investindo em informação e formação, inventariando propriedades e habitações, apostando também na criação de apoios financeiros Financiamento: recurso ao FEOGA, através do IFAP

Ênfase nos recursos locais e fatores como as acessibilidades, o termalismo, o turismo cinegético, a pesca desportiva, o TER, o património cultural e ambiental, o campismo e o caravanismo e os parques naturais e reservas É conferida particular importância às áreas protegidas, alvo de procura crescente por turistas cuja principal motivação é o contacto com a natureza No âmbito do TER surge com relevância a reclassificação das unidades de alojamento existentes As regiões menos desenvolvidas do interior do país passam a ser o alvo prioritário de novas iniciativas de TER

No PENT (2007-2010) são enumerados recursos com capacidade de atração turística, alguns deles intimamente ligados aos espaços rurais: ruralidade, planície ou floresta Em todo o documento regista-se apenas uma referência ao TER, que não se encontra entre os produtos estratégicos identificados no plano, ao contrário do turismo de natureza, que pode também ser desenvolvido em áreas rurais No documento da revisão do PENT para o período 2011-2015 esbatem-se, ainda mais, as referências feitas ao rural e ao turismo de natureza

Agroturismo/Agroturismo Turismo rural/turismo em espaço(s) rura(l/is) PNT (1985-1989) PNT (1989-1993) Total PNTs PENT Revisão PENT Total PENT + Revisão PENT 1 2 3 0 0 0 6 14 20 1 0 1 Hotéis rurais 0 2 2 1 0 1 Turismo de natureza 0 0 0 32 1 33 Paisagem 5 3 8 29 2 31 Natureza 3 7 10 48 1 49 Rural/rurais/ruralidade 15 22 37 7 3 10 Áreas protegidas 0 5 5 3 0 3 Número de ocorrências de palavras/expressões associadas ao rural e turismo rural nos PNT/PENT

PNT 1985-1989 PNT 1989-1993 Total PNTs PENT Revisão PENT Total PENT + Revisão PENT Legislação e política 9 17 26 0 4 4 Marketing 0 2 2 14 2 16 Importância do Rural 24 33 57 37 9 46 Componentes do produto turismo no espaço rural 12 16 28 7 2 9 Turismo 19 50 69 61 10 71 Número de associações entre palavras/expressões relacionadas com rural e temas abordados nos PNT/PENT

PNT 1985-1989 PNT 1989-1993 Total PNTs PENT Revisão PENT Total PENT + Revisão PENT Legislação e política N=15 (%) N=22 (%) N=37 (%) Legislação 0 6 4 0 0 0 Política e organização 9 2 5 0 11 7 Financiamento 6 8 7 0 0 0 Marketing Marketing 0 2 1 11 6 7 Importância do rural Componentes do produto turismo no espaço rural Desenvolvimento 15 10 12 22 33 30 Conservação 2 2 2 0 6 4 Valor 13 6 9 22 6 11 Diversificação 0 6 4 11 6 7 Outros 6 2 4 0 0 0 População 6 5 5 0 11 7 Natureza 4 7 6 0 0 0 Agricultura 9 1 4 0 0 0 Turismo Turismo 31 42 38 33 22 26 Total Total 100 100 100 100 100 100 Percentagem das associações entre palavras com o prefixo rura (rural, rurais, ruralidade) e temas abordados nos PNT/PENT relativamente ao número total de associações entre estas palavras e todos os temas considerados N=7 (%) N=3 (%) N=10 (%)

Embora não existam muitas associações entre o discurso especificamente sobre o rural e os temas do marketing e da legislação e política, o marketing e o subtema política e organização têm uma importância relativa maior nos PENT do que nos PNT e, em contraste, a legislação e financiamento assumem uma maior importância relativa nestes últimos. Estes resultados corroboram as conclusões de análises anteriores que revelam que o rural era, numa primeira fase do processo, associado a um produto estratégico o TER - que era preciso regulamentar e fomentar através de financiamento para, numa segunda fase, com os PENT, passar a ser considerado como um produto que é preciso promover junto do mercado

Da análise efetuada é possível identificar duas grandes tendências correspondentes aos períodos a que se referem cada um dos planos analisados: A primeira relaciona-se com a perda de relevância do rural enquanto produto turístico e a sua progressiva substituição pelo turismo de natureza que, no PENT, surge claramente como um dos dez produtos turísticos estratégicos de Portugal. A segunda relaciona-se com a passagem da ênfase colocada na regulamentação das atividades turísticas para o reconhecimento crescente da necessidade da sua promoção. Depois de 2007, é mais visível a preocupação com a melhoria e diversificação da oferta turística, estando mais patente uma preocupação com a promoção e o marketing dos produtos considerados estratégicos.

No entanto, tanto ao nível do marketing, como em todo o PENT em termos gerais, a perspetiva sobre o rural deixou, como já mencionado, não só, de ser tão visível, como passou a ser menos abrangente, colocando quase toda a ênfase na contacto com a natureza e negligenciando a atenção dada a outros aspetos como o património cultural tangível e intangível das comunidades locais. Reconhecendo a importância que as áreas rurais possuem para o turismo, correspondendo a destinos multifacetados detentores de importante património natural e cultural preservado e autêntico, e reconhecendo também a relevância do turismo para a diminuição do isolamento das áreas rurais, bem como para a sua dinamização, seria importante que esta relevância fosse enfatizada nos planos e que se apontassem políticas e ações capazes de promover o desenvolvimento sustentável do turismo em áreas rurais.

Maria João Carneiro mjcarneiro@ua.pt Elisabete Figueiredo elisa@ua.pt Vítor Brandão vmbrandao@ua.pt Diogo Soares da Silva diogo.silva@ua.pt Universidade de Aveiro, Portugal