MF-1308.R-2 - MÉTODO DE LIXIVIAÇÃO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS EM MEIO AQUOSO - TESTE DE LABORATÓRIO Notas: Aprovada pela Deliberação CECA n. 654, de 16 de maio de 1985 Publicada no DOERJ de 10 de junho de 1985 1. OBJETIVO Estabelecer a metodologia de lixiviação de resíduos industriais em meio aquoso, a ser adotada como instrumento auxiliar na análise de sua periculosidade e de seu comportamento quando dispostos em aterros e submetidos à ação de um percolado com característica neutra (ph neutro), como parte integrante do Sistema de Licenciamento de Atividades Poluidoras. 2. DEFINIÇÕES 2.1 LIXIVIAÇÃO Deslocamento de arraste, por meio líquido, de certas substâncias contidas nos resíduos industriais. 2.2 RESÍDUOS INDUSTRIAIS Compreendem os resíduos industriais classificados como perigosos e comuns: - Resíduos industriais Perigosos - são todos os resíduos sólidos, semi-sólidos e os líquidos não passíveis de tratamento convencional resultantes da atividade industrial e do tratamento de seus efluentes líquidos e gasosos que, por suas características, apresentam periculosidade efetiva ou potencial à saúde humana ou ao meio ambiente, requerendo cuidados especiais quanto ao acondicionamento, coleta, transporte, armazenamento, tratamento e disposição. - Resíduos Industriais Comuns - são todos os resíduos industriais sólidos e semi-sólidos com características semelhantes às dos resíduos sólidos urbanos. 2.3 RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS
São os resíduos sólidos e semi-sólidos gerados num aglomerado urbano, excetuados os resíduos industriais, hospitalares sépticos e de aeroportos e portos. 2.4 PERCOLADO Líquido que passou através de um meio poroso. 3. PRINCÍPIO E APLICABILIDADE 3.1 O método proposto é uma modificação do teste adotado pela USEPA- United States Environmental Protection Agency e está baseado na metodologia de teste da República Federal Alemã - RFA. O líquido de extração, água destilada ou deionizada após íntimo contato com o resíduo na prática, o percolado do aterro é analisado para que sejam identificadas as substâncias tóxicas orgânicas e inorgânicas presentes. 3.2 O método é aplicável a amostras de resíduos sólidos, semi-sólidos e líquidos de origem industrial. 3.3 O método não é aplicável a amostras constituídas de partes monolíticas ou de material encapsulado. 3.4 As amostras sólidas e semi-sólidas para o teste de lixiviação devem ser representativas do resíduo a ser testado, ter uma granulometria máxima fixada em 9,5 mm e ter no mínimo 100 gramas de sólidos. 4. EQUIPAMENTOS 4.1 Extrator (Fig. 1) com as seguintes características: ser capaz de evitar extratificação, de submeter todas as partículas das amostras ao contato com o líquido extrator e garantir uma agitação homogênea durante o período de funcionamento; ser de aço inoxidável quando o lixiviado for submetido à análise de substâncias orgânicas; ser de polietileno ou PVC quando o lixiviado for submetido à análise de metais pesados; fazer a agitação da amostra através de duas lâminas a uma velocidade maior ou igual a 40 rpm.
FIG. 1 - EXTRATOR (Cotas em centímetro) 4.2 Potenciômetro com subdivisões de 0,1 unidade na escala de leitura. 4.3 Equipamento de filtração a vácuo. 5. REAGENTES E MATERIAIS 5.1 Água destilada ou deionizada. 5.2 Papel de filtro Millipore 0,45 mm ou similar. 5.3 Peneira com malha de 9,5 mm de abertura. 6. PROCEDIMENTO 6.1 Tratamento preliminar. 6.1.1 Se a amostra contiver líquido, deverá ser filtrada para separar todas as partículas com diâmetro igual ou superior a 0,45 mm. Em caso de dificuldade de filtração, a amostra deverá ser previamente centrifugada e o sobrenadante filtrado a vácuo.. se a fase sólida representar menos que 0,5% em massa, da amostra, o resíduo deverá ser descartado e o líquido ser submetido às análises necessárias;. se a fase sólida representar mais que 0,5%, em massa, da amostra, o resíduo retido na filtração deverá ser encaminhado para o teste de lixiviação e a fase líquida, refrigerada a 4 C, deverá ser separada para posteriormente ser juntada ao líquido lixiviado;
. se a fase sólida anteriormente obtida por filtração, não tiver granulometria menor ou igual a 9,5 mm, deverá ser triturada em um gral antes de ser submetida ao teste de lixiviação;. a verificação do teor de sólidos na amostra deverá ser feita a 80 C. Entretanto, o resíduo obtido após a filtração deverá ser submetido, ainda úmido, ao teste de lixiviação. 6.1.2 Se a amostra for sólida, o diâmetro das suas partículas deverá ser menor que 9,5 mm. Caso isso não ocorra, a amostra deverá ser quebrada convenientemente até que atenda a esta especificação. 6.2 LIXIVIAÇÃO 6.2.1 Do material sólido obtido, conforme o item 6.1.1, deverá ser pesado, imediatamente após o tratamento preliminar, o mínimo de 100 gramas para ser colocado no extrator, sem sofrer secagem prévia. Da amostra sólida obtida, conforme o item 6.1.2, deverá ser pesado no mínimo 100 gramas para ser colocado no extrator. 6.2.2 À fase sólida colocada no extrator, deverá ser juntada água destilada ou deionizada na razão sólido/água de 1:20, em massa. 6.2.3 Antes de iniciar a agitação, anotar o ph da mistura. 6.2.4 Agitar a mistura, no extrator, por período de 24 horas no máximo. 6.2.5 Finda a agitação, anotar o ph da mistura. 6.2.6 A fase líquida da mistura deverá ser separada da fase sólida, utilizando um papel de filtro com porosidade igual a 0,45 µm. 6.2.7 As fases líquidas obtidas, segundo os itens 6.1.1 e 6.2.6, deverão ser misturadas e homogeneizadas. A solução assim obtida constitui o lixiviado, que deverá ser submetido à análise para determinação de sua composição química. 7. RESULTADOS 7.1 Os métodos de análises a serem empregados na determinação dos componentes do lixiviado são os Métodos FEEMA, já normalizados, para determinação de substâncias na água e em efluentes líquidos, devendo seus resultados ser expressos em mg/l.
7.2 Os resultados devem estar acompanhados das seguintes informações : - Método de lixiviação utilizado (ácido ou aquoso). - ph inicial e final. - Teor de sólidos, em percentagem, a 80 ºC. - Tempo total de lixiviação. 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 8.1 Environmental Protection Agency, Federal Register, vol 45 - nº 98 - USA, may, 1980. 8.2 Deutsche Einheitsverfahren zur Wasser-Untersuchurg, Band II, S 4 (1983).