BAHA: BENEFÍCIO FUNCIONAL

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Transcrição:

7 Dezembro de 2010 NEUROTOLOGIA BAHA: BENEFÍCIO FUNCIONAL BAHA: FUNCTIONAL BENEFIT João Paço. Director de Serviço de ORL do Hospital CUF Infante Santo Diogo Oliveira e Carmo. Médico Especialista ORL do Hospital CUF Infante Santo Maria Caçador. Médica Especialista ORL do Hospital CUF Infante Santo Jorge Humberto Martins. Audiologista, Mestre em Ciências da Fala e da Audição RESUMO Desde o surgimento da prótese BAHA, esta tem sido utilizada na reabilitação de diversos indivíduos portadores de perda auditiva. Este trabalho tem como objectivo avaliar os benefícios tonais e vocais e avaliar subjectivamente através de um questionário o benefício sentido pelos pacientes que recorreram a esta técnica no Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital CUF Infante Santo. Após o tratamento estatístico, com o teste t para amostras emparelhadas (p<0,05), foram encontradas diferenças estatísticas entre os resultados sem o BAHA e com o BAHA, quer em termos tonais, quer nos testes vocais. A análise das respostas ao questionário veio confirmar subjectivamente os resultados evidenciados pela avaliação estatística. Palavras-chave: BAHA, Reabilitação auditiva, Surdez unilateral, Surdez de condução. ABSTRACT Since the emerging of BAHA prosthesis it has been used in the rehabilitation of several individuals with hearing loss. The aim of this study was to evaluate the tonal and discrimination benefits and to assess through a questionnaire the subjective benefits felt by patients using BAHA in the ENT Department of Hospital CUF Infante Santo. After statistical treatment, with the paired-samples t test (p<0.05), statistical differences were found between the results in tonal and vocal tests, with and without the BAHA. The analysis of the questionnaire responses subjectively confirmed the results shown by statistical evaluation. Key-words: BAHA, Aural rehabilitation, Unilateral hearing loss, Conductive hearing loss. INTRODUÇÃO Na reabilitação auditiva deparamo-nos com diversas patologias que nos colocam diferentes desafios. Em algumas dessas patologias não é possível, ou é muito limitado o uso de próteses auditivas electroacústicas, no entanto estes indivíduos necessitam de um sistema que lhes permita melhorar a sua audição. (1) Para dar melhor resposta a algumas dessas patologias, em 1977, em Gotemburgo iniciou-se o desenvolvimento e aplicação clínica do Bone Anchored Hearing Aids (BAHA). (2) O sistema BAHA é constituído por um implante de titânio, colocado cirurgicamente na mastóide, fixado pelo processo de osteointegração, e um pilar percutâneo, também de titânio, ao qual se adapta o processador de som. Este, capta o som, processa-o de acordo com as necessidades do indivíduo e transforma-o, através do transdutor, em vibrações que são transmitidas por meio de condução óssea directa ao ouvido interno, sem necessitar do ouvido médio funcional. A condução óssea complementa a via aérea como método de estimulação da cóclea no processo auditivo. (3) Em alguns doentes com determinadas patologias ou malformações congénitas, a audição por via aérea não é exequível, pelo que a via óssea é a única possibilidade de restabelecer a audição. Inicialmente, o sistema BAHA era indicado apenas para hipoacusias de transmissão ou mistas, abrangendo patologias como otite média crónica, otite externa, atresia, microtia, otosclerose, cavidades mastoideias instáveis, esvaziamentos por colesteatomas. (4) Estas indicações foram aprovadas pela Food and Drug Administration (FDA) em 1996. Decorridos vários anos de investigação e desenvolvimento, hoje também podem beneficiar deste sistema doentes com hipoacusia unilateral, quer de transmissão, quer neurossensorial, decorrentes de patologias como neurinoma do acústico, colesteatoma intralabiríntico, surdez súbita, síndrome de Ménière, surdez unilateral congénita, compressão do nervo auditivo, entre outras. A indicação do BAHA para a surdez unilateral (single side deafness SSD) surgiu em 2000, (5, 6) tendo obtido a aprovação pela FDA, em 2002.

2 Cadernos Otorrinolaringologia. CLÍNICA, INVESTIGAÇÃO E INOVAÇÃO O implante BAHA não afecta nenhuma das estruturas constituintes do ouvido, pelo que não existe nenhum risco de agravar a audição do doente. Não obstante, o processo é reversível no caso do doente não se adaptar. A cirurgia poderá ser realizada em um ou dois tempos cirúrgicos, sendo actualmente recomendado o procedimento de dois tempos cirúrgicos apenas para crianças com idade inferior a 18 meses e doentes que tenham sido sujeitos a tratamentos de radiação localizados na área do crânio. O processador de som só é adaptado após 2 a 4 meses após a intervenção cirúrgica, dependendo da técnica utilizada. (7) Snik et al., em 1995, compararam os resultados audiológicos e o grau de satisfação entre o BAHA e sistemas de estimulação por via óssea, concluindo que os utilizadores de BAHA obtiveram melhor discriminação verbal e um maior grau de satisfação. (8) Outros trabalhos reportam também uma melhoria do limiar auditivo e do SRT obtido com o BAHA. (9-12) Van Der Pouw et al., 1998, referem no seu estudo que os pacientes obtiveram o seu melhor SRT a 42 db SPL ao fim de 25 semanas, na melhor adaptação unilateral. (13) Niparko et al., 2003, compararam no seu trabalho os resultados obtidos com o sistema BAHA e o sistema CROS, obtendo como principais resultados uma melhoria na amplificação em campo livre, preferindo os pacientes o uso do BAHA em detrimento do sistema CROS. (14) Wazen et al., 2003, demonstraram no seu trabalho um aumento da discriminação verbal em situações de ruído, em pacientes com surdez sensorioneural unilateral, após o uso de BAHA. (15) A maioria dos pacientes do trabalho apresentado por Wazen et al. ficaram com surdez após cirurgia para ablação de neurinoma do acústico. Alguns centros que efectuam esta cirurgia, efectuam a colocação do BAHA no mesmo tempo cirúrgico. (16) Segundo Hol et al., 2005, citado por Kunst et al., 2007, referem uma melhoria significativa na localização da fonte sonora, da discriminação auditiva e do benefício subjectivo sentido pelos pacientes utilizadores do BAHA; (17) este benefício é evidenciado nos estudos publicados em que 78% dos pacientes (18, 19) refere usar o BAHA mais de 8 horas por dia. O elevado grau de satisfação dos doentes implantados com este sistema, faz do BAHA um método fiável de sucesso. (6) Mais de 65.000 doentes em todo o mundo já beneficiaram da utilização do BAHA com excelentes resultados. O Hospital CUF Infante Santo, sempre na vanguarda das novas tecnologias de excelência, colocou o primeiro implante auditivo osteointegrado há cerca de 9 anos, tendo sido uma técnica inovadora em Portugal. Em 2006, o Centro de Otorrinolaringologia do Hospital CUF Infante Santo organizou e coordenou um Curso Prático de Implantes Auditivos Osteointegrados, projectando-se como um modelo para outras instituições de saúde. Um ano mais tarde, com o intuito de sistematizar e optimizar a qualidade dos serviços prestados ao doente, foi elaborado e implementado um protocolo de reabilitação auditiva na área dos implantes auditivos, envolvendo toda a equipa multidisciplinar do Centro de ORL. A monitorização do processo de diagnóstico, tratamento e seguimento dos doentes implantados consolidou- -se num dinamismo, interesse clínico e científico na área da reabilitação auditiva por parte de todos os elementos do Centro, contribuindo para que o Hospital CUF Infante Santo seja hoje considerado uma referência a nível nacional, no que se refere à reabilitação auditiva na área dos implantes. Actualmente, o Centro de ORL do Hospital CUF Infante Santo já proporcionou a dezenas de doentes tratados com esta técnica cirúrgica uma melhoria na sua qualidade de vida, o que se traduz em testemunhos reais de benefícios quer qualitativos quer quantitativos tanto a nível profissional, familiar, social e comunitário, uma vez que permite uma reintegração na vida em sociedade, neutralizando as limitações existentes anteriormente. Não obstante, existem projectos delineados para o futuro, com base numa política de melhoria contínua, visando atingir um incremento de produtividade e um crescimento sustentado do Centro de Otorrinolaringologia do Hospital CUF Infante Santo, com vista a confirmar a sua notoriedade. AMOSTRA A amostra é composta por 23 indivíduos, 7 (32%) do sexo masculino e 16 (68%) do sexo feminino; 9 (39,1%) foram operados no lado direito e 14 (60,9%) no lado esquerdo. 5 (21,7%) indivíduos tinham colesteatomas, 2 (8,7%) indivíduos com otite crónica, 1 (4,3%) indivíduo com otite fibroadesiva, 5 (21,7%) indivíduos com otosclerose, 7 (30,4%) indivíduos com surdez sensorioneural unilateral, 1 (4,3%) indivíduo com Treacher Collins com atresia bilateral, 1 (4,3%) indivíduo com atresia bilateral dos pavilhões auditivos e 1 (4,3%) indivíduo com neurinoma do acústico. A idade média, à data da cirurgia, é de 46,13 anos com desvio padrão de 14,43, mediana de 45 anos e moda de 55 anos, com idade máxima de 71 anos e 24 anos de idade mínima. 17 indivíduos usam processadores Divino, 7 Intenso e 1 Compact. Os pacientes usam o processador em média há 1,9 anos, com desvio padrão de 1,6, mediana de 1 ano, moda de 1 ano, mínimo de 1 ano e máximo de 8 anos. MATERIAL E MÉTODOS Avaliação pré-implante - Avaliação audiológica completa com audiograma tonal e vocal. Audiograma pós-implante - Avaliação do benefício tonal através da realização de audiograma tonal em campo livre, sem e com BAHA, e testes de discriminação de dissílabos para adultos em campo livre, sem e com BAHA, para avaliação do benefício vocal. Avaliação subjectiva do benefício Preenchimento de um questionário (Tabela 1).

Cadernos Otorrinolaringologia. CLÍNICA, INVESTIGAÇÃO E INOVAÇÃO 3 TAB 1 QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO SUBJECTIVA DO BENEFÍCIO 1. O uso do BAHA no dia-a-dia é uma vantagem? 2. É fácil ouvira voz em situações silenciosas? 3. É fácil ouvira voz em situações ruidosas? 4. É fácil ouvir em situações de grupo? 5. É fácil localizar a origem dos sons? 6. O som é natural/agradável? 1 - Muito difícil; 2 - Difícil; 3 - Sem dificuidade; 4 - Fácil; 5 - Muito fácil Sim Não 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 Sim Não RESULTADOS Os valores médios dos limiares auditivos dos ouvidos direito e esquerdo, por via aérea e por via óssea, são apresentados nas Tabelas 2, 3, 4, e 5. TAB 2 LIMIARES MÉDIOS TONAIS POR VIA AÉREA OBTIDOS PARA O OUVIDO DIREITO D125 D250 D500 D1000 D2000 D4000 D8000 N Valid 23 23 23 23 23 23 23 Missing 0 0 0 0 0 0 0 Média 51,96 54,13 59,57 60,22 57,83 64,13 68,48 Mediana 55,00 55,00 60,00 60,00 55,00 60,00 70,00 Moda 60 50 25* 65 25* 50 110 Desvio padrão 23,824 27,702 32,923 33,455 33,263 32,948 30,355 Mínimo 5 0 0 0 5 10 0 Máximo 85 105 120 120 120 125 110 * Existem múltiplos valores de moda. É mostrado o valor mais pequeno. TAB 3 LIMIARES MÉDIOS TONAIS POR VIA AÉREA OBTIDOS PARA O OUVIDO ESQUERDO E125 E250 E500 E1000 E2000 E4000 E8000 N Valid 23 23 23 23 23 23 23 Missing 0 0 0 0 0 0 0 Média 60,65 67,83 73,70 74,13 74,78 79,13 84,35 Mediana 60,00 65,0 75,00 75,00 85,00 85,00 95,00 Moda 60 65* 75 120 85* 120 105 Desvio padrão 22,223 27,337 29,512 32,671 34,426 30,993 26,212 Mínimo 0 5 10 10 10 10 20 Máximo 85 105 120 120 120 120 110 * Existem múltiplos valores de moda. É mostrado o valor mais pequeno.

4 Cadernos Otorrinolaringologia. CLÍNICA, INVESTIGAÇÃO E INOVAÇÃO TAB 4 LIMIARES MÉDIOS TONAIS POR VIA ÓSSEA OBTIDOS PARA O OUVIDO DIREITO OD250 OD500 OD1000 OD2000 OD4000 N Valid 23 23 23 23 23 Missing 0 0 0 0 0 Média 24,35 34,35 36,30 43,70 40,00 Mediana 25,00 25,00 30,00 35,00 35,00 Moda 45 20* 0* 80 80 Desvio padrão 16,397 24,041 29,435 25,947 27,798 Mínimo 0 0 0 5 5 Máximo 45 75 80 80 80 * Existem múltiplos valores de moda. É mostrado o valor mais pequeno. TAB 5 LIMIARES MÉDIOS TONAIS POR VIA ÓSSEA OBTIDOS PARA O OUVIDO ESQUERDO OE250 OE500 OE1000 OE2000 OE4000 N Valid 23 23 23 23 23 Missing 0 0 0 0 0 Média 27,17 37,83 43,26 50,65 49,35 Mediana 30,00 35,00 50,00 50,00 45,00 Moda 45 65 75 80 80 Desvio padrão 16,084 23,685 27,120 27,357 27,729 Mínimo 0 0 5 10 5 Máximo 45 70 75 80 80 TAB 6 SÃO APRESENTADOS OS VALORES TONAIS MÉDIOS EM CAMPO LIVRE SEM BAHA CL250S CL500S CL1000S CL2000S CL4000S N Valid 23 23 23 23 23 Missing 0 0 0 0 0 Média 44,13 45,87 42,39 44,78 50,22 Mediana 50,00 50,00 45,00 45,00 50,00 Moda 50 30* 30* 25* 10* Desvio padrão 21,776 23,093 20,991 24,237 22,078 Mínimo 5 5 5 5 10 Máximo 85 90 90 95 85 * Existem múltiplos valores de moda. É mostrado o valor mais pequeno. TAB 7 SÃO APRESENTADOS OS VALORES TONAIS MÉDIOS EM CAMPO LIVRE COM BAHA CL250C CL500C CL1000C CL2000C CL4000C N Valid 23 23 23 23 23 Missing 0 0 0 0 0 Média 27,61 27,83 21,96 24,57 31,74 Mediana 25,00 30,00 20,00 25,00 35,00 Moda 25 30 20 25 35 Desvio padrão 14,914 13,803 11,941 14,135 16,556 Mínimo 0 0 0 0 0 Máximo 60 55 50 55 70

Cadernos Otorrinolaringologia. CLÍNICA, INVESTIGAÇÃO E INOVAÇÃO 5 TAB 8 TESTE T PARA AMOSTRAS EMPARELHADAS PARA OS VALORES TONAIS SEM E COM BAHA EM CAMPO LIVRE Média Desvio padrão Paired Differences Média do desvio padrão Intervalo de confiança entre as diferenças a 95% Inferior Superior t df Sig. (2-tailed) Par1 CL250S CL250C 16,52 14,881 3,103 10,09 22,96 5,325 22,000 Par2 CL500S CL500C 18,04 16,289 3,396 11,00 25,09 5,313 22,000 Par3 CL1000S CL1000C 20,43 16,161 3,370 13,45 27,42 6,064 22,000 Par4 CL2000S CL2000C 20,22 17,417 3,632 12,69 27,75 5,567 22,000 Par5 CL4000S CL4000C 18,48 14,650 3,055 12,14 24,81 6,049 22,000 TAB 9 SÃO APRESENTADOS OS VALORES MÉDIOS DE DISCRIMINAÇÃO EM CAMPO LIVRE SEM BAHA DB10S DB20S DB30S DB40S DB50S DB60S DB70S DB80S N Valid 23 23 23 23 23 23 23 23 Missing 0 0 0 0 0 0 0 0 Média,0000,0000,0000,4348 9,1304 26,5217 49,5652 70,0000 Mediana,0000,0000,0000,0000,0000,0000 60,0000 80,0000 Moda,00,00,00,00,00,00,00 100,00 Desvio padrão,00000,00000,00000 2,08514 18,06882 34,98164 40,05431 35,67530 Mínimo,00,00,00,00,00,00,00,00 Máximo,00,00,00 10,00 50,00 100,00 100,00 100,00 TAB 10 SÃO APRESENTADOS OS VALORES MÉDIOS DE DISCRIMINAÇÃO EM CAMPO LIVRE COM BAHA DB10C DB20C DB30C DB40C DB50C DB60C DB70C DB80C N Valid 23 23 23 23 23 23 23 23 Missing 0 0 0 0 0 0 0 0 Média,0000 1,3043 14,3478 44,7826 76,0870 92,6087 97,3913 97,8261 Mediana,0000,0000,0000 50,0000 90,0000 100,0000 100,0000 100,0000 Moda,00,00,00,00 100,00 100,00 100,00 100,00 Desvio padrão,00000 6,25543 24,27608 38,00354 32,85493 13,88832 7,51809 7,35868 Mínimo,00,00,00,00,00 60,00 70,00 70,00 Máximo,00 30,00 90,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 Foi aplicação do teste t para amostras emparelhadas; podemos verificar pela análise da Tabela 8, que existe diferença estatística, para p<0,05, entre os valores obtidos em campo livre sem BAHA quando comparados com os valores obtidos com BAHA. Foi aplicação do teste t para amostras emparelhadas; podemos verificar que não existe diferença estatística, para p<0,05, entre os valores médios de discriminação obtidos em campo livre sem BAHA quando comparados com os valores obtidos com BAHA para a intensidade de 20 db SPL, existindo diferenças estatísticas em todas as outras intensidades estudadas (Tabela 11). 60 50 40 30 20 10 0 Sem BAHA Com BAHA 250 Hz 500 Hz 1000 Hz 2000 Hz 4000 Hz Apresenta os valores tonais médios obtidos em campo livre sem e com BAHA. GRF 1

6 Cadernos Otorrinolaringologia. CLÍNICA, INVESTIGAÇÃO E INOVAÇÃO TAB 11 TESTE T PARA AMOSTRAS EMPARELHADAS PARA OS VALORES DE DISCRIMINAÇÃO OBTIDOS SEM E COM BAHA EM CAMPO LIVRE Média Desvio padrão Paired Differences Média do desvio padrão Intervalo de confiança entre as diferenças a 95% Inferior Superior t df Sig. (2-tailed) Par2 DB20S DB20C -1,3043 6,25543 1,30435-4,0094 1,4007-1,000 22,328 Par3 DB30S DB30C -14,3478 24,27608 5,06191-24,8456-3,8501-2,834 22,010 Par4 DB40S DB40C -44,3478 37,39544 7,79749-60,5188-28,1768-5,687 22,000 Par5 DB50S DB50C -66,9565 31,68521 6,60682-80,6582-53,2548-10,134 22,000 Par6 DB60S DB60C -66,0870 31,72884 6,61592-79,8075-52,3664-9,989 22,000 Par7 DB70S DB70C -47,8261 37,28959 7,77542-63,9513-31,7009-6,151 22,000 Par8 DB80S DB80C -27,8261 34,63531 7,22196-42,8035-12,8487-3,853 22,001 100 90 80 70 76,08 92,61 97,39 97,83 70 Q2 Fácil 10,00/43,5% 60 50 40 44,78 49,52 30 20 10 0 26,52 0 14,25 1,3 0 9,13 0,43 Sem BAHA Com BAHA 10 db 20 db 30 db 40 db 50 db 60 db 70 db 80 db Muito Fácil 13,00/56,5% GRF 2 Apresenta os valores médios de discriminação obtidos em campo livre sem e com BAHA. Distribuição das respostas à pergunta É fácil ouvir a voz em situações silenciosas? GRF 3 Pela avaliação do gráfico, podemos verificar que o valor de SRT com BAHA é de 45 db SPL, quando sem BAHA esse valor sobe para cerca de 70 db SPL. Na avaliação das respostas ao questionário obtivemos os seguintes dados: no que diz respeito à questão 1 O uso do BAHA no dia- -a-dia é uma vantagem? todos os indivíduos responderam afirmativamente a esta pergunta. no que diz respeito à questão 2 É fácil ouvir a voz em situações silenciosas? 56,5% referem ser muito fácil ouvir a voz em situações silenciosas e 43,5% referem ser fácil ouvir a voz em situações silenciosas (Gráfico 3). no que diz respeito à questão 3 É fácil ouvir a voz em situações ruidosas?, 8,7% referem ser muito fácil ouvir a voz em situações ruidosas e 43,5% referem ser fácil ouvir a voz em situações ruidosas, 30,4% refere ser sem dificuldade e 17,4% refere ser difícil (Gráfico 4). no que diz respeito à questão 4 É fácil ouvir em situações de grupo?, 13% referem ser muito fácil ouvir a voz em situações de grupo, 56,5% referem ser fácil ouvir a voz em situações de grupo, 26,1% refere ser sem dificuldade e 4,3% refere ser difícil (Gráfico 5). no que diz respeito à questão 5 É fácil localizar a origem dos sons?, 17,4% referem ser muito fácil localizar a origem dos sons e 13% referem ser fácil localizar a origem dos sons, 30,4% refere ser sem dificuldade, 34,8% refere ser difícil e 4,3% refere ser muito difícil localizar a origem dos sons (Gráfico 6). no que diz respeito à questão 6 O som é natural/agradável? todos os indivíduos responderam afirmativamente a esta pergunta. Os indivíduos foram inquiridos quanto ao número de horas que usam o BAHA. 95,7% responderam mais de 10 hora por dia e 4,3% (1 indivíduo) respondeu menos de 10 horas por dia.

Cadernos Otorrinolaringologia. CLÍNICA, INVESTIGAÇÃO E INOVAÇÃO 7 Muito Fácil 2,00/8,7% Q3 Difícil 4,00/17,4% Muito Fácil 4,00/17,4% Fácil 3,00/13% Q5 Muito Difícil 1,00/4,3% Difícil 8,00/34,8% Fácil 10,00/43,5% Sem Dificuldade 7,00/30,4% Sem Dificuldade 7,00/30,4% GRF 4 Distribuição das respostas à pergunta É fácil ouvir a voz em situações ruidosas? Distribuição das respostas à pergunta É fácil localizar a origem dos sons? GRF 6 Muito Fácil 3,00/13,0% Q4 Difícil 1,00/4,3% DISCUSSÃO O valor de SRT de cerca de 45 db SPL obtido no nosso trabalho está de acordo com os melhores resultados apresentados por Van Der Pouw et al., 1998, obtidos ao fim de 22 semanas de uso do BAHA. Os resultados obtidos no nosso trabalho, com melhoria na discriminação auditiva, na localização da fonte sonora e no benefício sentido pelos indivíduos utilizadores do BAHA, estão de acordo com os trabalhos apresentados por Hol et al., 2005. De realçar que todos os pacientes da nossa amostra são implantados apenas num ouvido o que torna a tarefa de localização espacial da fonte sonora mais difícil. GRF 5 Fácil 13,00/56,5% Distribuição das respostas à pergunta É fácil ouvir em situações de grupo? Sem Dificuldade 6,00/26,1% 95,7% dos indivíduos da nossa amostra referem usar o BAHA mais de 10 horas por dia, resultados estes que são superiores aos encontrados na literatura consultada. CONCLUSÕES O procedimento cirúrgico do BAHA é de fácil execução e seguro, com muito baixa incidência de complicações. O BAHA está indicado em diversas patologias em que as próteses electroacústicas não permitem melhorar a qualidade de vida do indivíduo portador de deficiência auditiva, ou o seu benefício é muito limitado ou contra-indicado. O BAHA deve ser considerado como alternativa para a reabilitação da deficiência auditiva apresentando bons resultados audiológicos, permitindo melhorar a qualidade de vida destes indivíduos, sendo um grande auxílio na sua vida social.

8 Cadernos Otorrinolaringologia. CLÍNICA, INVESTIGAÇÃO E INOVAÇÃO BIBLIOGRAFIA 1. BENTO, R., et al. Uso de BAHA na Reabilitação Auditiva de Pacientes com Atresia de Meato Acústico Externo. s.l. : Arq. Int. Otorrinolaringol. vol. 12, nº 1, pág. 16-23, 2008. 2. PRIWIN, C., et al. Bilateral Bone-Anchored Hearing Aids (BAHAs): An Audiometric Evaluation. s.l. : The American Laryngological, Rhinological and Otologic Society, Inc., 2004. 3. TONDORF, J. Bone Conduction. s.l. : Acta Otolaryngol Suppl. 213: 1-132, 1966. 4. TJELLSTROM, A. e GRANSTROM, G. Long-term follow-up with the bone anchored hearing aid: a review of the first 100 patients between 1987 and 1997. s.l. : Ear Nose Throat J, 1994; 73:21-3. 5. BERENHOLZ, L., BURKEY, J. e LIPPY, W. Use of a bone-anchored hearing aid for functional single-sided deafness. s.l. : Otoryngology-Head and Neck Surgery, 2007. 6. TRIGALI, S., et al. A survey of satisfaction and use among patients fitted with a BAHA. s.l. : Eur Arch Otorhinolarungol DOI 10.1007/s00405-008-0676-y, April - 2008. 7. KOHAN, D., MORRIS, L. e ROMO, T. Single-stage BAHA implantation in adults and children: Is it safe? s.l. : Otolaryngology - Head and Neck Surgery, 2008: 138, 662-666. 8. SNIK, A., MYLANUS, E. e CREMERS, C. Bone-anchored hearing aids in pacients with sensorineural hearing loss and persistent otitis externa. s.l. : Clin Otolaryngol., Feb; 20 (1): 31-35, 1995. 9. SNIK, F., BOSMAN, A. e MYLANUS, E. Candidacy for the Bone-Anchored Hearing Aid. s.l. : Audiol. Neurootl. 9: 190-196, 2004. 10. BROWING, G. e GATEHOUSE, S. Estimation of the benefit of bone-anchored hearing aids. s.l. : Ann Otol. Rhino Laryngol. Nov.; 103 (11): 872-878, 1994. 12. VANEECLOO, F., et al. Appareillage mono pseudo stéréophonique par BAHA dans les cophoses unilatérales: à propos de 29 patients. s.l. : Rev. Laryngol Otol. Rhinol., 2002: special print off:1-8. 13. VAN DER POUW, K., SNIK, A. e CREMERS, C. Audiometric results of bilateral bone-anchored hearing aid application in patients with bilateral congenital aural atresia. s.l. : Laryngoscope, 108: April, 1998. 14. NIPARKO, J., COX, K. e LUSTING, L. Comparison of the Bone-anchored Hearing Aid implantable hearing device with contra-lateral routing of offside signal amplification in the rehabilitation of unilateral deafness. s.l. : Otol Neurotol; 24: 73-78, 2003. 15. WAZEN, J., SPITZER, J. e GHOSSAINI, S. et al. Transcranial contralateral cochlear stimulation in unilateral deafness. s.l. : Otolaryngol. Head Neck Surg: 129: 248-254, 2003. 16. ANDERSEN, H., STINE, S. e PER, B. Unilateral Deafness After Acoustic Neuroma Surgery: Subjective Hearing Handicap and the Effect of the Bone-Anchored Hearing Aid. s.l. : Otology & Neurotology: 27: 809-814, 2006. 17. KNUST, S., et al. Bone-Anchored Hearing Aid System Application for Unilateral Congenital Conductive Hearing Impairment: Audiometric Results. s.l. : Otology & Neurotology, 29: 2-7, 2007. 18. HOL, M., et al. Long-term results of bone-anchored hearing aid wearers who had previously used air-conduction hearing aids. s.l. : Arch. Otolaryngol Head Neck Surg. 131: 321-325, 2005. 19. HOL, M., et al. Bone-anchred hearing aids in unilateral inner ear deafness: Patient year evaluation of audiometric and outcomes measurements. s.l. : Oto Neroto, 26: 999-1006, 2005. 11. CREMERS, C., SNIK, F. e BEYNON, A. Hearing with the bone-anchored hearing aid (BAHA, HC200) compared to a conventional bone-conduction hearing aid. s.l. : Clin. Otolaryngol Allied Sci., Jun; 17(3): 275-279, 1992.