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Gás Brasil SP 16/11/2009 Notícias Online Energia para evitar apagão está assegurada até 2013, diz governo (Não Assinado) A afirmação foi de Mauricio Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE),.órgão do governo federal que faz o planejamento energético de longo prazo para o país. O Brasil tem energia elétrica assegurada até 2013 para atender a demanda e está em fase de planejamento para o período entre 2014 e 2018, afirmou ao G1 o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Mauricio Tolmasquim. A EPE é um órgão do governo federal que faz o planejamento energético de longo prazo para o país. Na terça-feira (10), um apagão deixou 18 estados do país sem energia elétrica. O governo informou na quarta (11) que a interrupção no fornecimento foi consequência de raios, ventos e chuva na região de Itaberá, em São Paulo, e não da falta de energia. Dados do Plano Decenal de Expansão de Energia 2008-2017, levantados pela EPE e divulgados pelo Ministério de Minas e Energia no começo deste ano, apontam que o consumo de energia elétrica devem crescer mais de 40% no país em oito anos. Tolmasquim afirma que o país está preparado para a alta demanda. "A gente até 2013 está com toda demanda atendida. A gente está olhando para 2014 a 2018. Vamos fazer esse ano ainda leilão (de concessão de energia) para 2014." O presidente da EPE informou que o plano decenal será revisado nos próximos meses para levar em consideração uma retração no consumo em 2009 por conta da crise financeira internacional. Os dados a longo prazo, porém, não devem ser substancialmente alterados, informou. Os dados sobre crescimento do consumo no país apontam ainda que entre 2009 e 2017 o consumo residencial terá alta percentual maior, de 49% (98.883 gigawatts por ano neste ano para 147.408 gigawatts em 2017), do que o consumo industrial, que deve crescer em torno de 37,2% (de 189.089 gigawatts para 259.468 gigawatts daqui oito anos). "O crescimento da demanda da indústria é menor porque representa quase 50% do consumo do país. O aumento menor representa um acréscimo enorme", afirma Tolmasquim. Segundo o presidente da EPE, o incremento do consumo residencial pode ser atribuído a programas sociais como o Luz para Todos e aumento da renda das classes mais baixas. Mauricio Tolmasquim disse também que o país não corre risco de um apagão por falta de energia porque planeja o aumento da demanda. "Houve uma retomada do que antigamente tinha, mas foi descontinuado na década de 90. (...) As razões do racionamento em 2001 foram falta de investimento e de planejamento." Falta de energia Especialistas consultados pelo G1 confirmaram que o país não deve enfrentar problemas por falta de energia e disseram que o apagão foi uma questão "pontual". Para o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pesquisador do Grupo de
Estudos do Setor Elétrico (Gesel), Rubens Rosental, "não existe" possibilidade de um novo racionamento, por exemplo. "O sistema está muito bem, os reservatórios estão bem cheios e há usinas a serem construídas", avalia. Pouco antes do racionamento de energia em 2001, o país enfrentou um apagão em 1999 parecido com o registrado na terça. Rosental avalia, porém, que o de agora não é um prenúncio de algo negativo. "Em 2001 os reservatórios estavam baixos onde fica a grande geração de energia. Não havia linhas de transmissão. Esse foi o problema. (...) Já havia estudos naquela época que comprovavam a necessidade de investimentos." O professor de Engenharia Elétrica da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Teófilo Miguel de Souza, comentou a afirmação da ministra da Casa Civil Dilma Rousseff de que não haveria um apagão há apenas duas semanas e disse que é justificada. "É claro que a gente nunca pode afirmar, no fundo, nada com tanta certeza. Eu nunca afirmaria que estamos garantidos. Mas se você ver que as linhas de transmissão estão integradas, que a nossa capacidade de geração de energia quase dobrou de 2003 para cá, que as pessoas estão conscientes da importância de economizar energia, você entende ela ter falado isso, diz Souza. O que ela quis dizer é que o Brasil não terá um apagão por falha na capacidade de produzir energia. E nisso ela está certa, diz. Para ele, o apagão foi uma "fatalidade". "Hoje o sistema elétrico brasileiro é o mais perto que é possível dos 100% de confiabilidade." Marco regulatório O novo marco regulatório para o setor de energia elétrica, implantado pelo governo federal em 2004 quando Dilma Rousseff era ministra de Minas e Energia, é apontada por especialistas como importante para garantir o fornecimento da energia a longo prazo porque estipulou critérios para planejamento. No entanto, alguns especialistas apontam que as mudanças criaram um problema de gestão na área de energia. Para Ildo Sauer, ex-diretor de Gás e Energia da Petrobrás e professor da Universidade de São Paulo, a reestruturação não resolveu problemas crônicos, como uma "dispersão forte no comando". Segundo Sauer, isso agravou um problema para "encontrar o responsável por qualquer coisa. "Há uma enorme dispersão de responsabilidade. Você tem a ONS [Operador Nacional do Sistema] de um lado e uma montanha de empresas do outro", afirma. Além da ONS, administram a energia elétrica o ministério e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O professor da Unesp Teófilo Miguel de Souza afirma que há muita lentidão na tomada de decisões na área. "O sistema de energia como um todo é paquidérmico. As decisões levam tempo para serem tomadas. Porque envolvem muita coisa e as construções envolvem muito tempo", afirma.