Depois da Crise: perspectivas para a empresa brasileira nos novos cenários (2016-2018). Francisco Carlos Teixeira Da Silva/ Professor Conferencista da FDC Professor Titular de Política Internacional/UFRJ Professor Emérito de Estratégia Internacional/ECEME Rio, 2016
2016 - um começo mais pessimista que 2014 e 2015: No Grande Plano Estratégico: 1. Sinais evidentes de falência da Ordem Mundial oriunda do fim da Guerra Fria(1945-1991), com as consequências de uma mudança ou ampliação dos centros de poder mundiais; 2. A Ordem Mundial mostrou-se menos pacífica e menos harmônica do que se esperava com o fim da União Soviética; 3. A liderança mundial dos Estados Unidos no campo político, econômico e tecnológico é questionada fortemente e Washington não consegue mais impor suas propostas e decisões ao conjunto do mundo; 4. Novos desenhos dos blocos geoeconômicos mundiais ( Brexit ).
Ausência ou incapacidade das instituições e organismos internacionais tomarem decisões(acertadas), em âmbito global: 1. paralisia da ONU; 2. desimportância do G7 e do G20; 3. paralisia da Rodada de Doha e OMC; 4. perda de importância das áreas supranacionais, como União Europeia ou Mercosul; 5. Novos mapas geoeconômicos; 6. Brexit. Há uma notável ausência de liderança mundial, tanto do ponto de vista de um forte líder (Reagan, Clinton, Helmuth Kohl, Margareth Thatcher ou M. Gorbachev), quanto no nível de organizações supranacionais.
Crise nas Relações Internacionais: EUA, U.E. versus Rússia Bloqueio econômico, perdas do comércio mundial; riscos muito fortes na Europa Oriental; Crise na Síria: insegurança global ( contágio para a África); Incidência sobre os preços do petróleo, gás e commodities agrícolas; EUA versus China Popular Crise no Mar do Sul da China; A Nova Rota da Seda; Pressão sobre os preços das commodities; Formação de grupos econômicos concorrentes; Crise Índia versus Paquistão: uma tragédia humanitária sem precedentes; Parceiro ou adversário estratégico? EUA, Coréia do Sul, Japão versus Coréia do Norte: Ausência de quaisquer mecanismos de mediação; Liderança errática; O Risco Seul e a crise financeira e bursátil mundial; Uma guerra local ou envolvimento global?
2. A crise contínua: aprofundamento e extensão da crise ou uma nova crise? 1. 2008, EUA, crise imobiliária e de bancos de hipotecários, com paralisia bancária e crise de grandes empresas alavancadas; 2. 2011, Europa: a crise atravessa o Atlântico e centra-se na dívida soberana dos membros da U.E.; 3. 2014, a crise atravessa o mundo e instala-se nos países emergentes; 4. 2016: a crise instala-se nas instituições financeiras globais: bancos chineses e europeus não são mais capazes de garantir seus próprios produtos.
Características originais e desconcertantes: 2.1 Petróleo, gás e as formas renováveis de energia entram em crise: não há como investir em formas novas de exploração de petróleo (fracturing, xisto ou energia eólia, marés, termal, bios-energia com o atual preço do petróleo; Consequências: Quebra de cias de energia alternativa nos Estados Unidos, Inglaterra e Espanha, paralisia na China; Tais quebras atingem o sistema bancário norte-americano, paralisam a pesquisa e já demitiram 200 mil pessoas; Quebra de países como Venezuela, crise na Rússia, Irã, Arábia Saudita, México e Brasil; 2.2 Commodities agrícolas: não se deu um fim de ciclo : na verdade os volumes continuam circulando e mesmo em aumento deu-se uma perda de valores do bens comerciáveis;
3. Situação Atual, paradoxos da gestão da crise: 3. Imensa liquidez mundial, com taxas juros ainda baixas e mesmo negativas (exceto, claro, Brasil); 3.1 A aversão ao risco, contudo impede um vigoroso programa de investimentos que seria a chave da retomada; 3.2 Os capitais fogem dos antigos centros de investimentos: China, desinvestimento recorde; Brasil, wait and see ; Rússia, bloqueada; México, a grande ilusão. Os emergentes caem para 4.% ao ano; 3.3 Novos Destinos: Índia e Irã, mas sob forte tutela estatal.
4. A ineficácia da ação financeira: à grande liquidez mundial se contrapõe: Juros: Exceto Brasil, muito baixos ou negativos: os bancos começam a mostrar sinais de stress; Autofinancianciamento: não chega ao processo produtivo; Bancos italianos; Deutsche Bank e Commerz Bank desbancarização Ativos não produtivos: ouro, obras de arte, bônus alemães e americanos; Bancos Centrais Ausência de clareza e incapacidade de sinalizar para o mercado; Fed versus BCE e Banco Central Alemão.
5. A Overcapacity da Indústria mundial:
Resumindo: a natureza da crise longa, profunda e extensa ( não é V, não é U não é W e sim L? 1. Uma crise internacional (encolhimento de mercados+queda dos preços das commodities); Previsão de crescimento do mercado mundial em 2016: 2.9% (Ano base da OMC = 1990, 5%) HOJE: 1.7% Resposta: manutenção da livre flutuação do dólar e um imenso esforço em infraestrutura e logística.
6. A ORIGINALIDADE BRASILEIRA: 1. boas reservas; 2. continua entrada de divisas; 3. bases gerais fortes; 4. Déficit público crescente; 5. Realinhamento de preços ( com inflação alta, mas em viés de controle próximo); 6. Ausência de investimentos (ausência de clareza no marco jurídico) 7. Retraimento do consumo; 8. Desemprego.
Competitividade= fatores de produção eficazes 1. Uma crise brasileira com dois vetores: o econômico (simples?) e o político (crítico); 2. óbices institucionais, tais como a reforma tributária; 3 Problemas de infraestrutura e logística; 4. Preços de Insumos; 5. Capacitação da mão-deobra.
EDUCAÇÃO E CAPACITAÇÃO 1. Uma proposta ligeira e de efeito vitrine ; Ausência do Sistema S no debate; A necessidade de trabalhar nas duas vias : 1. Educação: longo prazo, sinalizando objetivos e avaliando continuamente resultados; 2. capacitação: no curto prazo, visando dotar o mercado de recursos humanos e melhorar o nível de vida de trabalhadores; A Proposta Obama.
7. HÁ UM PROGRAMA: Quais as consequências imediatas? 1. As Reformas : CLT do absolutismo à inércia; 2. Previdência: reinventar todo o sistema, por partes e com um amplo tratamento de comunicação social; 3. Reforma Tributária: por que não agora? 4. Rigor orçamentário e fiscal. Muita falação, pouco debate nenhuma ação!
O que nos aguarda? Organizar acordos ou caminhar para a guerra social? Pactuar com os sindicatos e organizações da sociedade civil; Reformar a Justiça do Trabalho mais ágil, previsível e barata; Manter a oferta de oportunidades afirmativas : mulheres, crianças e jovens e negros e índios. Apontar os vícios culturais e o atraso.
Recomendações de Joseph Stiglitz, o pai do ciclo de otimismo da Era Clinton: 1. Mudança radical da atuação dos bancos centrais; 2. Oportunidade única de investimentos em infraestrutura e logística; 3. Fortes investimentos em educação, ciência e tecnológica prevendo já o póscrise altamente competitivo.
Um futuro luminoso... (Carmela Gross)